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IV ➵ Menino Favorito

Dancing with the Devil | Hyunlix

ALGUMAS BATIDAS fortes na porta de seu quarto fizeram com que seus olhos se abrissem lentamente, enquanto tentava se aconchegar ainda mais entre suas cobertas, procurando pelo calor que aparentemente havia perdido.

— Félix, céus, acorde. Você tem que ir para a escola. — ouviu a voz de sua mãe soar do outro lado de seu quarto. — Acorde! Anda, bebê. Eu preparei um café da manhã para você. — a próxima coisa que foi ouvida pelo moreno foram passos na escada e "Dominique" sendo reproduzida novamente. De novo e de novo.

Sentiu um olhar sobre si quando tentou — novamente — voltar a dormir, lembrando-se de que havia adormecido no escuro, com o Diabo em pé, frente à sua cama, apenas o observando. Seu olhar ardia um pouco por conta do choro silencioso da noite anterior, e o zumbido em sua orelha esquerda estava o enlouquecendo.

Mas pelo menos sua alma continuava em seu corpo.

E quando seus enormes olhos castanhos se abriram, notou uma figura de preto sentada sobre sua cama, bem ao seu lado. Observou por alguns segundos cada anel presente nos longos dedos do Diabo, admirando os raros símbolos que simplesmente brilhavam nos mesmos. Estava com medo de olhar para cima e ver o rosto daquele homem, mas assim que o fez, simplesmente o encontrou com um olhar fixo sobre ele, apenas sendo o ser mais encantador que existe enquanto mantinha um semblante extremamente sério.

O zumbido em seu ouvido aumentou quando seus olhares se encontraram por alguns segundos, fazendo-o mudar seu olhar para um outro canto qualquer do quarto.

— Eu te assustei? — ambas as sobrancelhas do arcanjo se ergueram, e seu tom era um tanto sarcástico ao ponto de que Félix teve que morder sua língua com força, se lembrando de que não poderia responder de maneira grosseira ao próprio rei do submundo.

Negou lentamente com a cabeça antes de suspirar, sentando-se na cama de maneira lenta. Estava descabelado, seus olhos ardiam, e ainda continuava sentindo um profundo mal estar. Seu olhar se dirigiu para o Diabo, o qual simplesmente o observava, sem expressão alguma em seu rosto.

— Bom dia. — proferiu o arcanjo, e se inclinou na direção do humano.

A respiração de Félix se prendeu na garganta enquanto seu corpo começava a tremer, por puro medo do que poderia acontecer a seguir. Ele estava esperando por qualquer coisa.

Qualquer coisa, menos um suave beijo em sua bochecha direita.

Ainda com seu olhar fixado em suas cobertas, formou uma linha em seus lábios quando ele os pressionou, corando e fazendo com que, lentamente, o Diabo sorrisse de lado.

— Puro... como veneno.

— Félix! — algumas batidas em sua porta o fizera dirigir seu olhar para a mesma, e sequer foi preciso que ele se virasse para perceber que o arcanjo não estava mais presente.

Suspirou, se pondo de pé e pegando o uniforme da escola antes de ir para o banho. Mas não antes de avisar para sua mãe que já estava acordado. Se banhou rapidamente, lavando bem seu corpo enquanto tentava, de alguma forma, se sentir novamente bem.

Não funcionou.

Ao sair do banho, se secou e vestiu seu uniforme, o qual não estava tão ruim; era composto por calças pretas, igual aos seus sapatos, junto a uma camisa branca, abotoada até o fim e um simples suéter de lã azul. Seus cabelos estavam úmidos, e continuava com seu aspecto "morto".

Mas estava se acostumando, não haviam muitos dias desde que a invocação foi feita. Parecia estranho até mesmo pensar sobre isso, como se ter o Diabo o observando, onde quer que ele esteja, fosse a coisa mais normal do mundo.

Uma vez que terminou de se arrumar, se dirigiu para seu quarto e arrumou sua mochila com seus deveres. Notou que havia alguns que estavam incompletos, mas antes que começasse a se lamentar, se lembrou da única pessoa que o tratou realmente bem naquele lugar; Han Jisung. Seu colega de classe e... amigo, pelo menos acreditava que poderia chamar assim. Talvez pudesse pedir ajuda para ele.

Subiu as escadas do sótão, com as alças de sua mochila folgadas em seus pequenos ombros. Tentou evitar o toca-discos, passando rapidamente o mais longe que podia antes que o mesmo começasse a tocar.

Uma vez na cozinha, se sentou em uma cadeira, com o café da manhã já posto sobre a mesa e sua irmã mais velha sentada na cadeira em sua frente. Provavelmente já havia terminado o seu, já que sua mãe estava lavando um prato na pia.

Começou a beber seu chá e comer um pouco de pão, sentindo que iria enlouquecer com o zumbido no ouvido esquerdo, ainda mais com aquela alta e forte melodia francesa soando em seu ouvido direito. Sequer conseguia ouvir sua própria mastigação, se assustando quando Jiyeon jogou comida em seu rosto.

— Ai! — reclamou, levando sua mão para seu olho direito. — Por que você fez isso? — sua irmã mais velha franziu a testa, dizendo algo que Félix realmente não conseguiu ouvir. — O que?!

A mulher mais velha observou seu filho com a testa franzida enquanto passava pelo seu lado, caminhando para fora da cozinha. Para o alívio de todos daquela casa, a música que que estava tocando, cessou.

— Você está brincando ou algo assim? — perguntou Jiyeon, um tanto irritada.

— Me desculpe, não conseguia te ouvir por conta da música.

— Oh, Félix... — Minah voltou para a cozinha, levando suas mãos para a cintura enquanto observava seu filho. — Teremos que voltar ao hospital.

O menor olhou para sua mãe imediatamente, prestes a implorar e mentir para ela da forma mais descarada possível, mas a bochecha roxa da mulher chamou sua atenção, fazendo com que seu coração, agora, batesse de forma extremamente rápida.

— Mamãe. — levantou-se da cadeira quase imediatamente. — O que aconteceu? — ele ainda não tinha certeza se realmente queria evitar ainda mais o assunto, mesmo que não tivesse a mínima ideia do que fazer a respeito.

Estava cada vez pior.

— Do que est-? On! — Minah levou uma de suas mãos para sua própria bochecha ferida, acariciando suavemente o hematoma. — Sabe como eu sou, Lix. Me machuco com qualquer coisa. — deu risada, voltando para a pia, para continuar com a limpeza. — Vai se atrasar para a aula.

Félix e Jiyeon se olharam fixamente por alguns segundos antes que a mais velha decidisse dizer algo, também um tanto desconfiada:

— Mãe, tem certeza que se machucou sozinha?

A mãe de ambos bufou.

— Sim, Ji, chega desse assunto. — ela parecia um tanto cansada, mas tinha seus motivos. — Se sente bem para ir para a aula, Lix? Parece um pouco pálido. Se achar melhor não ir, poderíamos ir à igreja.

— Não, não. — respondeu rapidamente, pegando sua xícara de chá e bebendo um grande gole sob o olhar atento de sua irmã. — Eu não dormi muito bem de noite, mas estou bem.

Ele não estava realmente mentindo; não havia despertado em momento algum naquela noite, mas, ainda assim, sentia como se não houvesse descansado por anos.

— Pode ficar se quiser, eu acredito em você.

Félix negou novamente, comendo um grande pedaço de pão com rapidez, mesmo que não estivesse com tanta fome.

Claro que não! Ele não queria ficar sozinho, nunca mais, e muito menos ir à igreja.

— Não, eu realmente estou bem e, de qualquer forma, tenho uma prova hoje. — se aproximou de sua mãe, deixando um beijo em sua bochecha que estava saudável, e logo fazendo o mesmo com sua irmã. — Tenham um bom dia, sim?

— Tchau, Lix. — Jiyeon agitou sua mão.

— Se cuida, querido. Que Deus te abençoe.

Aquela última frase, provavelmente de sua mãe, fez com que um enjôo surgisse de maneira inesperada, precisando pegar sua mochila com rapidez antes de — praticamente — correr para fora de casa.

Uma vez que o ar atingiu seu rosto, deu alguns passos lentos, afastando-se da entrada de sua humilde casa para, sem conseguir evitar, inclinar-se para a grama e devolver seu café da manhã.

