ㅤㅤ𝟬𝟬𝟭.ㅤ› reaching out;
🧟♀️
୧ ❛ CAPÍTULO 001 ❜
estendendo a mão
três semanas após o caos.
ㅤㅤ ㅡ O alerta emergencial foi ativado. A Defesa Civil acaba de transmitir o seguinte recado: A transmissão será cortada em breve. Fiquem em casa, evitem os infectados à todo custo. A ajuda está a caminho.
Brooklyn ouviu aquela mensagem repetida por dias seguidos através do rádio do carro que havia roubado, após o dono do mesmo se tornar um dos infectados. Ela havia saído de sua cidade natal dois dias após o Dia das Bruxas, seguindo filas de carros pelas estradas até a cidade vizinha. Haviam muitas pessoas indo em busca daquela ajuda, que a Dixon havia aceitado que nunca viria.
As cidades haviam sido bombardeadas enquanto as pessoas ainda as deixavam. Mais infectados surgiram, e assim a situação de pavor e lugares abandonados passaram a ser mais frequentes nas ruas, estradas e cidades por onde a Dixon passava.
Brooklyn não viu outra solução além de seguir em frente, aprendendo a sobreviver sozinha cada dia mais naquele apocalipse. Em três semanas do fim do mundo ela já sabia matar aqueles infectados - ou cabeças podres, como carinhosamente os apelidou -, sem sofrer com isso agora. Um golpe com a sua faca no cérebro deles era o suficiente.
Porém, tentava evitar cidades grandes ou os centros, e foram raras as vezes que precisou enfrentar os doentes. Aprendeu a ficar em silêncio, pois barulho chamava a atenção de grupos maiores. Brooklyn comparou aquilo como uma caçada, e por isso estava se saindo tão bem.
Durante as noites, quando seguia viagem a pé, a garota sempre procurava uma casa vazia ou até mesmo dormia em um galho de árvore. Era algo totalmente desconfortável, mas o bastante para um pouco de descanso, antes de prosseguir seu caminho. Não havia como tomar banho, sua comida e água estavam sendo racionadas, e Brooklyn se sentia exausta.
Ela não podia negar que chorou durante os primeiros dias, e repetia o gesto em algumas noites. Estava exausta de nunca saber onde ir, apenas seguindo sem rumo em frente. Não tinha seus irmãos, e nem sabia se poderia acreditar que eles estavam bem. Brooklyn estava com medo, e se sentia uma tola por isso.
Novamente a pé naquela última semana, a Dixon havia chegado em uma nova cidade. Estava um pouco distante de Atlanta, onde era seu destino final. Antes dos últimos meios de comunicação caírem, um abrigo para sobreviventes havia sido anunciado na cidade, e a garota estava contando com a sorte quando decidiu seguir para ele. Talvez Daryl e Merle também ouviram a mensagem e estivessem indo para lá também.
Brooklyn suspirou ao pensar naquilo mais uma vez, enquanto observava uma foto um pouco rasgada dos três. Havia conseguido a pegar antes de sair de sua casa, e sempre olhava para ela ao sentir falta de seus irmãos. A Dixon sorriu, guardando a fotografia no bolso do colete e fechou os olhos.
Ela tentaria dormir um pouco naquela árvore, que havia subido logo quando o sol se pôs. Sabia que aquela seria uma tarefa difícil, já que havia um cabeça podre no pé do tronco, arranhando o mesmo e tentando agarrar a perna da garota - que o ignorava, como se o mesmo não estivesse ali -.
꩜꩜꩜꩜
O sino da porta soou por todo o estabelecimento, que naquele momento estava vazio e abandonado, como todas as lojas daquela rua. Suas prateleiras estavam reviradas e com poucas sobras. Havia sangue, lixo e dois corpos no chão; e o teto tinha a luminária caída e com a luz piscante.
O resultado das bombardeadas na cidade, juntamente ao apocalipse.
Brooklyn entrou com cuidado na pequena mercearia, carregando suas duas facas em mãos e em posição de ataque. Ela tornou a verificar os corpos, tendo a certeza que estavam definitivamente mortos, e então pegou uma cesta em mãos. Estava ali em busca de novos enlatados, água e utensílios pessoais, que poderiam durar mais alguns dias de viagem.
O dia estava tranquilo até aquela hora da tarde. Nenhum errante havia atrapalhado seu caminho nas ruas daquela cidade, e Brooklyn percebeu que tudo por ali era quieto demais. Aquela zona comercial estava muito vazia, com as fachadas das lojas caídas e seus interiores totalmente revirados. Foi difícil encontrar aquele único mercadinho de esquina, onde ainda haviam muitos produtos em bons estados e dentro de seu prazo de validade.
Brooklyn estava sobrevivendo com os últimos enlatados que pegou em sua casa e também dos pequenos esquilo que havia caçado. Ela se aliviou ao começar encher sua cesta com novas latas de comida, salgadinhos e garrafas d'água, sabendo que não precisaria raciocinar mais sua comida durante os próximos dias naquela longa viagem até Atlanta.
Ela estava começando a guardar alguns itens de higiene - absorventes e papel higiênico - dentro de sua mochila, junto com alguns dos enlatados; iria levar o restante na própria cesta, pois assim sabia que teria mais quantidade. Brooklyn estava agachada no chão, e levantou em um pulo ao ouvir tiros vindos da rua. Rapidamente suas facas foram sacadas, e a garota estava novamente em posição de defesa.
