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🧟‍♀️

୧ ❛ CAPÍTULO 017
negação

dois meses pós fazenda

ㅤㅤ O inverno finalmente havia chegado, para preocupar o grupo. Todos já andavam com camadas grossas de roupas de frio, complementadas por gorros e até luvas, que haviam conseguido em uma loja de conveniência durante uma de suas últimas paradas. Porém, aquilo ainda não era o suficiente; precisavam de mantimentos e, principalmente, de um lugar quente e seguro para ficarem durante as nevascas - que sabiam estarem se aproximando cada dia mais -.

ㅡ Podíamos seguir aquelas placas que vimos lá atrás. - Alexander disse, quando pararam para conversar mais uma vez. ㅡ É um condomínio fechado, que estava recém inaugurado e ainda com casas lacradas para venda. Podemos conseguir um bom lugar para passarmos o inverno.

ㅡ Talvez até mais. - Rick disse, suspirando esperançoso. Estava começando a se preocupar com o futuro da gravidez de Lori.

Com tudo resolvido, o grupo voltou aos seus respectivos veículos para seguirem com sua viagem. Novamente seguindo as placas daquela cidade, eles conseguiram chegar à entrada do condomínio de casas que Alexander havia apontado. Se impressionaram com o tamanho das construções, com algumas possuindo até mesmo três andares.

ㅡ Isso é um puta condomínio luxuoso de mansões! - Brooklyn admirou. ㅡ Quem diria?! Apenas o fim do mundo seria capaz de me colocar para morar num lugar desses! - ela riu por um sopro fraco que saiu de seu nariz, enquanto suas mãos estavam dentro dos bolsos da grossa jaqueta que vestia.

Havia tirado seu gesso há uma semana, e não poderia estar mais feliz. Usar suas facas perfeitamente seguradas em suas mãos e segurar corretamente o guidão de sua moto foram as primeiras sensações que havia gostado de experimentar outra vez naquele dia.

Agora, naquele momento, estava ao lado de Audrey. Carl e Duane estavam com elas, enquanto observavam juntos o alto muro do condomínio em sua frente. Haviam se tornado um grupo estranho nas últimas semanas; iam juntos em buscas, competiam quantos errantes acertavam, e Brooklyn e o Grimes brigavam num nível que já havia se tornado habitual - por todos do grupo.

ㅡ Parece estar limpo. - Duane disse, esticando-se para espiar o lugar. ㅡ Não acredito que um lugar desses não estava sendo habitado!

ㅡ Sei não... estou com uma estranha sensação sobre o lugar. - Audrey disse apreensiva, enquanto entravam pelo vão no portão.

ㅡ Ah não, pode parar, Audrey! Toda vez que diz isso algo realmente acontece. - Duane suspirou fundo, dramaticamente. ㅡ O que você é? Algum tipo de bruxa ou apenas muito sensitiva?!

ㅡ É nossa bruxinha sensitiva. - Brooklyn sorriu para a amiga. ㅡ Um super poder que admiro, mas quero que não funcione dessa vez! - ela riu, acompanhada da Mallory. ㅡ Parece ser um bom lugar. Espaço tem!

ㅡ Vai ser o bastante por algum tempo, espero. Tem que funcionar. Precisamos que funcione dessa vez... - Carl disse, suspirando e no final tomando a frente do trio na caminhada.

Brooklyn o observou em silêncio, suspirando ao entender que o garoto também estava apreensivo quanto à Lori. Todos estavam, mas os Grimes estavam muito mais. Com razão. Ela estava no começo da gestação, ainda conseguia acompanhá-los em algumas corridas, mas em breve sua barriga cresceria e haveria dificuldades; e, depois, precisavam se preocupar com seu parto.

A Dixon desviou o olhar do Grimes, afastando os pensamentos ao sentir uma presença menor ao seu lado. Olhando para Aurora, ela sorriu fraco e disse:

ㅡ Fique do meu lado e se mantenha sempre alerta, garota.

ㅡ Pode deixar, Brookie. - Aurora disse, balançando a cabeça em clara concordância.

As duas começaram a caminhar, atentas por onde passavam junto ao restante do grupo. Luna estava acompanhando-as de perto, cheirando todos os lugares e com os pelos arrepiados em alerta; caminhava com uma atenção muito predadora, mas também protetora ao se manter muito próxima das duas garotas e não se afastando delas em nenhum momento.

A rua do condomínio não estava tão revirada. O silêncio era presente em todo lugar. Havia uma ou outra lata de lixo revirada, e meia dúzia de corpos já finalizados nos gramados. Os que vagavam distraídos logo foram abatidos silenciosamente pelas armas brancas. As casas também estavam intactas; e as que antes pareciam terem sido habitadas agora estavam vazias e lacradas.

ㅡ Podemos escolher qualquer uma! - Tdog comentou, tentando conter a euforia de sua voz.

ㅡ Vamos ficar nessa. Longe do portão e dos muros. - Rick apontou para a que estava logo em frente deles, no meio do condomínio. ㅡ É espaçosa, tem uma cerca... e ainda tem a placa de "vende-se", ou seja, está mesmo vazia.

ㅡ Ótima escolha, cara. - Tdog disse. Ele sorriu animado, quebrando novamente o silêncio que se formou: ㅡ Quem chegar por último é um bobão! - o homem saiu correndo para a porta.

Audrey, Aurora, Beth, Duane e até mesmo Glenn e Alexander protestaram antes de rirem e saírem atrás de Tdog. Carl trocou um olhar com a mãe, antes de sorrir e correr para alcançar o grupo. Brooklyn tentou, mas falhou na missão de não deixar uma risada escapar ao observá-los; balançando a cabeça, a garota caminhou até a porta, seguida pelo restante do grupo de sobreviventes.

Ela entrou no hall, ouvindo Duane e Tdog numa "discussão" para decidirem quem havia de fato ganhado aquela corrida. Porém, a briga não havia sido o que realmente chamou a atenção da garota, que estava mais impressionada com o tamanho do lugar em sua volta. A sala era em porcelanato branco, com um enorme lustre no centro, com uma longa escada com corrimões em detalhes luxuosos em dourado.

Os sofás e poltronas que já estavam mobilando a sala estavam cobertos com um plástico, onde uma fina camada de poeira estava encostada. A enorme lareira na frente ainda estava intocável, também apenas com o aspecto de abandono o acompanhando.

ㅡ Uau... - a Dixon murmurou, girando nos próprios calcanhares. ㅡ Imagina quantos quartos tem esse lugar?! - ela se perguntou, mas notou que alguém estava parando ao seu lado e escutando. Era Daryl.

ㅡ Aposto que apenas um deles é o tamanho total do que nossa velha casinha era. - ele disse, arrancando uma fraca risada de concordância da irmã.

Gente! - a voz de Audrey ecoou do alto da escada. Todos olharam alarmados, mas a garota apenas disse com animação: ㅡ Há dois andares! Cinco quartos em cada um! Todos suítes, e em alguns deles há beliches! Isso é um verdadeiro palácio!

ㅡ É apenas uma casa normal de algum mauricinho. - Daryl resmungou, num tom que apenas Brooklyn escutou.

ㅡ Vamos nos organizar e proteger as janelas e portas desse andar. Depois podemos pensar em buscas por suprimentos. - Rick alertou.

ㅡ Anotei a distância dos lugares da cidade quando passamos pelas placas. - Stephen disse. ㅡ Nós podemos separar grupos de buscas nos próximos dias.

ㅡ Talvez não hoje. - Tdog chamou a atenção deles. Ele estava olhando pela janela. ㅡ Está começando a nevar.

ㅡ Vamos buscar nossos carros e coisas antes que a nevasca aumente, rápido! - Rick disse.

Rapidamente alguns do grupo haviam saído e voltado para o portão, onde haviam deixado seus carros do lado de fora. Entraram com eles no condomínio, parando em frente aquela casa que iriam ficar. Quando tracaram a porta novamente, uma estante foi colocada em frente para protegê-la.

As janelas estavam fechadas e com as próprias cortinas que já haviam na casas as protegendo. O grupo, agora, estava reunido em volta da mesa de jantar e decidindo se permaneceriam juntos naquela enorme sala ou ficariam nos próprios quartos do segundo andar.

ㅡ Cara, é muito conforto para não aproveitarmos um pouco. - o argumento de Alexander foi o ponto final na discussão e opção de Rick - de ficarem juntos na sala -.

A escolha de separação para os quartos foi feita de maneira bem sem padrões.

Aurora, Brooklyn, Beth e Audrey estavam olhando para o quarto em que ficariam juntas, onde haviam dois pares de beliches. Eram enormes, bem maiores que uma cama de solteiro convencional.

ㅡ A de cima é minha! - Brooklyn e Audrey gritaram juntas, correndo como crianças até as camas.

ㅡ Eu prefiro. Odeio altura. - Beth disse, sorrindo ao se sentar na cama debaixo de Audrey.

ㅡ Eu vou ficar aqui, pois assim posso ficar bem perto da Lulu! - Aurora acariciou a cachorra, que havia pulado em sua cama e deitado em seu colo.

ㅡ Eu poderia passar a eternidade aqui. Parece que estou nas nuvens! - Brooklyn suspirou ao murmurar. Afundou a cabeça no travesseiro, ignorando o fato de achar loucura a casa já ser toda imobiliada e apenas aproveitou aquela sensação.

Beth avisou que iria ver se seu pai e irmã já estavam acomodados, então saiu deixando as garotas no quarto. Na porta, ela encontrou Carl e Duane e cumprimentou ao passar por eles. Os garotos olharam para o lugar, entrando para fazer companhia para elas.

ㅡ Será que num lugar desse tamanho a gente ainda não vai ter cinco minutos de privacidade sem vocês ficarem no nosso pé?! - Brooklyn reclamou, mesmo ainda sem olhar na direção deles, e suspirou.

ㅡ Qual é! A gente não pode participar do clube de garotas? - Carl perguntou, apenas para irrita-la ainda mais.

ㅡ Vai participar das noites de garotas, como fazer as unhas e falar mal de garotos também, Grimes?! - ela devolveu a provocação.

ㅡ E você por acaso gosta de fazer essas coisas, Dixon? - Carl perguntou, forçando uma reação de surpresa, apenas para dar um sorriso cínico no final. ㅡ Estou surpreso.

Brooklyn se sentou irritada em sua cama, controlando a vontade de descer e socar a cara do Grimes, mas desistiu ao se lembrar que Aurora estava no quarto.

Por outro lado, os três que estavam observando eles trocaram olhares. Aurora abaixou a cabeça e disfarçou um risinho frouxo. Audrey e Duane sorriram e voltaram a olhar para os amigos, onde o garoto disse:

ㅡ Pega leve, Brooke. - Duane disse, se forçando a não deixar escapar sua risada. ㅡ Só viemos ver o quarto de vocês. É igual ao nosso sabiam? - ele completou: ㅡ Estivemos olhando todos os quartos, e os nossos são os únicos com as beliches.

ㅡ É. - Carl disse, completando: ㅡ Os cinco do segundo andar são com camas de casal. Meus pais ficaram com um e Maggie e Glenn estão com o outro. Os outros ficaram para Hershel e Stephen; e o Doug queria muito uma daquelas camonas, mas seu cavalheirismo falou mais alto ao deixar o último quarto para Carol.

ㅡ Aposto que ele amou deixar o cavalheirismo falar mais alto dessa vez. - a Dixon disse com sarcasmo, rindo baixinho. ㅡ E os outros quartos desse andar?

ㅡ Um tem duas camas de solteiro. Alex e Doug estão nesse. - Carl quem respondeu. ㅡ Os dois últimos têm apenas uma cama. Seu irmão está sozinho num e o outro ficou vazio.

ㅡ Disseram para Alex colocar Sammy nele, mas ele disse que nunca deixaria o filho sozinho tão cedo. - Duane completou, e Audrey concordou de prontidão.

ㅡ Uau! Dez quartos. - Aurora disse. ㅡ E nem todos estão ocupados. Isso é muita coisa para uma casa só, não acham?

ㅡ É por isso que estamos em uma mansão, Rory. Um próprio castelo de princesa! - Audrey sorriu para ela.

Brooklyn absorveu a informação sobre ainda haver um quarto vazio na mansão, no fundo querendo fugir para ele naquele mesmo momento e fazer do cômodo seu esconderijo. Suspirou, voltando a se deitar e colocar a cabeça no travesseiro, afastando o pensamento depressivo; deveria continuar com as garotas onde estava, tentando ao máximo interagir normalmente, mas já sabendo onde teria um lugar para usar de escape se tudo desse errado.

Ela deu um riso pequeno com o pensamento.

ㅡ E vocês tiveram todo esse tempo para vigiar como cada um havia se acomodado?! - Audrey perguntou dessa vez para os garotos, rindo para eles.

ㅡ Apenas fizemos uma vistoria. - Duane disse, fingindo postura e seriedade. ㅡ Vasculhamos, caso alguém precisasse de ajuda.

ㅡ Bisbilhotaram. - Brooklyn disse, enquanto fingia um espirro, porém, ainda deitada. Aurora e Audrey riram, e os garotos olharam emburrados para a direção da cama da Dixon. ㅡ Stalkers.

ㅡ Eu chamaria de guarda-real. - Duane corrigiu.

ㅡ Aposto que estava curiosa para fazer o mesmo, Dixon! - Carl disse para ela.

ㅡ Eu?! Trocar esse colchão super macio para vigiar o grupo?! - ela riu. ㅡ Deixo a tarefa de louco para você, Grimes.

ㅡ Caramba, não estávamos vigiando! - o garoto cruzou os braços. Houve silêncio. ㅡ Talvez um pouquinho, mas e daí?! - as garotas riram.

ㅡ Trouxemos informações e vocês nem para agradecerem! Que amigas que são! - Duane fez drama. Os dois começaram a sair, e Beth retornava naquele momento, ouvindo: ㅡ Não vêm pedirem ajuda para descobrirem as coisas ou apanharem informações depois! - e então saiu com Carl, enquanto as garotas ficaram rindo.

ㅡ O que deu neles? - Beth perguntou, com um riso confuso e divertido ao olhar a saída dramática dos garotos.

ㅡ Para mim eles parecem estarem bem normais. - Audrey respondeu, entre suas risadas.

Deitada de barriga para cima outra vez, Brooklyn riu verdadeiramente ao ouvir a resposta da amiga. Depois disso, permaneceu deitada e quietinha em sua cama; ouviu as garotas conversando nos seus lugares no quarto, mas suas vozes foram ficando distantes conforme o corpo da Dixon se relaxava e se entregava no sono, enquanto no lado de fora da janela a noite caía ainda mais rápido, junto à neve.

꩜꩜꩜꩜

Brooklyn se remexeu na cama e se encolheu como uma bola quando virou de lado. Ainda de olhos fechados, franziu o cenho ao puxar um cobertor e se perguntou de onde ele havia vindo. Ela precisou de alguns segundos para processar, antes de decidir que realmente estava acordada e poderia se levantar.

Logo que o cobertou saiu de seu corpo, Brooklyn estremeceu de frio. Passou as mãos pelos braços, tentando se esquentar e saiu silenciosamente do quarto, já que Beth, Aurora e Audrey ainda dormiam. Ao vê-la, Luna decidiu acompanhá-la em sua saída.

Ao descer as longas escadas em direção da sala, Brooklyn avistou a lareira acessa. Rick, Alexander, Carl e Hershel já estavam de pé. Daryl também estava ali, e aceitou o abraço que a irmã lhe deu ao se aproximar.

ㅡ Dormiu bem? - o Dixon perguntou baixo para a mais nova, assim que ela se sentou ao seu lado.

ㅡ Bem. Pela primeira vez em tempos! - Brooklyn sorriu ao responder. ㅡ E vocês, 'tão fazendo o que?

ㅡ Decidindo que precisamos sair em busca de mantimentos. Nossos enlatados estão acabando. - Rick começou, olhando o mapa no chão. ㅡ E com essa mudança de temperatura, precisamos de mais abrigos e cobertores.

Brooklyn olhou em direção da janela, surpreendendo-se ao notar pela primeira vez o tempo cinzento de frio do lado de fora. A neve ainda caía, e todo o chão já estava coberto com um tapete branco. Realmente a nevasca havia vindo com tudo naquela noite.

ㅡ Se demorarmos mais um dia para sair, os carros não vão andar em meio a toda essa neve. - Alexander observou. ㅡ Precisamos sair hoje.

ㅡ Posso me voluntariar para ir? - Brooklyn perguntou. ㅡ Eu ia gostar de sair mais uma vez antes de ter que ficar presa aqui por alguns dias.

Rick, Alexander e Hershel olharam para Daryl antes de responder a garota, esperando que o homem fizesse aquilo. O Dixon franziu o cenho ao notar o fato, quase se sentindo ofendido pela irmã com aquela atitude.

ㅡ É minha autorização que estão esperando?! - ele perguntou. ㅡ Brooklyn não é criança, ela sabe se cuidar. Sei que ela dá conta do recado. Se quer ir, vá! - e completou para a irmã, que sorriu com o canto dos lábios.

ㅡ Eu posso ir com ela. - Carl disse. Brooklyn franziu o cenho.

ㅡ Não pedi uma babá, Grimes! - ela reclamou.

ㅡ O mundo não gira ao seu redor, Dixon! - o garoto rebateu, forçando um sorriso. ㅡ Eu só quero sair também! Ajudar na patrulha.

Rick colocou as mãos sobre o quadril e balançou a cabeça.

ㅡ Não.

ㅡ Ah, qual é! - Carl revirou os olhos. ㅡ A gente sempre faz rondas juntos. Audrey e Duane também! Temos feito isso há semanas!

ㅡ Em distâncias curtas, perto de nós, e muitas vezes com nós! - o Grimes mais velho rebateu, com os dentes cerrados.

ㅡ Sabe, não pode me tratar como se não soubesse me cuidar nesse mundo e ainda fosse uma criança para sempre!

Rick suspirou, começando a se irritar. Antes que a discussão continuasse, Stephen se impôs com cuidado:

ㅡ Rick, acho que pode se acalmar. Eles não irão longe! - o homem disse, com a atenção do Grimes finalmente em si: ㅡ Há um posto de gasolina com uma grande conveniência há alguns metros daqui; eles podem buscar alguns suprimentos por lá e quando as tempestades passarem avançamos em perímetros maiores, e com grupos maiores. - Stephen concluiu: ㅡ Os jovens apenas querem ajudar... deixe-os ajudar!

ㅡ Está bem. - Rick suspirou, depois de um longo silêncio pensativo. Carl deu um sorriso discreto, mas olhou para Stephen de uma forma que podia o abraçar, eternamente grato. O homem correspondeu com um sorriso e uma piscadela discreta. ㅡ Vocês vão e voltem em uma hora. Peguem suprimentos e tentem arranjar gasolina. Se não voltarem no tempo estipulado...

ㅡ Vocês vão atrás da gente. - Brooklyn completou, rolando os olhos e suspirando com força. Estava irritada. ㅡ É, já sabemos! Podemos ir agora ou vão querer nos equipar com itens de proteção também?! - não esperando uma resposta, a garota começou a ir em direção da porta.

Carl trocou um olhar com seu pai, não precisando de muito para entender todos os alertas do mais velho naquele gesto. O garoto então correu atrás da Dixon, querendo sair logo antes da sua mãe acordar, pois sabia que sua saída seria discutida por mais um longo tempo.

Quando chegou na rua, o Grimes sentiu o frio daquela manhã bater contra seu rosto; alguns pequenos flocos de neve ainda caíam. Ele procurou por Brooklyn com o olhar, a encontrando perto de sua motocicleta, limpando o banco e subindo no veículo; a garota o olhou sugestiva, bufando quando ele apenas permaneceu parado lhe olhando confuso.

ㅡ Quer um convite formal ou vai subir logo, Grimes?! - ela perguntou com impaciência.

Carl obedeceu.

Ele sentou-se na garupa do veículo, garantindo que estava mantendo certa distância entre seu corpo com o de Brooklyn; segurando no apoio atrás de si, olhou para a garota pelo retrovisor, indicando estar pronto. A Dixon revirou os olhos, ligando a moto e acelerando o bastante para que não ficassem enterrados na neve. O Grimes precisou disfarçar seu susto com a forma que seu corpo arrancou para trás, se segurando ainda mais forte no apoio.

꩜꩜꩜꩜

Brooklyn dirigiu pelas ruas daquela cidade abandonada, seguindo as placas até o posto de gasolina que Stephen havia apontado. Não demorou para encontrar o mesmo, entrando e parando no estacionamento da loja de conveniência. Haviam uma boa quantidade de carros abandonados, além de vestígios do que parecia ter sido um acampamento no começo da evacuação.

Algo parecido com o que ela, Rick e Aurora viram meses atrás, enquanto iam para Atlanta.

Assim que a moto foi desligada, os dois adolescentes desceram e prepararam suas armas brancas em mãos. Brooklyn andou sorrateiramente com o punho fechado contra suas facas, olhando pelos vidros dos carros, notando que um ou outro estavam com restos de um corpo em avançado estágio de apodrecimento, fazendo-a franzir levemente o nariz.

ㅡ Parece estar vazio. - Carl disse, num baixo tom, tentando enxergar pelo vidro da porta da loja.

Ele olhou para o lado, onde Brooklyn se aproximava. Carl não escondeu a confusão ao notar que ela, claramente, o ignorava. Seu cenho também estava bastante franzido, numa expressão que indicava raiva e também tédio.

ㅡ Vamos entrar primeiro ou tentar encontrar gasolina? - Carl arriscou fazer uma nova pergunta.

Brooklyn o encarou. Ela bufou, virando novamente para dentro da loja e dizendo contrariada:

ㅡ Entrar, é óbvio. Como espera que eu tire a gasolina desses carros?

Carl abaixou a cabeça, sentindo o tom daquela resposta seca, mas não se controlou ao dizer:

ㅡ Se tivéssemos vindo com um dos carros, haveria o equipamento.

Com o silêncio, ele ergueu novamente a cabeça. Brooklyn o encarava novamente, agora bem mais irritada e apertando os cabos de suas facas com os dedos, deixando os nós de suas juntas esbranquiçados na pele vermelha queimada do frio. O garoto arregalou os olhos, arrependido de soltar seu pensamento involuntário em voz alta, escolhendo apenas desviar o olhar.

Brooklyn suspirou fundo, alto e mostrando ainda estar irritada, mas escolheu também deixar o comentário de lado. Apenas voltou a se concentrar no que fazia antes: voltou a colocar lentamente sua mão sob a maçaneta da porta, girando-a para abrir.

O sino que ficava em cima da porta ecoou por todo o estabelecimento vazio. Os dois esperaram alguns segundos, antes de finalmente ouvirem alguns grunhidos e pés arrastados virem do fundo da loja, aparecendo entre uma prateleira e outra.

Dois errantes com uniformes com a logo da loja e um cliente, que antes parecia ter sido um senhorzinho muito gentil, mas agora tinha seus cabelos grisalhos sujos de sangue e metade de seu rosto devorado. Carl foi em sua direção, enquanto Brooklyn caminhou até os outros dois.

A garota golpeou o primeiro sem problemas, segurando seu ombro para afastar sua mandíbula e em seguida fincou uma de suas facas na lateral de seu crânio. Ela se virou para o segundo, quebrando seu joelho e fazendo cair no chão em sua altura, para logo pisar em seu peito e dar um único golpe para finalizá-lo.

Suspirou ao finalizar, limpando suas lâminas e as guardando novamente. Ela olhou para o lado, pegando Carl lhe observando, parado há alguns metros de distância, com o terceiro corpo caído em seus pés.

ㅡ Pegue só o necessário e o que der para carregar. - ela disse simples, jogando uma sacola reciclável para ele e pegando outra para si, caminhando para dentro das prateleiras logo em seguida.

Carl agarrou a sacola contra o peito e suspirou, olhando a garota e seguindo para a direção contrária, para o corredor de itens de higiene. Brooklyn estava nos enlatados e águas, que estava totalmente escasso; ela conseguiu apenas algumas latas e três novas garrafas. Depois, a Dixon se lembrou de ir até a seção de pet shop e procurar por ração enlatada para Luna - que havia de sobra, mas ela pegou apenas o suficiente para os próximos dias, até voltarem -.

Quando terminou, Brooklyn foi até o final da loja, pulando um corpo em decomposição que estava no caminho. Aquela seção era a de "camping", mas que se tornou uma verdadeira seção ideal para um apocalipse; ela procurou apenas por uma mangueira para que pudesse usar para pegar gasolina.

Caminhou de volta para a fachada da loja, onde encontrou Carl ao lado das prateleiras que ficavam perto dos caixas. Ele estava com alguns exemplares de quadrinhos nas mãos e estava prestes a colocá-los na sua sacola quando notou a garota, então parou.

ㅡ Eu... - tentou explicar. ㅡ Pensei que Duane pudesse gostar de alguns desses.

ㅡ Cara, eu não ligo! - Brooklyn disse, revirando os olhos e saindo da loja.

Carl franziu o cenho, correndo para alcançá-la, tentando não tropeçar nos corpos que haviam finalizado na entrada. No lado de fora, encontrou Brooklyn alcançando um galão de gasolina caído no meio do posto; acompanhou ela indo em direção às bombas, que obviamente estavam vazias. Então, a Dixon começou a preparar o tanque do primeiro carro, para puxar a gasolina do mesmo.

O Grimes ficou ali parado, sem exatamente saber o que fazer. Ele balançou o corpo, também olhando para o lado; avistou um dos carros com o porta malas aberto, então resolveu se aproximar. Revirou as bolsas que haviam por ali, tentando buscar algo de útil.

ㅡ Acha que tem algo que podemos salvar nesses carros? - ele perguntou, olhando Brooklyn por cima dos ombros.

A garota, sem olhá-lo, encolheu os ombros.

ㅡ Provavelmente. - disse simplesmente.

Carl então resolveu revirar os carros, enquanto Brooklyn pegava o pouco de gasolina que encontrava neles. O Grimes conseguiu colocar em uma mochila alguns remédios, pilhas e lanternas novas, enlatados e também garrafas de água. No final, estava novamente sem o que fazer; ficou parado encostado no carro que Brooklyn trabalhava, lendo uma das revista em quadrinho que havia encontrado dentro da loja.

De repente ele a fechou novamente, cruzando os braços e dando um suspiro alto. Olhou para as coisas que encontraram, todas juntas ao lado da moto de Brooklyn: as duas sacolas recicláveis com itens da loja e também a mochila que conseguiu extrair dos carros; todas estavam cheias o bastante para o garoto se perguntar como levariam no veículo. E ainda tinha o galão de gasolina, que não era grande, mas ainda sim precisava pensar em como seria carregado.

ㅡ Agora realmente preciso saber, porquê não viemos de carro? - ele perguntou. ㅡ Podíamos pegar mais coisas... e, afinal, como vamos levar tudo o que conseguimos?!

ㅡ Precisamos economizar gasolina, a moto gasta menos. A mochila vai nas suas costas, você carrega uma sacola e eu coloco a outra pendurada no guidão. O galão de gasolina eu amarro no tanque. - Brooklyn ditou, como se fosse simples, respondendo ambas perguntas do garoto, sem olhá-lo. ㅡ Esteve queimando seus poucos neurônios atoa, Grimes. - ela completou.

Carl a olhou, mas nada disse. Voltou a suspirar e se perguntar porque ela precisava ser daquele jeito. Hora o tratava bem, hora mal. Não sabia se eram amigos ou se a Dixon lhe odiava.

ㅡ Por que você quis vir, Grimes? - o garoto se assustou, despertando de seus pensamentos, surpreso ao ouvir a voz da Dixon depois de algum tempo em silêncio. Ela havia terminado seu trabalho, e se aproximava com as mãos fechando o galão.

Brooklyn, entretanto, não o olhava diretamente durante sua pergunta. Ela se forçava em apenas olhar na direção do galão em suas mãos, trabalhando na tarefa de fechá-lo, fingindo estar com dificuldades.

Carl notou isso, enquanto se auto perguntava qual seria sua resposta. Realmente também queria sair e ser útil ao grupo. Mas... era apenas por isso?

ㅡ Sabe, eu queria sair para conseguir um tempo sozinha. Faz tempo que eu não tenho isso, não da forma como gostava de ter antes dessa merda começar... - Brooklyn continuou, depois do silêncio. Mas não era como se realmente quisesse uma resposta do Grimes. ㅡ Mas você teve que se intrometer, não é?

ㅡ Dixon, já disse que o mundo não gira ao seu redor! - Carl disse, franzindo o cenho.

ㅡ Então me responda, porquê quis vir?! Deve ter uma resposta, além de querer apenas agir como um maldito stalker! - Brooklyn rebateu, passando pelo garoto e indo em direção de sua moto.

ㅡ Queria me mostrar útil ao grupo! - Carl disse, se apressando em sua direção. ㅡ Ajudar nas patrulhas.

Brooklyn olhou-o, quase enxergando o fundo de sua alma no gesto. Quis atacar e dizer que não acreditava. Queria forçá-lo a dizer o verdadeiro motivo. Ela queria entender aquela perseguição de Carl consigo; queria dizer que ele deveria parar, o que é que esteja fazendo... não deveria continuar.

ㅡ Vamos embora logo. - ela murmurou, desviando o olhar. ㅡ Só vou buscar mais uma coisa. - completou, voltando para dentro da loja.

Carl ficou parado a olhando partir. Quis segui-la, mas não fez. Apenas bufou, se abaixando para pegar a mochila e preparando para colocá-la nas costas.

Brooklyn no lado de dentro, olhou para Carl por cima dos ombros e suspirou irritada, voltando a se virar no mesmo instante. Estava agindo como uma idiota, e odiava aquilo. Queria obrigar sua mente a trabalhar com o bom senso outra vez.

A garota foi em direção às prateleiras do lado de dentro dos caixas. Passou a mão por uma única caixinha de cigarros, logo dando meia volta e colocando-a em seu bolso, deixando a loja novamente. Se aproximou de Carl sem olhá-lo, ocupando-se apenas em tomar uma das sacolas em sua mão.

ㅡ O que foi pegar? - Carl perguntou.

ㅡ Não é da sua conta. - Brooklyn disse. Porém, assim que subiu na moto, suspirou fundo e resolveu corrigir: ㅡ Um chocolate que Aurora gosta, mas não achei. - mentiu. ㅡ Satisfeito?

Ela levantou o olhar, encontrando com o de Carl fixo em si. Sentiu-se desconfortável ao perceber que sua mentira não havia sido bem aceita pelo garoto. A Dixon disfarçou fechando sua expressão outra vez, dizendo impaciente:

ㅡ Anda logo, antes que eu te deixe aqui!

Carl suspirou. Ele então subiu na garupa, se ajeitando para segurar a sacola em sua frente, mas ainda se segurar no apoio. Olhou para Brooklyn no retrovisor, observando-a colocar o galão de gasolina em cima do tanque da moto e a outra sacola apoiada no guidão. Quando estavam prontos, a garota deu partida e saiu daquele posto.

O Grimes continuou encarando seu rosto contra o pequeno espelho, dando um fraco suspiro. Ele apenas estava ignorando o fato de ter visto o que Brooklyn realmente havia buscado na loja, se perguntando o que porquê da garota ter aquele vício tão ruim.

꩜꩜꩜꩜

De volta ao condomínio, Carl e Brooklyn entraram na casa e encontraram todo o grupo reunido em volta da lareira, que estava acessa e aquecendo todos. Um grupo havia vasculhado as outras casas, achando novas cobertas para todos.

Brooklyn observou com o canto dos olhos Carl tendo uma conversa com Lori, e fingiu não notar enquanto ajudava esvaziar as sacolas que trouxeram.

ㅡ Tudo que consegui de gasolina foi isso. - ela apontou para o galão na bancada. ㅡ As bombas estavam vazias e muitos dos carros estavam com apenas metade do tanque.

ㅡ Todo pouco já ajuda. Vai ser suficiente em uma emergência. - Rick disse, com um pequeno sorriso. Ele olhava para os suprimentos também. ㅡ Podemos tentar dividir até encontrarmos mais.

Brooklyn entendeu que não tinha mais o que ser feito ali, então foi até a sala e se juntou à Aurora e Audrey no chão. Ela suspirou, esfregando as mãos para se esquentar. Em seguida, sorriu pequeno ao ver Luna se esticar e deitar bem em frente dos seus pés, buscando ficar próxima de si.

ㅡ Você e o Carl voltaram vivos. - Audrey começou, chamando atenção da amiga. ㅡ Quando acordei e meu pai disse que vocês haviam saído juntos, achei que nunca mais iríamos vê-los!

ㅡ Está exagerando. - Brooklyn resmungou.ㅡ Mas não faltou vontade! Aquele stalker...

Audrey sorriu olhando-a, aumentando ainda mais ao se virar para Aurora e vendo-a controlando uma risadinha.

Durante a tarde daquele dia mais uma nevasca havia começado a cair, tornando impossível a saída do grupo da casa. Sua única solução foi ficarem aquecidos no lado de dentro, buscando formas de se distraírem.

Quando a noite caiu, todos se reuniram novamente na frente da lareira e dividiram os enlatados e águas. Aos poucos, cada um foi se retirando para dormir outra vez. Restavam apenas alguns na sala, permanecendo no fogo para se aquecerem o máximo que podiam.

Brooklyn havia acompanhado Aurora até o quarto, já que a garota havia dito que gostaria de se deitar. Assim que a Phelps dormiu, a mais velha voltou a descer, não sentindo um pingo de sono no momento.

Agora, restavam apenas Rick, Alexander, Hershel, Daryl, Carl, Audrey, Duane e a Dixon na sala, na frente do fogo.

ㅡ Acho melhor mantermos apagado. - Rick disse, se referindo às chamas, e olhou rapidamente para as janelas. ㅡ Mesmo com as cortinas, devemos evitar chamar atenção.

ㅡ A casa já está aquecida o bastante. - Hershel disse, concordando com o líder.

Quando o fogo se apagou, os adultos que haviam ficado para trás logo se retiraram para se deitarem também. Daryl olhou para a irmã, que continuou sentada em uma das poltronas.

ㅡ Eu já vou. - ela disse, ao notar o olhar.

Daryl se aproximou, apenas deixando um beijo rápido em seus cabelos. Brooklyn deu um pequeno sorriso para o irmão, vendo-o ir em direção das escadas.

Em seguida, ela olhou na direção dos que haviam ficado, não deixando de franzir levemente o cenho em confusão. Audrey, Carl e Duane lhe olhavam também.

ㅡ Podíamos considerar fazer uma festa do pijama? - Duane perguntou. Usava um tom baixo de voz, respeitando os que já haviam ido se deitar. ㅡ Eu não estou com sono!

ㅡ Podemos jogar verdade e desafio! - Audrey sugeriu, parecendo animada com a ideia. Ao ver que os garotos não foram contra, ela se levantou e buscou uma garrafa vazia.

ㅡ Não podemos apenas considerar aproveitar o silêncio da noite? - Brooklyn murmurou.

ㅡ Anda logo, Brookie! - a Mallory chamou, batendo a mão ao seu lado no chão.

Brooklyn bufou, considerando a opção de se levantar e dizer que havia ficado com sono de repente. Mas, ao contrário, se levantou da poltrona e sentou-se no chão junto aos outros, mesmo que ainda parecesse tediosa com aquela ideia.

ㅡ Seria mais um jogo de perguntas, não? Como cumpriremos os desafios? - Duane perguntou.

ㅡ Esperem aí. - Carl disse, se levantando.

ㅡ Onde ele vai? - Audrey franziu o cenho.

Tomada pela curiosidade, Brooklyn esticou o pescoço e seguiu o garoto em seus passos com o olhar. Viu quando Carl alcançou a velha mochila que havia pegado no estacionamento da conveniência; ela estava no armário da cozinha, e a Dixon havia visto quando o Grimes a guardou com pressa quando chegaram, logo após esvaziar seu interior, antes que alguém visse.

Ao vê-lo voltar e retirar do fundo uma garrafa de vodka, a garota entendeu o porquê. Não pode deixar de dar um pequeno sorriso com o canto dos lábios.

ㅡ Quem diria em, Grimes? - ela disse, quando o garoto voltou para a roda. Carl sorriu orgulhoso.

ㅡ Ótimo! Faremos um 'responde ou bebe'. - Audrey disse. ㅡ Quem vai começar?

ㅡ Você deu a ideia, faça as honras, bruxinha! - a Dixon disse, logo apontando para a garrafa de plástico no chão.

ㅡ Tudo bem. - a Mallory sorriu, em seguida girando o objeto.

A garrafa rodopiou algumas vezes, começando a desacelerar. Quando parou completamente, o sorriso de Brooklyn se fechou lentamente; havia caído nela para responder e em Audrey para fazer a pergunta. De repente, a garota ficou tensa em participar do jogo.

ㅡ Responda ou beba, Brookie: - Audrey deu um grande sorriso, de quem realmente estava se divertindo. ㅡ O que estava fazendo quando o apocalipse começou?

ㅡ Sério? - Brooklyn soltou um riso fraco. ㅡ Achei que usaríamos outros tipos de perguntas. Umas mais interessantes.

ㅡ É só para começar! - Audrey disse.

ㅡ Está bem! - a Dixon, ainda risonha, se ajeitou e tentou se lembrar. ㅡ Deixe-me ver... estava trabalhando. Era fim de um expediente do dia das bruxas... eu saí do bar e toda confusão tava rolando. Eu tive que lutar com um policial infectado vestida numa fantasia ridícula de pirata!

Audrey e Duane riram verdadeiramente, tentando conter o barulho. Carl estava com um sorriso no rosto, observando a Dixon.

ㅡ Se vestiu de pirata no dia das bruxas, Dixon? - ele perguntou. ㅡ Uau! Que criativa.

ㅡ Era obrigatório o uso da fantasia. - Brooklyn disse, rolando os olhos. Por um segundo se sentiu sem graça. ㅡ E não tinha conseguido nada melhor, foi de última hora e tudo que achei foi aquela fantasia minúscula e ridícula de pirata. Mas acho que alguns velhos nojentos naquele bar pareciam ter adorado.

ㅡ Eca! - Audrey franziu o nariz. ㅡ Vai! Gire a garrafa agora, Brookie.

Brooklyn fez. Assistiu a garrafa parando reta em sua frente. Quando levantou o olhar, não pode evitar o sorriso de satisfação nascendo no canto de seus lábios ao encarar Carl. Sem muito pensar, ela perguntou:

ㅡ Já fez algo de errado que seus pais nunca descobriram, Grimes? Algo... proibido?

ㅡ É sobre isso que estou falando! - Duane sorriu, se ajeitando empolgado para ouvir a resposta.

ㅡ Talvez. - Carl encolheu os ombros. Não pareceu desconfortável. ㅡ Uma vez um grupo de alunos pintaram e arranharam o carro do antigo diretor da minha escola com a palavra "abusador", depois dele ter assediado umas garotas no time de líderes de torcida. Ninguém nunca descobriu quem foi... e talvez eu tenha sido quem planejou tudo.

ㅡ O que?! - Duane exclamou.

ㅡ Uau! Não esperava isso, mas realmente me pegou de surpresa. - Brooklyn disse, realmente daquela forma. Carl parecia orgulhoso.

Brooklyn continuou encarando o Grimes, que dava seguimento ao jogo. Ele perguntou ao Duane. Duane para Audrey. E assim continuou. Algumas doses da bebida foram viradas, e a Dixon se divertia ao ver os três beberem as primeiras doses em suas vidas naquele jogo.

Em algum momento, com o álcool fazendo um pouco mais de efeito do que deveria, as perguntas saíram do rumo e se tornaram muito pessoais. Os quatro já riam sem motivo, mas por algum motivo estavam continuando sem fazer barulho para atrapalhar o restante do grupo que estava dormindo.

ㅡ Dixon! - Carl sorriu quando a garrafa caiu nos dois outra vez.

Brooklyn ficou séria, pensando que o garoto iria fazer perguntas parecidas com suas últimas, como se ela já havia namorado antes ou - depois de descobrir a resposta da anterior - se ela ainda gostava do seu "amigo". Ou ainda: qual era seu tipo ideal de cara para namorar. E por último: se havia alguma vez ela já havia ficado realmente apaixonada por alguém.

Brooklyn havia se recusado a responder as duas últimas, bebendo generosas doses da vodka por isso. Ou talvez fosse porque não sabia responder, não porque não queria fazer.

Naquele momento, o encarando, a garota já estava virando um pouco da garrafa na boca. Apenas de raiva, se preparando para ver se iria virar mais vodka ou se daquela vez jogaria tudo para o ar e partiria para cima do Grimes com a garrafa.

Entretanto, surpreendendo-a, a nova pergunta do garoto havia sido:

ㅡ Por que você me odeia tanto?

Brooklyn franziu o cenho, desmanchando completamente sua postura de defesa.

ㅡ Não odeio você. - ela respondeu num murmúrio quase inaudível, deixando o sotaque aparente: ㅡ Só te acho um pé no saco por querer sempre se intrometer onde não é chamado!

ㅡ Só estou tentando ser seu amigo, poxa! - Carl disse, bem frustado. ㅡ Podia abaixar a guarda um pouquinho e aceitar isso? Porque fez isso tão facilmente com Audrey e Duane?

ㅡ Eles não ficaram parados como stalkers loucos me olhando na primeira vez que me viram, Grimes! - Brooklyn franziu o cenho. ㅡ Eu não gosto do jeito que me olha.

ㅡ Que jeito eu olho para você, Dixon? - Carl perguntou, se curvando para encará-la.

Brooklyn ficou em silêncio, buscando palavras certas para responder aquela pergunta. Não conseguiu. Ela suspirou irritada, frustada, e apontou para Carl. O garoto deu um sorriso com o canto dos lábios, voltando à sua postura inicial.

A Dixon parou. De repente, tudo havia parado e ela estava sorrindo para Carl, enquanto trocavam olhares profundos. Ela percebeu aquilo, sentindo seu peito acelerar descompassadamente. Seu sorriso diminuiu ao entender o que estava acontecendo, num rápido momento de realização.

ㅡ E-Eu acho que agora vou deitar agora. Deveriam fazer o mesmo, já passou da hora. - Brooklyn disse, se levantando e abandonando o grupo sem maiores explicações.

ㅡ Brookie! - Audrey a chamou, mas foi em vão.

Brooklyn correu pela escada sem olhar para trás, entrando no quarto sem fazer barulho para que não acordasse Aurora e Beth. Acabou, sem intenção, ignorando Luna e apenas seguindo direto para sua cama, onde se jogou de bruços e enfiou a cabeça no travesseiro.

Não, não podia ser. Pensou ela.

Culpou o álcool por cogitar aqueles sentimentos por aqueles breves segundos.

ㅡ Eu devo estar enlouquecendo. - sussurrou, tampando a cabeça com o travesseiro para abafar seu alto suspiro irritado.

Aquilo não podia acontecer.

Não poderia estar se apaixonando por Carl Idiota Grimes.

¡notes!

brookie, brookie...
não adianta fugir, você
já caiu no papinho do
'playboyzinho', só precisa
adimitir isso 😜

espero que esse capítulo
fora da narrativa da série
tenha ficado bom. teremos
mais uns dois ou três antes do
arco da prisão, onde, spoiler,
a brookie vai ter e fazer grandes
revelações 🙊

Espero que tenham gostado.
Até o próximo capítulo! ❤

𝐟𝐢𝐪𝐮𝐞𝐦 𝐚 𝐬𝐚𝐥𝐯𝐨 🧟‍♀️

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