JULIE COOPER
Hoje é o dia que vou para o exército. Para ser sincera eu estou nervosa, sinto que algo estranho está para acontecer. Mas é assim que tem que ser e, três anos passam rápido afinal.
Estava no quarto terminando de me equipar. Já estava de farda, colete, meu coturno, minhas armas nos coldres, quando meu pai entra no quarto e fica encostado no batente da porta me olhando com orgulho.
一 E então? - Me virei para ele e apontei para meu corpo. 一 Como estou?
Ele me deu um sorriso sincero, caminhou até mim e colocou suas mãos em meu ombro.
一 Tá linda! - sorri 一 Minha menininha cresceu, virou uma mulher guerreira e vai vencer essa guerra com unhas e dentes. Vai lutar até quando não conseguir mais e, quando isso acabar... ela vai chegar em casa gritando pelo pai dela, pular no pescoço do velho e mostrar orgulhosa sua medalha. E ele vai estar sentado na poltrona, esperando a sua menininha de braços abertos! - senti meus olhos se encherem de água 一 Por isso eu te digo minha filha, não tenha medo de nada, tenha raiva! A raiva sempre vence o medo. Mas também tenha esperança, se algo não deu certo hoje, tente de novo amanhã e depois, tente até você conseguir! Eu amo você de mais minha filha. - Ele me deu um beijo na testa e me abraçou apertado.
Descemos as escadas juntos. Meu pai trazia minha mala, enquanto eu me despedia da minha mãe e irmã.
一 Minha filha... - minha mãe me abraçou e já estava chorando 一 Minha menininha vai para guerra. Oh meu Deus! - ela disse me olhando 一 Vai em paz minha filha. Volte para nós, estaremos te esperando. E lute! - disse com firmeza, me olhando e soltando algumas lágrimas. 一 Lute por nós, lute pelo seu país! Você consegue. Eu te amo minha filha, nunca se esqueça disso. - ela me abraçou de novo, mais forte dessa vez.
Só falta uma pessoa, Lilie.
一 Olha... - ela parecia não saber o que falar 一 Só... volta para mim, tá bom? Sei que a gente briga, mas eu te amo de mais. Eu não aguentaria te perder! - ela começou a chorar e eu lhe abracei chorando também.
一 Escuta pirralha... - fiz ela me olhar 一 Você não vai se livrar de mim tão fácil assim não, tá me escutando? - ela me deu um sorrisinho murcho 一 Ainda temos muita coisa para fazer juntas; ir para festas, tenho que ficar brava com seus "amiguinhos" - ela riu quando fiz aspas 一 E você sempre vai estar comigo... aqui, - mostrei o colar - e principalmente, aqui! - apontei meu coracão e abracei ela 一 Olha... tenho um presente para você, não que você vá usar ele... Mas, é só para você se lembrar de mim. - peguei uma faca da mochila 一 Se for usar, que seja para descascar laranja - pisquei para ela e todos já estávamos rindo juntos.
Mas, tudo que é bom, dura pouco. Ouvi uma buzina na porta de casa e sabia que era minha hora
一 Bom... eu tenho que ir, se cuidem, eu amo vocês!
Meu pai colocou as coisas no ônibus e comprimentou o Sargento Kilier. Me despedi novamente da minha irmã e dei um abraço forte em meus pais.
Por que tenho a sensação desse abraço ser o último?
Falei que amava eles e entrei no ônibus, o grupo todo já estava por lá. Sentei ao lado de Dante e acenei para minha família. Logo já entramos na estrada, rumo ao nosso "acampamento".
一 Dante... - chamei meu amigo que parece que estava longe em seus pensamentos 一 Você está bem? - Ele deu um longo suspiro antes de olhar para mim
一 Não sei... Meu pai morreu quando eu era criança, sempre foi eu e minha mãe... e agora, deixar ela sozinha... sei lá... tive uma sensação estranha. Eu me despedi dela e pareceria que era a última vez. - ele abaixou a cabeça meio triste.
一 Sei como é... - ele me olhou confuso - Que parece ser a última vez... - me expliquei 一 Tive essa sensação também. Mas não deve ser nada... em três anos estamos aí. - abri um sorriso sincero para ele que fez o mesmo para mim.
Eu espero estar certa.
O trajeto era longo. No começo, o Sargento Kilier foi explicando tudo sobre a guerra e já deixou grupos de seis pessoas separados, lá ele iria mostrar quem seriam os Tenentes de cada grupo. O meu até que não era tão ruim.
Nele estava: Eu e Dante (eu disse que somos uma dupla); Richard e Bob (eles são legais); Louis e Fred (dois dos três babacas que encheram o saco do Andy), o outro morreu naquele treinamento de abordagem mês passado.
O fato de ser a única mulher, de um grupo de sessenta pessoas, me deixava nervosa. Mas de certa forma, todos me "respeitam". Claro que tinha quem me olhasse torto, mas não diziam nada.