Não havia se encontrado ou convivido com humanos normais durante aquele tempo de apocalipse, e havia se acostumado a ficar sozinha. Brooklyn não sabia se ouvir aqueles tiros, seguidos de gritos e latidos de cachorro, era ou não um bom sinal. Não sabia se ainda haviam pessoas sãs depois daquele caos.
Correndo para a fachada da loja outra vez, a Dixon encarou um pequeno grupo correndo naquela rua, logo virando seu caminho até o estabelecimento. Uma criança corria na frente, juntamente com um cachorro de porte grande, enquanto a mulher que seguia elas tentava afastar os três infectados que as seguiam.
ㅡ Ei! - ela gritou para Brooklyn, logo empurrando a criança para entrar na loja. A Dixon, sem reação, apenas as observou correndo em sua direção.
A cachorra entrou primeiro, e logo a criança se jogou no chão. Correndo, a mulher entrou a tempo dela e Brooklyn fecharem a porta, observando os três errantes começarem a baterem no vidro, na tentativa de as alcançar. A Dixon se afastou da porta, apertando o cabo da faca, e fechando a expressão para as novas pessoas.
ㅡ Obrigada. - foi a primeira coisa que a mulher disse, ofegando e se apoiando em uma prateleira. Ela passou as mãos pelos cabelos da mais nova, olhando com bastante carinho para a mesma.
Brooklyn as observou com mais atenção, ainda sem responder a mulher. Elas tinham os mesmos cabelos ruivos armados e olhos verdes. Eram claramente mãe e filha. E aquilo foi confirmado por todo carinho que se tratavam naquele momento após a tensão passada.
A mais nova parecia um pouco assustada, mas lidando bem diante àquela situação de fim de mundo. Agarrada ao pescoço de uma pastora-alemã, ela se contentava a não olhar para a porta à frente delas, onde os três errantes continuavam a bater e tentar entrar.
ㅡ Não sei porquê resolvi ir para o centro. - a mulher começou a dizer, chamando a atenção de Brooklyn outra vez. ㅡ E não devia ter levado elas! - completou, falhando sua voz. ㅡ As coisas estão feias por lá. Temos que sair daqui, ou então mais deles irão aparecer. - concluiu.
Brooklyn franziu o cenho, vendo a mulher recarregar rapidamente a arma que estava em suas mãos. Ela sabia o que estava fazendo, e fazia sem dificuldades alguma. Por sua postura e manuseio com o revólver, a Dixon poderia ter um palpite sobre a profissão daquela mulher.
Ela também, finalmente, havia notado o sangue na manga da camiseta branca da mulher. O mesmo escorria por todo seu braço, e ela fazia uma expressão de forte dor a cada movimento executado.
ㅡ Você está ferida. - Brooklyn, pela primeira vez, murmurou. A mulher lhe olhou surpresa. ㅡ No braço... - apontou, e a outra tentou desviar o olhar.
ㅡ Não é nada. - ela sussurrou.
ㅡ Não parece ser nada. - a Dixon rebateu. ㅡ Está saindo muito sangue. Talvez precise de pontos. - ela continuou.
No fundo, continuava a se perguntar o porquê estava ajudando aquela mulher, ao invés de xinga-lá por trazer os infectados até ali.
ㅡ Acho que não vai resolver muito. - a mulher deu um riso sem humor, novamente com a voz falha em choro. Ela olhou sua filha, e novamente voltou a encarar a Dixon.
Brooklyn levantou levemente as sombrancelhas, falhando um pouco sua postura. Ela abaixou os ombros, desfazendo a pose de defesa, e também olhou para a criança ao lado delas, antes de olhar novamente para a mãe da mesma. Havia entendido o olhar da mulher, logo compreendendo o motivo do seu sangramento: havia sido mordida.
ㅡ Podemos dar um jeito nisso e sair daqui. - a mais velha começou sussurrando, olhando novamente os errantes. ㅡ Nossa casa é na rua debaixo, não longe daqui. Podemos voltar para lá... se você aceitar...? - não completou, pois esperou Brooklyn dizer seu nome.
ㅡ Dixon. - ela murmurou. ㅡ Brooklyn Dixon. - acenou justa com a cabeça.
ㅡ Prazer, Brooklyn. Sou Marie Phelps! - ela deu um sorriso leve. ㅡ Essas são Aurora, minha filha. E nossa fiel companheira, Luna. - apontou, respectivamente, para a filha e a cachorra.
Brooklyn viu a pastora-alemã*, que ainda lhe olhava com as orelhas em pé e pêlos arrepiados, se aproximando com cuidado. Ela a cheirou com cuidado e olhou para sua dona, que lhe fez um comando com as mãos, que foi o suficiente para a cachorra abaixar a guarda e começar a lamber a mão da Dixon, implorando por um carinho em sua cara peluda.
ㅡ Ela é bem treinada. - Brooklyn disse impressionada, cedendo o carinho para Luna.
ㅡ Luna é uma cachorra do exército, por isso. Meu marido a treinou, e ela o acompanhava nas missões. - Marie sorriu ao explicar. ㅡ E ela percebeu que você é de confiança, porque eu disse que era.
ㅡ Como pode ter certeza? - Brooklyn murmurou.
ㅡ Podia simplesmente trancar essa porta e nos deixar lá fora com infectados, mas não fez. - Marie disse simples.
Brooklyn a encarou em silêncio, desviando o olhar novamente para Luna. Ao mesmo tempo, um barulho chamou a atenção delas. Aurora arfou, se assustando e rastejando para longe da porta, ao ver que a mesma estava começando a trincar com a força colocada pelos corpos dos infectados.
