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—— EU TROUXE O ALMOÇO —— Gritei levantando dois sacos de almoço diferentes na sala vermelha do trabalho do Jonathan.

—— Por quê? —— Jonathan perguntou pegando seu saco com comida.

—— Porquê eu sou legal, e tava com saudades —— Eu disse me aproximando dele para ver as fotos. Observando um rato esquisito nas fotos que se contorcia sem parar.

—— Aí meu Deus, que porra é essa? Credo —— Disse com nojo.

—— Nossa escada pro sucesso —— Nancy completou pegando as fotos da mão de Jonathan.

—— Tem certeza? —— Eu e Jonathan falamos juntos olhando confusos para Nancy.

—— Vocês realmente são filhos da sua mãe —— Ela completou entre risos saindo da sala.

—— O que isso quer dizer? —— Perguntei.

—— Que se preocupam demais —— Ela gritou antes de sair da sala.

Logo ouvi uma buzina de carro e coloquei o almoço da Nancy na mesa.

—— Minha carona chegou —— Disse dando um beijo no rosto de Jonathan e me preparando para sair da sala.

—— Carona? Achei que iria querer que eu levasse você —— Jonathan perguntou indo atrás de mim.

—— Não se preocupe, o Steve me leva —— Disse saindo pela porta.

—— Harrington? —— Jonathan observou o garoto no carro.

—— Eae Byers —— Steve cumprimentou Jonathan.

—— Relaxa, nós somos amigos agora —— Completei antes de entrar no carro. —— Te vejo em casa.

—— Seu irmão tá precisando de umas férias hein  —— Steve comentou enquanto ligava o carro e pegava a estrada. —— Tá acabado.

—— Hein! —— Disse pegando uma rosquinha da caixa branca ao lado do banco.

—— Ok eu até entendo, nem todo mundo consegue ficar bonito trabalhando em tempo integral como eu —— Steve comentou convencido. —— E como você —— Ele disse sabendo que eu ficaria envergonhada novamente com o flerte desnecessário.

Apenas enfiei uma rosquinha de chocolate e granulado colorido na boca de Harrington enquanto ele dirigia até o shopping.

Quando o horário de almoço chegou, estava sentada na praça de alimentação sem nada para fazer, até observar Steve e Dustin se escondendo entre alguns vasos de planta de decoração.

—— O quê vocês estão procurando? —— Perguntei me aproximando de forma sorrateira deles.

—— Russos do mal —— Dustin respondeu.

—— Eu não faço ideia de como seja um Russo do mal —— Steve completou.

—— Alto, loiro e nunca sorri... —— Dustin completou. Enquanto Steve se distraia com algo totalmente aleatório, como um ex colega de classe flertando com uma garota.

—— Steve você é um péssimo espião —— Dustin pegou o binóculo dele. —— Eu não sei porquê fica atrás de garotas sendo que você tem a garota perfeita na sua frente —— Dustin completou.

—— Não se atre... —— Antes que Steve pudesse completar foi interrompido denovo.

—— Samantha.

Senti meu corpo gelar, era como se Dustin tivesse esquecido da minha existência ali e já tivessem entrado nesse assunto em outro momento.

—— Me dá aí —— Peguei o binóculo do Dustin ficando entre os dois garotos tentando procurar alguma coisa. E também para evitar todo aquele constrangimento.

Quando nossas investigações pararam, eu voltei para a loja de discos e continuei atendendo os poucos clientes nostálgicos e amantes de discos.

—— Byers! É pra você, Will Byers —— Carl completou atrás da loja. Caminhei até o telefone.

—— Aconteceu alguma coisa Will? —— Perguntei ouvindo garoto meio triste do outro lado da linha.

—— Eu... Eu precisava de você —— Will completou.

—— Você teve outro surto? Quer que eu ligue pra Joyce ou...

—— Não! Eu só briguei com os meninos e precisava de um tempo —— Will completou abafando a própria voz.

—— Eu chego aí em 10 minutos —— Completei antes de desligar o telefone.

—— Will?

Eu caminhei em passos lentos pelo corredor da casa vazia, podendo ouvir os passos de chuva do lado de fora. Lentamente abri a porta do quarto do Will, observando o garoto sentado na própria cama observando a janela.

Will olhou para mim e logo eu percebi seus olhos vermelhos, ele estava chorando, sem dúvidas nenhuma ele estava.

—— Eu trouxe sorvete —— Disse mostrando o pote de sorvete e duas colheres.

—— Eu só queria que fosse como antes... Entende? —— Will desabafava enfiando outra colher de sorvete de chocolate na boca.

—— Eu entendo, mas tem que entender também que as pessoas crescem, uma hora ou outra as coisas iriam mudar —— Eu tentei argumentar.

—— Mas não precisava ser agora —— Ele disse. —— Não sei nem porque eu tô tentando te falar isso, você tá mudando igual eles.

—— Como assim? Eu tô aqui Will.

—— Qual é! Você odiava o Harrington até ano passado, e agora vivem juntos e ele fica te dando carona pra casa —— Will completou.

—— Como sabe das caronas?.

—— Eu vejo, na verdade eu e a mamãe vemos vocês voltando pela janela da sala —— Ele completou envergonhado. Eu não sabia se ficava indignada ou ria de vergonha de toda aquela situação.

—— Escuta, paramos de brigar porquê somos adultos agora, as coisas mudam e as pessoas crescem ——  Completei.

Depois de longos 20 minutos de conversa, meu horário acabou e eu tinha que voltar para o shopping, me despedi de Will e prometi que quando voltasse jogariamos D&D.

Quando voltei ao Shopping dei uma leve passada na Scoops Ahoy, e antes mesmo que pudesse entrar no lugar, Robin me arrastou para fora no centro do shopping a procura de alguma coisa. Eu apenas a olhava atentamente, sem entender nada.

—— Robin tá fazendo o quê? —— Perguntei.

—— Eu descobri.

—— Descobriu o quê? —— Steve perguntou vindo logo atrás com Dustin.

—— Eu descobri o código —— Robin nós arrastou novamente para outro lugar, em meio a chuva.

—— O quê será que tem lá? —— Steve perguntou ao meu lado enquanto Dustin observava tudo pelo binóculo.

—— Armas, mísseis e bombas químicas... —— Soltei coisas aleatórias como resposta.

—— Independente do que seja, estão armados até o dente pra isso —— Dustin completou.

—— Ótimo, que legal —— Steve completou sarcástico. Logo se ouviu um trovão no céu e eu levei um leve susto.  —— Ainda tem medo de chuva Byers? —— Steve sussurou pra mim.

Apenas o olhei com raiva e voltei a olhar para os tal Russos do mal. Steve puxou minha mão pra sua e a apertou contra a sua como forma de segurança, eu não tinha medo de chuva, mas por algum motivo, eu me senti protegida naquele momento.

—— Deixa eu olhar! —— Steve tentou puxar o binóculo com a outra mão de Dustin.

—— O quê? Não! Saí Steve —— Dustin puxou devolta derrubando o binóculo no chão chamando atenção dos homens armados. Logo nos esprememos juntos em silêncio escondidos, e Steve agora segurava minha mão com mais força ainda, mas dessa vez ele que estava com medo.

E então corremos para dentro todos molhados e assustados.

—— É, achamos o seus Russos! —— Eu disse ofegante de tanto correr.

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