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VIII ➵ Dança Com o Diabo - Parte I/II

Dancing with the Devil | Hyunlix

SEUS ENORMES olhos castanhos se abriram lentamente ao ouvir sua mãe entrando no quarto, fechando a porta com seu quadril já que, em suas mãos, havia uma bandeja de prata, a qual possuía um café da manhã impecável, com chocolate quente em uma xícara azul opaca média, e alguns biscoitos assados por ela mesma em um pequeno prato de porcelana florido. Ao lado, um bilhete que lhe desejava "bom dia", e todas as bênçãos do mundo. Félix sequer sentia que merecia algo daquilo. Hey! Ele estava se apaixonando pelo diabo! O próprio diabo!

Voltou a fechar seus olhos, sem querer que sua mãe notasse que estava acordado, mas mesmo fingindo, notou quando sua mãe deixou a bandeja sobre a mesinha ao seu lado antes de começar a acariciar seu cabelo.

— Lix. — chamou seu filho, o qual cobriu sua cabeça com as cobertas. — Trouxe café da manhã, meu amor.

Minah era, simplesmente, a melhor mãe do universo.

— Apenas um minuto...

A mulher suspirou, repreendendo-o em um suave tom de voz ao perceber que o garoto não iria acordar imediatamente. Com um aviso, saiu do quarto, fechando a porta atrás de si e subindo as escadas. Félix empurrou as cobertas de seu rosto, esfregando seus olhos com seus punhos. Sentiu o peso de um corpo ao seu lado, assim como uma emoção em seu estômago.

— Olha só quem acordou... — não pôde evitar de sorrir um pouco diante ao suave tom de voz de Hyunjin, fechando seus olhos com força enquanto se espreguiçava antes de se sentar lentamente.

Libertou seu corpo de todas aquelas cobertas, tentando arrumar seu cabelo despenteado, o que não deu certo. Mas de qualquer forma, o Diabo já havia visto-o diversas vezes daquela maneira, não é como se fosse ficar surpreso.

— Eu já volto. — murmurou, levantando-se e correndo de meias para o banheiro.

Minutos depois, voltou para o quarto, aliviado de que agora, seu hálito cheirava a menta. Hyunjin continuava no mesmo lugar, com seu olhar direcionado ao humano, o qual voltou a se sentar na cama. Pegou a bandeja, apoiando-a em seu colo antes de pegar com cuidado sua xícara de chocolate quente, soprando suavemente o líquido.

Aceitou o biscoito que Hyunjin lhe estendeu, agradecendo em um sussurro enquanto molhava a comida no líquido.

— Quer? — perguntou, notando com o canto do olho Hyunjin negar enquanto mastigava a estranha mistura do biscoito com o chocolate.

— Eu tenho andado pela sua casa. — ao ouvir tal comentário, Félix por pouco não cuspiu sua comida, deixando a xícara novamente sobre a bandeja antes de engolir em seco, tentando acalmar as aceleradas batidas de seu coração, com seus olhos se abrindo cada vez mais. — Acalme-se, garoto. Não fiz nada que tornasse minha presença óbvia. — o humano suspirou, aliviado. — Apenas girei alguns crucifixos... e assustei seu pai. Mas isso foi tudo.

— Oh, certo... — não reclamou.

Por algum motivo, estava começando a gostar de Hyunjin tornando sua presença perceptível. Será que era o poder da proteção que sentia quando o Diabo estava ao seu redor? Essas emoções estavam começando a dominá-lo?

Quis olhá-lo, mais especificamente, queria olhar seus finos lábios avermelhados, mas decidiu apenas se concentrar em seu próprio café da manhã, corando ao se lembrar de como quase se beijaram na noite anterior, na escuridão de seu quarto.

— Descobri que tem um terraço.