ㅡ Abra a porta e eu acabo com eles! - Marie disse, se colocando em frente à porta e das duas garotas, ao mesmo tempo que sua arma estava sendo destravada.
ㅡ Não use a arma! - Brooklyn colocou a mão sobre o braço dela. ㅡ Isso vai acabar chamando atenção de mais cabeças podres! - explicou. ㅡ Fique você na porta, eu acabo com eles na faca.
ㅡ Mas... três contra uma?! - a Phelps perguntou indignada. Brooklyn deu um sorriso irônico.
ㅡ Acredite, eu consigo acabar com eles tão rápido quanto sua arma. - disse. ㅡ Sei o que estou falando! Confie em mim, mais uma vez. - completou, e Marie apenas confirmou.
A mulher guardou a própria arma, indo até a maçaneta da porta; Aurora e Luna a seguiram, ambas ficando atrás da mulher. Brooklyn girou suas facas nas mãos, novamente armando sua postura de combate, e sinalizou com a cabeça para a Phelps abrir a porta, enquanto permanecia com seus olhos fixos na mesma e nos errantes do outro lado.
Marie abriu a porta - usando a mesma como barreira para ela e as que estavam consigo -, logo vendo os errantes avançarem para dentro na direção de Brooklyn. A garota acertou o primeiro com um golpe no joelho, logo em seguida fincando sem dificuldades sua lâmina na lateral do cérebro podre.
O segundo veio com o braço esticado, mas a Dixon chutou o mesmo e fez o errante cambalear para o lado, assim se afastando um pouco. Isso a fez ganhar tempo para avançar no terceiro, usando seu braço no peito do infectado, para que seus dentes podres não alcançasse seu rosto. Ela o empurrou até a porta, apoiando o corpo ali para conseguir acertar sua faca bem no meio de sua testa.
Quando se virou, Brooklyn notou que o anterior havia conseguido se erguer da queda e estava avançando rapidamente em sua direção. Mas, sem antes mesmo dele conseguir erguer um de seus braços podres, Brooklyn já havia virado a faca em sua mão e feito a lâmina voar no ar, logo acertando o globo ocular e atravessando o cérebro do infectado.
O corpo caiu de joelhos, antes de bater com a face de frente no chão - fazendo a faca fincar ainda mais no cérebro -. Brooklyn o chutou para o lado, puxando o cabo de sua faca rapidamente outra vez, limpando o par na própria roupa daquele infectado. Ela deu um sorriso ladino, orgulhosa do trabalho, antes de se virar e encontrar mãe e filha lhe olhando surpresas.
ㅡ Disse que sabia o que estava fazendo. - disse, de forma convencida, à Marie.
ㅡ Realmente, e você faz melhor que eu. - a mulher respondeu, soltando um riso anasalado. ㅡ É melhor sairmos logo daqui. - ela completou, pegando suas bolsas outra vez e dando a mão para Aurora.
Brooklyn as observou saindo da mercearia e pensou por um instante. Podia simplesmente sair dali e seguir seu caminho, mas uma voz em sua cabeça dizia para não fazer. Ela xingou baixo por isso, se sentindo uma completa idiota por ajudar estranhos, e correu para recolher sua cesta e bolsa no fundo do estabelecimento.
꩜꩜꩜꩜
ㅡ Estão aqui esse tempo todo? - Brooklyn perguntou para Marie, logo após entrarem em uma casa.
A garota observou a sala do lugar, que estava com as janelas tampadas com panos, um colchão ao lado do sofá, e alguns suprimentos no balcão da cozinha. Era uma casa arrumada, de uma família classe média americana.
ㅡ Essa é nossa casa desde sempre, apenas adaptamos para o apocalipse. - Marie explicou, se sentando no sofá. Ela estava bastante pálida e soando frio. ㅡ Escolhemos ficar juntos na sala, e meu marido e eu nos revezavamos para sair e ir atrás de suprimentos.
ㅡ E onde ele está?
ㅡ Papai virou um dos bichos. - Aurora quem disse, com um fio de voz. Marie lhe deu um sorriso triste, a trazendo para mais perto de si.
ㅡ Desculpa. - Brooklyn murmurou sem jeito por sua pergunta.
ㅡ Está tudo bem. - Marie disse. ㅡ Theo não chegou a realmente se transformar, ele... ele evitou isso. - completou, logo tratando de mudar o assunto para não chorar novamente. ㅡ Está sozinha, Dixon?
ㅡ Me separei dos meus irmãos no primeiro dia. Estou indo para Atlanta procurar eles. - ela respondeu simples.
ㅡ Soube do centro de refugiados? - a garota assentiu. ㅡ Estávamos indo para lá também. Theo recebeu um chamado para ajudar na operação, mas recusou para ficar com a gente.
ㅡ Então o centro de refugiados realmente existe. - Brooklyn afirmou.
ㅡ Assim eu espero. - Marie disse, logo olhando para a garota. ㅡ Brooklyn, eu sei... eu sei que somos apenas estranhas que apareceram em seu caminho no fim do mundo. Eu também desconfiaria disso, e entendo se você negar o que irei te pedir...
ㅡ Não estou desconfiada. - a Dixon resmungou, mexendo desconfortável no lugar. Marie deu um pequeno sorriso.
ㅡ Você sabe o que irá acontecer comigo. - ela continuou, apontando o ombro machucado. ㅡ Aurora e Luna não podem ficar sozinhas.
ㅡ Eu mal sei cuidar de mim! - Brooklyn rebateu.
