08.
𝐙𝐚𝐫𝐢𝐚 𝐀𝐜𝐜𝐢𝐨𝐥𝐢
📍𝐵𝑒𝑟𝑙𝑖𝑛, 𝐴𝑙𝑒𝑚𝑎𝑛ℎ𝑎
A CONVERSA com Kenan foi como se um peso tivesse saído dos meus ombros, ao mesmo instante parecia que a situação entre nós tinha ficado ainda pior.
Eu não o vejo a dois dias, e sinceramente foram os melhores dois dias da minha vida, na paz e sem ter que olhar para a cara dele. Mas hoje, infelizmente, era quase inevitável, era o primeiro jogo da Turquia na Eurocopa.
Encarei o meu reflexo pelo espelho pela quinta vez em menos de cinco minutos, eu usava a camisa da Turquia com o número dezenove atrás e o sobrenome Yildiz. Virei-me para olhar Adila sentada na cama encarando tudo com um sorriso.
— É sério, você está linda, Za. — Adila levantou-se, caminhando até mim — Olha, pensa assim depois que esse namoro de vocês acabarem, você pode achar outro gatinho. Mas eu ainda acredito que isso não vai acontecer, porque vocês vão viver esse sentimento que sentem um pelo o outro.
— Dila, não viaja. Eu não gosto mais do Kenan a tempos. — Respondi, olhando para ela —
Ela riu, negando.
— Eu não acredito nisso, nem você mesmo, Zaria — Ela falou, calma. —
Suspirei, cruzando os braços.
— Fale por você, eu sei do que digo. — Rebati, tentando manter a voz firme —
— Zaria, não se engane, mesmo você negando com tanta convicção, não acredito que você odeie o Kenan, essa mágoa toda que você guardou dele foi o que se transformou em um sentimento ruim. — Ela disse, aproximando-se e tocando meu ombro gentilmente —
Eu dei um passo para trás, a fim de encerrar esse assunto que estava acabando com meu dia que mal começou.
— Podemos não falar sobre isso… — Pedi, com a voz mais suave —
— Tá bom, mas só pensa nisso, Zaza. — Adila argumentou, com um sorriso genuíno —
Assenti, pegando a minha bolsa.
— Olha, eu não prometo nada. — Admiti, empurrando levemente o ombro dela — E seu namorando?
Adila sorriu, caminhando ao meu lado para fora do quarto.
— Se acredita que ele me mandou um buquê enorme de flores e uma carta se declarando. — Ela contou, com um sorriso bobo —
— Quem diria em, virou maria mucilon, Di. — Brinquei, tirando as chaves do carro da bolsa — Mas o importante é que vocês estão felizes.
— Sim, eu acho que me precipitei quando terminei com ele. Pelo menos deixamos tudo para trás e decidimos continuar. — Ela falou, ainda sorrindo. —
— Eu sabia que vocês iriam voltar, vocês são tão fofos juntos — Comentei, entrando no carro, e colando o cinto de segurança —
— Bom, acho que não conseguiria ficar muito tempo longe do meu yaya — Ela concordou, me olhando —
Dou partida no carro, sorrindo.
— Se aquele garoto atrevido fazer você sofrer ele vai conhecer Jesus mais cedo, ninguém machuca a minha melhor amiga — Avisei, prestando atenção nas ruas —
— Ah, pode deixar, ele não é louco. — Adila disse, em um tom divertido — Aliás, ele convidou a gente para o jogo da Espanha e, é claro que confirmei nossa presença.
Solto uma risada, balançando a cabeça.
— Vou poder ver jogadores bonitos finalmente… — Brinquei, sorrindo. —
— Zaria, para com isso tem jogadores bonitos na Turquia. — Ela saiu em defesa, em um tom indignada —
— Quem? — Perguntei, desviando o olhar para ela assim que o sinal ficou vermelho —
— O meu irmão — Adila respondeu, meio óbvio — O Arda também e outros.
Bufei, voltando a atenção para frente.
— Eu ainda não mudo minha opinião. — Respondi, convicta. —
— Tá, tá, eu sei que não adianta Insistir. — Ela suspirou, derrotada — Mas vamos a festa a noite, né?
— Você já viu Zaria Accioli negar festa? — Brinquei, sorrindo —
Estaciono o carro na vaga indicada, destravando o cinto de segurança.