Assentiu lentamente como resposta. Aquele simples terraço onde nunca teve permissão de ir. Sempre quis se sentar lá, bebendo chá enquanto admirava as estrelas, mas ele era proibido. E tudo porque seus progenitores sempre acreditaram que o garoto era desajeitado demais para ir lá. Que se o fizesse, poderia cair e morrer tragicamente de maneira fácil e rápida.

— Sim, mas nunca me deixaram ir. — respondeu, bebendo o último gole de sua xícara antes de deixá-la na bandeja, pegando a mesma e recolocando-a na mesinha de cabeceira. — Dizem que sou muito desajeitado, que poderia cair.

— E você acredita nisso?

Félix lambeu seus lábios, hesitando por alguns segundos antes de encolher seus ombros.

— Se eu acredito que eles tem razão? Eu não sei, eu... — talvez realmente se sentisse desajeitado e meio idiota, mas talvez fosse porque sempre diziam isso para ele. — … Talvez possa ser assim.

— Hoje vai ser um dia longo. — Hyunjin mudou abruptamente de assunto, sem deixar de olhar fixamente o humano. — Ouvi que sua mãe está organizando um jantar em família para orar por seu primo. — disse com certa ironia e diversão em sua voz.

Félix estremeceu, antes mesmo de conseguir perguntar o que se passava em sua mente naquele momento.

— Ele... está no inferno agora? — temia pela resposta, mesmo que suspeitasse qual seria.

— Sim.

— Woojin e Jongsun... eles também?

— Apenas o segundo ser inferior.

O menor assentiu lentamente, aliviado de que pelo menos Kim Woojin não se encontrava sofrendo alguma sentença no inferno. No entanto, provavelmente sentiu os piores sentimentos do universo quando seus olhos foram arrancados de seu próprio rosto por aquele corvo maligno. Com apenas esta lembrança, sentiu seu peito começar a se apertar, levando uma de suas mãos até o local, por cima de sua camisa branca do pijama.

Respirou profundamente, tentando se acalmar mas, sem sucesso. Escondendo qualquer tipo de timidez ou constrangimento, rastejou até que estivesse sentado ao lado do Diabo. Estendeu sua mão para este, com o olhar baixo, sentindo o toque de Hyunjin em sua pele antes de ser aconchegado em seu peito. Félix se permitiu respirar fundo, sentindo o calor emanar do corpo do arcanjo, o qual envolveu sua cintura e o puxou para seu colo.

Estava sentado no colo do rei das trevas e se sentia... tão malditamente bem.

Hyunjin estava sussurrando algo em seu ouvido direito, mas todas as palavras que pronunciava eram incompreensíveis. No entanto, aquele desconhecido linguajar hipnotizou os sentidos de Félix, o qual respirou fundo pelo nariz antes de exalar pela boca, realçando os músculos de seu corpo no processo. Foi como se todo o pânico existente em sua mente tivesse desaparecido, deixando-o em completa paz.

— Que idioma é esse? — murmurou com curiosidade.

— Não tem um nome.

— Mas... o que está me dizendo? — estremeceu com o hálito quente do Diabo em sua pele.

— Palavras que não existem neste mundo. — o humano ergueu ambas as sobrancelhas diante àquela resposta, surpreso. — Tem os mesmos significados que algumas palavras deste mundo, mas são muito mais fortes e... intensas. Não possuem uma tradução, por que não se pode compará-las.

Um chamado vindo do andar de cima fez com que ambos entrassem em silêncio.

— Félix, acorde! Venha ver sua família!

O garoto bufou, repentinamente irritado.

— Não quero ir à reunião de família, não estou me sentindo muito bem. — Hyunjin o afastou de seu peito por um momento, acariciando sua bochecha com delicadeza. Aquilo aliviou um pouco seu pobre coração. — Hyunjin, o que eu pedi? — o Diabo sorriu de lado.

— Te direi esta noite, no terraço. O que acha?

Félix franziu a testa antes de se levantar lentamente quando, desta vez, foi sua irmã quem gritou por seu nome. O rei do submundo copiou aquela ação, levantando-se, com o queixo erguido e uma sobrancelha arqueada diante à expressão do outro.

— Não me deixam ir ao terraço. — repetiu, desconfiado, rezando internamente para que Hyunjin não tenha feito nenhuma loucura.

— Sua mãe planeja dizer que o jantar não será em casa, e que você ficará em casa para que não se machuque.

Inesperadamente, isso não deixou Félix surpreso.

— Isso significa... — Félix disse lentamente, um pouco corado por precisar de respostas diretas. — ... Que eu subirei no terraço. — recebeu um assentimento. — Sem permissão?

Se sentiu intimidado quando Hyunjin abaixou seu olhar, com suas pupilas dilatadas e a cabeça levemente inclinada para o lado.

— Será um garotinho mal… apenas hoje.

A forma em sua frente desapareceu em um piscar de olhos, e Dominique começou a tocar pela quarta vez no dia.

Pela milésima vez em sua vida.

Se vestiu com o que normalmente usava: camisa branca de botões, shorts pretos, meias brancas e compridas e sapatos pretos. Observou seu reflexo no espelho que ficava no canto de seu quarto, arrumou os suspensórios sobre seus ombros e seu cabelo completamente bagunçado. Não parecia tão abatido como de costume, não se sentia mais tão doente.

Caminhou até a mesa de cabeceira segurando cuidadosamente a bandeja com o café da manhã antes de dirigir-se até a porta, abaixando a maçaneta com seu cotovelo, abrindo-a. Subiu as escadas lentamente, em direção à sala, sorrindo para Jiyeon no caminho para a cozinha. Minah desceu uma das escadas com uma bandeja vazia, cantarolando a canção do toca-discos e acenando para seu filho, o qual voltava da cozinha.

Jiyeon bufou enquanto Félix se sentava ao seu lado no sofá, com seu olhar se fixando na televisão ao notar que estava passando um capítulo de seu desenho favorito: "Tom e Jerry".

— Por que vocês ganham café da manhã em bandejas? Nunca me trouxeram um café da manhã em uma bandeja, e eu sou a mais velha! — murmurou a jovem, um tanto indignada.

O moreno deu de ombros.

— Eu poderia te levar café da manhã na cama, se quiser. — ofereceu, ocultando sua surpresa ao notar que sua irmã não estava recebendo os mesmos tratamentos que ele.

— Se fizesse isso, me meteria em problemas. Não é para ser desta maneira, sabe? Eles não deveriam estar nos criando assim.

Félix olhou para a imagem de sua irmã mais velha, desconfiado, sem entender realmente o que ela queria dizer. Submerso em seus pensamentos, relacionou aquele comentário com um dos anúncios que viu na televisão, onde um homem voltava esgotado de seu trabalho e uma mulher aparecia e o servia uma taça de vinho, ou preparava o almoço para o esposo.

— A partir de amanhã, farei seu café da manhã. — declarou o Lee mais novo, novamente, encolhendo os ombros. — Para mamãe e para você.

Jiyeon sorriu suavemente antes de bagunçar os fios negros de seu irmão.

— Ah, ok... como quiser, apenas... não deixe que o papai descubra... nem a mamãe.

— Não deixá-los saber que estou fazendo café da manhã para minha irmã mais velha? — por algum motivo, sentiu-se mais confiante, sorrindo em direção a sua irmã. — Me observe amanhã na hora do café.

— Você vai nos meter em problemas. — Jiyeon usou um tom de voz um tanto mais grave, como se aquilo fosse realmente um sério aviso.

— Estamos metidos em problemas desde que nascemos. — Félix utilizou o mesmo tom de voz.

— Bom dia, querido! — Minah voltou da cozinha após entregar o café da manhã do marido, aproximando-se de seu filho e depositando um beijo em sua bochecha. — Como está se sentindo hoje?

Deveria mentir, ou sua mãe poderia mudar de ideia sobre o jantar em família que Hyunjin havia mencionado.

— ... Ainda estou um pouco mal do estômago. — bom, aquilo não era realmente uma mentira.

— Tente comer coisas leves, tudo bem? Hoje ficará sozinho por algumas horas, porque vamos a uma reunião familiar na casa de seus tios. Não acho que seja uma boa ideia que você apareça, não vamos falar coisas agradáveis aos seus ouvidos, você se sentirá melhor aqui.

— Está bem, mamãe. — assentiu lentamente, e a conversa acabou.

Minutos depois, sua irmã mais velha rodeou um de seus braços em volta de seus ombros, caindo de risos por pura diversão enquanto ambos se entretinham com o desenho que passava no momento: "Porky Pig"*.

— Jiyeon. — reclamou o menino quando seus cabelos cobriram seus olhos, ouvindo a suave risada da jovem ao seu lado, a qual endireitou-se em seu lugar, sorrindo com uma maldade fingida. — O que está acontecendo?

— Quer saber o que algumas amigas minhas me disseram hoje? — Félix também se endireitou, com seus enormes olhos castanhos fixos nos de sua irmã mais velha. — Que hoje haverá Lua Sangrenta. — provavelmente estaria literalmente morrendo de medo, se não fosse o fato de estar vivendo com o Diabo quase vinte e quatro horas por dia. — Mas ainda não é Halloween, então você pode ficar tranquilo.

— Não estou assustado. — murmurou o garoto, mudando seu olhar para outra parte da sala.

— Não? Nem mesmo se eu te contar sobre os espíritos malignos que buscam pessoas solitárias quando há uma Lua Sangrenta? — Jiyeon estava realmente se esforçando para assustá-lo. — Mesmo se eu te disser que deve ter as portas fechadas devido às possíveis pessoas satânicas da cidade, que querem mais do que tudo sacrificar alguém?

A Lua Sangrenta, apesar de ser um fenômeno incrível e pouco visto, sempre aterrorizou Félix. Graças às lendas que Jiyeon lhe contava de vez em quando, à noite, antes de dormirem. Quando acontecia ele só conseguia pegar no sono se sua mãe estivesse ao seu lado.

Não conseguia nem pensar na possibilidade de algo assim acontecer com ele, mas agora, literalmente havia uma sombra que queria levar sua alma.

E ele se apaixonou por esta sombra, o que tornava tudo ainda pior.

— Ji, eu ouvi você. — Minah voltou para a sala, com sua testa franzida e mandíbula travada. — Não quero ouvir a palavra "Halloween" ou "Satanismo" nesta casa. Félix é um garoto delicado.

As bochechas do garoto coraram assim que ouviu a risada do arcanjo, em algum canto daquela sala.

⸸⸸

Sequer percebeu o momento em que havia adormecido no ombro de sua irmã, apenas abriu seus olhos quando a porta principal se fechou. Se não fosse pela televisão, haveria um silêncio absoluto no cômodo. Mas ele realmente não reclamaria disso, já que, surpreendentemente, Dominique não estava se repetindo pela milésima vez naquela casa.

Suspirou antes de se sentar lentamente, gemendo um pouco pela dor no ombro que estava sentindo devido a má posição, esfregando seus olhos com seu punho antes de piscar lentamente e olhar a sua volta. Todos haviam ido?

— Jiyeon? — chamou, aguardando por alguns segundos, mas sem receber resposta. — Mamãe? — acabou de bocejar, levando seu olhar repentinamente para a televisão quando a mesma se apagou sozinha. — Jinnie...?

Se virou quando as luzes começaram a se apagar, uma a uma. Primeiro a da cozinha, depois o corredor, a entrada e por último, a sala. Seu olhar se seguiu até a escada que levava para o primeiro andar, onde visualizou a silhueta de Hyunjin no começo da escada, com suas mãos no bolso e o queixo erguido.

— Jinnie? — o mundano franziu a testa, levantando-se lentamente do sofá e observando o momento em que o Diabo andou para o lado direto do andar de cima, em direção a escada do terraço.

Ele estava o desafiando?

Exalou profundamente, aproximando-se rapidamente da janela de sua sala e afastando a cortina que permitia manter a privacidade na casa. O veículo de seu pai não estava alí, e se fosse um jantar em família onde falariam sobre Gyumin, não voltariam tão cedo.

Sem sequer hesitar, caminhou rapidamente para a escada, subindo-a e virando à direita, onde a alguns metros de distância, se encontrou com outra escada, a qual o levaria ao terraço. Não pensou em nada, mesmo que as palavras de seus pais lançassem dúvidas em seus passos. Pisou cada degrau com firmeza e decisão, porque esta era a sua escolha, e ninguém além dele próprio poderia tirar isso de si.

Era amplo e muito espaçoso. Os muros ao redor da mesma eram baixos, permitindo-o de admirar a beleza de sua cidade; a grama úmida no quintal de seus vizinhos, a fumaça subindo de algumas das chaminés e os pinheiros levemente inclinados para o lado devido a suave brisa de inverno que agitava seus cabelos negros. Direcionou seu olhar para o céu, que estava lentamente escurecendo, permitindo que a Lua brilhasse mais do que o normal.

Hyunjin se encontrava a centímetros da borda, virado de costas para o seu menino favorito, o qual se aproximou sem deixar nenhum rastro até estar ao lado do rei do submundo. Não podia deixar de admirar aquela paisagem, sentindo um olhar profundo e estranho em seu próprio rosto surpreso.

Era algo extremamente relaxante, que trazia paz em seu interior; a qual não havia sentido a um bom tempo. O Diabo, que não deixou de olhá-lo fixamente, parecia estar esperando, pressentindo uma pergunta vindo do humano.

— Hyunjin... por que meu pai não fala mais comigo? — sabia que não era simplesmente algo de sua cabeça.

— Ordenei para que não chegasse perto de você. — respondeu o arcanjo com honestidade. — Bom, eu apenas sugeri.

— Falou com ele? — Félix o observou, recebendo uma lenta confirmação como resposta. Inesperadamente, a calma se foi, e o pânico o invadiu. — M-mas... agora ele vai saber que tenho você comigo. Vai saber que estou envolvido com a morte de Gyumin.

Hyunjin voltou seu olhar para frente, franzindo ligeiramente a testa.

— Você não teve nada a ver com a morte daquele ser inferior. Eu fiz isso enquanto você dormia.

Talvez seja pela frieza em suas palavras, ou pela culpa em seu peito, ou pelo terror de pensar que, durante todo aquele tempo, seu pai soubesse o que ele havia feito... não saber com exatidão todos os pensamentos que cruzaram a mente daquele homem fez com que o Lee se quebrasse por completo.

Um soluço fraco e desesperado escapou de seus lábios, fechou seus olhos com força para evitar que lágrimas descessem pelo seu rosto, mas isso também foi inevitável. Fungou pelo nariz, respirando profundamente, tentando se recompor, sem perceber que o olhar de Hyunjin havia mudado por completo. Seus olhos estavam cor de sangue, parecendo calmos em meio à confusão. Não ficou surpreso ao ver seu menino favorito chorar, sabia que sua alma estava inundada de sensibilidade e uma tristeza extrema, mas...

... Doía em seu peito vê-lo daquela maneira.

— Por que está chorando? — perguntou primeiro.

— É só que... — tentava secar as lágrimas de sua bochecha, engolindo em seco com força e tentando fazer o nó em sua garganta desaparecer. — ... Sou uma pessoa ruim, e estou me dando conta disso apenas agora. — confessou, levando uma de suas mãos até seu peito diante a insuportável dor que sentia no mesmo.

Inesperadamente, foi envolvido pelos braços do arcanjo, preso firmemente contra seu corpo quente enquanto soluçava em silêncio.

— Você não é uma pessoa ruim. — respondeu o suposto ser malvado, com seus finos lábios tocando os fios negros do garoto. — Eu estou dizendo isso a você. Sabe quem eu sou, como me chamam e as coisas que posso fazer.

Félix não pôde evitar de rir ao respirar enquanto recuava alguns pequenos centímetros, sentindo as pontas dos dedos de Hyunjin pressionando levemente suas costas, querendo encorajá-lo a falar.

— Eu só queria ser feliz. — sua voz, novamente, se quebrou. — Não sabia o que fazer quando eles me incomodavam, ou quando meu pai batia na minha mãe... — negou lentamente, olhando para seus próprios sapatos. — Não sou o homem forte que todos esperam que eu seja, não fisicamente... não mentalmente também. Como vou protegê-la?

— Tenho uma pergunta para você. — sentiu uma das mãos repletas de anéis de ouro do arcanjo em sua nuca. — Quer proteger ou ser protegido?

— Quero proteger, mas... — hesitou por alguns segundos, sem saber como se explicar adequadamente. Sempre havia sido ruim com as palavras. — Sei que é errado você m-matar pessoas tão facilmente, neste mundo pelo menos, é claro. É só que... eu nunca me senti tão protegido como agora... — ele parou, franzindo um pouco a testa.

Ele não pode dizer, ele não pode.

Porque não é real, não pode ser real.

Ambos permaneceram em silêncio por alguns segundos, e Hyunjin reafirmou o aperto de sua mão na nuca do humano quando este respirou profundamente, se mexendo em seu lugar.

— Garoto. — Hyunjin o chamou. — Quer ver o que eu posso fazer? — perguntou, erguendo ambas as sobrancelhas com superioridade ao mesmo tempo que erguia o queixo, orgulhoso. Aquilo foi totalmente inesperado, então Félix permaneceu quieto, sem reagir.

O arcanjo soltou um grande suspiro, posicionando suas mãos nos minúsculos ombros do menor, virando-o para que ficasse de costas para si, perto da borda do terraço. Sua mão quente levantou suavemente o queixo de seu menino favorito, tocando sua orelha direita com sua própria respiração.

— Olhe para o céu. — sussurrou.

Félix levantou seu olhar imediatamente, precisando piscar rapidamente em surpresa devido ao extraordinário evento acontecendo em sua frente; com o passar dos segundos, tudo ficou completamente escuro e as estrelas estavam iluminando o céu tão magicamente que sua respiração ficou presa em seu peito. A Lua, que se elevava com superioridade por cima do céu noturno, brilhante e perfeita, aumentou de tamanho, ficando vermelha.

Se lembrou da conversa que havia tido horas atrás com sua irmã mais velha, que quis assustá-lo com lendas falsas. Nunca imaginou poder presenciar algo tão bonito. Admirou cada detalhe da Lua, era tão brilhante que o bordô parecia se espalhar pelo céu, lembrando uma aurora polar.

— Woh... — não tinha ideia do que dizer. Sequer conseguia contar mais de três estrelas sem se perder.

Se limitou a apenas suspirar profundamente, admirando o que o supostamente ser mais cruel da terra era capaz de fazer.

Repentinamente, o Diabo recuou um pouco, chamando a atenção de Félix, o qual olhou para a mão com a palma para cima estendida para si.

— Alguma vez na vida você já dançou com o Diabo, em seu terraço, sob a Lua Sangrenta? — disse Hyunjin, percebendo os lábios vermelhos do humano tremerem, tentando esconder um sorriso enquanto sacudia sua cabeça em negação. Sorriu de lado, erguendo levemente as sobrancelhas antes de inclinar seu rosto para o lado. — Aceita?

Félix jamais diria não para aquela proximidade inebriante, então, finalmente, se encontrou aceitando um pedido do próprio Diabo. Naquela noite, ele seria um menino mau, muito mau.

*Porky Pig seria aquele porco que aparecia no desenho Looney Tunes, mais conhecido como Gaguinho. Para quem não conhece.

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