(...)
Chegamos no local já a noite. O Kilier estava dizendo que as duplas iriam dormir juntas, isso não era problema para mim. Bom... se minha dupla não fosse o Andy talvez seria sim.
O nosso chefe disse que "anunciaria" os Tenentes agora. Fomos para uma barraca bem maior, como se ali fosse uma sala de reuniões.
一 Bom... vou dizer agora os tenentes. Esses terão a responsabilidade de passar os planos para o grupo, manter a ordem do mesmo e participar das reuniões com o Conselho. Vou falar os nomes, por favor dêem um passo a frente.
Depois de um tempo chamando nomes, o Sargento falou um que me deixou surpresa.
一 Grupo número dez, será a Soldada Cooper. - antes mesmo que eu pudesse passar a frente o Fred se pronunciou.
一 Oi?! A Cooper vai ser a nossa "tenente"? - ele fez aspas e eu me segurei para não voar nele, mas antes disso o Sargento Kilier falou.
一 Sim soldado, algum problema? Por que se tiver, eu posso transferir o senhor. - Fred ficou calado 一 Ótimo. Alguém mais tem reclamação? - ninguém disse nada 一 Imaginei. Olha... eu vou deixar uma coisa clara para vocês... - ele se endireitou, colocou os polegares no local para cinto da calça e falou 一 Nós somos em cinco superiores e sessenta soldados. Desse grupo, a Soldada Cooper é a única mulher. Isso tem algum problema? NÃO! Sabem porque? Por que ela estudou, se esforçou e passou para cá como cada um de vocês... - disse passando o olho em cada um 一 ENTÃO, se eu ver ou saber que vocês estão tratando ela de forma diferente, espero ter entendido o que eu quis dizer, eu vou ter uma conversinha particular e, saiba que vocês vão ter a punição que merecem. Entendido?
一 SIM SENHOR
一 Ok. Podem ir para suas barracas, tenentes fiquem por favor.
Dante me olhou e eu sorri para dizer que estava tudo bem e ele logo saiu deixando eu e mais cinco caras a sóis com o Sargento.
O mais velho começou passando todas as instruções e falando que teríamos que informar nossos grupos ainda hoje. Perguntou se tínhamos dúvidas e quando respondemos que não ele nos dispensou. Na verdade os rapazes, já que ele pediu que ficasse eu ficasse.
一 Então Sargento, o que o senhor queria conversar comigo? - eu disse assim que os rapazes saíram da sala.
一 Julie Cooper, filha de Megan e John Cooper... é um prazer ter você servindo ao meu lado nessa guerra. - sorriu para mim de forma gentil e eu assenti sorrindo sem mostrar os dentes 一 Bom... mas não é isso que quero dizer. O que eu disse já reunião, talvez você não entendeu, mas se algum rapaz... - interrompi ele.
一 Senhor... eu entendi. - ele sorriu sem graça 一 E se eu passar por isso, pode ter certeza que vou informar o Conselho! - sorri também.
一 Bom... isso é tudo então, dispensada. - assenti e sai da barraca.
(...)
ANDREW DANTE
A Julie estava bem sem graça durante a reunião.
Quando o Sargento Kilier disse aquilo, acho que todos os caras entenderam, por que ficaram nervosos, olhando para o chão tentando disfarçar.
Qualquer um iria entender: O chefe dando uma bronca e falando que se alguém fizer alguma coisa com a única mulher do grupo iria sofrer consequências. Ele estava falando de estrupo.
Estava na barraca trocando de roupa quando um furacão, chamado Julie, entrou com tudo nela.
一 Mano, se não vai acreditar... - na hora que ela viu que eu tava sem blusa ficou sem graça 一 E-eu... f-foi mal, depois eu volto - ela ia sair quando impedi ela.
一 'Qualé Ju... só tô sem camisa. E outra, somos "best friends". E também, eu sou gay se você não sabe ainda. - Levantei as sobrancelhas e ri, ela só revirou os olhos 一 Mas... O que eu não acredito? - falei terminando de colocar a blusa.
一 Então "senhor gay"... - disse em tom sarcástico 一 O Sargento Kilier me mandou passar as instruções ainda hoje para o grupo, então eu vou procurar o nosso. E você... - apontou para mim com a mão na cintura 一 Vê se controla seu fogo, por que vai vir quatro caras aqui. - cruzou os braços em desafio, fiz o mesmo.
一 Então "ssenhorita tenente", me dá licença que vou tirar a calça, sentar na cama e esperar aqueles gatos vir aqui me... - ela me interrompeu.
一 MEU DEUS ANDREW, NEM TERMINA ESSA FRASE!! Eu vou lá que ganho mais! - ela saiu da barraca me deixando rindo sozinho do jeito que ela ficou sem graça.
Revisado. ✔
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