𖦹 XIV. MENTIRAS CLARAS COMO LAMA
14. CAPÍTULO QUATORZE
o vazio fica, mas o amor (talvez) permanece
❝ e eu ainda verei até a minha morte,
você é a perda da minha vida. ❞
𝗅𝗈𝗆𝗅 ━━ taylor swift
Era real. Vi estava à sua frente, mais vívida do que qualquer um dos pesadelos que assombraram Scar nos últimos anos.
Não era uma alucinação, nem um reflexo de um desejo reprimido, mas sim a própria Violet, com seus olhos intensos fixos nela. A sensação era ao mesmo tempo reconfortante e estranha, como se o passado e o presente se chocassem, criando um vazio que Scar não sabia como preencher.
Os braços de Vi, rígidos e mais fortes agora, envolvendo Scar com uma intensidade que a deixava sem ar. A força com que a segurava era possessiva, como se tivesse medo de perder tudo de novo.
Quando Vi se afastou, suas mãos geladas tocaram o rosto de Scar, os polegares acariciando sua pele de forma suave e quase carinhosa, como se tentasse transmitir algo que palavras não poderiam. O olhar de Vi estava profundo e intenso, seus olhos buscando algo que Scar não sabia como retribuir. As sobrancelhas franzidas, o sorriso suave nos lábios... havia algo de inconfundível ali, mas ao mesmo tempo, distante.
Scar sentia o ar se tornando denso e seu peito apertado a cada tentativa de respirar.
A cicatriz no lábio superior de Vi, pequena mas visível, o corte na sobrancelha, o cabelo um pouco maior, mas ainda com a mesma tonalidade rosada intensa... Cada detalhe trazia de volta uma memória, mas também uma mudança. Vi ainda era a mesma, mas agora algo parecia diferente, como se o tempo tivesse deixado marcas que Scar não sabia como ler, assim como aconteceu com ela.
Ela estava perto demais, a respiração quente e próxima de seu rosto. Perigosamente perto.
— Eu senti tanto sua falta, Estrelinha – Vi murmurou, encostando a testa na de Scar, os dedos ainda acariciando sua pele com uma ternura que parecia contrastar com a intensidade daquelas palavras — Cada segundo longe de você era como se uma parte de mim estivesse se destruindo.
A proximidade dela, a suavidade do seu toque, tudo parecia um reflexo de algo que já não existia mais entre elas. Como se o tempo, a dor e as escolhas feitas ao longo dos anos tivessem erguido uma barreira que Scar não sabia como atravessar.
Vi a olhava com uma sinceridade que era ao mesmo tempo reconfortante e dolorosa. A mulher à sua frente ainda carregava os traços de quem ela conhecera, mas algo havia mudado, e Scar não sabia se estava pronta para encarar as consequências disso.
O silêncio entre as duas se estendeu por um momento que parecia eterno. O ar ainda estava pesado, carregado com uma mistura de sentimentos não ditos e promessas quebradas. Scar podia sentir a tensão em cada fibra do seu corpo, o desejo de ceder, de se entregar àquela proximidade, mas também o medo de que isso a levasse a um lugar que ela não queria mais visitar.
Violet estava ali, mas ao mesmo tempo, ela já não estava mais. Era como se algo fundamental tivesse se perdido, como se o vínculo que um dia as uniu tivesse se transformado em uma sensação irreconhecível. E, mesmo assim, Scar se via presa, incapaz de afastar a mulher que, de alguma forma, ainda parecia possuir algo seu.
Vi segurou uma das mãos de Scar, entrelaçando os dedos, enquanto a outra se perdia suavemente entre os fios de seu cabelo, um toque gentil, mas marcado por uma tensão silenciosa.
O som de passos no metal cortou o silêncio entre elas, fazendo com que Scar desviasse o olhar em direção à entrada. A figura que surgia diante dela, com os cabelos azul-escuro, rapidamente se tornava nítida.
A Defensora.
Algo dentro de Scar se acendeu como uma lâmpada iluminando a escuridão. Ela olhou para Vi, seus olhos nublados por um ódio crescente, uma raiva que se formava com a intensidade de um vendaval. Vi havia sido a causa de tanto sofrimento, e agora, diante daquela figura, o rancor transbordava sem controle.
Com um movimento ágil, Scar agarrou a jaqueta de Vi, puxando-a para perto com força, e, num só gesto, desferiu uma joelhada certeira em seu baixo ventre. Vi soltou um gemido abafado de dor, a expressão de surpresa estampada em seu rosto, enquanto caía de joelhos no chão, incapaz de se manter em pé, seus olhos baixos, a respiração ofegante.
Jinx, ao ver o que acontecia, rapidamente pegou sua metralhadora, apontando-a para a figura desconhecida à sua frente. Seu olhar estava carregado de fúria, e por um momento, nada parecia importar, nem mesmo a irmã caída no chão, que gemia de dor, tentando se apoiar com a mão e o joelho no metal frio. O único pensamento claro na mente de Jinx era a necessidade de proteger, custasse o que custasse.
Violet olhou para Scar com os olhos marejados, mas Scar desviou o olhar, passando por ela e esbarrando o joelho em seu ombro. Sua mão foi automaticamente até a arma na cintura, pronta para qualquer movimento.
— Quem é ela? – Jinx perguntou, os olhos indo de Vi para a defensora na entrada.
— Quem são vocês? – a defensora retrucou, a boca se abrindo ao ver a de cabelos rosados se forçando a levantar.
— 'Tá tudo bem, Powder. É uma amiga – Vi respondeu, com a voz fraca, o olhar confuso indo em direção à loira.
Scar riu sem humor, sem paciência, retirando a arma da cintura e mirando na cabeça da... amiga?
— Sua mentirosa desgraçada! – Scar gritou, a raiva borbulhando em seu rosto. — Trouxe uma Defensora para nossa casa, por livre e espontânea vontade? Os anos fora te tiraram o que já não tinha muito?
Vi a olhou com um olhar confuso e entristecido, buscando algo mais profundo em Scar.
Aquela não era sua namorada.
— A Sevika não estava mentindo. Você está com uma Defensora! – Jinx disse, tentando se afastar da irmã.
A desconhecida olhou para Jinx, surpresa, seus olhos se estreitando ao perceber a semelhança. Ela então virou a cabeça para Scar e, com uma expressão que misturava dúvida e curiosidade, perguntou:
— Sua irmã é a Jinx?
Antes que qualquer um pudesse responder, ela olhou novamente para Scar.
— E você é a...?
— Quem se importa? Por que trouxe essa idiota? – Scar perguntou, o olhar gelado para Violet enquanto seus dedos apertavam a arma, ligeiramente trêmulos.
— Caitlyn, me escuta. Podemos consertar isso.
Scar franziu as sobrancelhas, a arma em suas mãos ficando ligeiramente mais baixa enquanto as palavras de Vi a atingiam como um golpe inesperado. A rosada parecia distante, perdida em algum lugar entre os tempos passados e o que estavam vivendo agora. Scar balançou a cabeça, um sorriso forçado se formando antes de apontar a arma de volta para Vi.
— Fica quieta!
Vi, observando Scar com uma mistura de confusão e dor, parecia não reconhecer a mulher que estava diante dela. Seus olhos estavam nublados, como se tentasse entender quem realmente era aquela pessoa.
— Ás, isso não é você...
Scar a encarou, uma expressão vazia se formando em seu rosto.
— "Isso"?
— É uma emboscada! Estão tentando nos enganar! – Jinx gritou, suas mãos firmes na metralhadora, os olhos azuis observando atentamente qualquer movimento, pronta para reagir a qualquer ameaça — Cala a boca! Não estou de bom humor.
— Não dissemos nada – Caitlyn se atreveu a dizer, o rosto marcado por completa confusão.
Vi observava tudo em descrença, incapaz de compreender como as duas pessoas mais importantes da sua vida agora pareciam ser completas estranhas, distantes do que ela havia deixado no passado.
— Eu não falei com você! – Jinx se virou para ela, as palavras rápidas e cortantes como gelo.
— Powder, está tudo bem...
— Para de me chamar assim! É Jinx agora. A Powder virou fumaça.
— Essa não é você, meu Deus. Eu nunca devia ter ido—
— Não fala comigo como se eu fosse uma criança! – Jinx disparou, interrompendo-a. – Foi por isso que você veio? Por essa pedra idiota!?
Scar lançou um olhar afiado para Caitlyn, os olhos semicerrados. A Defensora, no entanto, parecia hipnotizada pela pedra, seu olhar fixo nela como o de uma cobra prestes a dar o bote.
— Eu nem sei o que é essa pedra! – Vi disse, a voz tensa, as mãos erguidas em sinal de defesa sob a mira da metralhadora de Jinx.
— Você é mesmo uma figura, irmã – Jinx zombou, o tom amargo. – Achei que tinha te perdido. Mas você? Você não perdeu nada.
— Powder! Eu tô aqui por você – Vi disse, olhando de Jinx para Scar, como se tentasse se dirigir às duas ao mesmo tempo, como se quisesse afirmar algo — Por vocês! Pode disparar essa coisa se quiser, mas eu não vou sair daqui. Não vou te abandonar de novo.
Ela estendeu a mão, tocando o braço de Jinx. O gesto fez a expressão da mais nova suavizar, embora os olhos ainda carregassem relutância. Jinx virou o rosto para Scar, buscando alguma reação. Mas Scar permaneceu impassível, rígida como pedra diante de tudo ao seu redor.
— Calem a boca. Eu preciso pensar – Jinx murmurou, o tom frio e autoritário.
O silêncio foi quebrado por uma sensação estranha que tomou conta do ambiente. Scar sentiu os pelos do corpo se arrepiarem, como se uma presença diferente estivesse se aproximando. Jinx também percebeu, seus ouvidos atentos enquanto ela olhava ao redor, a arma potente erguida com firmeza.
— Ouviu isso? – ela perguntou, os olhos varrendo a escuridão à sua volta.
Ergueu os olhos, vendo as luzes verdes cortarem o ar enquanto os Fogolumes surgiam das tubulações, suas placas voadoras ziguezagueando. Sem hesitar, ela disparou, mas eles, rápidos e bem preparados, desviaram facilmente. Os tiros subsequentes vieram de Jinx, determinada a derrubá-los de qualquer jeito, seu rosto transfigurado em fúria enquanto pressionava o gatilho sem piedade.
Scar se lançou para o lado, esquivando-se de um disparo que passou perigosamente perto, enquanto um dos Fogolumes descia em sua direção.
Ele saltou da placa voadora com precisão, o bastão em mãos tentando acertá-la. Scar bloqueou o golpe com o antebraço, recuando alguns passos antes de contra-atacar, acertando um soco no estômago dele. O homem cambaleou, mas logo voltou à ofensiva, desferindo outro golpe que Scar conseguiu desviar por pouco. Em um movimento rápido e certeiro, ela agarrou o bastão dele, o puxando para desequilibrá-lo. Com um chute preciso, ela o lançou para trás, fazendo-o perder o equilíbrio e cair, o som abafado pela confusão ao redor.
Ao longe, Scar viu Caitlyn correndo em direção à esfera azul que rolava pelo chão, prestes a cair na beira do prédio destruído. A Defensora se jogou no chão, esticando o braço no último segundo e conseguindo agarrar a pedra antes que ela desaparecesse no abismo abaixo. Scar avançou rapidamente, não dando tempo para comemorações. Com um movimento brusco, desferiu um chute no corpo de Caitlyn, que foi lançada para o lado, rolando pelo chão e soltando a pedra.
Scar agarrou a esfera azul antes que tocasse o chão novamente, mas antes que pudesse recuar, sentiu o impacto de um golpe nas costas. Um dos Fogolumes havia se aproximado sorrateiramente e agora tentava arrancar a pedra de suas mãos. Scar segurou firme, girando o corpo e acertando a arma que tinha em mãos na cabeça do mascarado. O golpe foi forte o suficiente para desestabilizá-lo, mas não antes de ele ativar um sinalizador acoplado ao seu equipamento.
Uma nuvem de fumaça densa e escura tomou conta do ambiente, reduzindo drasticamente a visibilidade. Scar tossiu, tentando cobrir o rosto com uma das mãos enquanto procurava Vi ou Jinx. Os Fogolumes agora estavam se movendo como sombras dentro da fumaça, dificultando qualquer tentativa de rastreá-los. Ela apertou os olhos, pronta para o próximo ataque, sabendo que estava longe de acabar.
Quando a fumaça começou a se dissipar, Scar finalmente enxergou Vi desacordada no chão, enquanto dois Fogolumes se aproximavam para levá-la. Antes que pudesse reagir, Jinx disparou contra eles, avançando furiosa.
Outro cartucho de fumaça foi ativado, cegando-as novamente. Scar tentou se orientar, mas os sons e os movimentos se perderam na névoa densa.
Quando a fumaça clareou, Vi já não estava mais lá. Apenas o rastro deixado pelos Fogolumes marcava o lugar. Jinx gritou de raiva, enquanto Scar, imóvel, apertava os punhos, sentindo o peso do que acabou de acontecer.
𒅌
Scar havia ajudado Jinx com o corte na perna, tentando conter o sangramento e acalmá-la, mas o surto da mais nova estava longe de cessar. A voz de Jinx era um eco distante em sua mente enquanto ela tentava reorganizar os pensamentos e conter a crescente raiva que a consumia.
Agora, seus passos ecoavam pelos corredores de forma implacável. Cada movimento era carregado de fúria, seus pés firmes contra o chão reverberando pelas paredes como um tambor de guerra. Quando alcançou a sala de Silco, empurrou a porta com força, quase arrancando-a de suas dobradiças.
O homem atrás da mesa se sobressaltou por um breve momento, mas recuperou a compostura rapidamente, os olhos estreitados enquanto encarava Scar com atenção.
— Oi, Silco – ela disse, sua voz baixa e fria, como uma lâmina afiada pronta para cortar.
— Scar...
— Não! – ela o interrompeu, balançando a cabeça enquanto fechava os olhos por um segundo. A dor de cabeça latejava, fruto do peso esmagador dos últimos acontecimentos. — Você não fala. Eu falo.
Seus olhos se abriram, revelando um olhar glacial que fez o homem manter o silêncio. Ela estava no limite, e ele sabia disso.
— Vamos esclarecer umas coisinhas que, no momento, estão me deixando bem confusa – começou Scar, sua voz cortante como vidro, enquanto se aproximava da mesa de Silco, os olhos cravados nele como facas — Primeiro: uma jovem de cabelos rosas aparece do nada. Mas, seguindo a lógica, ela não deveria, porque era para estar morta!
A última palavra saiu quase como um grito, a raiva transbordando em sua expressão. Ela apoiou as mãos na mesa, o olhar queimando o de Silco, esperando uma resposta que fizesse sentido.
— E nem pense em mentir para mim! – Scar avançou um passo, apontando o dedo para Silco, sua voz carregada de fúria — Você disse. Eu ouvi da sua boca que ela estava morta! E você sabe muito bem o que isso causou na Áster!
Seu peito subia e descia rapidamente, as emoções reprimidas transbordando em cada palavra. Ela estreitou os olhos, esperando alguma explicação plausível, mas duvidando que Silco fosse capaz de dar uma resposta que justificasse aquela mentira.
— Scar, eu–
— Você o quê, Silco? – ela o cortou, a voz afiada e cheia de desprezo — Qual vai ser a sua próxima mentira? Que ela voltou dos mortos? – sua risada foi seca, carregada de ironia, enquanto ela cruzava os braços — Eu não acredito em fantasmas.
Ela inclinou ligeiramente a cabeça, os olhos fixos nele, esperando que ele ousasse dar mais uma desculpa patética. O silêncio tenso que se seguiu só alimentava ainda mais sua raiva.
— Você não tem coragem de se defender? – Scar provocou, um sorriso frio surgindo em seus lábios. — Cadê o homem de muitas palavras que você sempre é?
Ela deu mais um passo à frente, apoiando as mãos na mesa de Silco, inclinando-se para encará-lo diretamente. O silêncio dele parecia quase uma confissão, e Scar não iria parar até arrancar algo dele, nem que fosse uma reação.
Silco respirou fundo, recostando-se lentamente na cadeira enquanto mantinha os olhos fixos em Scar. Sua expressão era impassível, mas havia um brilho cansado em seu olhar.
— Eu não sabia que a garota estava viva! – Silco insistiu, tentando manter a calma, mas com os olhos brilhando de irritação.
— Não sabia? – Scar repetiu com desdém, sua voz cortante — Mas quando soube, escondeu isso, mandou irem atrás dela. Por capricho seu, para que não soubéssemos nunca que um plano seu falhou!
— Para alguém que até horas atrás detestava a Vi, você me parece bem mexida com o que ocorreu – Silco observou, seus olhos estreitando enquanto analisava a reação de Scar.
— Não vem com essa para cima de mim, Silco · Scar retrucou com frieza, sua voz carregada de impaciência. Ela deu um passo à frente, encarando-o com a mesma intensidade.
Scar respirou fundo, tentando controlar a raiva que fervia dentro de si. Seu peito subia e descia com rapidez, e ela forçou os olhos a desviarem do olhar intenso de Silco, não querendo dar a ele a satisfação de ver sua fúria transbordar. A raiva estava ali, pulsando em suas veias, mas ela não queria perder o controle. Com um movimento brusco, ela afastou a tensão de seu corpo e fixou o olhar em um ponto distante, tentando, a todo custo, acalmar as emoções que a dominavam.
— Vocês são todos mentirosos – A voz de Scar saiu cortante, como uma lâmina afiada — Todos que entram na porra da minha vida me escondem as coisas, mentem, tentando brincar comigo. Eu não sou uma boneca, um simples brinquedo.
Ela deu um passo para trás, a raiva transbordando em suas palavras, cada uma carregada de frustração e dor. Seus olhos, antes frios, estavam agora incendiados, como se o peso das mentiras de todos aqueles ao seu redor tivesse finalmente quebrado o limite da paciência.
— Eu entendo, Scar, mas não é tão simples quanto parece. Violet ainda abandonou você e a Jinx – Silco disse, tentando manter a calma, mas com uma ponta de frustração.
— Eu não estou falando da Violet! Isso nem é da sua conta, o que importa quem ela abandonou? – Scar cortou com impaciência, sua voz firme e cheia de raiva — Você nunca me disse que desconfiava que ela poderia estar viva, em qualquer buraco sujo ou sei lá. Preferiu mentir, dizer que tinha certeza que ela estava morta e me fazer acreditar por anos que ela morreu depois de me deixar!
Sua expressão era uma mistura de dor e fúria, como se a revelação de Silco fosse o último golpe em uma ferida que nunca cicatrizou. Ela respirou fundo, tentando se controlar, mas a indignação ainda queimava dentro de si.
— Eu confiei em você. Eu trabalho pra você todos esses anos, me arriscando enquanto fica aqui, sentado, dando ordens. Se eu mereço algo, o mínimo, é honestidade – As palavras de Scar foram carregadas de desgosto e amargura, e ela as soltou com a intensidade de quem já não tinha mais paciência para mentiras. Cada sílaba parecia pesar mais, sua voz se elevando, refletindo o tempo perdido, as promessas não cumpridas.
Ela olhou para Silco com desdém, esperando que ele sentisse o peso de cada palavra.
— Você acha que eu não sei o que você passou? – Silco disse, tentando manter a calma, mas a tensão em sua voz denunciava o desconforto — Eu nunca quis te enganar, Scar. Você e a Jinx são como algo que eu nunca tive ou esperei ter. Mas você não pode simplesmente esperar que eu revele tudo, nem sempre as coisas são tão simples como parecem. Eu fiz o que achei que era melhor para todos nós. Para Zaun.
Scar o observou em silêncio, o ódio ainda fervendo dentro de si. Suas palavras, mais uma vez, eram vazias, tentando justificar o injustificável.
Ela riu, mas não era uma risada de diversão, era uma risada amarga, carregada de desprezo. "Melhor para todos nós"? Pensou consigo mesma, com os dentes apertados. Ele sempre falava sobre Zaun, sobre o que ele achava ser melhor para todos, mas nunca mencionava as consequências para aqueles que realmente estavam na linha de frente, arriscando suas vidas. Ela tinha dado tudo por ele, mas agora, parecia que tudo o que ele fazia era se proteger, e ela? Ela era nada.
— Quando quiser que façam seus trabalhos sujos, pelo menos confesse de verdade as merdas que faz. – Scar disse, com a voz cortante, o olhar fixo em Silco, antes de virar de costas, deixando que as palavras ressoassem no ar pesado. Ela não queria mais ouvir suas desculpas, seus jogos de poder. Não havia mais espaço para falsas promessas.
Com um último olhar cheio de raiva, ela saiu, batendo a porta com toda a força que conseguiu, deixando o som do estrondo ecoar.
vou criar um novo país, e nele será proibido não amar a scar. scar, me possua🫦
dois capítulos em um dia, agora só apareço no próximo mês🕊️🕊️
beijos e até o próximo capítulo! 🤍💋
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro