ㅤㅤ𝟬𝟭𝟱.ㅤ› split group;
🧟♀️
୧ ❛ CAPÍTULO 015 ❜
grupo rachado
ㅤㅤ Quando o dia amanheceu, Brooklyn levantou de seu colchonete na barraca resmungando de dor. Se dormir naquele lugar já era desconfortável, fazer aquilo com o braço engessado tornava as coisas três vezes piores. Mas, ela realmente havia apagado ao se deitar ali, parecendo ser resultado dos efeitos do remédio que havia tomado.
ㅡ Bom dia, Brookie! - Aurora a cumprimentou, assim que deixou a barraca. ㅡ Está melhor?
ㅡ Um pouco, Aury. - Brooklyn sorriu para ela, enquanto ainda tentava ajeitar os cabelos na cabeça.
ㅡ Brookie - Aurora a chamou, continuando ao ter sua atenção: ㅡ, você deixa eu desenhar no seu gesso?
Brooklyn a deu total atenção com a pergunta, sorrindo diante da mesma.
ㅡ Desenhar? - Brooklyn se sentou ao lado da Phelps, que estava com sua bolsinha de lápis e cantinhas no chão. ㅡ Bem, porquê não? Sempre quis ter um gesso enfeitado. - e sorriu, antes de estendê-la o braço esquerdo.
Aurora se animou com sua aceitação à ideia, logo se aproximando mais, buscando por suas canetinhas naquele estojo. Ela começou os desenhos com todas as cores possíveis, tagarelando ao explicar cada um deles, enquanto Brooklyn apenas a observava com um pequeno sorriso nos lábios.
ㅡ Pronto. - a mais nova anunciou, analisando seu trabalho. Sua boca se franziu e a cabeça tombou para o lado. ㅡ Não, não, espera aí um pouquinho! - ela tomou com cuidado o braço da Dixon em suas mãos, rabiscando mais algumas coisas. ㅡ Agora sim! - um sorriso satisfeito cresceu em seus lábios ao se afastar definitivamente.
Brooklyn olhou para a série de desenhos de flores, corações, estrelas, além de coroas e varinhas de princesas. Também haviam duas garotas desenhadas, com seus nomes escritos embaixos; usavam vestidos de princesas. Ao seu lado tinha claramente uma tentativa de desenho para Luna. E a Dixon riu ao perceber um bonequinho com óculos e cicatriz na testa, sendo uma tentativa de representar Harry Potter.
ㅡ Está perfeito, Aury! - Brooklyn disse. ㅡ Eu não vou querer tirar isso nunca desse jeito.
ㅡ Ah vai sim. - a mais nova riu. ㅡ Quando começar a coçar, você vai implorar para o dia de tirar chegar mais rápido!
ㅡ Poxa, Aurora, obrigada pelo apoio! - Brooklyn disse desanimada. Ela sorriu ao ver a mais nova rindo.
ㅡ Tem espaço para mais uma assinatura?
As duas olharam para cima, vendo quem estava se aproximando e puxando o assunto; Brooklyn disfarçou sua surpresa ao reconhecer Carl, que agora estava abaixado na altura delas.
ㅡ Tem... - Brooklyn disse, tossindo para disfarçar a voz baixa. ㅡ Tem sim, só prometa fazer um desenho na altura dos da Aurora, playboyzinho. - ela repetiu, dizendo sem olhar diretamente nos olhos do garoto. ㅡ Não quero que estrague a obra dela com seus rabiscos. - a Dixon usou o humor, na tentativa de dar um meio sorriso para Carl.
ㅡ Nem tentaria isso! - Carl disse, olhando para a mais nova. Aurora sorriu. ㅡ Por isso, quero mesmo apenas participar dos autógrafos. - o garoto disse, puxando uma das canetinhas.
ㅡ Vá em frente, cowboy. - Brooklyn murmurou, esticando o braço e novamente desviando o olhar.
Carl achou um canto vazio no gesso, bem afastado dos desenhos e começou a escrever. Brooklyn o observou, acompanhando em silêncio até que o garoto acabasse; assim que fez, olhou a assinatura de seu nome completo feito em letras cursivas. Seus olhares se encontram por um breve segundo, mas a Dixon ignorou e resolveu fazer uma piada:
ㅡ Bom ter escrito Carl Grimes, estava mesmo querendo saber qual era seu nome.
ㅡ Ainda pode me chamar de "cowboy" ou "playboyzinho", eu não me importo. - Carl encolheu os ombros.
ㅡ Ótimo, pois eu vou mesmo. Você se importando ou não, Grimes. - Brooklyn disse, olhando-o com as sombrancelhas levantadas.
Ela não resistiu, e soltou um sorriso com o canto dos lábios, disfarçando-o rapidamente. Se sentiu levemente sem jeito, quando levantou novamente a cabeça e pegou Carl ainda olhando para si, com um sorriso largo nos próprios lábios. Os dois disfarçaram, olhando juntos para a direção de Aurora - que naquele momento fingia estar alheia à toda a mínima interação -.
ㅡ Você tem que deixar Audy assinar também. - a Phelps disse. ㅡ Apenas ela não fez.
ㅡ É claro! Vou falar com ela mais tarde, cenourinha. - Brooklyn bagunçou os cabelos da menor.
Ela olhou novamente, involuntariamente, na direção de Carl. Franziu o cenho levemente ao ter vontade de sorrir para o garoto, ao mesmo tempo que desejou não desviar o olhar daquela vez. Achou que estava enlouquecendo, e agradeceu quando ouviu um som de motor de carro adentrando a fazenda e desviando a atenção de todos para lá - inclusive a deles.
Todos estavam se aproximando para verem Rick, Glenn e Stephen chegarem com Hershel. Os reencontros foram feitos (com Brooklyn analisando confusa ao ver o coreano não sabendo exatamente como reagir com Maggie correndo até si).
ㅡ O que aconteceu? - ela se virou novamente, ouvindo Rick perguntar para Lori. O homem tocava o ferimento na testa da mulher.
ㅡ Eu tentei te procurar...
ㅡ Sozinha?!
ㅡ Não, Brooklyn estava comigo. - a Grimes disse, e a atenção do casal foi para ela. Pela primeira vez, Rick notou o estado da Dixon. ㅡ Ela também se machucou, mas estamos bem.
ㅡ Eu trouxe elas de volta. - Shane quis reforçar. Brooklyn revirou os olhos.
ㅡ Aí, quem é esse? - Tdog perguntou, quando Rick ainda estava raciocinando tudo o que havia escutado, e todos tornaram a se virar para o carro.
No banco de trás havia um garoto magricela; seus olhos estavam vendendados e ele parecia desmaiado. Quando todos tornaram a virar para Rick, em busca de respostas, foi Glenn quem anunciou:
ㅡ É o Randall! - disse ele, saindo e se desviando de Maggie.
꩜꩜꩜꩜
Enquanto Hershel e Stephen operavam Randall, Rick e Glenn explicavam ao restante do grupo como haviam encontrado-o. O garoto havia sido deixado por seu grupo, após cair em um portão e sua perna ficar presa na lança.
ㅡ Não podíamos deixá-lo para trás, iria sangrar até a morte. - Rick disse.
ㅡ Foi horrível na cidade. - Glenn completou.
Brooklyn, encostada no canto da janela, com seus braços cruzados, observou a troca de olhares entre o coreano e Maggie. A Dixon franziu minimamente seu cenho.
ㅡ O que vamos fazer com ele? - Andrea pertou a Rick, referindo-se ao Randall.
Antes que o Grimes pudesse responder, Stephen e Hershel chegaram na sala de jantar. O Mallory anunciou, com toda a atenção em si:
ㅡ Reparei o músculo da panturrilha o máximo que pude, mas talvez fique com o nervo danificado. - e ainda completou: ㅡ Não vai poder levantar por uma semana.
ㅡ Quando levantar daremos um cantil a ele, o colocaremos na estrada principal e mandaremos ir embora. - Rick disse.
ㅡ Não é o mesmo que deixá-lo para ser devorado? - Andrea perguntou.
ㅡ Pelo menos ele vai ter a chance de lutar. - o Grimes respondeu.
Brooklyn ouviu a porta se abrir, e Daryl entrar pela mesma. Seu irmão bagunçou os cabelos de Aurora, que estava sentada na cadeira em sua frente na mesa, antes de vir e parar ao seu lado.
ㅡ Então vamos simplesmente deixá-lo ir embora? - Shane começou. ㅡ Ele sabe onde estamos.
ㅡ Ele esteve vendado e desmaiado por todo o caminho! - Rick rebateu. ㅡ Não é uma ameaça.
ㅡ Não é uma ameaça? Quantos tinham lá? - o Walsh ainda disse. ㅡ Você matou três dos homens deles, trouxe um como refém e eles não vão vir procurar por ele?
ㅡ Escutou a parte que Rick e Glenn disseram que Randall foi deixado para morrer, ou seu ego estava tampando os seus ouvidos?! - Brooklyn disse irritada. ㅡ Parece que você se esforça em ser burro, cara. Pelo amor! - ela suspirou, desviando o olhar e ignorando o olhar do homem para si.
ㅡ Ele está apagado agora. Vai ficar assim por horas. - Stephen repetiu, tentando acalmar os nervos.
ㅡ Quer saber? Vou comprar umas flores e doces para deixar ao lado da cama dele! - Shane disse, saindo irritado.
ㅡ Espere aí, rapaz! Ainda não falamos sobre o que fez no meu celeiro. - Hershel o abordou em sua saída. ㅡ Vou deixar uma coisa clara de uma vez por todas: essa fazenda é minha! Eu queria você longe, o Rick me convenceu do contrário, mas não significa que eu goste disso. Então nos faça um favor, fique de boca fechada!
Shane olhou para o mais velho, depois para o grupo, e então suspirou fundo, claramente engolindo suas palavras que desejou dizer no momento. Ele então balançou a cabeça e saiu da casa pisando duro, deixando a porta da frente aberta no processo.
ㅡ Olha, ninguém vai fazer nada sobre isso hoje. Vamos apenas nos acalmar! - Rick disse para Hershel, que concordou.
Todos começaram a sair da casa. Brooklyn os observou; viu quando Daryl pareceu se desviar irritado de Carol, Andrea olhar irritada para Rick e também sair pisando duro da casa. A Dixon suspirou, saindo de seu lugar e também seguindo para a porta.
ㅡ Ei, Brookie, eu vou dar uma volta com Luna. - Aurora disse de repente. Brooklyn fraziu o cenho.
ㅡ Vai aonde, garota?!
ㅡ Apenas dar uma volta. - Aurora repetiu, descendo os degraus da casa.
ㅡ Não vá longe, Aury! - Brooklyn avisou.
ㅡ Tudo bem. - a garota disse, fazendo a mais velha suspirar.
Brooklyn andou pela varanda da casa, até que se sentasse em uma cadeira de balanço que havia ali; esticou sua perna até que a colocasse por cima da cerca de proteção, então ficou observando Aurora se afastar com Luna. A Dixon sorriu ao ver as tranças nos cabelos ruivos da garotinha cair sobre seu colete vermelho que vestia naquele momento (o qual ainda era o dobro do seu tamanho).
A Dixon deu outro suspiro, se perguntando o que será que a garota estava pensando para decidir sair sozinha daquela forma. Por um segundo quis ir atrás dela, mas se controlou e concluiu que precisava deixar Aurora livre também, não tinha que ficar em cima dela daquela forma controladora.
Brooklyn ficou em seu silêncio naquele momento, se balançando na cadeira e observando o balançar da árvore em sua frente. Em algum momento, quando percebeu que realmente estava sozinha e fora de atenção, decidiu acendar um cigarro; o prendeu em seus dedos e ficou assistindo o tempo passar lentamente.
Saiu de seu transe ao ouvir a porta da casa se abrindo. Virou a cabeça para ver quem era, e soltou a fumaça em sua boca durante o processo. Assistiu Glenn sair cabisbaixo, distraído e nem notar sua presença; quando ele estava na metade dos degraus, Brooklyn decidiiu mostrar sua presença.
ㅡ Aí, coreano! - chamou. Glenn se assustou levemente e procurou, com Brooklyn sorrindo quando ele a achou.
ㅡ Isso ainda vai matar você. - Glenn murmurou, depois de decidir voltar e parar ao lado dela.
ㅡ Eu 'tô pegando leve! Esse ainda é o segundo daquele maço que me trouxe da farmácia. - Brooklyn sorriu, novamente tragando seu cigarro e soltando a fumaça do mesmo. ㅡ O que rolou, em? Para você estar com essa cara de quem chupou limão? - ela perguntou.
Glenn suspirou, se encostando no parapente da varanda.
ㅡ Antes de eu sair ontem com Stephen e Rick, Maggie disse que me amava. E eu não soube responder. - Glenn respondeu.
ㅡ Então, nesse caso, ela quem deveria estar depressiva. - Brooklyn franziu o cenho. ㅡ E porque não disse nada?! Você não gosta dela?
ㅡ Gosto! É só que... - Glenn suspirou. ㅡ Eu só entrei em pânico.
