
01. ᴇsᴛʀᴀɴʜᴏs ɴᴀ ᴄᴀsᴀ
MADELINE COLLINS
(...)
Um mês e sete dias, foi o tempo que fiquei presa naquele banheiro. Não comi nada nesse tempo, além de algumas barras de cereais que estavam na minha mochila. Água, era só da pia.
Nenhuma pessoa, viva ou morta, apareceu por aqui. Nenhuma autoridade conseguiu me achar. Só hoje, depois de finalmente perceber o silêncio lá fora, foi que decidi sair.
Afinal, era claro que não existia mais autoridades.
Coloquei a mochila, que estava apenas com uma troca de roupas e algumas flechas, nas costas e preparei minha besta.
Abri lentamente a porta do banheiro, tendo a certeza que o quarto estava vazio. Saí dali, entrando num corredor vazio e em um silêncio torturador.
Com a crossbow preparada, caminhei em total silêncio pelo longo corredor, até chegar na recepção. Ali também estava vazio, com a bancada revirada e sangue pelas paredes.
Finalmente saí do hospital, tampando um pouco os olhos da claridade, e ignorando o cheiro de morte que já estava presente. Olhei para os dois lados da rua, não encontrando nenhuma daquelas coisas vagando por ali.
Com o capuz da blusa, e a crossbow nas costas, andei rapidamente até minha casa. Ao ver a pequena cerca, que decorava a entrada, não pude deixar de sorrir. Mas, meu sorriso sumiu ao ver a porta da frente aberta.
Entrei na casa, tendo cuidado com qualquer coisa que aparecesse. A cozinha e o quarto dos meus pais estavam revirados. Meu pai havia ido até ali, buscar suas coisas, é claro. Ele abandonou a filha com a morte, para ir atrás da própria sobrevivência.
Idiota. - pensei, balançando um pouco a cabeça.
Resolvi ficar por ali. Afinal, não tinha mais para onde ir. Fechei todas as portas e janelas, colando lençóis nas vidraças da sala. Fui até a cozinha, onde fiz um sanduíche com pão velho, o que já ajudou a acabar com minha fome.
Me sentei na sala, pegando um porta retrato da minha família, que ficava na mesa de centro. Olhei para minha mãe, que sorria alegre para a foto.
Sem perceber, eu estava chorando, finalmente me lembrando do que havia acontecido. Eu matei a minha mãe, porque ela ia me matar. Não teve outra opção.
Coloquei a foto no lugar e me deitei no sofá, pensando o que faria a partir de agora. Não tinha mais ninguém comigo. Eu era apenas uma garota de quinze anos, sobrevivendo ao... apocalipse.
(×××)
Recolho a minha flecha, que havia atirado em um doente na minha frente, a colocando de volta no suporte da besta.
A coloquei nas costas e peguei a mochila no chão, entrando no mercado e indo direto na sessão de enlatados. Peguei todos que haviam sobrado, mais duas garrafas d'água. Saindo do mercado, peguei um pacote de chocolate, e fui comendo o mesmo até em casa.
Se minhas contas não estiverem erradas, se passaram dois meses desde que saí do hospital.
Nesse tempo, eu havia rodado a cidade, pegando algumas coisas para sobreviver. Enlatados, doces e até consegui uma arma no fundo do balcão de um bar. Peguei um coldre, que era do meu pai, e o coloquei na cintura.
Eu sabia como atirar. Além de aulas de arco e flecha, também tive prática de tiro com armas pequenas. O que iria me ajudar muito nos dias de hoje.
Minha casa já estava ficando perigosa. Muitos doentes estavam rodando ela pela noite, o que me fazia ter que ficar no segundo andar, no escuro. Então, resolvi a abandonar. Havia ido no mercado, para pegar mais coisas para comer.
Cheguei em casa, colocando mais algumas coisas na mochila. Minha faca - que também achei nas buscas - ficou junto com a pistola, no coldre. Coloquei algumas flechas extras na mochila, e guardei outras no próprio suporte da crossbow.
Vesti minha jaqueta de couro e amarrei meu cabelo, em um alto rabo de cavalo. Também deixei outro elástico no braço, apenas por precaução.
Olhei uma última vez para a casa, dando um longo suspiro. Saí dela, fechando a porta em seguida. Segurei firme na alça da crossbow, criando coragem para sair dali.
(...)
Já passava do meio dia. Eu tinha ido para o outro lado da cidade. Nesse caminho, tive que matar apenas um doente.
Enquanto passava na frente de uma casa, ouvi um grito vindo da mesma. Armei a besta, indo até lá. Subi os pequenos degraus da frente e entrei na casa.
Me assustei ao ver um homem deitado no chão, enquanto chorava e chamava baixo por dois nomes. Me aproximei dele, ainda com a besta em posição.
一 Moço? Você está bem? - pergunto, e ele se levanta, ficando sentado ali. O homem estava com roupas de hospital, e o reconheci como aquele policial baleado, à alguns meses atrás.
一 Você... isso é um sonho? - ele pergunta, parecia estar ainda assustado com o que estava acontecendo.
一 Infelizmente não. - respondo, finalmente abaixando minha arma. 一 O que aconteceu com você? - pergunto, apontando a atadura em seu abdômen.
一 Tiro. - ele responde baixo. 一 O que está acontecendo? - o mesmo pergunta, mas percebi que falava sozinho.
Aquele homem se levanta, se encostando nas paredes, e foi até a frente da casa. Acabei o seguindo, vendo o mesmo sentado na calçada. Ele parecia tentar entender o que estava acontecendo, então fiquei afastada.
Vi um doente vindo para nossa direção. Enquanto arrumava a crossbow, aquele homem tentava enxergar a coisa, provavelmente, ainda acreditava que ele seria uma pessoa.
一 Ei, NÃO! - corro até o estranho, que agora estava caído no chão.
一 Eu... pensei que ele era um infectado! - o garoto moreno, que acertou um pá na cara do mais velho, me disse arrependido.
Ouvi um tiro, e percebi que um homem havia atirado naquele doente, vindo correndo em nossa direção.
一 Qual o ferimento? - ele perguntou para o outro, que o olhou confuso. 一 Diga, ou então vou atirar! - diz sério, destravando a arma. Mas, o homem acaba desmaiando.
一 O que aconteceu com seu pai? - o garoto pergunta para mim, me deixando surpresa.
Fico sem reação, pensando em qualquer coisa para poder responder. Se eu negasse aquilo, eles acabariam matando o homem. Então, tive que mentir.
一 Ele foi baleado. - respondo simples, e acabei concordando com a idéia dele ser meu pai.
一 Tudo bem. Vamos entrar, antes que mais zumbis apareçam. - o mais velho diz, levando o outro consigo.
××××
N/A:
Desculpem qualquer erro.
Isso está ficando bom? 🤷🏼♀️
Espero que sim. 🤗
Até o próximo capítulo! ❤
Fiquem à salvo. 🧟♀️🧟♂️
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