— Não, acho que essa pergunta eu nem deveria ter feito. — Ela sorriu, saindo do carro —
Abro a porta, saindo do carro, e travando em seguida. Caminho ao lado dela para dentro do estádio.
— Ainda acho uma trairagem da tina, trocar a gente por homem. — Comentei, cruzando os meus braços —
— Por isso, eu falo que os homens da Juventus não prestam, primeiro foi o Federico que roubou a Kat, agora o Dusan roubou a Tina, só falta o Kenan roubar você de mim. — Ela respondeu, com uma expressão séria —
— Pode ficar tranquila ele nunca vai separar a gente. — Sorri, abraçando ela, enquanto caminhávamos para dentro —
— Eu não acredito! Então você é a nova namorada do Kenan Yildiz! — A voz masculina, atrás de nós duas fez nos virar para ver Lamine e Pedro —
Abro um sorriso genuíno, ao vê-los.
— Pedrão da massa! Que saudades! — Argumentei, com a felicidade palpável em minhas palavras, ele me puxou para um abraço —
— Você nos traiu por aquele turco, Zaria? — Pedro falou, se afastando para me olhar —
— Para de drama, homem. Não é porque estou namorando que não vou mais as nossas baladas juntos. — Respondi, com um sorriso —
— E os de verdade, eu sei quem são viu, Zaria. — Lamine dramatizou, desviei o olhar para ele —
— Ah, para o Pedro já é dramático, você também não — Comentei, puxando ele para um abraço — Estava com saudades também, criança.
— Criança não, eu faço dezessete daqui um mês. — Ele negou, se afastando, sorrindo —
— Espera! O que vocês estão fazendo aqui? — Adila perguntou, entreolhando os dois —
— Ver o jogo, o que mais faríamos em um estádio? — Lamine respondeu, e acabou levando um tapa na nuca de Adila — Aí, amor, me desculpa.
— Eu não sou obrigado a ficar de vela não. — Pedro disse, cruzando os braços —
— Tampa os olhos, ou arranja uma namorada, Pedro — Adila falou, cinicamente —
Solto uma risada, pela pequena discussão deles.
— Bom, vamos, Pedro. Somos dois de vela então, é melhor ficar longe de casal assim. — Brinquei, envolvendo o meu braço ao dele e caminhando para o camarote do estádio —
— Pelo menos alguém me entende — Ele sorriu, um sorriso que me fez retribuir — Olha, é perigoso seu namorado ficar com ciúmes se ver a gente desse jeito.
Reviro os olhos, ao ouvir ele falar de Kenan.
— Problema é dele. Somos amigos e nada mais, se ele ficar com ciúmes depois eu resolvo. — Falei, sem me importar muito, ele assentiu —
— Não está mais aqui quem falou, Zaza. — Pedro respondeu, levantando as mãos em forma de rendição —
— Desgruda, ela é minha, Pedro. — Adila falou, entrando no meio entre nós —
— Nossa egoísta, já roubou o Lamine e agora a Zaria? — Pedro negou, passando o braço por volta do ombro de Lamine — Não é mesmo, Lamine?
— Me tira dessa depois eu apanho. — Ele respondeu, tentando não opinar —
— Cachorrinho da namorada! — Pedro exclamou, negando freneticamente — O que essas mulheres fazem com os homens?
— Ei, me tira dessa, eu sou um amor de pessoa. — Argumentei, com um sorriso —
— Sonha, nunca desistir, ter fé… — Adila cantarolou ao meu lado, olhei indignada para ela —
— Eu nunca esperei isso de você, Adila. — Falei, fingindo um drama, ela riu —
— Concordamos, que ela não mentiu. — Pedro argumentou, sorrindo —
— Cala a boca, você não tem direito de fala porque não namora. — Rebati, em um tom mais sério, mas não pude deixar de sorrir —
— Eu sou só maltratado por essas mulheres. — Ele falou, colocando uma mão no peito —
— Entendo, meu amigo, não é fácil. — Lamine concordou, olhando para nós duas seriamente —
Mais dramáticos que Lamine e Pedro, era quase impossível de existir, mas acho que sem eles a nossa animação seria outra.
ꕥ
Depois da vitória da Turquia contra a Geórgia por três a um. Tínhamos decidido ir a festa que Adila tinha encontrado aqui nessa cidade em uma das pesquisas dela no google. O ruim era que um não podia beber e o outro bebeu como se não houvesse amanhã.
Além de ter que carregar Pedro de volta para o hotel, onde a seleção espanhola estava hospedada, tivemos que ajudar ele a entrar sem ninguém perceber. O coitado do Lamine ficou encarregado de levá-lo para o quarto.
Não tivemos como aproveitar muito a festa. Eu nunca mais ficaria encarregada de alguém. Pedro tinha estragado a nossa festa.
— Sério, eu vou matar o Pedro quando eu ver ele de novo. — Argumentei, seriamente —
— Isso que dá homem solteiro. — Adila comentou, começando a rir — Mas o Pedro caindo e levando o Lamine junto, é algo que eu vou zuar eles depois.
Solto uma risada, lembrando da cena de mais cedo.
— Coitado, depois dessa o Lamine nunca mais sai com a gente. — Falei, em um tom descontraído, ela assentiu —
— Certeza, ele bebendo refrigerante me fez ficar com dó. Mas ele só pode beber depois dos dezoito — Ela falou, simples —
— Isso mesmo coloque limites nele e de bom exemplo. — Disse, em um tom suave —
— Eu já sou um bom exemplo. — Ela apontou para si mesma, sorrindo —
Aperto o botão chamando o elevador.
— Coitada, se depender de você ele não chega aos dezoito vivo. — Brinquei, rindo. —
— Como amiga você é assim, nem quero imaginar como inimiga. — Ela falou, fazendo um sinal de cruz, entramos no elevador e apertei o botão para o nosso andar —
— Eu sou ainda pior, seu irmão é a prova disso. — Comentei, olhando para as portas de metais fechando —
Ela riu, cruzando os braços.
— Você falou com ele? — Ela perguntou, nego rapidamente —
— Não, ele não mandou mensagem e eu também não. — Dei de ombros, passando a mão pelo o meu cabelo —
— Vocês já estão a dois dias sem se falar, isso realmente é algo estranho, acho que sinto falta das brigas bobas de vocês. — Adila comentou, balançando a cabeça — Mas, sério, se vocês não aparecerem juntos vão aparecer vários rumores de um suposto término, você sabe como é a internet.
Assenti, sabendo que ela tinha razão.
— Eu sei, mas eu não me importo quem mais vai se prejudicar com tudo isso é ele mesmo. — Respondi, em um tom de indiferença —
— Pelo jeito isso nunca vai mudar mesmo… — Ela argumentou, com um sorriso sem graça —
— Desculpa, eu sei que ele é seu irmão, mas eu não o suporto, Dila. — Explico calma, ela assentiu compreensiva —
— Eu entendo, não precisa se explicar, Zaza. — Ela sorriu genuinamente e saiu do elevador — Boa noite, Za.
Ela desejou, ainda sorrindo, e entrou no quarto dela.
Caminhei em passos lentos até a última porta do corredor que era do meu quarto, parei em frente a porta e procurei pelo cartão magnético na bolsa.
— Merda! Onde eu deixei isso! — Murmurei para mim mesma, ainda procurando o cartão na bolsa —
Depois de longos segundos finalmente encontrei perdido pela bolsa, abri a porta, entro no quarto e tomo um susto após fechar a porta e a luz se acender sozinha. Virei-me rapidamente para onde tinha escutado um barulho.
Solto um suspiro aliviada, ao ver que era Kenan que estava no quarto sentando na poltrona, com uma expressão séria no rosto.
— Que merda você está fazendo no meu quarto? E como conseguiu entrar? — Perguntei, seriamente, ele continuou do mesmo jeito — O que foi? O gato comeu a sua língua também?
Kenan levantou da poltrona com o olhar fixo no meu se desviar a nenhum momento, os olhos escuros pareciam perfurar os meus enquanto ele se aproximava.
— O que você estava fazendo com o Pedro? — Ele perguntou, em um tom firme, dei um passo para trás sentindo a porta fria contra minhas costas —
— O que importa o que eu faço com o Pedro? — Respondi, tentando manter a voz firme, pela nossa aproximadamente — Ele é só um amigo, ao contrário de você, que eu faço questão de manter bem longe.
Ele parou a poucos centímetros de distância, e o ar ao redor ficou eletrificado pela tensão. Kenan inclinou a cabeça ligeiramente, observando cada movimento meu que fazia minha pele arrepiar.
— Você pode me odiar o quanto quiser, Zaria. — Ele disse, a voz baixa, mas em um tom carregado de seriedade — Mas isso não vai mudar o fato de que eu sempre estarei por perto… de um jeito ou de outro.
A raiva subiu à superfície, cerrei os punhos ao lado do corpo, odiava o fato de que ele conseguia me tirar do sério tão facilmente.
— Você é um idiota, Kanan. — Cuspi as palavras, tentando controlar o tremor na voz — Se acha que pode aparecer assim, do nada, invadir meu quarto e ditar com quem eu devo ou não andar, está muito enganado.
Ele não se mexeu, mas os olhos dele brilhavam com algo que eu não conseguia decifrar. Era como se ele tivesse lutando contra algo dentro dele, uma guerra que refletia em cada gesto contido.
— Eu só quero garantir que você não faça escolhas que vai se arrepender. — Kenan disse, finalmente, a voz fria, mas com um toque de algo mais profundo, que ele estava tentando esconder —
— A única coisa que eu me arrependo na minha vida foi de te conhecer, Kanan. — A minha voz saiu mais indiferente, do que eu esperava —
— Você acha isso mesmo? Que essas palavras são verdadeiras e o que nos sentimos um pelo o outro evaporou depois desses anos? — Ele perguntou, com um olhar que me fazia recuar um pouco —
— Você está enganado, Kanan. Eu não sinto nada por você, do mesmo jeito que gostei de você eu aprendi a te odiar. — Falei, com a voz firme, olhando no fundo dos olhos dele —
Kenan procurou algo em meu olhar, talvez algo que dissesse algo ao contrário das minhas palavras, mas não obteve resposta.
— Eu não acredito nisso, Zaria. — Ele respondeu, com a voz mais suave —
— Eu não estou pedindo para você acreditar. Agora sai de perto de mim e do meu quarto! — Pedi, em um tom rude, ele sequer fez menção de se mexer —
— Eu pensei que você gostasse da minha companhia… — Ele inclinou-se, sussurrando perto da minha orelha, senti a respiração dele contra o meu pescoço — Gosto de sentir como você fica nervosa quando estamos muito perto, Brasileirinha.
Engoli em seco, suspirando pesadamente.
Mas que merda, ele tinha razão. Ele me deixava nervosa quando estávamos muito próximos, porém não podia demonstrar isso.
— Eu não sei do que você está falando, estou normal. — Disse, mantendo a voz firme, ele se afastou um pouco para poder me olhar —
Um sorriso apareceu nos lábios dele, o meu olhar se perdeu por alguns segundos, mas não demorei a levantar o olhar para os olhos dele novamente.
— Você sabe que algum dia não irá conseguir mais fugir disso, Za. — Ele falou, suavemente, se aproximando um pouco mais —
Senti minha respiração ficar pesada, pela nossa proximidade.
— Para, Kenan. Não existe mais nada entre nós, a não ser esse namoro falso. — Insisti, com meu olhar endurecido —
— Isso é o que você acha, a minha opinião é ao contrária. — Ele argumentou, baixo —
— Problema é seu, agora sai do meu quarto! — Me desvencilho de perto dele, podendo respirar fundo —
Ele riu, assentindo.
— Já foi um bom começo, você não me xingou tanto. — Ele comentou, com um sorriso travesso — Boa noite, Zaria.
Acompanhei com o olhar ele saindo do quarto, solto um suspiro, quando finalmente estou sozinha. Me joguei na cama, ainda processando os acontecimentos de segundos atrás.
Isso não podia estar acontecendo, não depois de tudo. E eu não vou deixar que um sorriso e algumas palavras me desestabilizem.
—✯ Voltei com mais um capítulo deles, e tem gente ficando com ciúmes.
—✯ Desculpa qualquer erro ortográfico. Espero que estejam gostando da Fanfic.
—✯ Votem e comentem muito para liberação do próximo, lembrando do jeito que vocês tratarem serão as atualizações. Bjos da Bia.
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