ㅡ Tire um tempo para pensar em seus sentimentos, mas não demore tanto assim para ir conversar com Maggie sobre eles. - Brooklyn avisou, virando para frente outra vez. ㅡ Único conselho que posso dar, não sou boa nessas coisas. Não tenho experiência em relacionamentos.
ㅡ E acha que eu tenho?! - Glenn murmurou. Brooklyn fechou os olhos e soltou uma risada, pega desprevenida pela resposta no momento.
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Durante os dias que se passaram, uma vigília foi feita na porta trancada do quarto em que Randall estava na fazenda. Sua recuperação aconteceu como o esperado por Stephen; e quando o médico avisou que o garoto já podia ficar de pé, Rick disse que ele e Shane o levariam para longe da cidade.
Haviam horas que os dois haviam saído, enquanto a fazenda continuava em movimento pelo restante do grupo.
Naquela manhã, Brooklyn havia acordado com muito mau humor. Já estava cansada de ficar com seu braço engessado, e Alexander ainda insistia que precisaria ficar assim por mais alguns dias. A garota tentou controlar seu estresse, mas sua cara fechada ainda demonstrava seu humor naquele dia.
Mesmo assim, ela estava distraída ao brincar com Luna. Jogava uma bolinha para a pastora alemã, que saía correndo para buscá-la e trazê-la novamente - toda babada -, para a Dixon repetir o processo. A garota riu, levantando a mão e vendo a cachorra pular para tentar alcançar o brinquedo; ela também latia, fazendo Brooklyn rir ainda mais.
ㅡ Você não cansa?! - Brooklyn sorriu, lançando novamente a bolinha, dessa vez mais longe.
ㅡ BROOKIE!
A garota se virou com o chamado, sorrindo ao ver Aurora correndo em sua direção, com Daryl lhe seguindo sem pressa. Os dois saíam da floresta, e a Dixon franziu o cenho levemente surpresa ao ver a mais nova com um coelho caçado nas mãos.
ㅡ Eu peguei esse! - Aurora disse, com um entusiasmo muito grande. ㅡ Daryl também me ensinou usar a crossbow!
ㅡ Achei que ela não ia conseguir, mas foi só um tiro para acertar o coelho. - Daryl disse.
ㅡ Muito bem, Aury! - Brooklyn sorriu outra vez, fazendo um toque de mãos com a mais nova.
ㅡ Oi, Lulu! - Aurora riu, quando a cachorra chegou eufórica neles. ㅡ Vem, vamos brincar! - e então saiu correndo com a pastora alemã.
Brooklyn as observou sorrindo, se aproximando de Daryl e olhando-o com as sombrancelhas erguidas, ao vê-lo fazer o mesmo.
ㅡ Ah, para! - ele estalou a língua, disfarçando para se abaixar e começar limpar aquele coelho.
ㅡ Vai, diz aí, finalmente amoleceu seu coração pela garotinha. - Brooklyn disse, cruzando os braços e sorrindo.
ㅡ Sério, cala a boca, pirralha. - Daryl resmungou. Ele apontou a cadeira ao seu lado. ㅡ Agora, senta aí e me ajuda!
Brooklyn deu risada, antes de puxar sua faca e fazer o que o irmão havia lhe pedido. Os dois fizeram o trabalho em silêncio, vez ou outra apenas respondendo as perguntas que Aurora fazia ao se aproximar; também observavam-a correndo com Luna, antes de se cansarem e deitarem na grama em frente à barraca.
ㅡ E finalmente apertaram o botão de desligar das duas. - Daryl comentou, depois de olhar e perceber que Aurora dormia abraçada com Luna.
Brooklyn deu um sorriso, antes de abaixar novamente a cabeça; um suspiro longo saiu de seus lábios e seu irmão a olhou, percebendo que ela havia voltado a ficar desanimada de repente, e com o humor em uma corda bamba (Daryl conhecia a irmã, e percebeu aquilo apenas com a expressão em seu rosto).
ㅡ Aí, pirralha, sabe que esse gesso não te impede de fazer as coisas, não é? - Daryl começou.
ㅡ Eu sei. Não 'tô ligando 'pra isso. - Brooklyn respondeu murmurando.
Daryl a observou em silêncio. Uma luz se acendeu em sua cabeça, então o homem soltou um riso anasalado. Brooklyn se virou em sua direção, franzindo o cenho irritada.
ㅡ O quê foi?! - perguntou.
ㅡ Nada! - Daryl encolheu os ombros.
ㅡ Você é estranho, velhote. - Brooklyn resmungou, terminando de limpar sua faca. ㅡ Acho que vou dar uma volta, procurar alguma coisa para fazer.
ㅡ Vai sair da fazenda? - Daryl pergutnou, não olhando diretamente para a irmã.
ㅡ Não sei. Talvez. - Brooklyn encolheu os ombros. ㅡ Eu 'tô cansada só de ficar aqui, repetir as mesmas coisas todos os dias.
ㅡ 'Tá legal. - Daryl disse, pensando antes de concluir: ㅡ Só vê se toma cuidado se for mesmo sair.
ㅡ Pode deixar, Daryl. - Brooklyn sorriu pequeno, se levantando de sua cadeira.
Ela passou com cuidado por onde Aurora e Luna estavam dormindo e também sorriu para elas. Seguiu pelo gramado, atravessando o acampamento vazio e pensando se realmente teria ânimo para ir até a cidade, atrás de algum suprimento ou adrenalina de correr dos errantes para passar o tempo. Fez nota de procurar Glenn ou Maggie, para lhe dizerem o caminho até lá.
Estava se aproximando do trailer de Dale, onde Andrea fazia guarda no momento; pensou em perguntar para a mulher sobre o paradeiro de Glenn, mas a chegada de Lori distraiu as duas.
ㅡ Vocês viram a Maggie ou o Hershel? - a Grimes perguntou. Parecia eufórica e alarmada com algo.
ㅡ O Hershel eu não vi, mas Glenn e Maggie passaram por aqui tem uns 20 minutos. - a loira respondeu.
ㅡ Podem achar um deles para mim? Eu preciso voltar para a casa. - Lori disse, logo correndo de volta à casa.
Andrea disse que sabia para onde Maggie foi, então saiu em busca dela. Enquanto isso, Brooklyn seguiu Lori para a casa e perguntou o que estava acontecendo; a Grimes explicou que Beth havia guardado a faca que levou junto ao seu almoço e temia que ela estava pensando em suicídio.
Maggie logo chegou na casa e foi ao encontro da irmã, enquanto as outras três ficaram na cozinha. Brooklyn estava encostada no balcão perto da porta, tendo uma audição clara à discussão que havia se transformando no quarto. Ela cruzou os braços, suspirando fundo e desviando o olhar.