Rapidamente, já estava se sentindo melhor, mas, só de pensar no inferno que o esperava em sua escola religiosa, quis dar meia-volta e voltar à solidão de seu quarto.

— Félix. — ouviu o chamado de seu pai ao longe, e rapidamente se endireitou, limpando seus lábios com as costas das mãos e se virando para o homem, o qual estava um tanto distante de si, mas com um sorriso adorável.

— Sim? — mentiroso. Ele era um mentiroso. — Aconteceu algo, pai? — se aproximou de forma tranquila, tentando não parar no meio do caminho quando notou uma sombra alta atrás dele, no chão.

Seungsu fechou a porta do banco do passageiro de seu veículo, limpando suas mãos em um pano velho enquanto dava um sorriso amigável ao filho.

— Eu consertei o carro. Você já estava indo? Eu levo você.

— Pode deixar, eu vou sozinho, não tem probl-...

— Eu te levo, filho. — o adulto o interrompeu, atravessando a rua para ir até o banco do motorista. — Entre.

Félix sentiu uma respiração quente em sua orelha direita antes de ouvir mil sussurros de uma só vez:

"Como se atreve a lhe interromper?"

"Quem lhe disse que ele é o chefe que dá ordens?"

"Olhe só... ele acha que tem autoridade sobre você, assim como acha que tem autoridade sobre sua mãe."

Sequer sabia em que momento havia entrado para dentro do veículo, afivelando o cinto de segurança, porque tudo em que conseguia pensar era a raiva crescendo no fundo de seu peito, enquanto milhares de memórias aterrorizantes passavam por sua mente. Aquele homem, que parecia tão gentil, que dirigia o volante de seu carro com mãos tão gentis...

... as quais também machucavam sua mãe quando ninguém estava olhando.

Seungsu estava comentando sobre como ele havia passado a manhã consertando algumas falhas em seu motor, mas o que quer que ele estivesse tentando explicar a Félix, não importava mais. Jamais havia importado, nem um pouco.

O garoto não queria continuar ouvindo aquela voz nojenta, seu falso tom de superioridade por saber consertar aquele maldito carro. Se fosse pelo mais novo, desejaria que um caminhão esmagasse a lateral direita do automóvel, deixando seu pai morto. Queria tantas coisas naquele momento, mas principalmente queria...

Seus pensamentos foram interrompidos por uma voz estrangeira, a qual sem dúvida alguma, estava o encorajando. Era perceptível a excitação em sua fala pelos pensamentos do humano.

"Diga a ele, diga a ele. Você está morrendo de vontade de dizer a ele."

Levou seu olhar para o volante. O que aconteceria se ele o tomasse e causasse um acidente?

— É algo realmente complicado. Não é qualquer homem que consegue fazer isso. Bem, definitivamente nenhuma mulh-...

— Filho da puta.

O adulto parou de falar, sem acreditar no que havia saído da boca do filho mais novo; aquele menino tão inocente, amável e puro...

— ... Félix? — se manteve olhando fixamente para a estrada, procurando por um lugar para estacionar frente aquela escola religiosa.

Félix começou a respirar com dificuldade, de tamanha raiva que estava sentindo por dentro.

— Maldito covarde de merda.

O carro parou abruptamente, impulsionando ambos para frente e para trás. Seungsu se virou em seu assento, olhando para o filho fixamente, o qual segurou sua respiração.

— Quer repetir o que acabou de dizer? Não ouvi muito bem. — falou devagar, desafiando o adolescente, acreditando que ele não ousaria sequer tocar no assunto.

Mas Félix nem mesmo hesitou

— Maldito filho da puta.

Não se sentia como ele mesmo, mas tinha um grito impotente preso em sua garganta. Suas costas estavam encharcadas de suor e suas mãos tremiam.

Seungsu o olhou fixamente antes de sair abruptamente do veículo, tendo alguma dificuldade para desafivelar o cinto de segurança. Em apenas alguns segundos, ele já estava do lado do passageiro, abrindo a porta e esperando o filho sair.

Félix saiu lentamente, seu olhar fixo no de seu pai, ainda encarando-o. Pai este que aproximou ainda mais seu rosto do rosto de seu filho, ficando a apenas alguns centímetros de distância.