ㅡ Por favor... - Marie continuou. ㅡ Ela é só uma criança, precisa de alguém. - ela sussurrou.
Brooklyn suspirou, olhando para a mulher e depois para a garota ao seu lado. Aurora também olhava sua mãe, parecendo confusa com toda aquela conversa; enquanto Luna, como se pudesse sentir o peso do ambiente, havia subido no sofá e deitado no colo de sua dona. A Dixon respirou fundo mais uma vez, antes de ter sua decisão final.
ㅡ Olha, mas você quem vai explicar o que está acontecendo aqui. - ela disse.
ㅡ Eu vou! - Marie respondeu. Brooklyn assentiu, começando a deixar as duas à sós para aquela conversa. ㅡ Ei, Dixon... - ela se virou novamente para a mulher. ㅡ Obrigada! - a Phelps disse com sinceridade, e a mais nova deu outro aceno com a cabeça, sem saber ao certo o que responder.
Brooklyn caminhou até a cozinha, se encostando no balcão da pia e ainda podendo enxergar as duas sentadas no sofá. Ela observou Marie virando Aurora de frente para si, suspirando fundo e então começando a conversar seriamente com a filha. Assim que a mais velha abaixou a gola de sua camiseta, revelando uma enorme mordida expondo sua pele, e a garotinha começou a chorar, a Dixon desviou o olhar.
Ela nunca havia tido uma figura materna ou feminina em sua vida. Havia sempre sido criada apenas por seus irmãos, e os mesmos nunca lhe apresentaram alguma namorada - e nem sabia se os dois tiveram alguma -. Brooklyn também não se lembrava de sua mãe, seja do seu rosto ou voz, já que era muito pequena quando sua casa foi incendiada com Margareth Dixon dentro.
Brooklyn não tinha memórias com sua mãe, e não sabia dizer se em algum momento de sua vida sentiu a falta dela. Ela não sabia o que Aurora poderia estar sentindo naquele momento, mas acreditava que era um sentimento forte; afinal, era apenas uma criança e que havia perdido os pais para aquela droga de apocalipse.
A Dixon se permitiu olhar novamente para a sala, agora encontrando a cena das duas abraçadas. Aurora chorava profundamente nos braços de Marie, que também deixava suas lágrimas caírem e abraçava sua filha. As duas estavam em silêncio, mas não haviam mais palavras que poderiam ser ditas naquele momento.
ㅡ Brooklyn... - Marie a chamou, e a Dixon ficou sem jeito por ter sido pega observando-as.
Brooklyn voltou para a sala com suas mãos no bolso da calça, ainda em total silêncio e tentando não encarar novamente a cena de mãe e filha, que rompiam lentamente aquele abraço. Marie sorriu triste para Aurora, limpando as lágrimas da garota e em seguida deixando um demorado beijo em sua testa.
ㅡ Nós conversamos. - Marie começou em um tom baixo. ㅡ Aury sabe que irá com você.
ㅡ Tudo bem. - Brooklyn respondeu baixo. A Dixon trocou um olhar com Marie, indecisa se deveria fazer a pergunta que desejava ou se continuava em silêncio. ㅡ Você... - a garota gesticulou o ombro da mulher, sem conseguir perguntar aquilo na frente da mais nova.
ㅡ Não se preocupe com isso. Pelo menos não por enquanto... - Marie percebeu seu impasse. ㅡ Vocês podem sair amanhã pela manhã, já que falta pouco tempo para anoitecer. - ela continuou observando a janela. ㅡ Pode usar meu carro. O tanque está cheio e há um galão reserva de gasolina. Acho que será suficiente para avançarem um pouco no trajeto.
ㅡ É, eu acho que sim. - Brooklyn murmurou. Ela observou Aurora, que ainda estava agarrada na mãe. ㅡ Olha, eu vou ficar de vigia. Vocês podem dormir um pouco. - ela disse, se dirigindo até a janela da sala.
Ela se sentou na poltrona que havia ali, após desligar as luzes. Marie parecia com medo de continuar ao lado de Aurora, mas não resistiu ao ver a filha se ninhar ao seu lado e Luna deitar do seu outro lado no sofá. A mulher continuou fazendo um carinho nas duas, até que aos poucos o choro da Phelps mais nova foi diminuindo e o sono profundo lhe dominou.
Brooklyn suspirou enquanto observava a garota, imaginando como iria cuidar de uma criança naquele fim de mundo. Mal mantia a si própria em segurança, não sabia se poderia cuidar de Aurora e Luna também.
꩜꩜꩜꩜
Marie havia se deitado no sofá menor, logo quando percebeu que Aurora realmente estava adormecida. Brooklyn ainda estava de vigia na janela, mesmo que nada havia acontecido durante toda a noite. Quando o dia começou a demonstrar pequenas faíscas de luz, a garota ouviu um pequeno barulho vindo da Phelps mais velha no sofá.
Em alerta, Brooklyn pegou uma de suas facas e caminhou com cuidado até o sofá. Observou Marie se remexendo durante o sono e também muito suor em sua testa, além de sua pele ainda mais pálida e olhos fundos. A Dixon ficou parada, esperando qualquer próximo movimento da mulher, para então se certificar se ela havia ou não se transformado.
ㅡ Ainda sou eu... - Marie sussurrou, com os olhos levemente fechados. Brooklyn suspirou, abaixando seus braços e ombros. ㅡ É boa em ouvir mínimos detalhes, garota. - ela disse, enquanto se sentava com dificuldades.
ㅡ Meus irmãos me ensinaram a caçar. Deve ser por isso. - Brooklyn disse, oferecendo ajuda para Marie.
ㅡ Eu não sei até quando vou aguentar. - Marie disse, fechando os olhos para tomar fôlego. ㅡ Eu sinto que a infecção já está por todo meu corpo.
ㅡ Você vai fazer antes dela acordar? - Brooklyn perguntou, se referindo à Aurora.
ㅡ Não, definitivamente não. - Marie respondeu. ㅡ Mas, posso te ajudar a colocar algumas coisas no carro enquanto isso. Vamos... - ela disse, caminhando até a porta da garagem.
Porém, Brooklyn não deixou Marie fazer tantos esforços - até porque a mesma não aguentava mais -. Sozinha, a garota colocou alguns dos fardos de enlatados e engradados de água no porta malas, além do galão de gasolina indicado pela Phelps. Após deixar sua própria mochila no banco do passageiro, a Dixon fechou a porta e caminhou até a mulher encostada no batente da entrada da garagem.
ㅡ Você tem alguma arma de fogo? - Marie a perguntou.
ㅡ Não, me viro apenas com minhas facas. Ainda não enfrentei uma situação que uma arma seria útil. - Brooklyn respondeu.
Marie acenou para ela a seguir, e as duas acabaram em um armário de metal no canto da garagem. A Phelps destrancou o mesmo e Brooklyn ficou com a boca aberta ao ver seu conteúdo. Várias caixas de munições, armas de longo alcance e também pistolas pequenas.
ㅡ Você sabe usar? - Marie perguntou, enquanto pegava um rifle e colocava na mão da Dixon.
ㅡ Depende, você é uma policial? - ela perguntou. Marie sorriu e assentiu.
ㅡ Eu sou da delegacia local e meu marido era um policial militar. - respondeu. ㅡ Esse nosso pequeno arsenal era maior, mas boa parte da munição e armas já foram usadas.
ㅡ Uau! - Brooklyn sorriu, como uma criança ganhando um novo brinquedo, enquanto testava a mira do rifle. ㅡ Eu sabia que era alguma coisa do tipo. Ou era policial, ou uma foragida muito boa com armas. - Marie deu uma risada para valer, e a Dixon sorriu pequeno ao fazê-la rir mesmo na situação que estava.
ㅡ Você não me respondeu, mas acredito que sei a resposta. - Marie disse com humor. ㅡ Vem de uma gangue, Dixon?
ㅡ Só de uma família difícil. - Brooklyn respondeu com um sorriso de canto.
ㅡ Acho que isso não faz mais diferença nos dias de hoje. - a Phelps continuou, colocando várias caixas de três tipos de munições diferentes: para o rifle de Brooklyn, para uma pistola calibre 38 e também balas para o tipo de revólver que Marie segurava. ㅡ Ela era do meu marido, a única coisa que restou. Guarde ela depois que eu... - ela não completou. ㅡ Apenas guarde para Aury, está bem?
ㅡ Vou fazer isso. - Brooklyn sorriu.
ㅡ E essa é para você, além do rifle, Dixon. - ela entregou a pistola para a garota, que agradeceu e guardou no cós de trás da calça. Ela também passou a alça do rifle em volta de seu corpo.
Marie ouviu o chamado de Aurora na sala, e avisou que voltaria para cima. Brooklyn também deixou a sacola de munições no chão embaixo do banco do passageiro, antes de seguir pelo mesmo caminho da Phelps. Quando entrou na sala, a Dixon encontrou mãe e filha se despedindo mais uma vez; ao trocar um rápido com a mais velha, soube que aquela seria a hora.
ㅡ Aurora... - Marie começou, não evitando as lágrimas, e alisando os cabelos ruivos da sua filha. ㅡ Sabe que a mamãe te ama muito, minha princesa. Não vou saber te dizer tudo o que quero em tão pouco tempo... - sua voz falhou. ㅡ Apenas me prometa que vai continuar sendo essa garota forte. Cuide de Brooklyn tão bem quanto ela vai cuidar de você, está bem? - a garotinha assentiu. ㅡ Quero te dar algo...
Marie retirou um colar de seu pescoço. Era um pingente pequeno de coração, bem delicado, preso em uma corrente fina e dourada. Ela a colocou no pescoço de sua filha, sorrindo triste enquanto o ajeitava por ali.
ㅡ Sempre vou estar com você, te protegendo. Saiba disso sempre que olhar o colar, Aury. - ela disse entre o choro. Aurora, também chorando, pulou no pescoço de sua mãe. ㅡ Eu te amo, minha pequena sobrevivente. - a mulher sussurrou, cheirando uma última vez o doce perfume dos cabelos de sua filha.
ㅡ Também te amo, mamãe. - Aurora murmurou com sua voizinha embargada. Luna havia se aproximado, lambido o rosto de Marie e deitado em suas pernas - ela também parecia triste no momento -.
ㅡ Cuide dela, garota. - a mulher disse, sorrindo fraco e coçando a cabeça do animal. ㅡ Dixon... - Marie se levantou, deixando Aurora sentada no sofá, abraçada ao pescoço de Luna.
Brooklyn, que até então estava afastada apenas observando a cena, dando privacidade para o momento mãe e filha, se aproximou com cuidado. Ela foi pega de surpresa com Marie lhe abraçando, e correspondeu sem jeito, dando dois tapinhas fracos nas costas da mulher.
ㅡ Você deve me achar uma louca. - Marie riu entre as lágrimas. ㅡ Uma louca desconhecida, que você fez a caridade em ajudar, e agora tem que cuidar da minha filha!