ㅡ Onde está o Hershel? - Andrea perguntou.
ㅡ Ele ainda não sabe disso. - Lori respondeu. ㅡ É um assunto familiar, vamos deixá-las resolver.
ㅡ Isso é resolver? - Andrea olhou na direção da confusão.
ㅡ Quando a Beth parar de brigar aí nos preocupamos. - Lori disse.
ㅡ Você não deveria ter tirado a faca dela. - Andrea disse de repente. ㅡ Você e Dale erraram tirando nossas armas. Era nossa escolha, não deveriam interferir.
ㅡ Não sabe o que está falando. - Brooklyn se intrometeu. ㅡ Eles queriam ajudar, e deveria agradecer por isso. Pessoas nessas situações precisam de ajuda, e é muito bom quando alguém em sua volta percebe isso.
A fala de Brooklyn saiu como um desabafo; Lori e Andrea a observaram em silêncio. A Dixon desviou o olhar, e resolveu sair da cozinha sem olhar para trás. Assim que abriu a porta da casa, soltou o ar de seus pulmões e o puxou com força novamente; franziu o cenho e começou a descer os degraus, decidindo que realmente era hora de procurar alguma coisa para fazer.
Porém, a garota não deu mais nenhum passo quando chegou no gramado. Ela fechou os olhos, tentando controlar sua respiração que ficou descompassada de repente; então olhou novamente para a porta que havia passado, e o pensamento de que poderia tentar conversar com Beth passou pela sua cabeça.
Brooklyn desistiu por um momento, então apenas seguiu seu caminho. Chegou próxima ao acampamento do irmão, o vendo ainda sentado naquela cadeira, porém, agora com os olhos fechados e parecendo também estar tirando um cochilo no momento. Então encarou Daryl mais uma vez, por fim deu as costas e voltou correndo na direção da casa.
Assim que entrou, indo direto para o quarto de Beth, franziu o cenho ao ver Lori e Maggie desesperadas no lugar.
ㅡ O que aconteceu? - perguntou.
ㅡ Beth se trancou no banheiro e eu escutei barulho do espelho se quebrando! - Maggie respondeu.
ㅡ Me deixe tentar. - Brooklyn disse, trocando de lugar com Lori na porta. ㅡ Beth, se afaste da porta, por favor!
Brooklyn então também se afastou e começou a dar chutes com seu coturno na fechadura da porta. Repetiu o processo algumas vezes, até dar um golpe final, mais forte, e finalmente arrebentar a porta do banheiro.
ㅡ Me desculpe... eu não queria... - Beth disse entre as lágrimas, enquanto segurava o braço sagrando.
ㅡ Oh, meu Deus! - Maggie correu até a irmã e a amparou.
Brooklyn olhou para o punho de Beth e depois para seu reflexo no espelho partido na pia. Desviou o olhar e suspirou fundo, controlando-se na voz ao dizer:
ㅡ Maggie, eu posso fazer os pontos enquanto você procura seu pai. - a Greene concordou, acenando levemente com a cabeça em agradecimento.
Lori também saiu do quarto, dizendo que buscaria um copo de água para Beth. Brooklyn então pegou a maleta de primeiros socorros em cima da cômoda e se sentou em frente à Beth na cama. Ela começou limpar em silêncio o ferimento da Greene, também preparando a agulha e linha.
ㅡ Tudo bem se eu fizer isso? - perguntou, olhando de relance para a mais velha.
Beth assentiu levemente com a cabeça, então Brooklyn começou a fazer aqueles pontos. Ela suspirou fundo, formulando algumas frases certas em sua cabeça para se dizer à garota naquele momento.
ㅡ Sabe guardar segredo? - Brooklyn pergutnou, quase sussurrando. Porém, ao levantar a cabeça, notou que Beth havia lhe escutado; a Greene lhe olhava atentamente, depois de confirmar à sua pergunta. ㅡ Eu já tentei suicídio quando mais nova. Da mesma forma. - ela disse, mostrando a tatuagem para a garota, fazendo-a ver as marcas de relance debaixo da tinta.
ㅡ Por que? - Beth perguntou baixinho.
ㅡ Eu não lembro meu gatilho. - Brooklyn confessou. ㅡ Só sei que tentei, e lembro apenas de acordar no outro dia no hospital com Daryl ao meu lado. - e se esforçou a continuar: ㅡ Eu nunca chorei tanto para meu irmão na minha vida como naquele dia. Por algum momento eu quis desistir de tudo, mas ao ver Daryl dizer desesperado que temeu me perder... eu entendi que não estava sozinha e não precisava ser tão dura comigo mesma.
ㅡ Eu realmente não queria mesmo fazer isso. - Beth disse, olhando para seu braço. Ela começou chorar outra vez. ㅡ Apenas achei que a dor iria passar assim.
ㅡ Mas não passa, só faz você se sentir ainda pior. - Brooklyn disse. ㅡ Mas, você se arrependeu, é o que importa. E tem sua irmã e pai com você. - a Dixon continuou, ouvindo as pessoas entrando na casa outra vez. ㅡ Pode conversar com eles, que sempre estarão ao seu lado, Beth.
ㅡ Obrigada, Brooklyn. - Beth disse com um curto sorriso.
Brooklyn correspondeu com o canto dos lábios, guardando as coisas no momento em que viu Hershel e Maggie entrando no quarto, onde logo o mais velho correu até a filha mais nova. A Dixon correspondeu o aceno de cabeça que Maggie lhe deu, em agradecimento, antes de finalmente sair daquele quarto.
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Rick e Shane voltaram no final do dia com Randall. Ambos estavam com os rostos sujos de sangue, e explicaram que simplesmente haviam ficado cercados de errantes - o que não convenceu o grupo -. Iriam manter novamente o prisioneiro no quarto de ferramentas, até decidirem o que fariam com ele definitivamente.
Na manhã seguinte, Daryl havia ido até Randall para tentar arrancar informações do garoto. Brooklyn esperava sentada próxima do grupo, balançando involuntariamente sua perna e com o olhar perdido num ponto qualquer do chão.
ㅡ O que vão fazer? - Glenn perguntou.
ㅡ Nos sentiríamos melhor se conhecêssemos o plano. - Lori disse ao marido.
ㅡ Existe um plano?! - Andrea falou impaciente.
ㅡ Manter ele aqui? - Glenn sugeriu.
ㅡ Saberemos daqui a pouco. - Rick disse simplesmente, apontando para frente.