— Vá para a escola. — falou antes de se afastar, voltando para o lado do motorista, entrando no veículo e acelerando quase que imediatamente, desaparecendo em uma das esquinas da próxima rua.

Foi quase imediatamente o momento em que sua raiva desapareceu completamente, o nó em sua garganta descendo, desejando de coração que ele estivesse morto para não enfrentar o que poderia acontecer quando voltasse para casa.

⸸⸸

A ansiedade se espalhou por seu peito de maneira inevitável, e rezou para não derramar nenhuma lágrima enquanto caminhava apressado pelos corredores do colégio, o qual estava um tanto vazio. Ele estava atrasado, mas isso era o que menos importava para ele naquele momento, sua mente só repetia uma coisa: banheiro. Precisava urgentemente chegar no mesmo, trancar-se e encontrar uma maneira de consertar o problema que causou.

Seu caminho foi repentinamente bloqueado por um garoto baixo, magro, de cabelos loiros e um rosto sério: Han Jisung.

— Hey, Félix. — saudou amigavelmente.

— O-olá. — sua mandíbula tremia, tornando impossível não gaguejar descontroladamente enquanto os dois caminhavam lentamente pelos corredores.

— Como você está?

— ... bem, e você?

— Ótimo! — respondeu de volta ao seu amigo e colega de classe. — Fez algo essa semana?

Além de invocar o Diabo? Não, nada.

— Uhm, não... e você?

O garoto inclinou um pouco a cabeça, parecendo entediado só de pensar em uma resposta.

— Eu estava com a minha avó... quer dizer, eu a conheci. Ela é ótima. — disse ele, balançando a cabeça e sendo interrompido pelo barulho do sino nos corredores, indicando que era horário de aula. Aparentemente, não havia chegado tão tarde quanto pensava. — Vamos para a sala?

— Sim, eu... — Félix observou ao seu redor, à beira de um ataque de pânico ao notar pessoas saindo pela última porta, onde ficava o refeitório, prestes a encher os corredores. — ... logo eu te alcanço. Preciso ir ao banheiro.

— Ok... — Jisung respondeu, franzindo a testa enquanto, hesitantemente, continuou caminhando em direção à sala de aula.

O Lee, por sua vez, seguia pelo corredor, o qual estava enfeitado com quadros e estatuetas de santos. Uma vez que entrou no banheiro, o silêncio foi ensurdecedor, fazendo com que o zumbido em sua orelha esquerda aumentasse a ponto de pensar que iria enlouquecer.

Verificou se não havia ninguém nas quatro cabines para, logo, ir até a pia, onde encostou o corpo na bancada de cerâmica e observou seu reflexo no espelho amplo e limpo. Respirou profundamente por alguns segundos e bagunçou os próprios cabelos com as mãos trêmulas, tentando se sentir — de alguma forma — melhor.

A ansiedade não parava, presa em seu peito, machucando-o. Soluçou secamente, todo o seu corpo tremendo antes de dar alguns passos instáveis para trás, pressionando as costas contra os frios azulejos da parede enquanto fechava os olhos com força. Ele iria enlouquecer.

Sentiu a presença do Diabo quase imediatamente, e nem precisou abrir os olhos para saber que estava a sua frente, mas o fez ao sentir duas mãos quentes em suas bochechas, erguendo levemente seu rosto.

— Sh, sh, sh. — o Diabo tentou acalmá-lo, enxugando as lágrimas que estavam prestes a cair na pele macia e pálida do menor. — Meu menino favorito está com medo e assustado? — Félix assentiu rapidamente, nem mesmo sendo capaz de responder. — Como ele pode estar tão assustado quando fez pior do que apenas desrespeitar alguém? — negou, suspirando falsamente.

O humano tentou respirar profundamente, sem se mover, sequer um pouco.

— E-eu não... eu, e-ele...

— Não, eu entendo. — interrompeu o Diabo. — Seu querido pai mereceu aquelas palavras que você disse. Sabe por que? — Félix negou lentamente. — Porque você é o que ele mais ama.

— ... ele é um bom pai. — quis tentar defender seu pai.

— Ele bate na sua mãe.

— Continua sendo um bom pai.

O arcanjo acariciou as bochechas do menor gentilmente, mesmo que continuasse parecendo realmente intimidador.

— Por acaso um bom pai ensina seus filhos de forma errada, mesmo sabendo que está errada? Se for assim, por favor me avise.

Não podia negar aquele comentário.

Félix desviou seu olhar para a saída do banheiro, paranóico que alguém decidisse entrar. Eles veriam o rei do submundo? Só ele poderia ver e ouvir isso? Sentir? Engoliu em seco, tentando não temer o silêncio ensurdecedor.

— ... Senhor Diabo?

Uma silenciosa risada surgiu nos lábios do arcanjo, os quais se curvaram um pouco para cima.

Senhor Diabo. Eu gosto, é muito original. — comentou, fazendo com que o humano sentisse um calor se espalhar pelas maçãs de seu rosto.

— Sinto muito. — se desculpou rapidamente, sentindo-se mais estranho do que o normal. Ele havia o ofendido? — Eu... não sei como te chamar. Lucif...?

— Hyunjin.

Félix piscou, pego de surpresa. Honestamente, não esperava esse nome, mas um nome mais longo, estranho e único. "Hyunjin" era comum, tão comum que, se os poucos religiosos da cidade soubessem que o nome também pertencia ao Diabo, provavelmente o adotariam.

Embora fizesse algum sentido. O significado daquele nome que parecia tão simples o caracterizava de: "Guerreiro famoso".

— Mas... mas seu nome não é realmente assim, certo?

Hyunjin soltou suas bochechas, erguendo um pouco uma de suas sobrancelhas, permanecendo sério.

— Então, como acha que me chamo?

— Eu... — notou o olhar do Diabo fixo nos seus, obrigando-o a direcioná-lo para o chão. — ... pensei que fosse "Satanás". — murmurou envergonhado.

— Me chamam por muitos nomes... você usará o verdadeiro. — murmurou, fazendo com que o humano se perguntasse se era o único permitido a usa-lo. — Hyunjin.

— Hyunjin. — repetiu, engolindo em seco. A distância entre ele e o arcanjo era quase nula, não permitindo que evitasse olhar em seus olhos. Mas no momento que o fez, o zumbido em seu ouvido esquerdo se intensificou ao ponto de precisar levar suas mãos a sua cabeça, franzindo a testa e olhando novamente para o chão. — E-eu... tenho que ir para a aula.

O sinal tocou no momento oportuno, anunciando a hora do intervalo. Há quanto tempo ele estava ali? Sabia que o Diabo não estava mais ali, mesmo sem vê-lo, porque o desconforto em seu estômago havia diminuído um pouco.

Lavou suas mãos, seu rosto, arrumou seu cabelo e, após um suspiro profundo, dirigiu-se à saída do banheiro, dizendo a si mesmo que enfrentaria o que quer que fosse acontecer.

Mesmo que nem ele acreditasse muito nisso.

⸸⸸

Durante o dia, estava tudo indo bem... se não fosse por Félix esperando tudo menos algo bom quando chegasse em casa, é claro.

Os valentões de sua classe decidiram não incomodá-lo, contribuindo para que pudesse se distrair durante a aula. Também achou muito interessante a história de como Jisung conheceu sua avó materna.

Qualquer distração era uma vantagem na espera sem fim de seu sofrimento, num inferno disfarçado de paraíso, com o caos fingindo ser pura calmaria.

A aula de coral foi a última, e os dois colegas ficaram juntos, sentados em seus respectivos lugares. Precisavam conseguir cantar uma velha melodia italiana, mas era muito difícil para alguns alunos, que cantavam palavras sem sentido ou brincavam, fingindo sons de peidos. O professor ficou chateado, mas, mesmo assim, acabava dando uma ou duas risadas.

— Ok, turma. — o homem falou, levantando a voz. — Quero fazer um comunicado muito importante, então, por favor, peço que prestem muita atenção. — foram necessários alguns murmúrios para que a sala ficasse em completo silêncio enquanto o professor ia até sua carteira pegando um monte de folhas e ajustando seus óculos. — Darei uma dessas folhas a cada um de vocês, e os menores de idade deverão mostrá-la aos pais. É uma permissão para ir com dois professores, inclusive eu, juntamente com os alunos do primeiro ano da Universidade, para uma floresta perto da cidade, ida e volta de ônibus. Será uma pequena convivência, onde falaremos sobre muitas coisas que vocês precisam aprender.

Continuou o professor:

— Se seus pais ou responsáveis não lhe derem permissão, simplesmente não entreguem o papel. Sem a permissão, vocês não podem ir. Se tiverem alguma dúvida, podem perguntar a mim ou ao professor Park. Agora sim, vocês estão liberados. Tenham um bom dia e que Deus os abençoe.

Todos os alunos pegaram um pedaço de papel antes de se dirigirem para a saída. Enquanto Jisung e Félix caminhavam pelos corredores, a caminho da porta principal do estabelecimento, o moreno começou a sentir um verdadeiro desconforto. Um pressentimento aterrorizante, pois sabia exatamente o que iria acontecer.

Jisung olhou para o papel em sua mão direita, negando lentamente com a cabeça.

— Meu Deus. Eles não vão me liberar, mesmo quando eu sendo de maior. Meu pai é muito conservador e acha que eu tenho me comportado mal ultimamente. — bufou irritado. — Ele diz que sou louco, que fumo e bebo quando não tem ninguém por perto.

Félix piscou rapidamente, levantando as duas sobrancelhas enquanto levava seu olhar para o loiro.

— Você faz essas coisas?

— ... essa não é a questão. A questão é que eu literalmente vou ter que implorar para que me deixem ir. — comentou, soando realmente irritado.

— Sinto muito, Jisung. — uma vez que ambos estavam fora do estabelecimento, o coração do Lee disparou ao ver o veículo de seu pai, mas relaxou um pouco ao ver uma silhueta feminina dentro do mesmo. — Eu... tenho que ir. Nos vemos amanhã.

— Tchau, Félix.

Ambos os garotos tomaram direções diferentes, sem saber o que o outro passava quando chegaram em suas respectivas casas.

Casa? Era isso? Porque não parecia com uma.

Félix apressou o passo quando viu o veículo de seu pai ligar novamente. Subiu no banco do passageiro, percebendo com o canto do olho que a silhueta feminina era sua mãe, e desviou se olhar para baixo. Ele sabia que seu pai só permitia que ela dirigisse quando algo acontecia.

O silêncio reinou, e o menino assumiu que Minah já havia descoberto sobre sua terrível atitude.

— M-mamãe... — poucas vezes a chamava daquela maneira, pois sempre utilizavam apelidos mais adoráveis, mas aquele — claramente — não era o momento.

A mãe olhou para o filho bruscamente, fazendo com que o menor fizesse o mesmo com ela. Ela parecia zangada, mas não era só isso...

... parecia machucada.

Será que...? Será que seu pai a havia machucado? Minah pagou por suas más ações?

Como tinha sido tão estúpido? Segundo ele, ele era o culpado... por absolutamente tudo. Começou a chorar antes mesmo de ouvir os gritos.

— Como você pôde falar assim com seu pai?! Como se atreveu a desrespeitá-lo daquela forma?! — começou a mulher, com suas mãos trêmulas pressionando o volante. — Ele te criou, te deu o que comer, te manteve sob um teto... jamais deixou que lhe faltasse alguma coisa! Ele te deu tudo, Félix! O que ele poderia ter feito para que você o insultasse daquela forma?

O mais novo cobriu o rosto com as mãos, deixando escapar as lágrimas que havia segurado o tempo todo dentro daquele colégio, encolhendo-se um pouco em seu assento enquanto negava.

— Eu... não quis. — mentiu, chorando mais ainda por isso. — Ele te... eu-...

— Você é um ingrato. — mulher o interrompeu, começando a dirigir. — Não quero que volte a falar daquela maneira, nunca mais. Vai receber o castigo que merece por isso, e a conversa acaba aqui. ok? — Félix assentiu lentamente.

Ela tem razão.

— Você precisa... — soou com se tivesse dificuldade em dizer aquilo. — ... precisa de disciplina.

Ele não entendia.

Ele não entendia por que sua mãe o fazia sentir como se sua vida dependesse de um homem, que se não fosse por seu pai, ele seria um fracasso. Ele não entendia, não queria... não podia.

