
007. EU GOSTO DE UMA GAROTA.
—— DUSTIN! ELES FUGIRAM! —— Gritei, saindo da sala atrás do garoto.
Depois de alguns longos e perturbadores minutos procurando por eles, eu e Dustin decidimos parar um pouco pra respirar.
—— Você acha que a Robin gosta do Steve? —— soltei a pergunta, quase com medo.
—— O quê?
—— Sei lá... eles parecem mais do que amigos. E a Robin é legal e tal... —— Eu nem sabia explicar o porquê daquela curiosidade.
Mas a questão é que isso estava me incomodando. Essa dúvida batia na minha cabeça há tanto tempo que comecei a pensar: se eles realmente tivessem algo juntos, então todo aquele flerte do Harrington comigo não passava de piada.
—— Eu não sei... talvez sim, talvez não —— Dustin disse, enquanto tentava se comunicar pelo rádio. —— Pergunta pra ele.
Bufei, impaciente. Decidi dar um tempo daquilo tudo. A situação já era assustadora o suficiente. Caminhei até o banheiro mais próximo e me encarei no espelho.
Eu estava acabada, com sono, suada, exausta.
Joguei um pouco de água no rosto e, de repente, ouvi vozes vindas de uma das cabines. Era o Steve e a Robin, trancados lá dentro.
—— É que... essa garota que eu gosto, ela nunca me escolheria. A gente nem se falava no colegial. E acho que, se tivesse falado, ela teria me dado o fora mais cruel possível —— Steve desabafou. —— É bobagem.
—— Por que ela não escolheria o rei Steve? —— Robin perguntou com ironia.
—— Porque ela é foda demais pra mim. Ela é ótima investigando, inteligente pra caralho... mesmo que, às vezes, a inteligência dela me irrite —— completou Steve.
Robin apenas riu, baixinho.
Me sentei na pia do banheiro, ouvindo a conversa. Meu coração batia forte e rápido. Alguma coisa dentro de mim dizia que talvez... talvez fosse eu.
Talvez, pela primeira vez, alguém estivesse apaixonado por mim. De verdade.
—— Mas eu acho que devia desistir. Eu e essa garota... nunca ia dar certo —— Steve suspirou. —— Eu devia sair com alguém mais fácil, menos complicada... tipo você.
Robin riu de novo e, por um segundo, eu realmente achei que estivesse enganada. Não ia dar certo mesmo.
—— Steve... lembra quando eu falei sobre as aulas que a gente teve com a senhora Clark. Que eu sentava atrás de você... e era obcecada em você? —— Robin disse, mais baixo.
—— Lembro.
—— Não era porque eu tinha uma queda por você —— explicou. —— Era porque ela não parava de olhar pra você.
—— A professora Clark?
—— Não, idiota! A Tammy Thompson —— Robin respondeu. —— Eu queria que ela olhasse pra mim. Mas ela não parava de olhar pra você, e pro seu cabelo estúpido.
—— Mas, Robin... a Tammy Thompson é mulher —— Steve falou, com a maior lerdeza do mundo.
Naquele momento, levei a mão à boca pra abafar a risada. Não era possível que o Harrington fosse tão lento assim.
—— Steve...
—— Cara... que loucura —— ele murmurou, como se só então tivesse entendido.
—— E sobre a Sam... ela gosta de você também —— Robin disse. E meu coração disparou. —— Talvez não na mesma intensidade, mas gosta.
—— Achei eles! Vamos logo! —— Dustin gritou, abrindo a porta da cabine. E, mais uma vez, estávamos correndo por aí, fugindo de russos misteriosos.
Nos escondemos na praça de alimentação, ouvindo apenas os passos leves e calculados deles. Eu estava morrendo de ansiedade por dentro. Estávamos ferrados.
Segurei a mão do Dustin, que tremia de medo. Foi então que ouvimos o barulho do carro premiado... e o impacto dele contra o balcão onde nos escondíamos.
—— Will! —— gritei, ao ver o garoto com Jonathan e Nancy. Corremos até eles, aliviados por finalmente estarmos todos juntos.
—— Você tá bem? —— Jonathan se aproximou, tocando meus braços e meu rosto, procurando por machucados.
—— Eu tô bem —— respondi, rindo suavemente. Nancy veio até mim e eu puxei os dois para um abraço apertado. —— Eu tava preocupada.
—— Acredite, a gente tava bem mais —— disse Nancy, ao se afastar. Então olhou para o Steve atrás de mim. —— Estavam juntos?
—— Sim. Se não fossem por eles, acho que alguns russos teriam me matado —— falei, ofegante e eufórica.
—— Russos? Que russos? —— Jonathan perguntou, confuso.
—— Longa história —— respondi, já caminhando até o Will. Ele ainda estava em choque com tudo, claramente nervoso.
Abracei o garoto, que me segurou forte, como se também estivesse exausto.
—— Ele voltou —— Will sussurrou.
—— O quê? —— perguntei, me afastando.
—— El! Hein, El! —— Mike gritou, e todos olhamos para Eleven, que havia caído no chão.
Corri até ela, tirando o cabelo do seu rosto enquanto ela murmurava de dor e agonia.
—— El, o que aconteceu? —— perguntei.
—— Minha perna... minha perna —— ela gritava, desesperada. Nancy e Jonathan se aproximaram e começaram a remover o curativo.
—— Merda —— murmurei ao ver a quantidade de sangue e sujeira na perna da El.
—— El, tá tudo bem? —— Mike perguntava sem parar, enquanto ela gritava cada vez mais alto. Havia algo a mais ali.
—— Jonathan! Pega uma faca! Agora! —— gritei. Ele não hesitou e correu até um dos balcões.
—— Continuem falando com ela, não deixem ela desmaiar! —— avisei, respirando fundo e afastando todo mundo da perna dela.
Assim que Jonathan voltou com uma faca quente e luvas, coloquei tudo o mais rápido que pude e amarrei o cabelo.
—— Escuta, El... isso vai doer pra caramba, mas vai ficar tudo bem —— disse.
—— Morde isso aqui pra aliviar —— Jonathan entregou uma colher de pau.
Com o máximo de delicadeza que consegui, abri o corte na perna dela. El gritava de dor. Todos observavam com angústia, desespero... talvez até ânsia.
Joguei a faca no chão, respirei fundo. Em todos os meus anos cuidando de crianças em Hawkins, essa era a primeira vez que eu tirava um bicho sobrenatural da perna de alguém.
Enfiei dois dedos no ferimento, tentando encontrar a coisa entre a carne e o sangue, enquanto a garota gritava.
—— Sam! —— Nancy chamou, em pânico.
—— Cala a boca! —— gritei, no meio do desespero.
—— Já chega! Para! —— Eleven gritou, afastando minha mão. —— Eu tiro! Deixa que eu tiro!
Ela se sentou no chão e começou a puxar aquela coisa com seus poderes. Todos olhavam em silêncio, cheios de medo e agonia. Me afastei, deixando espaço.
E então, entre gritos, estalos e um vidro quebrando ao lado, a criatura gosmenta foi arrancada da perna dela. El a jogou longe.
—— Finalmente —— Joyce disse, chegando com Hopper e mais um homem que ninguém conhecia.
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