Brooklyn levanrou a cabeça, se levantando da cadeira ao ver o irmão se aproximando outra vez deles. Ela notou sua mão suja de sangue, e em seguida trocou um olhar com o mais velho. Daryl conseguiu tranquilizar a garota com o gesto, antes de dizer:
ㅡ O garoto tem uma gangue. Uns 30 homens, com artilharia pesada e não estão para fazer amigos. - e continuou: ㅡ Se vierem para cá, os homens do nosso grupo irão morrer. E as mulheres... ainda pior.
Brooklyn suspirou, desviando o olhar e se sentindo momentâneamente com medo.
ㅡ Ninguém chega perto desse cara. - Rick disse.
ㅡ Rick, o que você vai fazer? - Lori perguntou ao marido.
ㅡ Não temos escolha. Ele é uma ameaça. Temos que eliminar as ameaças. - o Grimes respondeu.
ㅡ Vai simplesmente matá-lo?! - Dale perguntou.
ㅡ Está resolvido. - Rick disse. ㅡ Faço isso hoje.
Rick saiu, com Dale seguindo para conversar com o homem. Aos poucos, todos os que estavam reunidos ali foram saindo também; Brooklyn ficou para trás, e se aproximou com cautela do seu irmão.
ㅡ O que você fez? - perguntou, apontando para os dedos do mais velho.
ㅡ Bati um papo com ele. Talvez tenha saído do limite.
ㅡ Por que?
ㅡ Porque ele me disse coisas que o grupo dele fez. - Daryl continuou dizendo, ainda sem encarar a irmã. ㅡ Coisas que me irritou. Coisas que me fizeram lembrar de outros tempos. Acabei descontando uma raiva passada nele.
ㅡ E vai me falar o que foi?
Daryl olhou para Brooklyn. Pensou novamente no que Randall havia lhe contato sobre o que os homens de seu grupo fizeram com as garotas adolescentes, enquanto encarava a irmã. Um suspiro fundo escapou de seus labios, e o homem desviou o olhar para responder:
ㅡ Não é algo que valha a pena ser repetido, garota. - ele murmurou. ㅡ Vou fazer umas flechas, vejo você depois. - Daryl disse, saindo em direção ao moinho de vento distante da casa.
Brooklyn suspirou ao olhá-lo, mas respeitou sua escolha. A garota se virou também, caminhando pelo acampamento e procurando Aurora com seu olhar; franziu o cenho ao vê-la andando de forma agressiva para longe da árvore que haviam enterrado Sophia. Antes que pudesse seguí-la, Carol a abordou:
ㅡ Você deveria parar de pegar leve com ela. Está perdendo totalmente o respeito!
ㅡ Olha, não sou a mãe dela, Carol. - Brooklyn disse, omitindo sua indignação. ㅡ Mas, Aurora? O que ela fez? - não podia deixar de achar estranho, afinal, a garota era sempre carinhosa e respeitosa com todos.
ㅡ Ela disse uma coisa cruel sobre Sophia!
Brooklyn novamente franziu o cenho, olhando na direção de Aurora. Voltando-se para Carol, ela disee:
ㅡ Tudo bem, eu vou falar com ela. Vou dar um jeito nisso! Só... se acalme e...
ㅡ Não diga para me acalmar! - Carol a cortou. Brooklyn se calou, surpresa. ㅡ Todos vocês, ou me evitam ou me tratam como se fosse louca. Eu perdi a minha filha, não minha sanidade!
Brooklyn a observou sair dando às costas para si. Ela suspirou fundo, balançando a cabeça e se virando para a outra direção. Gritou por Aurora e correu até alcançá-la, antes que se afastasse completamente.
ㅡ Você tratou mal a Carol? - perguntou, não se controlando ao usar um tom firme.
ㅡ Não. - Aurora respondeu.
ㅡ Ela disse que sim. - Brooklyn colocou a mão na cintura. ㅡ O que você disse?
ㅡ Eu disse que é burrice acreditar no céu. Porque é. - Aurora disse.
ㅡ Olha, mas Carol acredita. Ela acabou de perder a filha. E se ela quer acreditar de alguma forma que ela ainda está viva, ou...
ㅡ Eu também acreditava! - Aurora disse, um pouco alto e surpreendendo a Dixon. ㅡ Eu ia às missas aos domingos com meus pais, orava para Deus antes de dormir, e minha mãe sempre ensinou que Ele nos ouvia quando precisávamos. - continuou, com lágrimas se juntando em seus olhos. ㅡ E eu orei. Mas Ele não me ouviu. Meus pais se foram, a Sophia também! O mundo está como está, e Carol quer continuar acreditando nos céus?!
ㅡ Aury, por favor... - Brooklyn suspirou, puxando-a até que a abraçasse. Ela sentiu Aurora agarrando sua cintura e logo começando a chorar intensamente.
ㅡ Eu sinto falta deles. - a mais nova sussurrou abafadamente. ㅡ Sei que um dia vou esquecer suas vozes, como eram seus rostos... e eu não quero isso, Brookie.
ㅡ Por que não falou comigo antes? - Brooklyn se abaixou na altura dela, limpando suas lágrimas. ㅡ Eu disse que poderia fazer isso, não é?
ㅡ Eu só... achei que daria conta sozinha. - a Phelps abaixou a cabeça.
ㅡ Aury, não faça isso consigo mesma. Eu posso te dizer... guardar tudo para nós mesmas não é bom e não funciona. - Brooklyn suspirou. ㅡ Uma hora você não vai saber mais como parar, e sempre vai descontar em quem não precisa, incluindo você.
ㅡ Eu não queria falar com a Carol daquela forma. - Aurora confessou envergonhada. E ainda pensando mais um pouco, disse: ㅡ E também não parei de acreditar em Deus... eu só...
ㅡ Esteve em um momento de raiva. - Brooklyn completou. ㅡ Tudo bem, todos temos esses momentos. Mas, agora, você sabe o que precisa fazer?
ㅡ Me desculpar com a Carol. - Aurora sussurrou.
ㅡ Isso. - Brooklyn sorriu pequeno. ㅡ E Aury, por favor, não deixe de conversar comigo sobre seus pais. Posso te ouvir contar sobre eles, e te ajudarei manter sua memória viva em sua cabeça. Eu estou aqui com você, e quero que saiba disso. - ainda completou em um tom bem leve: ㅡ Eu deixei de ser uma estranha, sou sua irmã agora, se lembra?
ㅡ Sim. - Aurora sorriu. ㅡ Eu sei, Brookie. Obrigada. - e pulou no pescoço da mais velha, abraçando-a mais uma vez.
ㅡ Estou às ordens, ruivinha. - Brooklyn sorriu, soltando-a e se levantando outra vez. ㅡ Agora, vá falar com a Carol.
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Durante todo o dia, Dale tentou conversar com a maioria do grupo e os fazerem mudar de ideia sobre a morte de Randall. Ele havia até mesmo conversado com Brooklyn, que tudo que soube dizer é:
ㅡ Estou com Daryl. Qual seja sua opinião sobre Randall, será a minha também.
E no final da tarde, ao pôr do sol, estavam prestes a se reunirem na sala da casa para uma "votação" final à decisão sobre o destino de Randall. Brooklyn estava esperando na varanda, ao lado de Audrey e Carl.
ㅡ Vocês vão participar? - ela perguntou, olhando na direção da garota.
ㅡ Não, meu pai me fez ficar no quarto com Beth, Jimmy e Sammy. - Audrey respondeu. ㅡ E sendo sincera, acho que não faço questão de participar dessa decisão.
Brooklyn assentiu à sua responsta, e então se virou para Carl. Levantou as sombrancelhas quando ele ficou a olhando sem dizer nada, mostrando que esperava por sua resposta.
ㅡ Minha mãe não queria, mas não é como se eu não entendesse o que está acontecendo. Eu vou ficar. - o garoto respondeu. ㅡ Você?
ㅡ Apenas para ouvir. Minha opinião é a mesma de Daryl, de qualquer forma. - ela respondeu, quando olhou novamente para frente.
Ela percebeu que Aurora estava se aproximando com Luna; percebeu que as duas estavam com um pouco de terra na roupa e pelos, mas não achou totalmente estranho - afinal, viviam correndo para lá e para cá, obviamente se sujariam em algum momento -.
ㅡ Aury, você vai com a Audrey. - a mais velha disse, assim que a Phelps subiu os degraus.
ㅡ Mas... eu queria ouvir!
ㅡ Não agora, garota. - Brooklyn disse. Aurora suspirou, sabendo entender o tom de voz da mais velha.
Os quatro entraram na casa, com as duas garotas mais novas seguindo o caminho para o corredor da casa. Assim que todos se juntaram na sala, o silêncio reinou.
ㅡ E aí, como vamos fazer isso? - Glenn perguntou, quebrando o silêncio. ㅡ Vamos só votar?
ㅡ Tem que ser unânime? - Andrea perguntou.
ㅡ Podemos ouvir a opinião de todos e depois discutir as opções. - Rick disse.
ㅡ Bom, na minha opinião só tem uma opção para resolver isso. - Shane disse.
ㅡ Matá-lo, não é? - Dale começou. ㅡ Por que se importar com votações? Já ficou claro como as coisas ficaram.
ㅡ Se alguém acha que devemos poupá-lo, eu quero saber. - Rick avisou.
ㅡ Posso dizer que seja um grupo pequeno. Talvez só eu, Glenn e Stephen. - Dale disse.
Stephen não contrapôs, mas Glenn olhou para Dale receoso. O mais velho abaixou os ombros, entendendo a reação do rapaz.
ㅡ Olha... eu sei que está certo em muita das coisas... - o Rhee começou. ㅡ Mas Randall não é um de nós. E nós já perdemos muitas pessoas.
ㅡ E você, concorda com isso? - Dale perguntou para Maggie.
A mulher ponderou, antes de se virar e perguntar para Rick:
ㅡ Ele não pode apenas continuar preso?
ㅡ É mais uma boca para alimentar. - Daryl disse ao fundo.
ㅡ Pode ser um inverno magro. - Hershel avisou.
ㅡ Podemos racionar. - Brooklyn disse baixo, depois de ponderar. Nos olhos de Dale houve um brilho de esperança. ㅡ Ir atrás de suprimentos nas cidades também, sei lá!
ㅡ E o garoto pode ser mais uma ajuda. - Dale disse. ㅡ Dêem a ele uma chance de provar isso!
ㅡ Dão um trabalho a ele. - Glenn disse.
ㅡ Deixá-lo andando por aí? - Daryl perguntou, andando de um lado para outro. ㅡ Não sei se gosto disso.
ㅡ A gente faz uma escolta, e o prendemos de novo durante a noite. - Maggie sugeriu.
ㅡ E quem vai se voluntariar para essa tarefa? - Shane perguntou, descrente.
ㅡ Nenhum de nós vai ficar andando por ai com esse cara! - Rick disse, antes que qualquer um pudesse dizer alguma coisa.
ㅡ Ele está certo. - Lori disse: ㅡ Não me sentiria segura com Randall, a menos que ele estivesse amarrado.
ㅡ Podemos colocar correntes nos tornozelos e mandá-lo para trabalhos forçados. - Andrea disse.
ㅡ Como faziam com um escravo antigamente? - Brooklyn murmurou, alto suficiente, com a cabeça ainda abaixada. Sua indignação ficou clara, quando completou: ㅡ E depois? Vamos chicotear ele também?!
Houve silêncio.
ㅡ Olha, digamos que o deixeamos se juntar a nós, 'tá bom? Talvez ele seja útil, talvez seja bom. - Shane começou. ㅡ Quando abaixarmos a guarda, ele vai fugir e trazer aqueles 30 homens pra cá?
ㅡ Então a resposta é matá-lo pra evitar um crime que ele pode nunca sequer tentar? - Dale questionou. ㅡ Se fizermos isso, estamos dizendo que não há esperança. Estado de direito morreu. Não há civilização.
ㅡ Ah, meu Deus! - Shane murmurou, impaciente com o mais velho.
ㅡ Não podem levá-lo para ainda mais longe? - o senhor Mallory perguntou. ㅡ Como sempre planejaram?
ㅡ Mal conseguiram voltar da última vez. - Lori disse. ㅡ Existem os mortos, o carro pode quebrar, podem nem voltar dessa vez.
ㅡ Ou cair numa emboscada. - Daryl completou.
ㅡ Eles têm razão. - Glenn disse. ㅡ Não podemos pôr em risco nosso pessoal.
ㅡ Se forem a diante com isso, como farão? Ele vai sofrer? - Patrícia perguntou.
ㅡ Podemos enforcá-lo, não é? - Shane olhou para Rick. ㅡ É só quebrar o pescoço.
ㅡ Eu pensei sobre isso. - Rick disse. ㅡ Atirar pode ser mais humano.
ㅡ E o corpo? Vamos enterrar? - Tdog perguntou.
ㅡ Esperem, esperem! - Dale chamou sua atenção. ㅡ Estão falando sobre isso como se já tivessem uma decisão!
ㅡ Vocês conversaram o dia inteiro, estão andando em círculos. - Daryl disse. ㅡ Quer continuar andando em círculo?!
ㅡ Mas é a vida de um jovem! E ela vale mais que uma conversa de cinco minutos. - Dale rebateu. ㅡ Foi nisso que chegamos?! Vamos matar alguém, porquê não podemos decidir o que vamos fazer com ele?
Todos ouviam o mais velho em silêncio, com atenção. Cada um naquele momento absorvia aquele "sermão" de alguma forma.
E Brooklyn queria atravessar a sala e socar o rosto de Shane, ao olhá-lo e notar seu olhar de deboche para cima de Dale.
ㅡ Vocês o salvaram! E agora olhem para nós. - o mais velho prosseguiu: ㅡ Ele foi torturado. Vai ser executado! Como somos melhores que essas pessoas que estamos com tanto medo?!
Todo mundo, ainda no silêncio, pareceu ter um segundo de realização e concordar com Dale.
Menos Shane, que insistiu em dizer:
ㅡ Todo mundo sabe o que deve ser feito.
ㅡ Não, o Dale está certo. - Rick disse. ㅡ Não podemos deixar pedra sobre pedra aqui. Temos a responsabilidade...
ㅡ Então qual é a outra solução?! - Andrea questionou. ㅡ Não cheganos a uma só opção viável ainda!
ㅡ Será que podem parar de brigar?! - Carol chamou a atenção de todos. ㅡ Não podem pedir para que tomemos uma decisão dessas. Então, seja qual for a decisão que tomarem, apenas me deixem fora disso!
ㅡ Não falar disso e você ir matá-lo, não há diferença! - Dale disse à ela.
ㅡ Chega! - Rick controlou a situação. ㅡ Antes de tomarmos a decisão final, se alguém tiver alguma coisa para falar, essa é a hora.
Brooklyn observou o silêncio do grupo. Todos pareciam evitar falar naquele momento. Ela suspirou, se agachando no canto em que estava e passando as mãos pelo rosto e cabelo, antes de voltar sua atenção à conversa (que Dale reiniciava no momento):
ㅡ Uma vez você diase que não matamos os vivos. - o mais velho disse a Rick.
ㅡ Isso foi antes dos vivos começarem tentar nos matar!- Rick rebateu.
ㅡ Mas você não vê?! Se fizermos isso, as pessoas que éramos, o mundo que conhecíamos, está morto! - Dale continuou tentando. ㅡ E este novo mundo é feio. É brutal. É a sobrevivência do mais apto! E é um mundo no qual não quero viver; e acredito que nenhum de vocês queira também! - e implorou: ㅡ Por favor... vamos fazer o que é certo!
Ninguém do grupo falou uma só palavra. Dale observou aquilo com lágrimas nos olhos, que se preencheram de desgosto no momento.
ㅡ Será que não há mais ninguém para ficar do meu lado?!
ㅡ Ele está certo. - Andrea disse, quebrando o silêncio ensurdecedor. ㅡ Devemos encontrar uma outra maneira.
ㅡ Mais alguém? - Rick perguntou.
Brooklyn, que estava agarrada aos joelhos, fechou os olhos diante do silêncio do grupo. Quando os abriu, sentiu suas lágrimas queimarem nos mesmos, e logo disfarçou. Ela então levantou a cabeça, e encontrou Carl encostado na parede em sua frente.
Os dois trocaram um olhar naquele momento, parecendo conversar e se entenderem como nunca haviam feito antes. Claramente queriam apoiar Dale, mas também sabiam que cinco opiniões em um grupo de quase 20 pessoas era a mesma coisa que nada. Eles então continuaram calados, suspirando e desviando o olhar para acompanharem a decisão final de Rick.
O Grimes mais velho havia olhado para Dale, que entendeu o recado: não havia conseguido. O mais velho suspirou, balançando a cabeça e dizendo pela última vez:
ㅡ Vão assistir também? - perguntou retórico, logo respondendo: ㅡ Não! Vão se esconder e tentar esquecer que vamos matar um ser humano. E eu não quero fazer parte disso.
Dale começou a caminhar até a saída. Mas, antes de sair, parou ao lado de Daryl e disse:
ㅡ Tinha razão: esse grupo está rachado!
꩜꩜꩜꩜
Quando a noite chegou, Brooklyn estava sentada em algumas telhas que ficavam atrás da casa. Brincava com um galho de árvore em sua mão, rabiscando com o mesmo na terra; estava distante do acampamento e um pouco "escondida", então estava tendo um momento de paz e solidão.
Sua visão era perfeitamente direta do celeiro. A garota assistiu quando Rick, Shane, Daryl e Tdog levaram Randall até o local. Ela suspirou desviando sua atenção, e voltou a riscar o chão. Não que achava que o prisioneiro estava mentindo ou falava a verdade sobre seu grupo; a garota era indiferente contra ele, mas concordou com Dale quando o mais velho disse que usar a saída "mais fácil" não os tortariam melhores que o grupo de Randall.
A garota suspirou outra vez.
Estava ainda cabisbaixa, mas naquele momento havia parado de mexer na terra. Olhou pelo canto dos olhos e ouviu os passos que se aproximavam de si. Ela soltou o galho de sua mão e levantou-a lentamente em direção à parte de trás de sua calça; em segundos estava de pé e destravando sua arma.
ㅡ Uou! - Carl arfou, levantando as duas mãos.
ㅡ Qual seu problema, stalker?! - Brooklyn disse irritada. ㅡ Poderia ter metido a porra de uma bala no meio da sua cabeça! Não que isso fosse um problema, mas... porra! - ela guardou a pistola e respirou fundo.
ㅡ Como sabia que eu estava chegando?
ㅡ Eu sou caçadora. Aprendi a calar minha boca e ouvir tudo com atenção! - Brooklyn respondeu contragosto, ainda irritada. ㅡ O que você quer?!
ㅡ Calma aí, Dixon. - Carl parou ao lado dela, quando essa se sentou outra vez. ㅡ Queria saber o que estava fazendo aqui, sozinha.
Brooklyn o olhou, movendo sua cabeça lentamente e franzindo o cenho. Desviou a atenção novamente, revirando os olhos quando abaixou o olhar.
ㅡ Estava querendo ficar sozinha, sem ser incomodada, mas acabou de estragar isso. - a Dixon murmurou.
Carl conteve um sorriso ao ouvir o sotaque da garota. Ele, porém, não disse mais nada e também moveu seu olhar para o celeiro que na frente do campo de visão deles. O tiro estava demorando ecoar, mas o garoto entendeu quando forçou a visão e olhou para a saída do celeiro.
ㅡ Dixon. - Carl a chamou.
Brooklyn suspirou fundo, mas atendeu o chamado. Carl simplesmente apontou para o celeiro, e a garota se surpreendeu ao olhar para lá também. Notou Shane saindo na frente, parecendo irritado; Tdog estava levando Randall novamente para o quarto de ferramentas, e Rick e Daryl saíram logo atrás, com o primeiro apoiando as mãos no ombro de Aurora.
A Dixon apenas se levantou e começou a correr em direção ao acampamento, podendo ouvir Carl fazer o mesmo atrás de si. Assim que chegaram, a mais velha trocou um olhar com Aurora.
ㅡ Aurora, vai para a barraca. Agora! - ela disse uma única vez, e Aurora obedeceu.
Assim que ela saiu, Rick disse:
ㅡ Randall vai ficar sob custódia.
ㅡ Vou procurar Dale. - Andrea saiu.
ㅡ Ela apareceu de repente. - Rick disse novamente, olhando para Brooklyn e se referindo à Aurora. ㅡ Eu já estava com a arma apontada para Randall, e ela disse para que eu atirasse. Ela queria ver, e eu... eu não consegui.
ㅡ Tudo bem, querido. - Lori o confortou.
ㅡ Vou falar com ela, Rick. - Brooklyn murmurou.
ㅡ Não, não... - Rick balançou a cabeça e suspirou. ㅡ Não sei se iria conseguir de qualquer maneira. - completou, abaixando a cabeça e suspirando envergonhado.
Brooklyn não soube como agir. Olhou na direção de sua barraca e pensou em ir ao encontro de Aurora. Porém, não conseguiu; a garota apenas franziu o cenho e começou andar em direção ao campo da fazenda, tomando nota de que precisava de um tempo para esfriar a cabeça.
Aurora era uma criança que estava precisando aprender a viver naquela nova realidade; não tinha como evitar suas atitudes que deduzia serem as corretas.
E Brooklyn era uma adolescente, criada em uma realidade que a sociedade não julgava certa. Ela aprendeu a se virar sozinha. Naquele mundo era a mesma coisa; e só se saiu bem porque sabia como caçar seu próprio alimento e usar uma faca - o que, mais uma vez, não era normal uma garota saber; não desde pouca idade como ela.
De repente, havia ganhado a responsabilidade de cuidar de uma criança. Não saberia fazer isso num mundo normal, quem dirá naquele. A julgar, não estava se saindo bem, já que Aurora já havia machucado o braço, quase sido explodida no CCD, levado um tiro, e presenciado enterros em uma semana mais do que em toda sua vida. Isso tudo sob seus cuidados.
E Brooklyn estaria mentindo se dissesse que sabia o que estava fazendo desde que conheceu Aurota. Ela apenas estava seguindo seus instintos, fazendo com a garota o que Daryl fazia consigo a vida toda.
Ele também havia educado ela, mas isso era porque não havia quem fazer isso. Aurora já era educada, uma criança carinhosa e que respeitava todos; Brooklyn não entendia porque estava tendo aquelas atitudes de repente.
ㅡ Eu vou surtar. - ela sussurrou, parando de andar quando percebeu que estava fazendo aquilo sem rumo. Até pular a cerca já havia pulado.
Brooklyn suspirou fundo, se acalmando e continuando andando. Decidiu que faria aquilo mais um pouco, depois iria ascender um cigarro e voltaria para o acampamento.
Sua intenção era aquela, antes de ouvir um grito ecoar mais à frente no campo em que estava parada. A garota não pensou duas vezes, antes de sair correndo em direção aos sons. E o que encontrou foi um errante em cima de Dale no gramado.
A Dixon puxou uma de suas facas, chutando a costela do errante, para que saísse de cima do mais velho. Em seguida, colocou seu joelho sob o peito do mesmo e fincou sua faca na têmpora do podre. Ao se levantar e olhar para Dale, Brooklyn arfou.
A barriga de Dale eatava aberta, deixando suas tripas todas à mostra. O olhar do mais velho era assustado, e a Dixon logo sentiu lágrimas em seus próprios olhos.
ㅡ EI! AQUI! - ela gritou, quando viu as lanternas se aproximando deles.
O primeiro a chegar foi Daryl, que a verificou rapidamente antes de olhar o mais velho no chão. Ele também se surpreendeu, ficando sem ação no momento.
Brooklyn olhou o grupo, com Andrea logo se abaixando desesperada ao lado de Dale. A Dixon notou que Aurora estava com eles, e logo correu para abraçar a garota - que havia começado a chorar desesperada vendo o corpo do mais velho e o errante caído ao seu lado -.
ㅡ Precisamos tirar ele daqui! - Rick disse. ㅡ Stephen, Hershel, preparem-se para a cirurgia e...
ㅡ Rick, Rick! - Alexander tocou o amigo no ombro, após trocar um olhar com seu pai.
Alexander negou com a cabeça, sabendo que nada poderia ser feito para salvar Dale. Todos no grupo sentiram a notícia. Rick começou a chorar, colocando as mãos na cabeça e negando algumas vezes.
ㅡ Façam alguma coisa! - Andrea pediu entre o choro. ㅡ Ele está sofrendo.
Rick se recompôs, tirando o revólver do coldre e apontando para o rosto de Dale, que o olhou com uma expressão de súplica. Porém, o Grimes tremeu e não apertou o gatilho.
ㅡ Deixa comigo. - Daryl pediu, retirando com cuidado a arma da mão do homem. Ele apontou para Dale dizendo-o: ㅡ Desculpa, irmão.
Aurora se assustou com o tiro, abraçando ainda mais Brooklyn e chorando desesperada. A Dixon, ainda olhando em choque para Dale e a cena que havia presenciado, devolveu o abraço da mais nova e sentiu suas próprias lágrimas silenciosas caindo no seu rosto naquele momento.
¡notes!
A Brooklyn e Aurora são tão
precisas para mim 🤕 todas
as interações delas são fofas,
independentes do contexto.
As migalhas de Carlyn de novo,
eu amo!! A Brooklyn no enemies
e o Carl já planejando o casamento
deles, amo KKKKK
E queria deixar uma coisa clara
mais uma vez: não estou tentando
fazer a Brooklyn ser a mãe da Aury.
Têm que entender que ela é uma
adolescente também surtando com
o apocalipse, e uma garota que cresceu
sem uma figura materna e não criou
esse "instinto".
Elas são irmãs. A Brooklyn vai
errar, a Aury vai errar. A Brookie
vai dar broncas, mas também
vai ensinar coisas erradas para
a Aury. Como ela diz, está apenas
imitando o que o Daryl faz com ela.
Agora, me digam o que acharam
do capítulo, e o que esperam dos
próximos? Gostaria muito de ler
os comentários de vocês 👀
Espero que tenham gostado.
Até o próximo capítulo! ❤
𝐟𝐢𝐪𝐮𝐞𝐦 𝐚 𝐬𝐚𝐥𝐯𝐨 🧟♀️
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