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𝐂apítulo único.




    
   
⠀⠀⠀⠀⠀⠀A JOVEM estava na casa de sua amiga, ficar sozinha em sua casa todos os dias estava lhe depreciando, ainda mais porque ainda sentia falta dele, seu ex-esposo. Rine nunca pensou em namorar ou casar, no entanto, sua vida mudou drasticamente quando um jovem japonês motoqueiro cruzou seu caminho. Ela era jovem, gostava de motos assim como ele, além de outros interesses que tinham em comum.

Kimata Syoya foi o responsável por fazer Rine questionar suas ambições para o futuro, no final das contas, ela só queria poder ficar perto dele todos os dias. Seu relacionamento sempre foi tão tranquilo, poucos momentos de discórdia, mesmo que Rine fosse estressada, nesses momentos Syoya tinha tanta paciência com ela que a jovem acabava se sentindo ainda mais acolhida por ele. Eram um belo casal, eram.

Rine não sabia o que havia levado Syoya a querer acabar com tudo, aparentemente não tinha nada de errado, mas era decisão dele e não iria impedi-lo. Mesmo que sentisse falta de Syoya, Rine sabia que em algum momento o tempo iria curar aquela ferida, sempre foi assim, desta vez não seria diferente.

Sentada no sofá branco da sala de estar a jovem olhava para a TV, vendo um anime mais infantil que passava ali, ou apenas algo family friendly. Além da saudade e da mágoa, Syoya deixou com Rine seu filho, um pequeno garotinho de três anos. Syoya nunca foi um pai ruim, e durante aquelas semanas separados ele ainda visitava o pequeno, no entanto, nesses momentos, era o irmão mais velho de Rine quem intermediava a situação.

Junto de Rine e do garotinho, sua melhor amiga e seu sobrinho estavam ambos no sofá, atentos a cada segundo do filme.

⸺ o Sho vai demorar muito para fazer os quitutes? ⸺ perguntou à Lara, sua amiga que coincidentemente era casada com Sho, irmão mais velho de Rine.

⸺ acho que não, é só pipoca. ⸺ Lara se virou no sofá, vendo a luz da cozinha acesa, provavelmente Sho ainda estava lá dentro. ⸺ já já ele volta. ⸺ se virou para a TV novamente.

Rine estava um pouco entediada com o filme, talvez por ser a quinta ou sexta vez que estava assistindo, e ter algum lanchinho iria diminuir seu alto nível de tédio.

Para sua sorte, seu irmão mais velho pareceu ter ouvido suas preces e logo veio com os quitutes. Rine estava entretida comendo suas pipocas amanteigadas, Lara e Sho estavam sentados lado a lado, agora com Shun, o pequeno filho do casal, sentado entre eles, roubando as pipocas de ambos ⸺ hábito que herdou de sua mãe. Enquanto Rine dividia suas pipocas com seu filho, Kaito. No entanto, o pequeno estava apenas encolhido ao lado de sua mãe, tão quietinho que em poucos minutos acabou adormecendo.

O som do celular de Rine vibrando sobre a mesinha ao lado do sofá chamou a atenção da jovem, e como estava na beiradinha, apenas se esticou um pouquinho para pegar o aparelho. Era um número desconhecido, haviam outras chamadas do mesmo número porém não havia percebido anteriormente. Temendo ser algo relacionado ao seu trabalho, ou algo importante, a jovem atendeu a chamada.

⸺ alô?

olá, boa noite. A senhorita é familiar de Kimata Syoya? ⸺ Rine ficou em silêncio, mordeu lábios nervosamente. Ao mesmo tempo que apenas queria desligar a chamada, um frio na barriga a deixou preocupada.

⸺ por que? ⸺ nesse momento, Lara e Sho já haviam notado que algo estava errado. Lara abaixou o volume da TV, enquanto ambos olhavam para Rine, preocupados.

ele foi vítima de um acidente de trânsito. Seu número era o único da lista de emergência. ⸺ Rine respirou fundo, porque raios ele não apagou seu número? Sendo que ele quem terminou tudo. Todavia, por mais que Rine ainda sentisse raiva e mágoa, ele ainda era o pai de seu filho, e o pior, ainda acabou ficando preocupada.

⸺ certo, me passe o endereço do hospital, eu vou até aí. ⸺ a mulher, sendo provavelmente uma enfermeira lhe passou todas as informações, além de perguntar apenas o nome da jovem.

Assim que Rine encerrou a chamada, Lara e Sho a observavam atentamente, e até o seu sobrinho lhe olhava igualmente preocupado, mesmo tão pequeno ele entendeu que algo não estava certo.

⸺ podem cuidar do Kaito para mim? Vou precisar sair. ⸺ pediu, enquanto guardava seu celular em sua bolsa, do qual estava na mesinha ao lado do sofá. Rine se levantou com cuidado, pondo uma almofada onde estava para não acabar acordando o pequeno garotinho que ali dormia.

⸺ o que aconteceu? ⸺ Sho e Lara perguntaram ao mesmo tempo, Rine pôs sua bolsa com alça transversal e se virou para o casal.

⸺ Syoya sofreu um acidente, nada de mais, vou ver como ele está e já volto. ⸺ foi até a saída. Ela estava nervosa, e mesmo que tentasse falar pouco para esconder aquilo, ainda era algo que ficava nítido.

⸺ vai atrás dela, eu fico com as crianças. Shun já está grandinho e vai me ajudar com o priminho, não vai? ⸺ Shun apenas assentiu rapidamente, concordando com sua mãe, apesar de que como Kaito estava dormindo provavelmente não daria muito trabalho.

⸺ cuide bem da sua mãe, e do Kaito. ⸺ Sho bagunçou os cabelos do pequeno, que reclamou baixinho. ⸺ mando mensagem assim que chegar lá. ⸺ deu um selar rapidinho nos lábios da esposa, apenas pegou um casaco e pôs seus sapatos, praticamente correndo atrás de sua irmã mais nova.

Rine estava com as mãos trêmulas, mal conseguiu destravar o carro, e quando enfim conseguiu, Sho tirou a chave do veículo de suas mãos.

⸺ ei! ⸺ a menor reclamou, se virando para o irmão.

⸺ vou te acompanhar, você nunca dirige bem quando está nervosa. ⸺ pontuou, e Rine não poderia negar dizendo que era uma mentira. No entanto, mesmo que dirigisse mal quando estava nervosa, nunca sofreu um acidente por isso.

⸺ e daí?!

⸺ Syoya já está no hospital e vai lá se saber como está, se você ir para lá também eu não vou cuidar do Kaito e muito menos dos seus gatos. ⸺ Rine bufou, e então andou até o banco do carona, abriu a porta com raiva e pôs o cinto, cruzando os braços enquanto seu irmão mais velho sentou-se no banco do motorista, e após por o cinto, deu partida no veículo.

Ela estava quieta, olhando para a janela. Por céus não seria mais fácil se simplesmente esquecesse de Syoya? Tudo bem que cuidar de Kaito sozinha era difícil, ainda mais quando ele perguntava do pai ou sentia falta dele, mas se fosse para ele partir da forma que foi, seria mais fácil apagá-lo de sua memória. Ainda era algo tão recente, tantos sentimentos confusos e tudo ainda estava tão estranho, todavia, no momento, Rine sabia apenas que queria poder deixar de sentir a falta dele.

 

 

    
Estavam na sala de espera, depois de darem seus nomes na entrada. Era difícil para Rine dizer que era ex-esposa de Syoya, ainda estava se acostumando com aquilo, no entanto, pelo civil ainda não haviam dado entrada no processo de separação, então teoricamente ainda eram casados perante a lei.

Sho falava com Lara por mensagem, passando as informações que tinham até então, que não eram muitas. Rine estava quieta, desde que chegou não falou absolutamente nada, apenas olhava para o relógio de parede enquanto balançava as pernas. Sho até tentou acalmar a irmã, mas tudo que recebia eram respostas curtas, então pensou que talvez fosse melhor apenas ficar quieto.

Quando um médico chamou por Rine e Sho, ambos se levantaram abruptamente ao mesmo tempo, o doutor apenas indicou que eles deveriam segui-lo, e assim ambos fizeram.

⸺ fiquem tranquilos, ele já está estável. Tivemos que fazer uma pequena cirurgia por conta de uma fratura na perna esquerda, realizamos mais alguns exames e aparentemente ele não teve nenhuma outra fratura grave. ⸺ explicou, enquanto andavam pelo corredor. O doutor parou no meio do corredor, de surpresa, se virando para os dois. ⸺ você é a Rine? ⸺ apontou para a jovem mulher de cabelos laranjas, que apenas assentiu. ⸺ certo, ele ainda está desacordado, mas você pode acompanhá-lo. Quando ele acordar, chame uma enfermeira. ⸺ Rine assentiu, o doutor voltou a andar, até pararem em frente a um quarto.

Enquanto o doutor falava com um enfermeiro, Rine estava nervosa, Sho reparou as mãos trêmulas da mais jovem, então pôs uma das mãos no ombro dela, tentando passar algum conforto. Ela se virou para seu irmão mais velho, murmurando um agradecimento, e um sorriso amigável escapou pelos lábios do mais velho, também numa tentativa de confortá-la.

⸺ fique tranquila, vai dar tudo certo. E não se preocupe com o Kaito, Lara disse que já o colocou na cama. ⸺ Rine assentiu, respirando fundo tentando diminuir sua tensão.

⸺ pode ir para casa, eu fico aqui com ele pela noite. ⸺ Sho ainda tinha um certo rancor enorme por Syoya ter feito tudo o que fez com Rine. Ele entendia que Rine estava ali apenas por Kaito, mas na cabeça dele, Syoya não merecia aquilo, ele merecia ficar ali sozinho, e ele teve sorte de o acidente não ter sido com Sho, pois o Yonashiro mais velho faria questão de garantir que não sobrasse nada de Syoya. Se Rine e Kaito estavam mal e passando por aquele momento difícil, o único culpado era Syoya.

⸺ tudo bem. De manhã bem cedo venho te buscar. ⸺ Rine assentiu, afinal ela também não ficaria ali mais de uma noite. Se Syoya quis se separar, que ele pedisse a outra pessoa para tomar conta dele ou que fosse para a casa de sua mãe, Rine já estava fazendo muito por estar ali.

O doutor encerrou a conversa com o enfermeiro, e chamou Rine para entrar no quarto. A jovem, quieta, apenas seguiu o doutor. O quarto era pequeno, as paredes eram brancas, havia uma pequena poltrona apenas e algumas decorações, Rine ficou pálida, sem qualquer reação, enquanto olhava para seu ex-esposo, deitado sobre aquela cama de hospital, com vários fios por seu corpo e um soro em um de seus braços, apagado, com alguns ferimentos por seu rosto. O doutor se virou para Rine, ficou preocupado ao notar que ela parecia tão nervosa, temendo que talvez fosse por estar em choque.

⸺ talvez a senhorita precise de um calmante. ⸺ Rine olhou para o doutor, forçando um sorriso fraco.

⸺ eu estou bem, obrigada. ⸺ tentou ser educada, apesar de que na verdade não estivesse nada bem.

⸺ eu entendo que seja doloroso, irei providenciar o calmante. Está tudo bem, fique tranquila. ⸺ tentou tranquilizar a jovem, no entanto, o problema era mais pessoal do que o simples fato do acidente em si.

Assim que o doutor saiu da sala, Rine andou lentamente até a cama onde Syoya estava. Ela apenas o observava, o rosto dele estava sereno, da mesma forma que ele sempre ficava quando ele estava adormecido. Os cabelos estavam mal aparados, bagunçados, mas ainda pareciam macios. Rine ousou tocar os cabelos dele sutilmente, seus olhos estavam lacrimejando ao lembrar do dia em que tudo acabou.

Não entendia bem o motivo, não foi uma traição, não foram babacas um com o outro, mas Syoya tinha seus motivos, e mesmo que Rine não entendesse, se ele não queria continuar era decisão dele.

A jovem se afastou do rapaz, se dirigindo até a poltrona ao lado da cama dele. Pegou seu celular e viu uma mensagem de Lara, que dizia:

"Kaito está dormindo no quarto do Shun, pedi ao Sho para passar na sua casa e alimentar nossos outros sobrinhos. Qualquer coisa me mande uma mensagem, ou ao Sho, ok?"

Rine respondeu a amiga, apenas com um "ok" e dizendo que ficaria bem, numa tentativa de acalmar a mais jovem. Ela guardou seu celular, e ficou ali, parada, olhando para o nada enquanto sua mente sobrevoava pelos mais variados pensamentos. O que aconteceria depois daquela noite? A última vez que Rine viu Syoya foi quando ele partiu de sua casa, ela ainda não tinha coragem para encará-lo, e era doloroso vê-lo naquela situação, afinal, infelizmente ainda gostava dele.

Poderia dizer que foi um término em bons termos, no entanto, ainda foi terrivelmente doloroso, tanto por não ter um motivo claro, quanto por Rine ainda gostar de Syoya. Levaria um tempo para se acostumar com o fim e para tentar superar tudo o que sentia por ele, tempo esse que ainda não havia acabado.

Era quase de manhã, e a única coisa que Syoya sentiu antes de acordar foi uma dor absurda por todo o seu corpo. Demorou um pouco para seus olhos se acostumarem com a luz, ou entender o que havia acontecido e onde estava, talvez pela dor, demorou um pouco mais para ter enfim quase total consciência do que havia acontecido.

Foi um acidente de moto, algum carro cortou sua frente no sinal, era a única coisa que se recordava.

Olhou para os lados, mesmo que soubesse que muito provavelmente estaria sozinho, no entanto, arregalou os olhos, surpreso ao ver Rine adormecida sobre a poltrona ao lado, toda encolhida. Ela não dormia em qualquer lugar numa situação normal, porém não estavam em uma situação normal. Era a primeira vez que Syoya a via depois de ter tomado uma das piores decisões de sua vida, mas talvez fosse a melhor para a vida de Rine.

Syoya sempre teve suas inseguranças, assim como Rine tinha as dela. Viviam bem mesmo com aqueles empecilhos, no entanto, quando o próprio pai de Rine disse à Syoya que ele nunca seria bom o bastante para ela, e que havia destruído todos os sonhos dela, aquilo acabou pesando para o rapaz. Ele não queria ser uma âncora na vida de Rine, tão pouco destruir os sonhos dela. O pai de Rine tinha um bom ponto, e por essa razão, Syoya achou que seria melhor se afastar dela e deixá-la ser feliz com quem pudesse proporcionar a ela tudo que ele jamais poderia.

Estava imerso em um sentimento de culpa e arrependimento, se sentindo patético por todos aqueles dias. Seus amigos lhe diziam que estava agindo sem pensar, se levando por inseguranças boba, tinha um filho para criar e não deveria simplesmente querer se separar de sua esposa por se sentir inferior demais para ela. No entanto, pensava que até mesmo Kaito não merecia ter o pai que tinha.

Ficou apenas olhando para Rine, seus olhos ardiam pelas lágrimas que queriam cair, mas tentava se conter mesmo que algumas escapassem. Aquilo doía como o inferno, ele só queria que tivesse perdido sua memória, talvez assim, seria mais fácil esquecê-la. Seria mais fácil se pudesse deixar de sentir tanto a falta dela, de todos os momentos com ela, de como tudo era mais leve e feliz antes.

Tentou esticar seu braço, mesmo que doesse, conseguiu sutilmente tocar o rosto dela, e pareceu que aquele singelo toque fez com que um pouco da dor que sentia em seu peito diminuísse. O que estava fazendo? Ele amava aquela mulher mais do que jamais imaginou que poderia amar alguém, e por aquela razão pensou que era melhor deixá-la.

Rine abriu seus olhos lentamente, olhando para Syoya, que ao afastar sua mão rapidamente do rosto dela acabou batendo o cotovelo nas barras de ferro que tinham na lateral da cama e grunhiu de dor.

⸺ você está bem? ⸺ perguntou ao se levantar bruscamente da cama. Syoya abriu a boca e fechou, tentando dizer algo, porém nenhum som saiu. ⸺ vou chamar uma enfermeira, fique aqui. ⸺ antes que Rine saísse, Syoya segurou a mão dela. A jovem se virou para ele, que tinha os olhos levemente avermelhados, prestes a chorar, era algo que estava nítido, e naquela altura, Rine não estava tão diferente.

⸺ fica, por favor. ⸺ pediu, com a voz baixa e um pouco rouca. Rine respirou fundo, e com passos lentos, voltou a se sentar na poltrona ao lado da cama dele. Syoya não queria soltar a mão dela, mas o fez apenas para tentar evitar qualquer constrangimento.

Havia um botão em uma das barras ao lado de sua cama, e ele apenas apertou ali, sabendo que viria uma enfermeira, Rine mentalmente se xingou por não ter se tocado daquele detalhe. Na verdade, ela apenas queria uma desculpa para sair daquele quarto.

Uma enfermeira em minutos chegou no quarto, junto do doutor, que fez alguns poucos exames no rapaz apenas para checar se estava tudo certo.

⸺ você vai continuar mais uma noite em observação, depois estará bom para voltar para casa. Teve sorte de não ter se machucado seriamente, mas vai precisar de muletas. ⸺ o doutor explicou, olhando no prontuário. ⸺ vamos dar algumas medicações para a dor, tente descansar pelo restante do dia. ⸺ falou por fim, logo após saindo do quarto.

⸺ vou ligar para a sua mãe, para ficar com você e te levar para casa. ⸺ Rine explicou, enquanto procurava seu celular em sua bolsa.

⸺ quem te chamou para ficar aqui? ⸺ Syoya perguntou, curioso.

⸺ o hospital me ligou. Você ainda tem o meu número como contato de emergência no seu celular? ⸺ Rine se virou para Syoya, com uma sobrancelha arqueada. ⸺ sabe, eu não entendo porque terminou comigo mas ainda fica fazendo esses joguinhos. ⸺ falou, de forma ríspida. Afinal, Syoya quem havia decidido terminar, no entanto parecia que estava apenas brincando com os sentimentos de Rine.

⸺ não precisa ligar para a minha mãe, eu posso me virar sozinho. ⸺ Rine revirou os olhos, e então fechou sua bolsa bruscamente. Ele não podia nem ao menos dar uma explicação justa? Simplesmente mudou de assunto como um covarde fugindo de um conflito.

⸺ que se vire sozinho então, só não esqueça de buscar o Kaito amanhã, ele sente a sua falta. ⸺ Rine pôs sua jaqueta e pegou sua bolsa para enfim ir sair daquele quarto. Estava começando a lhe irritar, e talvez se sentisse raiva o bastante, seria mais fácil esquecer Syoya.

⸺ eu também sinto falta dele, mas eu acho que ele seria mais feliz se não me visse mais. ⸺ Rine franziu o cenho e se virou para Syoya, perplexa pelas palavras dele.

⸺ está querendo fugir da sua responsabilidade como pai?! ⸺ praticamente gritou, estupefata. Tudo bem, se caso Syoya não quisesse cuidar de Kaito, Rine o faria sozinha se precisasse, o problema era que o pequeno ficaria mal com aquilo, afinal, o garotinho já estava transtornado o bastante com toda aquela separação de seus pais.

⸺ eu arruinei a sua vida e não me perdoaria se fizesse o mesmo com ele. ⸺ Rine riu sem humor, por um momento, pensou que era apenas uma desculpa besta, no entanto conhecia Syoya o bastante para saber que havia algo de errado. Ele não parecia seguro de suas palavras, pelo contrário, seus olhos ainda estavam marejados e sua voz quebrava algumas vezes, ou Rine estava errada e Syoya realmente era só mais um mal caráter, ou tinha algo acontecendo que ela ainda não sabia.

⸺ se quer saber, está arruinando tudo agora. Éramos felizes, mas você de repente quis acabar com tudo!

⸺ você não era feliz, eu consegui acabar com todos os seus sonhos. Eu não sou o cara que você sempre quis, eu não sou bom o bastante para você. Sinto muito por tudo que eu fiz, eu não quero que você sinta a minha falta, eu não mereço isso. Eu te amo, e amo o Kaito, por isso eu acho que o melhor para vocês não sou eu. ⸺ Rine respirou fundo, se aproximou do rapaz, que já não conseguia mais conter suas lágrimas. Era tão doloroso, ao ponto de sua cabeça doer, e era justamente lá que estava o problema, em sua mente.

⸺ você não acabou com meus sonhos, eu só tive novos objetivos. E aliás, eu tenho minha profissão dos sonhos, um bom horário de trabalho, eu tenho meus gatos, uma boa casa, o que mais eu iria querer? Tudo bem que as coisas não estão como eu imaginei, mas eu estava feliz como tudo estava. Eu te amo, e eu seria feliz em passar todos os dias da minha vida com você, mas eu não posso fazer milagres, se você quis assim, a decisão foi sua. ⸺ ajeitou sua bolsa, tentando se manter séria. Mesmo que tivesse sido dura, Rine tinha seus sentimentos, e Kaito também, Syoya não poderia agir daquela forma botando em risco até mesmo o psicológico de seu filho.

⸺ eu estou tão confuso, eu queria tanto poder estar com vocês mas eu não… ⸺ Rine jogou sua bolsa sobre a poltrona e foi até Syoya, segurando o rosto dele com as mãos.

⸺ se você abandonar tudo estará sendo um covarde, e aí sim não será bom o suficiente, para ninguém. Você realmente está se sentindo assim? Por que não me falou? Poderíamos resolver tudo isso!

⸺ seu pai disse que eu destruí a sua vida, ele me mostrou seus diários, seus sonhos, do que você gostava… eu me sinto tão merda, agora sei porque seu pai nunca gostou de mim. ⸺ Rine murmurou um xingamento, mas tentou manter a calma. Bingo, era justamente o que ela suspeitava. Desde que foram em um almoço na casa de seu pai, Syoya andava estranho, Rine até pensou que seu pai teria dito algo, mas Syoya sempre negou. Talvez pelos remédios ele acabou dizendo, ou simplesmente porque estava destruído psicologicamente.

⸺ não ligue para as coisas que meu pai fala, eu já te falei várias vezes. Se eu gosto de você até hoje é porque eu sei que você é o que me faz bem, aconteceram algumas coisas inesperadas, eu tive que mudar alguns cursos da minha vida, mas isso aconteceria de uma forma ou de outra. Não dá para planejar tudo e esperar que tudo aconteça exatamente como planejamos e eu sempre tive noção disso. Você me ajudou a realizar alguns dos meus maiores sonhos, como o de me vestir com um belo vestido estilo princesa, como o que usei no nosso casamento! E também o de viajar para Veneza, como na nossa lua de mel. Realizei meu sonho de terminar a faculdade, e você estava lá, você me apoiou no meu trabalho, me apoiou quando eu quis ajudar gatinhos de rua, que também era meu sonho. Você é exatamente o cara que eu sempre quis, alguém legal, que me respeitasse e me apoiasse. Você não destruiu nada, apenas consertou o que estava quebrado. ⸺ acariciou a bochecha do rapaz, do qual tinham algumas lágrimas que a molhavam.

Ele não conseguiu dizer nada, o nó em sua garganta o impedia de falar, então apenas puxou a jovem para um abraço. Rine não recusou, sentindo os braços dele lhe apertarem com força, enquanto podia ouvi-lo chorar. Era uma das coisas que Rine apreciava em Syoya, ele normalmente deixava expressar seus sentimentos, não reprimia tudo, mas também, era algo que ele adquiriu depois que conheceu Rine.

Ela lhe passou tantas coisas, tantos ensinamentos, e ainda tinha muito o que aprender com ela. Obviamente, Syoya também ensinava muitas coisas a Rine, e por essa razão, ela acabou amadurecendo tanto desde que o conheceu. No entanto, tinham coisas ainda que ambos precisavam melhorar, e talvez, fossem justamente naquelas inseguranças em que julgavam ser bobas.

⸺ me desculpa, eu não deveria ter feito tudo isso. Eu me odeio tanto. ⸺ murmurou, entre as lágrimas. Rine o apertou um pouco mais forte, lhe doía ver que Syoya se desprezava de tal forma, Rine nunca havia notado que ele estava tão mal daquela maneira. Ambos ainda eram um casal jovem, equívocos eram algo que teriam em algum momento, e Rine notou que Syoya estava doente, não fisicamente, mas psicologicamente, precisavam mudar algumas coisas, e Syoya precisava de um tratamento.

⸺ você precisa melhorar isso. Façamos assim, de agora em diante, me conte tudo, eu quero que seja sincero comigo. Mesmo que não queira voltar, você ainda é o pai do Kaito, e eu não quero que ele perca você. ⸺ Syoya segurou Rine um pouco mais forte, como poderia ter feito tudo aquilo? Ela era a mulher da sua vida, e era doloroso pensar que havia a feito sofrer, e também a si próprio.

⸺ eu não quero ficar longe de vocês, vocês dois são tudo para mim. Você tem noção do quanto todos esses dias foram difíceis? E-eu me sinto tão mal por ter feito tudo isso com vocês, e ainda me sinto péssimo por me achar um merda. ⸺ Rine o olhou, séria. No fundo, ela tinha medo de que aqueles pensamentos o afetassem ainda mais, e que ele viesse a cometer algo contra si mesmo.

⸺ você não é um merda, só foi influenciado. Vamos resolver isso, eu prometo que vou ser mais atenta e menos brava, mas em troca, quando algo te deixar mal, você jura que vai contar para mim? ⸺ Rine lhe estendeu seu dedinho, um sorriso bobo escapou pelos lábios do rapaz, ao se recordar de quando eram mais jovens e faziam aquele tipo de promessa.

⸺ juro. ⸺ juntaram seus dedinhos, porém, no mesmo momento, a porta do quarto foi aberta por Sho, que segurava em seus braços o pequeno garotinho de cabelos pretos.

⸺ ele estava chorando muito, não dormiu muito bem a noite. ⸺ Sho explicou, Rine cerrou os olhos e cruzou os braços, olhando para o pequeno que apenas se escondeu nos braços de seu tio temendo receber um xingão de sua mãe.

⸺ Sho-kun, eu falei um bilhão de vezes para você não deixar ele ficar com a chupeta! ⸺ Rine exclamou, na verdade seu sermão não seria com Kaito, mas sim com Sho.

⸺ não fui eu, foi a Lara! ⸺ tentou se justificar, apesar de que ele mesmo quem tivesse dado a chupeta para o pequeno pois garotinho não parava de chorar.

⸺ se ele ficar com os dentes tortos você quem vai pagar o aparelho dele depois! ⸺ foi até o mais velho, pegando Kaito em seus braços, enquanto Sho apenas revirou os olhos. ⸺ titio Sho cuidou bem de você? ⸺ Kaito apenas balançou a cabeça positivamente, abraçando sua mãe logo depois. ⸺ na próxima vez que der uma chupeta para ele eu arranco os cabelos da sua cabeça, fio por fio. ⸺ murmurou entre os dentes, Sho apenas levantou suas mãos em sinal de rendição. Sabia que Rine já não estava no melhor dia, então tentou ter paciência com ela.

Rine se sentou na poltrona do qual estava anteriormente, com Kaito em seus braços, que estava quietinho, apenas olhando para seu pai, checando se ele estava bem.

⸺ quer vir aqui? Tem espaço, você está com carinha de sono. ⸺ Syoya perguntou ao pequeno, que apenas balançou a cabeça positivamente, afinal não conseguia falar por conta da chupeta. Deu um pouco de espaço para o pequeno ficar ao seu lado, e Rine cuidadosamente o colocou ali. O garotinho se encolheu nos braços de seu pai, aproveitando o carinho que sua mãe fazia em seus cabelos, como se tudo tivesse voltado ao normal e se novamente seus pais estivessem juntos. Mesmo tão pequeno, tudo o que Kaito queria era que seus pais estivessem juntos novamente.

⸺ vocês dois voltaram? ⸺ Sho perguntou, escorado na parede do quarto, sério. Se caso Kaito não estivesse ali, faria questão de jogar toda a verdade na cara de Syoya, e além da verdade talvez até uns socos, no entanto, parecia que tudo estava mais tranquilo. Rine olhou para Syoya, afinal, ele não havia dito claramente se iriam voltar ou não.

⸺ se a Rine-chan me perdoar por eu ter sido um merda… ⸺ Rine deu um leve peteleco na testa de Syoya, que grunhiu de dor e a olhou surpreso.

⸺ eu perdôo você por ter sido burro e ouvido o meu pai. Você não foi um merda, foi burro, é diferente!

ah, então foi o nosso pai? ⸺ Sho perguntou, não tão surpreso afinal conhecia bem o pai que tinham.

⸺ infelizmente, não pensei que ele ainda fosse tão idiota. Quando ele me disse que queria conhecer o Kaito fiquei com pena e dei essa chance, mas foi a última. ⸺ o pai de Rine e Sho nunca conheceu seus dois netos, Sho era ainda mais difícil do que Rine e nunca permitiu que seu pai conhecesse Shun, no entanto, Sho não julgaria sua irmã, sabia que assim como Syoya, ela ainda era ingênua.

⸺ Rine-chan, eu não quero que você se afaste do seu pai por minha causa, isso foi só um deslize. ⸺ Syoya tentou acalmar a jovem, se sentiria culpado caso Rine se afastasse de alguém de sua família por culpa sua, no entanto, o rapaz não sabia que não era apenas por conta daquilo.

⸺ um deslize de muitos, ele não gosta de você porque já tinha preparado um cara para casar com a Rine. Fiquei bravo com você por ter feito tudo isso, mas agora que sei o verdadeiro culpado as coisas finalmente fazem sentido. Quando eu entrei no altar com a Rine eu disse para você tomar conta dela, se eu confiei a minha irmãzinha à você é porque eu sei que você é bom para ela, somos filhos de mães diferentes, e tanto a minha mãe quanto a mãe dela concordam que você é bom para ela, e é o que importa. ⸺ Syoya nunca viu Sho falar algo daquela forma, era certo que eram amigos, mas Sho sempre parecia ter um pé atrás com Syoya, talvez ele fosse apenas superprotetor demais com sua irmã mais nova, afinal, ele quem cuidou dela desde pequena e sempre foram muito apegados, como melhores amigos.

⸺ eu sinto muito por ter agido dessa forma, eu prometo que vou cuidar bem da Rine e do Kaito. Eu vou melhorar, não quero nunca mais ver eles numa situação como essa. ⸺ Syoya se virou para Rine e segurou a mão dela, de forma um tanto desajeitada pois Kaito estava adormecido sobre seu braço. ⸺ eu prometo que vou compensar vocês dois por tudo isso.

⸺ só quero uma coisa de você, que busque um tratamento, não quero que continue pensando dessa forma tão destrutiva. ⸺ ele apenas assentiu, forçando um sorriso leve logo depois.

⸺ a Lara está me ligando, já volto. ⸺ Sho saiu do quarto rapidamente, Rine apenas ouviu a voz de seu irmão de longe, porém não conseguiu entender sobre o que ele falava no telefone.

Rine notou que Syoya ainda segurava sua mão, ela se virou para ele, curiosa pois ele apenas a olhava com um brilho adorável no olhar, no entanto, seus olhos ainda pareciam marejados. A jovem acariciou o rosto dele com sua mão livre, ele fechou seus olhos aproveitando o carinho, e Rine ouviu um sutil murmúrio vindo dele, pedindo para que chegasse um pouco mais perto. Ela assim o fez, e sentiu Syoya usar sua outra mão para acariciar o rosto dela também, até ele deixá-lá atrás da nuca dela, puxando-a para um pouco mais perto, o suficiente para que seus lábios se tocassem brevemente, antes de enfim aprofundarem um pouco mais o beijo. Syoya acariciava os cabelos dela, e só parou o beijo quando sentiu Kaito se mexendo, no exato momento em que Sho voltou para o quarto.

A jovem rapidamente voltou para seu lugar, porém Sho havia visto tudo, e estava sério, com os braços cruzados.

⸺ se me der mais um sobrinho eu te castro. ⸺ ameaçou, entre os dentes.

yah! Está doido?! Kaito está dormindo aqui! E vai deixar ele órfão de pai?! ⸺ Syoya abraçou Kaito, que estava dormindo ainda, tranquilamente.

⸺ não falei que ia te matar. ⸺ arqueou uma sobrancelha, o que ficou até engraçado com a expressão assustadora que Sho tinha em seu rosto.

⸺ Sho, francamente. ⸺ Rine revirou os olhos, balançando a cabeça em negação.

⸺ ainda bem que o Kaito está aí, eu não duvido de nada vindo de vocês dois.

yah! Yonashiro Sho! ⸺ Rine se levantou bruscamente da poltrona e Sho acabou se assustando, dando um leve pulinho para trás.

⸺ a Lara me pediu para ir para casa, tenho que levar o Shun no pediatra. Tchau, volto mais tarde. ⸺ falou, rapidamente saindo do quarto antes que Rine viesse atrás.

Rine bufou com raiva, mas sabia que seu irmão estava apenas brincando. Ela voltou a se sentar na poltrona, pouco dormiu durante a noite e só dormiu por conta do calmante que o médico lhe deu. Ainda estava com uma sensação estranha, além do cansaço, que provavelmente só se aliviaria quando estivesse em sua casa.

⸺ sabe, acho que cabe você aqui também. ⸺ Rine olhou para Syoya, que a observava atentamente.

⸺ você está com uma perna machucada, já é muito o Kaito estar ai com você.

⸺ ele só tem três anos, não vai causar problemas, e você não se mexe quando está dormindo. Sei que é imprudente, mas eu vou me sentir melhor se tiver vocês dois aqui. Sinto falta de vocês, dos gatos dormindo em cima da gente a noite, de ler para o Kaito antes de ele dormir, e de poder te abraçar forte antes de dormir. Eu sinto falta de cada momento com vocês. ⸺ era um fato, Syoya nunca quis se afastar de Rine e de Kaito, apenas o fez por simplesmente se sentir horrível para eles. No entanto, naquele momento, mesmo que ainda se sentisse um completo covarde idiota, percebia que havia errado ao ter tomado uma decisão tão repentina por pura insegurança. ⸺ eu não ligo se meu braço, minha perna ou todo o meu corpo doer, eu só quero ficar perto de vocês novamente e poder me sentir um pouco melhor depois de todos esses dias horríveis. ⸺ Rine assentiu, afinal, em todos aqueles dias também sentiu falta dele. Syoya puxou Kaito, para que sobrasse espaço para Rine, seu braço com os fios estavam do outro lado, então não teria problemas com isso. Rine ficou apenas na pontinha da cama, acariciando os cabelos de Syoya como sempre fazia, os cabelos dele eram macios e Rine amava poder tocá-los, assim como Syoya amava receber o carinho dela.

O plano de Rine era que assim que Syoya dormisse, ela sairia da cama, no entanto, por conta do efeito do calmante acabou adormecendo assim como ele, que adormeceu por conta dos inúmeros remédios para dor que tomou. Os médicos poderiam dar um sermão em ambos por aquilo, no entanto, o doutor que o atendeu logo depois do acidente, sabia que aquilo era importante para o jovem rapaz, afinal, antes de acabar apagando por conta da anestesia na sala de cirurgias, uma das últimas coisas que Syoya disse foi que queria ver sua esposa e seu filho uma última vez, pois não conseguia deixar de sentir a falta deles.

Syoya precisava tratar sua baixa autoestima e certamente o faria, afinal, ele queria ser um bom marido e um bom pai. Rine lhe deu mais uma chance, assim como Kaito, e Syoya não iria decepcioná-los mais uma vez.

  

 
    
Sentado sobre o sofá de sua casa, assistindo um programa infantil na TV ao lado de seu filho, era assim que Syoya se encontrava. Syoya nunca pensou que sentiria tanta falta daquilo, de algo tão simples quanto assistir desenhos na TV junto do seu filho, sentadinhos no sofá da sala de estar. Em minutos, Rine saiu praticamente correndo do quarto, quase se jogando sobre seu esposo se não tivesse lembrado que ele ainda estava com a perna engessada e usando muletas, então ela apenas se escorou no mais novo, que acabou rindo ao ver a jovem ofegante por ter corrido até ali.

⸺ a Lara mandou mensagem, ela e o Sho vem jantar aqui. ⸺ anunciou, enquanto sentia seu esposo brincar com alguns fios de seus cabelos. ⸺ você fica aqui com o Kaito, eu preparo o jantar.

⸺ eu posso preparar o jantar, eu quebrei uma perna, não os braços! Não gosto de ver você fazendo tudo sozinha, já estou começando a me sentir culpado. ⸺ desceu sua mão para a bochecha da jovem, que o olhava atentamente. Rine era muito cautelosa, e Syoya sabia que ela estava preocupada, no entanto, não era como se ele tivesse alguma fratura que o impedisse de fazer as coisas mais básicas.

⸺ você está cuidando do Kaito, isso já ajuda muito!

⸺ eu só estou assistindo TV com ele. Daarin, me deixe ao menos te ajudar. ⸺ fez um biquinho. Rine revirou os olhos, deixando um selar nos lábios do esposo.

⸺ tudo bem. Kaito, quer vir também? ⸺ perguntou. O pequeno estava tão vidrado no desenho que passava na TV que mal notou a conversa dos pais.

⸺ quero! ⸺ respondeu animado, mesmo que não soubesse o que realmente era, se estivesse com seus pais estaria feliz.

Rine passou a missão para Syoya cortar os legumes, enquanto Kaito, em um banquinho, a ajudava a lavar alguns vegetais ⸺ por mais que o garotinho estivesse apenas brincando com algumas folhas de alface, estava se divertindo ali. Depois de ter tudo limpinho, Kaito ficou sentadinho na mesa em frente ao seu pai, observando-o descascando batatas, enquanto o garotinho tentava comer uma cenourinha que gentilmente pegou da mesa.

⸺ Kaito, você vai acabar quebrando seus dentes assim! ⸺ Rine chamou a atenção do pequeno, mesmo que fosse em um tom brincalhão.

⸺ não fale dele, sua mãe me contou que você roubava as cenouras da horta para comer. Ele puxou você. ⸺ Syoya se virou para Rine, que cerrou os olhos e jogou um pedacinho de pão velho nele. ⸺ ei! ⸺ exclamou, indignado. Rine deu uma risadinha aguda e se virou para as panelas do qual cozinhava alguns ingredientes para os pratos que estava elaborando.

⸺ não deixe ele comer demais, se não ele não vai sentir fome no jantar.

⸺ Kaito, solta essa cenoura! ⸺ tentou tirar a cenoura das mãos do pequeno, afinal já era a segunda que ele estava comendo. Por sorte, Rine logo acabou com a festa do garotinho, pois pegou as cenouras. Kaito então ficou quietinho, balançando as perninhas na cadeirinha enquanto observava seu pai e sua mãe trabalhando juntos.

Vez ou outra, Rine deixava o garotinho provar alguma coisa, e acabava por oferecer também ao seu esposo. O jantar não foi demorado, no entanto, enquanto Rine terminava de organizar tudo, Syoya ficou encarregado de trocar as roupas de Kaito ⸺ pois o pequeno acabou derrubando um pouquinho de suco de laranja em sua camisa branca de carrinhos.

Mesmo com suas limitações pela fratura na perna esquerda, Syoya conseguiu trocar a camisa do pequeno, o fato de Kaito e esperto ser calmo também facilitou bastante o trabalho, afinal quando não conseguia fazer algo bastava ensinar ao pequeno.

Quando Sho, Lara e o pequeno Shun chegaram, a casa estava na mais perfeita ordem. Sho foi recebido pelos latidos da pequena cachorrinha que Rine havia adotado, e acabou tomando um susto com a pequena cachorrinha, Kaito rapidamente foi receber seus tios, e segurou a pequena cachorrinha em seus braços temendo que ela pudesse morder seu tio.

⸺ mais um bicho, a Rine vai montar um zoológico? ⸺ Sho sussurrou para Lara, que acabou rindo. Shun, que estava nos braços de sua mãe, pediu para que ela o deixasse no chão, e antes que ela dissesse qualquer coisa, o garotinho foi até Kaito tentando acariciar a cachorrinha furiosa.

⸺ Sho-kun, senti tanto a sua falta nem parece que eu te vi ontem. ⸺ Rine brincou ao ver o irmão, que apenas ignorou a provocação da mais nova.

⸺ eu tenho que te contar uma coisa, aliás, cadê os gatos? ⸺ Lara perguntou, interrompendo o esposo que planejava tentar dar um sermão em Rine.

⸺ no andar de cima, o Theo está dormindo. Vem. ⸺ praticamente arrastou a amiga, enquanto Sho cruzou os braços por ter sido deixado para trás.