Mas, lamentavelmente, ele entenderia.

⸸⸸

Félix tentava não gritar toda vez que a fivela do cinto batia dolorosamente em suas costas. Seriam apenas dez vezes, mas Seungsu, cego de raiva, não pôde deixar de dar-lhe mais uma no rosto, sob o olho esquerdo. Agora sua bochecha estava um pouco roxa, e as costas do adolescente queimavam como o inferno.

Ele estava deitado na cama, de lado, com lágrimas escorrendo por suas bochechas até que molhasse seu travesseiro. Havia uma xícara de chocolate quente na mesinha de cabeceira. Tinha sido acolhido por sua mãe, a qual se desculpou em pequenos sussurros apressados. Também recebeu um discurso de seu pai, que tentou argumentar, tendo de toda forma ter a razão. Dizendo-lhe que Deus não abriria as portas do céu para uma pessoa má.

Um desconforto reconhecível o invadiu, e a cama se moveu atrás dele. A respiração quente de Hyunjin roçou sua orelha esquerda e, por algum motivo, isso o fez chorar ainda mais. Mesmo que o Diabo mal respirasse, ele não se sentia mais tão sozinho.

— Me diga o que quer que eu faça.

— M-minhas costas, doem. — disse enquanto soluçava, fazendo um grande esforço para aguentar o choro de partir o coração que precisava soltar, mesmo que estivesse sentindo aquela tristeza sufocante em seu peito.

Ele não queria ser uma pessoa ruim, queria ser boa. Ele queria ir para o céu, mas aquilo não seria mais possível, porque havia insultado seu pai, e os golpes no corpo de Minah eram sua culpa.

Ela congelou quando sentiu a mão quente do Diabo deslizar sob a parte de cima de seu pijama, acariciando a pele de seu quadril, subindo lentamente até sua costela antes de, inesperadamente, pressionar a palma da mão sobre as recentes feridas em suas costas.

O ar escapou de seus pulmões com a ardência repentina, que se foi em menos de um segundo. Suas costas sararam, a ponto de não sentir um pingo de dor.

— Vire-se. — ordenou o arcanjo.

Félix o fez lentamente, pensando que sentiria uma dor imensa, que estava tendo alucinações e que suas costas não teriam sarado, mas era real. Hyunjin o havia curado.

Uma vez diante do Diabo, com seus olhos fechados, sentiu seu toque abaixo de seu olho, na ferida "acidental" que seu pai lhe infligira. Acariciou algumas vezes, e a dor desapareceu. O hematoma permaneceu no mesmo lugar, como sinal de uma memória ruim.

— Eu poderia nunca permitir que te machucassem novamente... — sussurrou Hyunjin, movendo sua mão até a bochecha de Félix, acariciando com gentileza. Era tão estranho que o próprio Diabo o fizesse se sentir bem, mesmo com o desconforto ao seu redor. — Você só precisa dizer meu nome. Nomeie-me, e eu farei algo a respeito.

Félix fungou antes de assentir lentamente.

— Está bem... — repentinamente, sentiu como se fosse realmente morrer de sono. — ... Eu quero... — mas ele não sabia.

— Quer que eu mate seu pai?

— Não! — respondeu rapidamente, abrindo seus olhos e abaixando seu olhar até os lábios finos do outro em sua frente. — Não posso... não quero que ninguém se machuque por minha culpa. De novo não...

O arcanjo ergueu ambas as sobrancelhas, bufando.

— Culpa. — repetiu e, repentinamente, parecia pensativo. — Acho que a única coisa que tem aqui... — ergueu seu dedo indicador e pressionou suavemente a testa do humano. — … É pura negatividade.

Félix suspirou, de repente, se sentindo exausto enquanto seus olhos se fechavam novamente.

— Não é de propósito. — foi a última coisa que disse antes de cair em um sono profundo.

Hyunjin levou sua mão até os fios negros de seu menino favorito, os pegando de forma hesitante entre o dedo indicador, acariciando-os lentamente antes de suspirar e envolver os braços em volta do corpinho á sua frente.

O abrigou em seu peito, como se sua intenção fosse protegê-lo de todo mal, e aos poucos foi absorvendo sua alma sem piedade alguma.


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