ㅡ Ela simplesmente não pode ficar sozinha. Não com aquelas coisas lá fora. - Brooklyn murmurou. ㅡ E sinto muito, de verdade, por isso tudo.
ㅡ Está tudo bem, Brooklyn. - Marie deu um pequeno sorriso. ㅡ Você é uma boa garota, pude perceber isso em tão poucas horas. Tem um coração puro, mesmo que não seja capaz de reconhecer. - continuou. Brooklyn a ouvia em silêncio. ㅡ Você vai fazer história nesse mundo de merda, Dixon. Vai vencer ele, matar cada doente que puder, ser a única sobrevivente a ficar de pé nas batalhas, e continuar lutar pelo certo. E, quando isso tudo acontecer, por favor se lembre da maluca que te avisou que conseguiria! - a Dixon deu uma pequena risada, não controlando uma rápida lágrima de emoção.
ㅡ Obrigada, Marie. - ela sussurrou.
ㅡ Não, eu que devo lhe agradecer! Mais uma vez. - a mais velha sussurrou. ㅡ Só mais uma coisa... - ela continuo, se aproximando mais da garota. ㅡ No quintal, eu... eu enterrei meu marido lá...
ㅡ Eu vou fazer o que é preciso. - Brooklyn compreendeu, e sorriu fraco.
ㅡ Tudo bem... - Marie suspirou fundo. Ela verificou o tambor do revólver, notando que havia apenas uma única bala ali. ㅡ Eu estarei lá fora. - disse, estendendo a mão para Brooklyn.
ㅡ Eu sinto muito. - ela sussurrou uma última vez, aceitando o toque. Marie apenas sorrriu.
A mulher se virou novamente para Aurora, a abraçando e a guardando alguns minutos em seu peito. Brooklyn podia notar o movimento dos ombros da garota, devido ao seu forte choro, e percebeu o rosto molhado da mesma ao seu afastar da mãe, depois da mesma lhe dar um demorado beijo na bochecha. Marie tocou levemente no ombro da Dixon, lhe dando um fraco sorriso, antes de caminhar até a porta da cozinha, que levava para os fundos da casa.
Brooklyn permaneceu parada no meio da sala, e olhou para Aurora no sofá. A garotinha estava agarrada a um ursinho de pelúcia, ao mesmo tempo que escondia seu rosto no corpo felpudo de Luna; seu choro ainda era baixinho, e os soluços movimentavam seu corpo. A Dixon voltou a olhar na direção que Marie havia seguido, observando a mulher através do vidro da porta.
A mulher estava de costas, mas Brooklyn percebeu a mesma dar um longo suspiro, antes de erguer lentamente a mão que segurava a arma em direção a lateral de sua cabeça. O gatilho foi apertado, e Brooklyn leveu um pequeno susto com o barulho do disparo; ainda pôde ver o corpo cair no chão e o barulho da arma também atingindo o mesmo.
Ela desviou o olhar da cena, balançando a cabeça e enxugando o rosto, que nem percebeu se molhar com as lágrimas involuntárias. Ouviu o choro de Aurora aumentar um pouco, e viu as mãos da garota apertarem ao redor de sua cachorra. Brooklyn ficou sem saber o que fazer, e achou que o ideal seria deixar a mais nova ter o seu momento.
ㅡ Sinto muito, garota. - ela murmurou com a voz fraca. Aurora virou um pouco a cabeça, e a Dixon pôde ver seus olhos vermelhos e rosto totalmente molhado de lágrimas.
Brooklyn mexeu os lábios em uma linha reta, na tentativa de um sorriso de apoio, e voltou a abaixar a cabeça. Ela deixou o cômodo, indo até a cozinha outra vez, onde logo começou a procurar uma toalha de mesa nas gavetas do armário. Quando achou, a garota abriu a porta do quintal e suspirou fundo.
Ela evitou olhar nos olhos sem vida de Marie, e logo tratou de tampar o corpo dela com aquela toalha. Brooklyn procurou uma pá, e começou a cavar uma segunda cova ao lado da qual já ali. Tirou seu colete, o rifle - que ainda estava em suas costas -, prendeu o cabelo e começou a cavar a terra rapidamente, a fim de terminar o quanto antes aquele trabalho.
Fazia tudo em silêncio, ainda tentando aceitar tudo que estava acontecendo consigo, e se agora estava mesmo responsável por uma criança e uma cachorra. Só tinha dezessete anos, em meio ao fim do mundo; mal sabia cuidar de si mesma. Brooklyn passava dias sem se alimentar direito, seguia rapidamente a pé seu caminho - que, se não fosse por placas, mal saberia onde estaria -. Estava ferrada, e ainda preocupada com seus irmãos. Era muito para alguém daquela idade, que deveria se preocupar com coisas totalmente diferentes, processar em tão pouco tempo.
Limpando o soar da testa, Brooklyn saiu do buraco recém aberto e pegou o corpo com cuidado para colocar ali dentro. Voltou a jogar a terra por cima da toalha, agora encharcada de sangue, e nesse instante ouviu a porta do quintal se abrir outra vez. Ela suspirou fraco, quando viu que era Aurora parada ali, apenas olhando a cena.
Em silêncio, a garotinha tornou a andar, se aproximando até onde Brooklyn estava. Aurora carregava uma pequena flor em suas mãos, e, com cuidado, a colocou sobre o monte de terra recém formado. Ela ainda estava com algumas lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto, mas parecia ter se acalmado um pouco, quando ficou encarando as duas covas em sua frente.
ㅡ Olha... Podemos ficar aqui mais hoje, ou alguns dias, se você quiser. - Brooklyn, parada atrás dela, arriscou dizer. ㅡ Eu não me importo.
Ela se importava na verdade.
Acreditava que quanto mais rápido partissem, mais rápido chegariam em Atlanta. Mas, Aurora era apenas uma criança que havia perdido os pais, que precisava de um tempo para lidar com tudo, e que não merecia ser usada como alvo do mal-humor de Brooklyn - que precisaria aprender a controlar o mesmo daquele dia em diante -.
A Dixon entendia aquelas coisas, e poderia abrir uns dias daquela viagem, se Aurora precisasse deles.
ㅡ Tudo bem, Dixon. - Aurora sorriu para ela, limpando as lágrimas. ㅡ Mamãe conversou comigo ontem, disse que deveríamos ir rápido para o centro de refugiados.
ㅡ Você tem certeza? - Brooklyn perguntou. ㅡ Não quer... se despedir deles mais um pouco?
ㅡ Eu estou bem! - Aurora afirmou. Ela sorriu, tocando o colar que sua mãe havia lhe entregado. ㅡ Sei que eles estarão comigo por onde eu for. - completou.
ㅡ 'Tá legal... - Brooklyn começou, pigarreando e se abaixando para recolher suas coisas e a arma jogada no chão. ㅡ Se é assim, vamos agora, está bem? Tem alguma coisa que quer pegar? - Aurora assentiu. ㅡ Vai lá então!
Aurora olhou para trás outra vez, se abaixando e beijando a ponta os dedos, antes de encontar eles levemente nas duas covas. Ela se levantou, correndo novamente para dentro. Brooklyn a observou entrando, antes de se sentir observada; olhando para baixo, notou que Luna estava sentada aos seus pés, lhe olhando com a cabeça tombada e uma das orelhas caídas.
ㅡ Não me olha assim, monstrinho. - Brooklyn soltou um riso anasalado, esfregando as orelhas da cachorra e vendo a mesma começar a abanar sua cauda na grama. ㅡ Você conseguiu me ganhar fácil... adoro cães! - a garota sorriu. ㅡ Mas, se contar para alguém, eu esqueço tudo isso! - Luna latiu, como se compreendesse, e lambeu a mão da Dixon, que deu um pequeno sorriso.
As duas também entraram dentro da casa, e Brooklyn procurou Aurora pelos cômodos. A garota estava em seu próprio quarto - paredes em um tom de rosa claro, vários brinquedos espalhados e também uma cama com fronhas e lençóis de princesas -, montando uma pequena mochila para si. A Dixon a observou colocar alguns livros de colorir, pequenos brinquedos de plásticos, uma boneca e uma escova de cabelos.
ㅡ Não vai levar roupa? - a mais velha perguntou, um pouco indignada.
ㅡ Óbvio que vou! - Aurora respondeu, apontando para sua cama, onde haviam três trocas separadas. Ela as colocou dentro da mochila, supreendendo a Dixon por caber perfeitamente.
ㅡ Mais alguma coisa? - ela debochou.
ㅡ Só uma... mas está na sala. - a Phelps respondeu. ㅡ Temos que pegar as coisas da Lulu também!
Brooklyn olhou para cima ao se lembrar daquilo, pois seriam mais coisas para se carregar. Tinham um carro agora, mas sabia que em algum momento teriam que continuar a pé. Ela pediu para a garota lhe seguir com um aceno de cabeça, e as duas voltaram para a sala. Aurora apontou o armário onde as coisas de Luna ficavam, e então a Dixon seguiu até ele.
Ela pegou o pote de ração comum que havia ali, que estava totalmente cheio, algumas rações enlatadas reservas, e também um pacote de petiscos que estava ao lado. Brooklyn pegou quantidade que achou necessária, imaginando que poderiam buscar por mais durante sua viagem - afinal, tinha certeza que os mercados ainda estariam abastecidos com comida de cachorros -. A Dixon também separou as duas vasilhas da cachorra, uma para comida e outra para água, e juntou tudo em cima do balcão.
ㅡ Aurora, eu vou procurar uma... - Brooklyn dizia ao voltar para a sala, parando ao encontrar a garota sentada no sofá.
Ela parou ao notar o silêncio da mesma, se aproximando com cuidado. Aurora segurava um porta retrato em suas mãos, e a foto era da família Phelps em um aniversário da garota - a Dixon, olhando a vela em cima do bolo, notou que se tratava do último comemorado antes do apocalipse -.
ㅡ Era isso que faltava para você pegar? - perguntou, mesmo sendo o óbvio, e Aurora assentiu. Brooklyn suspirou, se sentando ao lado dela no sofá. ㅡ Tudo bem, vem aqui. - ela sussurrou. Aurora abraçou a cintura de Brooklyn e chorou de verdade, colocando tudo o que precisava para fora.
A Dixon não era muito boa com palavras reconfortantes, mas permaneceu em um silêncio apoiador para a garota; era isso que seu irmão sempre fazia consigo: Daryl não dizia muitas coisas também, mas ficava abraçado e ao lado dela sempre quando a mesma chorava. Aquilo sempre ajudava Brooklyn, e talvez pudesse ajudar Aurora naquele momento também.
ㅡ Obrigada, Dixon. - Aurora disse, ao se recuperar, limpando o rosto com as mãos.
ㅡ Me chame de Brooklyn, garota. - ela respondeu, se levantando. ㅡ Guarde isso na sua mochila, enquanto eu arrumo alguma caixa ou sacola para colocar as coisas da Luna. - disse, se levantando do sofá.
Brooklyn encontrou uma sacola retornável jogada na garagem, e achou o suficiente para guardar as coisas de Luna. Estava na cozinha as organizando, quando Aurora chegou com algumas coisas em suas mãos, a mochila nas costas e Luna ao seu lado. A Dixon olhou para elas, levantando a sombrancelha ao ver a garota colocar o que carregava em cima do balcão.
ㅡ O que isso?
ㅡ A guia e a coberta favorita da Luna. Ela tem esse pano desde que era um bebê, não podem se separar! - Aurora repondeu. Brooklyn olhou para tudo em silêncio, antes de revirar os olhos e também as guardar na sacola. ㅡ E isso é uma bolinha para brincarmos com ela. - a garotinha completou, também estendendo a mão com uma bolinha de borracha azul.
ㅡ Não vou brincar com ninguém! - Brooklyn resmungou, enquanto pegava o brinquedo para guardar.
Ela olhou para Luna, levantando a sombrancelha outra vez. A cachorra estava sentada em sua frente, com a cauda balançando, enquanto segurava um macaco de pelúcia em sua boca. Brooklyn revirou os olhos, pegando a sacola em suas mãos e começando a sair da cozinha.
ㅡ Todo mundo pegou o que precisava? - ela disse e revirou os olhos. As três entravam na garagem naquela hora.
ㅡ Espera! - Aurora correu até o armário de armas, que permaneceu aberto, e tirou um coldre lá de dentro. ㅡ Era do meu pai... pode me ajudar colocar?
ㅡ Você não tem nem arma para colocar aí, garota. - Brooklyn suspirou, mas já estava se abaixando na altura da mais nova. ㅡ Você prende como um cinto, vê? Aqui se coloca a arma. - ela explicou, enquanto prendia o objeto na cintura da mais nova.
ㅡ Posso ter uma arma então? - Aurora pergunta. ㅡ Não posso ficar sem proteção... - ela disse, e Brooklyn notou uma pontada de medo em sua voz.
ㅡ Não vai ficar sem proteção. Eu e Luna iremos te proteger, Aurora. - Brooklyn disse. Ela suspirou, olhando o revólver que estava em cima de seu colete no chão. ㅡ Vou te deixar ficar com isso... porque não acho certo ficar com algo que iria ser seu em algum momento. - a garota dizia, olhando o tambor e vendo que realmente estava vazio. ㅡ Mas... não irá atirar ainda. Na hora certa eu te ensino, está bem?
ㅡ Sim! - Aurora disse animada, pegando a arma. Ela a colocou no coldre, fechando o botão de proteção para a mesma. ㅡ Obrigada, Brookie!
ㅡ Chega de melação, garota. - Brooklyn disse, bagunçando os cabelos da mais nova e se levantando do chão. ㅡ Entrem vocês duas. - ela pediu, abrindo a porta traseira.
Brooklyn deixou Aurora e Luna subindo no carro, e voltou para o bagageiro do mesmo. Ela colocou a sacola com as coisas da cachorra e a mochila da Phelps por ali e fechou novamente. Voltou a colocar seu colete, depois de colocar o rifle também no banco do passageiro. Antes de entrar do outro lado, a Dixon abriu o portão da garagem e verificou que tudo estava limpo na rua.
Ela voltou novamente para o veículo e se sentou no banco do motorista, tirando a arma que havia no cós de sua calça e as capas de suas facas da cintura, jogando tudo no banco ao lado para as mesmas não lhe atrapalharem, e deu partida no carro. Após sair da garagem, a garota se preocupou em fechar novamente o portão, assim, deixando toda a casa trancada outra vez - o que não resolveria muita coisa naqueles tempos -.
ㅡ Aurora? - Brooklyn chamou, olhando a garota através do retrovisor. Ela olhava para a casa através da janela, um pouco perdida em pensamentos, e se despertou para dar atenção para a Dixon. ㅡ Podemos ir?
ㅡ Sim. - a Phelps respondeu, após dar um longo suspiro. Ela sorriu pequeno, acariciando Luna deitada em seu colo.
Brooklyn voltou a olhar para frente, ligando o carro outra vez para partirem. Ela manobrou, pegando a direção do caminho que levava à rodovia principal, deixando aquela rua cada vez mais distante. Ela voltou a olhar o retrovisor, notando que Aurora havia se virado para ver a construção se distanciando, e Luna estava da mesma forma sentada ao seu lado.
A Dixon suspirou, prestando atenção no caminho à sua frente outra vez, imaginando como seria o seu destino com aquela nova responsabilidade em suas mãos.
ㅤ
ㅤ
ㅤ
¡notes!
* gente 'pastora-alemã é bem
estranho, vamo combinar KKKK
mas pesquisei e isso realmente
está certo, então...
para leitores da primeira versão:
que glow up foi esse nesse cap
em que a Aurora e a Brooklyn se
conhecem em? Dessa vez não
parece simplesmente uma coisa
jogada, e as emoções da Aury
diante da morte da Marie foram
mais exploradas.
espero que estejam gostando
dessa nova versão de brutal e
também o aperfeiçoamento da
minha escrita. me digam o que
estão achando, e o que esperam
para os próximos capítulos!
Espero que tenham gostado.
Até o próximo capítulo! ❤
𝐟𝐢𝐪𝐮𝐞𝐦 𝐚 𝐬𝐚𝐥𝐯𝐨 🧟♀️
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro