IX ➵ Troca de Almas
Dancing with the Devil | Hyunlix
HONESTAMENTE, FÉLIX não pensou que poderia conseguir dormir. Depois de fazer amor com o Diabo, pensou que não conseguiria pregar o olho, pois o arcanjo o havia feito se sentir o ser humano mais amado da terra, mas, como ele disse: "hoje". Só naquele dia, e seria só isso.
A noite anterior não havia saído de sua cabeça em nenhum momento, acreditava que não haveria amanhã para si, mas não se importava nem um pouco, pois estava encantado com a deliciosa sensação dos braços quentes e fortes de Hyunjin envolvendo seu corpo.
Se sentia protegido, mas extremamente exausto.
Estava com mais sono do que nunca, e até pensou que Hyunjin poderia estar causando isso. No entanto, estava cansado demais para perguntar a ele, ou se despedir adequadamente ao — agora — amor de sua vida, mesmo que este fosse o que o faria desaparecer da face da terra.
Ou o que o mandaria para o inferno.
O arcanjo passou as pontas quentes de seus dedos pelo braço pálido do jovem, que tremia ao seu toque, com sua visão se tornando cada vez mais nublada. Mas antes que se desse conta, já havia adormecido.
E acordou no dia seguinte.
A dor que sentia nos músculos era inexplicável, o peso que sentia em seu corpo o incomodava um pouco, e o leve desconforto no peito tornava tudo pior. As mantas cobriam sua figura e a de Hyunjin, que o abraçava por trás. Tirando o desconforto que carregava da longa lista de problemas em sua mente, ele estava realmente feliz. Dera o primeiro beijo, fizera amor pela primeira vez, e tudo isso com o Diabo.
Com Hyunjin.
Nada mais poderia dar errado.
Se mexeu um pouco quando sentiu a mão do arcanjo acariciando seu abdômen. Ele estava claramente acordado... ele sequer dormia? Provavelmente não.
Ele ainda estava vivo ou era tudo uma ilusão?
— Mh. — Hyunjin murmurou depois de inspirar profundamente, roçando seu nariz nos cabelos de Félix. — Você cheira como se eu acabasse de te fazer meu.
Puxou gentilmente o corpo do jovem, virando-o até ficar de frente para o corpo nu do arcanjo. Seu ouvido esquerdo não emanava mais aquele som irritante, então podia observar os olhos do outro quantas vezes quisesse. No entanto, sentia-se envergonhado o suficiente para encontrar seu olhar com o Diabo novamente, mas não pôde deixar de notar seus lábios; vermelhos, finos e muito macios.
Hyunjin também não resistiu, aproximando seu rosto do outro, encostando seus narizes por um momento antes de beijá-lo. Era suave, lento, saboreava os lábios doces de seu menino favorito, que — apesar de também gostar — parecia um tanto perdido em pensamentos. O arcanjo recuou um pouco para observá-lo em silêncio, como se soubesse o que Félix iria falar.
— Ainda estou aqui... — murmurou o menor, piscando lentamente e, de uma forma um tanto tímida, envolveu seus braços em volta do pescoço do Diabo. O arcanjo aproximou-se novamente, aproximando seu rosto da mandíbula do humano enquanto deixava beijos suaves, mas curtos, em sua pele.
— Sim.
— Eu não estou m-morto. — não se conteve, mas gaguejou. Sentia-se em dúvida, um tanto assustado com os breves momentos de confusão repentina, respirando fundo quando Hyunjin passou os braços em volta de sua cintura de uma maneira mais certa, afastando o rosto e, inevitavelmente, fazendo com que seus olhares se encontrassem pela primeira vez naquele dia. Era algo precioso. — Por que?
Por alguns segundos, Hyunjin pareceu se perder nas íris de Félix, piscando três vezes antes de sorrir com uma lentidão delirante. Sua mão, completa de anéis de ouro, se arrastava da parte inferior das costas do humano até sua coxa, colocando a perna do garoto em seus quadris. Se moveram juntos sem dizer nada, e ambos, em apenas alguns segundos, se encontraram em uma posição diferente.
Félix, com seu rosto para cima, com as duas pernas rodeando os quadris do Diabo, que estava sobre o corpo de seu menino favorito, apoiando-se com os cotovelos na cama, nas laterais da cabeça do menor.
Seu rosto abaixou-se lentamente até ficar ao lado da orelha esquerda de Lee, mordendo delicadamente o lóbulo antes de, novamente, sorrir.
— Porque eu quero, e porque eu posso.
Em parte, Félix tinha medo dessa frase, porque Hyunjin poderia desaparecer com aquela desculpa, sem nenhuma justificativa válida.
— Ah... — foi tudo o que disse, balançando a cabeça lentamente, incapaz de deixar de sorrir timidamente quando Hyunjin olhou para ele, uma vez que seus rostos estavam um de frente para o outro, e eles se beijaram novamente.
— E eu posso te fazer aproveitar um pouco mais, se você gostar.
— Eu gosto. — não pôde deixar de rir de sua audácia repentina, com um tom rosado nas maçãs do rosto. — Porque eu quero, e porque eu posso. — repetiu as palavras do Diabo, que soltou uma pequena risada sugestiva antes de beijá-lo com mais força.
Félix suspirou, seguindo aquele ritmo muito melhor do que antes, menos nervoso, mais relaxado, protegido demais nos braços de quem influenciou sentimentos ruins, mas o fez sentir tudo de bom.
Só para ele.
Suas línguas se tocavam entre pequenos sons que o jovem não podia deixar de emitir, ambos pressionando seus corpos, com o Diabo esfregando seu membro contra o de seu garoto favorito, amando o jeito como este parecia tão delicado e excitado sob seu corpo.
— Oh, droga. — reclamou, se afastando e fazendo sua pior expressão. Félix o olhou um tanto perdido, temendo que tivesse feito algo errado, mas a batida na porta não lhe deu tempo de perguntar.
— Félix! Está acordado? — a voz de sua mãe se fez audível.
Félix olhou para o arcanjo, que o ignorou, e beijou seus lábios novamente, mandando-o ficar quieto. O humano obedeceu e continuou o beijo, atordoado, adorando a sensação de cócegas na barriga.
A maçaneta girou duas vezes, sem sucesso. A porta continuou trancada, e tudo graças ao trinco que Hyunjin controlava com seus poderes no meio do sexo... era estranho pensar nisso.
— Félix! Está acordado?
Ambos continuaram se beijando. Félix sabia que Hyunjin achava que Minah iria embora, mas conhecia sua mãe, e ela não iria embora até receber uma resposta. No entanto, continuou sendo obediente, incapaz de recusar os beijos deliciosos que o Diabo lhe dava.
— Filho? Félix!
Hyunjin se afastou, parecendo mal-humorado.
— Responda. — murmurou em um tom de voz sério.
Félix limpou a garganta antes de responder.
— Já estou indo, mãe.
— Abra a porta, querido. — Minah ordenou, girando a maçaneta inutilmente novamente.
— Uhm... minha cabeça dói um pouco. — mentiu, e o Diabo levantou um canto de seus lábios, encantado. — Posso dormir por uns vinte minutos? — Hyunjin ergueu as duas sobrancelhas, como se perguntasse se ele realmente falava sério. Isso não seria suficiente para tudo o que queria fazer com ele. — Trinta? — Félix ofereceu duvidosamente, em um tom de voz doce.
O arcanjo revirou os olhos antes de colocar beijos suaves nos lábios de seu menino favorito. Ah, foda-se. Brincaria com o tempo, não se permitiria desperdiçar tendo o humano mais puro da terra nu em seus braços.
— Querido, temos que ir à igreja. — insistiu sua mãe.
— Eu sei. Só um pouquinho, posso? — Félix quase implorou contra os lábios do Diabo, que empurrou seus quadris contra o do garoto, roubando uma respiração suave e baixa dele.
— ... Tudo bem. — Minah concordou. Hyunjin imediatamente começou a beijar o menor da mesma forma que estava fazendo anteriormente. — Mas só um pouquinho. Vou trazer o café da manhã para você em meia hora, mas vamos à igreja, está me ouvindo, Félix? Nós iremos.
Ignorou a ordem de sua mãe pelo fato de estar perdido nas carícias que Hyunjin fazia em seus lábios, e em como seus dedos foram em direção a sua entrada, acariciando-a antes de penetrá-la.
Mais uma vez, sentindo-se no paraíso.
Um diferente, sombrio, mas do qual ele jamais gostaria de sair.
Minutos depois de uma deliciosa sessão de beijos, e graças a ter sido penetrado pelos dedos do Diabo, gozou pela segunda vez em sua vida. A essa altura, queria sentir aquela sensação deliciosa pelo resto de seus dias, havia se viciado nisso. Estava sedento por qualquer coisa que o Diabo o fizesse experimentar.
Félix foi puxado para o peito de Hyunjin, e mesmo depois de todos os momentos com o arcanjo, para ele, a situação em que se encontrava era difícil de acreditar. Ela nunca imaginou que invocaria o Diabo, que lhe venderia sua alma, muito menos que, ao fazê-lo, se apaixonaria perdidamente por ele.
O medo de que Hyunjin não o amasse havia desaparecido de sua mente, pelo seu próprio bem, ou então, com o passar dos dias, perderia a sanidade. Ele ficava repetindo para si mesmo "Deixe acontecer o que quer que tenha que acontecer" e tentava esperar com muita paciência...
… E aproveitar o pouco tempo que lhe restava.
O arcanjo acariciou gentilmente a bochecha do humano, que ergueu o rosto, permitindo que os dois se encarassem. O Diabo soltou um suspiro profundo, antes de balançar a cabeça lentamente.
— O que está acontecendo? — Félix não pôde deixar de mostrar sua preocupação, corando e inclinando um pouco a cabeça.
O silêncio se fez presente por alguns segundos, onde apenas suas respirações eram audíveis, antes de Hyunjin resolver confessar o que estava acontecendo.
— Sua família está suspeitando.
Para Félix, parecia que o ar em seu quarto estava desaparecendo lentamente, e sua cabeça, que doía desde o momento em que acordou, parecia estar prestes a explodir. O Diabo, percebendo a tensão no corpo do outro, puxou-o para ainda mais perto de seu peito, envolvendo-o melhor com os braços e deixando beijos suaves, pequenos e inocentes na pele do pescoço de Lee.
Tão gentil... tudo que precisava.
— O que?
— Eles suspeitam que tenha algo errado com você. — Hyunjin murmurou, dando leves e quase imperceptíveis beijos na mandíbula do humano. — Eles não sabem exatamente o quê, não acham que sou real, mas sabem que há algo, e vão ficar ainda mais desconfiados quando virem como você está horrível.
Bem... isso não foi totalmente gentil.
A garganta de Félix pareceu fechar abruptamente, ao mesmo tempo que seu corpo estava paralisado, e milhares de inseguranças passavam por sua cabeça; inseguranças sobre ele, seu físico, sua personalidade e a inocência desajeitada que tanto odiava.
No Instituto Noorgard, sempre diziam que ele não era alguém para admirar, ou riam dele por ser o menor corpo entre os outros homens, já com dezoito anos.
Ele tentou não se importar o suficiente, mas ouvir de Hyunjin que ele parecia péssimo, por mais que tentasse se expressar, era um golpe muito baixo.
Sua mente sempre interpretava o pior. Talvez ele não se importasse completamente com os pensamentos de outras pessoas, com relação ao seu físico ou personalidade, mas apenas imaginar que o Diabo pudesse acreditar na mesma coisa o deixava nauseado. Tinha medo de ficar com uma imagem de si mesmo que não fosse real, estava sentindo tanta vergonha que derramou lágrimas inesperadas.
Hyunjin ergueu o queixo de Félix com as pontas dos dedos enquanto sentia as lágrimas se acumulando em seus lindos e enormes olhos castanhos. Não pôde deixar de sorrir.
— Meu garoto favorito está duvidando de sua beleza? — se aproximou lentamente e beijou a única lágrima que escorria pela bochecha direita dele, saboreando a tristeza do humano. — Só por causa do que eu disse?
O que deveria responder? Deveria contar ao Diabo sobre seus traumas quando ele provavelmente já sabia de tudo?
O sorriso de Hyunjin lentamente desapareceu quando seu olhar encontrou o de Félix. Os dois se encararam e, embora o Diabo não dissesse uma palavra, o jovem sabia que ele lhe contaria algo, que deveria ficar gravado em sua cabeça.
Normalmente — bem, quase sempre — Hyunjin não era nada expressivo. Ele sempre permaneceu neutro, seu olhar fixo em qualquer coisa que chamasse sua atenção. A única coisa que Félix era capaz de admirar nele, sem contar seus sorrisos maliciosos ou risadas silenciosas, era quando o olhava fixamente, franzindo a testa, como se houvesse algo que não entendesse bem, então suspirava profundamente e o tomava em seus braços.
Aquele pequeno gesto foi o que o fez acreditar que Hyunjin... sim, era definitivamente muito inteligente, observador, capaz de tudo, mas mesmo assim, ele mostrava uma inocência não digna de um ser como ele, em pequenas coisas que o humano não se atreveu a confessar devido à sua baixa auto-estima.
Como, por exemplo: Hyunjin soltando a respiração enquanto o encarava fixamente, como se fosse o único no mundo.
Mas, é claro, Félix nunca diria isso em voz alta e, em sua mente, sempre seria esse pensamento que ele deixaria de lado.
— Deixe que esta seja a última vez que você pensa que eu te vejo sob uma luz desagradável. — mesmo que suas palavras possam soar como se estivesse dando ordens, seu tom suave era tudo menos isso. — Você é o mais precioso e puro que meus olhos já testemunharam neste mundo desastroso.
As bochechas de Félix pareciam prestes a explodir, enquanto ele rapidamente enxugava as lágrimas e olhava para outra parte da sala timidamente. Por alguma razão, Hyunjin tendo falado com ele daquela maneira, deixou-o saber que ele ainda estava nu contra seu corpo, com as pernas entrelaçadas em seu quadril.
— Desculpe... — se desculpou por sua insegurança, mesmo que não devesse.
Hyunjin soltou seu queixo, segurando seu corpo calmamente, como se tivessem todo o tempo do mundo. Este homem precioso... ele era realmente o próprio Diabo?
— Você parece terrível, porque eu estive aqui por muito tempo. Estávamos mais próximos do que normalmente, e eu entrei na sua cabeça. Você parece ter adoecido. — explicou devagar, como se procurasse as palavras adequadas, enquanto observava detalhadamente o rosto do menor: pálido, com pequenas bolsas escuras sob os olhos, mais magro e com as pupilas menos brilhantes.
— Você entrou na minha cabeça? — surpreso, e sem entender aquela referência, apenas piscou lentamente. — Como?
O sorriso astuto do diabo não o impediu de fazê-lo suspirar, extasiado ao aproximar-se de sua orelha esquerda, proporcionando-lhe um beijo suave e silencioso.
— Você acha que sua primeira vez não seria dolorosa? — não evitou lamber atrás da orelha, o que fez todo o corpo do jovem estremecer. — Eu fiz você me olhar nos olhos, para entrar na sua mente, e assim você não sentiria nenhum tipo de dor.
Oh.
Isso foi meio esmagador. Como se estivesse possuído.
— Uh… oh, uau. — o Diabo recuou para poder olhar nos olhos de Félix, que está imerso em pensamentos enquanto olhava para o torso do homem mais velho, que está coberto de tatuagens. Ele continuou acariciando-os com a ponta do dedo indicador, sua mão descansando confortavelmente no estômago do arcanjo. Finalmente, soltou um suspiro. Não conseguia parar de pensar. — Jinnie... o que vamos fazer? Como irei à igreja? Assim que piso nela, começo a vomitar ou sufoco. Não quero sentir isso nunca mais.
— Você não vai sentir isso. — ele o acalmou imediatamente, fazendo com que seus olhos se fechassem. — Eu vou.
Seus olhos se abriram, automaticamente levando as mãos aos bíceps de Hyunjin, segurando-os e balançando a cabeça rapidamente.
— O que? Não, não, não. Fique comigo.
— Criança, acredite: eu adoraria ver a cara de todo mundo sabendo que eu sou real, mas não é tão fácil assim.
"Não desde que, finalmente, você está comigo"
Félix estava prestes a começar a chorar.
— Não quero que você vá embora, a última vez foi horrível. — sua voz tremia enquanto seus olhos começavam a se encher de lágrimas. Hyunjin o encarou, inexpressivo, querendo que ele continuasse comentando como foi o tempo que ele não esteve lá, precisava saber. O jovem engoliu em seco, baixando o olhar e tentando fazer o nó na garganta diminuir. — Quer dizer: fiquei aliviado por não sentir o desconforto, nem o zumbido no ouvido, mas o vazio que senti no peito... era insuportável.
Parecia não notar como os músculos do Diabo ficaram tensos, ou como ele parecia ter congelado no lugar. Ele até parecia estar perdido em pensamentos, como se soubesse ou estivesse tramando alguma coisa. Félix pulou um pouco quando de repente sentiu frio: Hyunjin havia parado de abraçá-lo, saindo da cama e se vestindo fluentemente. O humano, que apenas o observava, sentou-se lentamente na cama, fechando os olhos por alguns segundos quando uma inesperada tontura o deixou um pouco atordoado, e finalmente, ele os abriu novamente e olhou para o Diabo.
— Você realmente vai? — perguntou, cobrindo seu corpo nu com as cobertas. Ele tremia, sem saber se era por medo do que poderia acontecer, ou pelo vazio que — provavelmente — sentiria.
— Sim.
Seu tom de voz é suave, mas frio enquanto abotoava a camisa preta, de costas para o jovem, acomodando seu pescoço.
— Eu disse algo errado? — foi o primeiro pensamento de Félix, falando em voz alta enquanto suas sobrancelhas franziam, um tanto confuso. O que poderia ter dito errado? Talvez ele não devesse ter contado ao Diabo como se sentia. — Eu passei dos limites, não é? Sinto muito. Eu não queria desrespeitar você.
Assim que Hyunjin voltou a se virar, percebendo a expressão perdida nos olhos enormes de seu garoto favorito, com o corpo nu coberto pelas cobertas de sua cama, com seus cabelos negros desgrenhados, não pôde deixar de caminhar em sua direção, inclinando-se à sua frente para beijá-lo.
Provou os lábios do humano de forma lenta e profunda, inserindo sua língua e segurando seu rosto com desejo. Félix, sem nem pensar, agarrou-se ao pescoço do arcanjo, precisando de mais. Hyunjin simplesmente não conseguia deixar de mimar seu menino favorito.
Ficaram muito tempo se beijando, perdidos na boca um do outro, no sabor de suas bocas e nas carícias que se davam. Por fim, o Diabo se afastou com uma mordida no lábio inferior do jovem, que lentamente abriu os olhos, parecendo boquiaberto, quente e com os lábios levemente inchados.
— Estarei de volta em um dia. — murmurou, soando mais gentil enquanto Félix lhe dava um lento aceno de cabeça.
Não pôde deixar de gemer um pouco, desviando o olhar enquanto afastava os braços do pescoço de Hyunjin.
— Está tudo bem. — ele murmurou, também em um tom gentil e suave.
Hyunjin deixou um último e casto beijo na boca do outro antes de se afastar, caminhando para um canto da sala e ali permanecendo por alguns segundos. Os dois estavam se encarando, e não foi embora até que Félix assentiu, confirmando que estava bem, ouvindo a voz de Hyunjin logo em seguida.
— Voltarei mais cedo do que pensa.
Assim que piscou, notou a ausência do arcanjo no quarto, e mesmo depois disso, a primeira inalação lhe pareceu estranha, como o vazio ao qual, claramente, ele deve ter se acostumado.
Só que este parecia diferente... mais forte.
⸸⸸
A mão delicada de Félix deu algumas batidas rápidas e baixas na porta do quarto de sua irmã mais velha, parecendo apressado enquanto olhava em volta nervosamente, temendo passar por sua mãe ou seu pai, embora provavelmente o último fosse ignorar sua presença.
Finalmente, a porta se abriu, revelando sua linda irmã, Jiyeon.
— Félix, o que...? Oh meu Deus. Você parece terrível!
— Shh!
Rapidamente, entrou no quarto da garota sem ao menos pedir permissão. Era bonito, rosa, cheirava bem e havia maquiagem na cama. Perfeito! Estava prestes a caminhar em direção a ela, mas sua irmã puxou seu braço depois de fechar a porta de seu quarto, ficando na frente dele e pegando suas bochechas com cuidado.
— Lix. O que está acontecendo? Você está... — sua voz tremeu um pouco, balançando a cabeça. — ... Não estava assim há alguns dias. Não se vê assim há semanas, você está pior.
— Eu sei, eu sei. — tentou acalmá-la, trazendo suas próprias mãos para as de sua irmã, mas a temperatura do corpo dela estava muito fria, e isso a horrorizou ainda mais. — É que eu não dormi. Com toda essa história de Gyumin, meu apetite diminuiu e estou tentando usar roupas folgadas para não preocupar a mamãe.
"Que mentira boa. Se eu gostasse de mentir para não preocupar as pessoas, eu me lisonjearia"
— Eu também usei maquiagem.
Jiyeon, mais calma agora, não pôde deixar de rir baixinho, observando seu irmão mais novo com uma leve carranca.
— Você é mulher ou homossexual? Não pode usar maquiagem.
Não culpava sua irmã, realmente. Mesmo que nunca tenha seguido a opinião de sua família sobre os homens gostarem dos outros, ou homens usando maquiagem e roupas "femininas".
Muitas crianças pensavam o mesmo que ela, e tudo por causa dos pais. Félix se deu um exemplo: sua mãe havia lhe ensinado que ao acordar era fundamental tomar banho, mas muita gente não o fazia, ou o fazia em outros horários. Ele tentou respeitar como cada um decidiu criar seus filhos, mas, honestamente, também esperava que o que Jisung havia dito sobre a mudança de costumes em um futuro próximo fosse verdade.
Que os homens decidam se maquiar, e não sejam homossexuais por isso, ou que a homossexualidade não seja pecado para sua família. Que não há vestimentas atribuídas a um gênero, e que as pessoas julgam menos o que se veste, ou o que é.
— Eu sei, Ji. — sorriu falsamente, fingindo concordar. Jiyeon foi para a cama, sentando-se e ainda observando o irmão mais novo. — Mas se eu não fizer isso, mamãe vai enlouquecer.
— Mamãe já enlouqueceu. Sente-se e eu te explico tudo. — murmurou enquanto procurava em sua maquiagem algo que funcionasse para o mais jovem dos Lee.
Félix sentou-se na cama, observando enquanto ela pegava algo parecido com um batom marfim, começando a passar no rosto enquanto o segurava pelo queixo para mantê-lo imóvel.
— Por que diz que mamãe enlouqueceu?
— ... Você promete não dizer nada? — os nervos se instalaram no estômago do jovem quando ele assentiu. Enquanto isso, sua irmã passou o dedo indicador por todo o rosto. — Ontem fomos ao jantar em família. Deveríamos falar sobre coisas da igreja ou algo assim, mas os caras deram uma palestra sobre Gyumin. — começou a explicar. Félix fechou os olhos enquanto Jiyeon passava o dedo indicador pelas pálpebras dele. — Não foi como era antes. Mamãe e papai falaram sobre como você tem estado esquisito, como os médicos dizem que você não tem nada, mas você parece mal e age de maneira diferente. Eles dizem que você tem algo errado.
Os olhos de Félix se arregalaram novamente quando sua irmã se afastou, incapaz de evitar mostrar um pouco de medo em suas feições.
— Algo errado?
— Sim. Que você tem algo errado e que eles deveriam tirar isso de você.
Por alguma razão, a raiva começou a crescer em seu corpo, a tal ponto que ele sentiu uma leve camada de suor cobrir sua pele. Milhares de imagens de alguém — qualquer um — empurrando Hyunjin para longe dele o inundaram, fazendo-o balançar a cabeça com raiva.
— Isso é... idiota.
Sua irmã lançou-lhe um olhar sério, terminando por colocar um pouco de batom em seus lábios antes de se levantar. Logo se ouve uma batida na porta.
— Crianças, vão tomar o café da manhã, e rápido.
Félix estava prestes a se levantar, mas foi empurrado de volta para a cama, pego de surpresa, olhando para Jiyeon em confusão. Ela apontou o dedo indicador para ele, olhando em seus olhos.
— É melhor você saber no que está se metendo.
O jovem piscou lentamente, realmente surpreso.
— … O quê?
— Meu irmão teria começado a chorar, imaginando se realmente tinha algo errado.
Félix iria ficar quieto, porque era o que ele sempre fazia, certo? Esse era o trabalho dele.
— Então eu não posso mudar um pouco, que isso significa que tem algo de errado comigo...? — franziu um pouco a testa, continuando a olhar para a mulher à sua frente. — É isso que você está tentando me dizer?
— Tão de repente? Se sua personalidade mudasse, tudo bem, mas isso? — apontou para cima e para baixo, rejeitando o estado em que estava. — Não estou dizendo para não fazer o que você quer, estou dizendo para saber no que você está se metendo, porque eu... eu não tenho medo de você.
Félix sabia que ela estava mentindo, por causa do tremor em sua voz assim que terminou a frase. Isso o machucou.
— Ji...
— E eu não vou te apoiar, Félix. Seja o que for, desde que esteja errado, eu não apoio você. — finalmente, começou a recolher a maquiagem, e Félix aproveitou para sair correndo do quarto, antes que não aguentasse e explodisse em lágrimas.
⸸⸸
O café da manhã foi estranho, com Jiyeon o olhando enquanto bebiam chá e comiam pão com geléia de morango. Sua mãe estava falando, parecendo radiante, feliz por Félix não ter o rosto de um monstro — embora não soubesse que ele realmente tinha, e que o escondia sob uma pesada camada de maquiagem e não estava possuído o suficiente pelo Diabo — quando, na verdade, ele estava possuído pelo Diabo de todas as maneiras que alguém poderia imaginar.
Finalmente, eles foram para a igreja no veículo. A princípio, seu pai se recusou a levá-lo, e ele sabia disso porque o ouviu dizer isso baixinho para Minah antes de sair pela porta da frente. Isso lhe deixou triste? Claro, mas era aceitável... ou era o que tentava acreditar. Minah o convenceu com um sussurro em seu ouvido, e eles marcharam em silêncio em direção à "casa do senhor". Sem música, sem Dominique berrando. Apenas um silêncio constrangedor, e Félix sabia que ele era a causa disso.
A missa transcorreu tranquilamente. Os tios e primos de Félix estavam lá, e eles observavam o jovem com o canto dos olhos, que, com vergonha, estava fazendo coisas que realmente não deveria estar fazendo. Deus provavelmente iria querer matá-lo. Poderia fazer isto!
Finalmente, quando a missa terminou, todos começaram a se dirigir para a saída, mas Minah puxou Félix pelo braço para falar com o padre Changmin, o que o levou a pensar que esse era mais um motivo para nomear aquele dia. como: "Eu me dedico a mentir, e faço isso muito bem."
— Lee Félix. — nomeou o jovem, aquele homem mais velho, com olhos enormes e acusadores. Não, talvez ele apenas seja muito paranóico. — É um prazer tê-lo aqui novamente. Quais foram os motivos da sua ausência?
A boca de Félix se abriu para responder, mas sua mãe decidiu fazer isso por ele.
— Félix não estava se sentindo muito bem esses dias. Muita angústia por dentro. — bem, ela não estava mentindo. Havia angústia e um leve vazio em seu peito.
"Hyunjin, volte"
— Acho que não custa nada confessar. O que você acha, Félix?
Não, não, não, não. Não!
— Eu não sei, eu... — riu, tentando encontrar uma maneira de evitar aquela conversinha com o velho, que não envolvesse fugir ou fingir desmaio.
— Tenho tempo. Félix, venha comigo, por favor. — padre Changmin falou rapidamente, indicando o confessionário com a cabeça.
Os dois entraram depois que Minah seguiu sua família em direção à saída. Não havia mais ninguém lá dentro, apenas um silêncio ensurdecedor, e o eco da voz do padre quando este começou a falar.
— Primeiro, vamos orar.
O homem mais velho começou a fazer isso em voz alta, e Félix fingiu segui-lo. Ele não deveria estar fazendo isso, simplesmente não está certo. Ao final, novamente, o incômodo silêncio se fez presente, pelo qual o moreno foi quem resolveu quebrá-lo, tentando não parecer desconfiado.
— ... Padre? O que eu faço se não tenho nada... nada a dizer? — gaguejou um pouco, ajustando nervosamente os suspensórios pretos que pendiam de seus ombros.
— Você não tem nada a confessar?
— Não. — respondeu rapidamente.
— Sua mãe disse que você estava chateado. — Félix dá de ombros. — Tem certeza que não tem nada a confessar?
— Sim, estou, mas todos nós temos segredos. — desta vez, respondeu honestamente, tentando mostrar que não era necessário revelar tudo. Era verdade: todos possuem segredos assim como todos possuem o direito de não contá-los.
— Está tudo bem, Félix. Você pode me dizer. Você fez algo errado? Algo que, mh... não é digno de sua religião? — o padre usou um tom amigável, mas um tanto falso, e não porque o velho não fosse uma boa pessoa, mas porque queria roubar informações que não lhe diziam respeito.
— Não.
— Tem certeza?
"Não"
— Sim.
— Bom. — Félix notou com o canto do olho como o padre Changmin se acomodava em seu lugar. Um suspiro saiu de seus lábios. — Alguma coisa da qual você se arrependa?
"Ter nascido"
Não não. Havia mais.
"Matei meu primo, matei duas pessoas que não sabiam o que estavam fazendo, causei um ataque cardíaco no meu pai e agora ele me odeia. Minha irmã não confia mais em mim, minha família fala de mim pelas minhas costas e têm medo de mim. Maquiagem é coisa de mulher, homossexualidade é errado. Estou onde não deveria estar. Me apaixonei por um homem que não é deste mundo e, provavelmente, estou tendo essas falsas ideias de que tudo é recíproco e vai acabar bem."
"Não estou vivendo a vida que gostaria"
— Não.
— Félix... para confessar, você deve ser honesto.
Ele ficou tão nervoso que não pôde evitar o tremor involuntário em suas mãos frias. Ele precisava de proteção, precisava não sentir o desconforto do mundo. Ele precisava do desconforto que Hyunjin lhe causava, mas que o fazia esquecer com suas carícias.
Com seu olhar, sorriso, comentários e beijos requintados.
— Eu estou sendo. — tentou soar honesto, mas falhou.
— Eu sei o que você tem. Eu vi. — com aquele comentário do velho, não conseguiu evitar que seus olhos começassem a se encher de lágrimas. — Como você pode estar tentando esconder isso? Eu o vejo em você, eu vejo você... e eu vejo ele.
— Eu não tenho nada, senhor. — sua voz se elevou um pouco, em pânico. Muito provavelmente, teria uma convulsão.
— Não se atreva a mentir na casa do senhor. — começou a soluçar baixinho quando a voz do padre também se elevou. — Confesse.
— Eu... eu não...
— Confesse agora.
Estava prestes a começar a chorar com todas as suas forças, e realmente iria confessar. A pressão que sentia era tão intensa que não conseguia parar de tremer ou desacelerar seus batimentos cardíacos.
No entanto, algo inesperado aconteceu.
Um vento forte e frio se fez presente dentro da igreja, e todas as velas acesas diante dos selos de cada santo se apagaram abruptamente. Tudo estava escuro, mas as janelas do telhado, apesar de ser um dia nublado, iluminavam um pouco o caminho. A temperatura caindo lentamente do local sagrado era perceptível para ambos, e os cabelos na nuca de Félix se arrepiaram enquanto tentava ver pela porta de madeira à sua frente o que estava acontecendo.
— O que você está fazendo?
De repente, seu pulso começou a queimar, assim como suas mãos, mas ele ignorou isso, porque não era tão importante quanto o que estava presenciando naquele momento. Provavelmente, foi devido à adrenalina.
Félix aproximou o rosto da porta, assustando-se assim que notou aquela figura alta e reconhecível, envolta em um manto preto, no banco onde, anteriormente, se sentara durante a missa. Suas costas colidiram com a parte de trás do confessionário, cobrindo sua boca quando instantaneamente começava a hiperventilar.
— O que? O que está acontecendo?
— F-fique aqui, e não saia até que eu mande.
— O que? Não, não é possível. Esta igreja é abençoada. — padre Changmin balançou a cabeça rapidamente, também encostado a um canto do confessionário, apavorado.
Claro que não é.
— P-por favor, fique aqui.
Félix abriu a porta devagar, ouvindo-a ranger ao se levantar. Saiu tremendo como uma folha ao vento, sem tirar seus enormes olhos castanhos da figura alta e assustadora que permanecia tão imóvel a ponto de parecer outra estátua naquele templo. Não parava de se aproximar, e foi aí que a própria Morte se levantou de seu assento, fazendo com que seus passos parassem. Seu coração batia muito rápido, sua cabeça doía e, embora estivesse morrendo de medo, sentiu-se corajoso o suficiente para falar com ela.
— V-você veio me buscar? — a Morte balançou a cabeça lentamente antes de erguer o braço comprido, apontando o dedo indicador fino e pálido para o confessionário. Mesmo aquele leve movimento fez com que a temperatura de seu corpo caísse ainda mais. — Por que? — não houve resposta. Félix rapidamente negou. — Você não vai levá-lo. — sua voz sequer vacilou, mesmo sabendo que estava enfrentando um ser muito mais poderoso do que um mero humano como ele.
A morte continuou em silêncio por alguns segundos, assustando o humano quando, mais uma vez, apontou em direção ao confessionário, de forma mais abrupta e impaciente para pegar o que lhe pertencia.
— Eles vão pensar que eu o matei, e vai piorar tudo. Você... quer que Hyunjin fique chateado? — por fim, aquela entidade ficou imóvel por alguns segundos, e caminhou inesperadamente em direção ao confessionário. Félix deu um passo à frente, parando na frente dela para detê-la. — Não! Você não vai levá-lo com você. — disse firmemente, acreditando que logo se arrependeria. — Eu-eu não vou deixar você ir. Você não vai fazer isso.
É nesse momento que as mãos da Morte se ergueram, retirando lentamente o manto que lhe cobria o rosto, revelando um homem calvo, pálido, semelhante a um esqueleto, que o fitava. A coisa mais intrigante e bizarra sobre isso foi Félix perceber que os dois...
… Eles tinham os mesmos olhos.
Quando seus olhos se cruzaram, a adrenalina não demorou a percorrer seu corpo. Imagens fugazes passaram por sua cabeça: momentos felizes, momentos de dor. São poucos, mas são importantes. Sentiu como se seu coração estivesse sendo agarrado e estivessem apertando-o com força. Não conseguia respirar, porque sentia que, se o fizesse, sua cabeça voaria em mil pedaços.
Piscou quando as velas se acenderam. Não havia nada na frente dele, apenas algum tipo de fumaça preta que inalou assim que conseguiu. Seu corpo tremeu, cambaleando e indo ao chão segundos depois. Ele não desmaiou, mas estava um tanto atordoado.
Não era o mesmo de antes.
O padre saiu rapidamente do confessionário, pouco se importando com as ordens do jovem e aproximou-se dele até que estivesse ajoelhado ao seu lado.
— Félix? — percebendo-o tão perdido em sua própria mente, respirando com dificuldade, o homem o sacudiu de forma totalmente desesperada. Ainda não acreditava que o que tinha visto era real. — Félix! Eu irei chamar seus pais. Sim, eu vou. — o velho estava prestes a se levantar, mas Félix puxou seu braço, pouco se importando se fizesse algum dano. — F-Félix?
O jovem sentou-se lentamente, sendo auxiliado pelo padre Changmin, que ainda estava em estado de choque.
Suas mãos estavam um tanto dormentes, o desconforto estava mais presente do que nunca e ele se sentia...
… Ele mal conseguia sentir qualquer coisa.
— Eu estou... — sua voz tremeu, e seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas não importa o quanto tentasse, não conseguia chorar. Ele olhou para cima, encarando o homem mais velho. — … Estou bem. Eu… eu estou bem.
— Deixe-me ligar para os seus pais. — implorou o padre.
— Por favor, não diga nada. — mais uma vez, eles se encararam, e Félix não pôde deixar de franzir a testa um pouco, sem saber ao certo como reagir. O que exatamente aconteceu? — Você me deve uma, você me deve. — claro que não era a favor da manipulação, mas, nesses casos, era algo necessário.
Padre Changmin balançou a cabeça lentamente, mantendo o horror em suas expressões.
— Não posso dizer às pessoas que algo que não é de Deus entrou aqui. Isso... Isso nunca aconteceu, certo?
Félix concordou lentamente com a cabeça enquanto levava uma de suas mãos trêmulas ao peito. Seu batimento cardíaco estava lento, sentia que faltava alguma coisa, mas o principal era que, fisicamente, ele se sentia pior. Não conseguia ao menos se levantar sozinho.
— Eu preciso… — soluçou secamente, mas não sentiu alívio. O que estava acontecendo? — … Alguém para me levantar. V-você pode...?
— Sim. Sim, claro. — o velho levantou-se rapidamente, inclinando-se e pegando Félix por baixo dos braços. Não foi difícil para ele levantá-lo, pois o garoto era muito leve, e estava ainda mais se considerar o quanto havia emagrecido. — Você pode andar?
— Posso.
Félix começou a andar lentamente, olhando fixamente para a frente, ouvindo um "cuide-se" da pessoa cuja a vida ele salvou.
Não havia onde se esconder, não havia salvação e...
... Inferno! Hyunjin ficaria tão bravo quando visse isso.
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