Sem ter muito o que fazer, Sho fechou a porta de entrada e foi até a sala de estar. Viu Syoya sentado sobre o sofá, que ou parecia fingir de forma besta que Sho não estava ali, ou de fato o acidente o deixou mais abobado. Sho sabia que o mais novo tinha inúmeros dilemas e sempre tentava ter uma boa relação com todos da família de Rine, no entanto, mesmo com a conversa que tiveram no hospital, Syoya ainda sentia que Sho tinha suas desconfianças em relação a ele, e talvez, ainda tivesse raiva por tudo que o mais novo fez.

Um suspiro escapou pelos lábios de Sho, que foi até o sofá, se sentando ao lado do mais novo. Precisava passar um pouco mais de tranquilidade à Syoya, se Rine havia decidido perdoá-lo, Sho deveria tentar fazer o mesmo.

⸺ como está sua perna? ⸺ Sho perguntou, olhando para a TV.

⸺ dói um pouco ainda, e o gesso incomoda. Mas estou bem. ⸺ respondeu simplista.

⸺ eu sinceramente acho que você está escondendo algo. Não acho que o motivo que você deu foi plausível para você terminar com a Rine. ⸺ Sho olhou para Syoya, tentando encontrar qualquer traço que indicasse uma mentira, no entanto, o mais novo estava apenas cabisbaixo.

⸺ você não faz ideia do que o pai de vocês me falou naquele dia. ⸺ Sho ficou pensativo, ele não sentia as mesmas dores que Syoya. Na cabeça dele, nada que o pai de Lara dissesse seria o suficiente para fazê-lo deixá-la, no entanto, Syoya era alguém inseguro, e Sho conhecia o pai que tinha o bastante para saber que ele diria das coisas mais abomináveis se fosse necessário para separar Rine de Syoya.

⸺ eu falei aquele dia no hospital, e volto a repetir, ele quer que a Rine se separe de você porque ele praticamente a vendeu para um riquinho de merda. A Rine é ingênua, mas eu não, jamais vou deixar aquele verme chegar perto da minha família, e se você ama a Rine mesmo, não vai deixar ele chegar perto dela novamente. ⸺ as palavras de Sho eram carregadas de ódio. Syoya sabia que tanto ele quanto Rine não tinham uma boa relação com seu pai. Não precisaria ouvir mais meia palavra de Sho, o mais novo sabia o que precisava ser feito, e também sabia que não deveria deixar os outros usarem as inseguranças que tinha contra si mesmo.

⸺ eu não vou. ⸺ respondeu por fim.

Não passaram dois minutos do fim daquela conversa e Rine desceu as escadas, junto de Lara que tinha o gato com cores em tom semelhante a leite condensado em seus braços. Lara se sentou ao lado de Sho, entretida com o bichano como uma criancinha fofa, o rapaz abraçou de lado sua esposa, dando um beijinho na bochecha dela. Rine se sentou ao lado de Syoya, apenas cochichando com ele e zoando seu irmão por parecer um bobão quando Lara estava perto.

⸺ o que vocês estão rindo? ⸺ Lara perguntou, fazendo com que Sho também se virasse para o casal.

ah, não é nada. ⸺ Rine deitou sua cabeça sobre o ombro de Syoya, enquanto ria baixinho.

⸺ acho que as muletas serviram bem para você, está mais fortinho. ⸺ Sho brincou, e Syoya acabou jogando uma almofada no mais velho. Rine abraçou Syoya, dando um beijinho na bochecha dele, parecia uma gatinha manhosa abraçadinha a ele.

⸺ Sho-kun, já que você só está aqui de enfeite, traga os meninos para o jantar. Vai, anda. ⸺ Sho cerrou os olhos, pensando em dar uma patada em Syoya, no entanto ficou só no pensamento pois viu Rine lhe fuzilando pelo olhar. O mais velho bufou desanimado e se levantou do sofá, indo atrás dos pequenos que estavam na varanda brincando com a cachorrinha.

⸺ vamos ter mais um sobrinho, mas o Sho ainda não sabe. ⸺ Rine sussurrou para Syoya, que olhou para Rine boquiaberto, principalmente ao se recordar da ameaça que Sho lhe lançou no hospital.

Lara havia permitido que Rine contasse à Syoya, até porque, a mais jovem confiava nos dois. Syoya poderia ser muitas coisas mas fofoqueiro ele certamente não era, a não ser quando estava com sua esposa.

⸺ diga para o seu irmão castrar o Sho. ⸺ Syoya brincou, fazendo Lara acabar rindo, afinal o irmão dela certamente o faria se estivesse no Japão.

yah! Que isso? Podem me dar mais sobrinhos! ⸺ Rine deu uma risadinha maléfica no entanto fofa, Syoya acabou não resistindo a fofura de sua esposa e deu uma leve mordidinha na bochecha dela, recebendo um tapinha em seu ombro logo depois.

⸺ voce também tem que me dar mais sobrinhos! ⸺ Lara exclamou, fingindo estar indignada.

⸺ a fábrica fechou no primeiro, e você tem os gatos e a Chloe. ⸺ Rine explicou, rindo ao ver a expressão de tacho no rosto da amiga.

Sho logo os chamou após ter ajudado os garotinhos a lavar as mãos e colocá-los em suas cadeirinhas. Lara deixou o gato de Rine dormindo no sofá, e então foi até a sala de jantar praticamente correndo, enquanto Rine ficou para trás para acompanhar Syoya, que andava um pouco mais devagar por conta das muletas ⸺ algo que, depois de trinta minutos com elas passou a detestar, no entanto não tinha outra opção, ou usava as muletas ou não andava.

O jantar foi tranquilo, entre piadinhas bobas ou ameaças que Rine direcionava a seu irmão, no intuito apenas de rir do mais velho. A família de Rine estava ali, faltava apenas sua mãe que residia no Brasil, mas de resto, apenas os que ali estavam importavam.

Durante o jantar, Syoya sentiu Rine segurando sua mão, e sentiu falta até mesmo daquele simples gesto. Ele olhou para Rine, observando-a enquanto ela falava com Lara e Sho, era estranho, Syoya já a amava, todavia, depois de terem se separado, ele dava ainda mais valor a sua esposa, era como se estivesse se apaixonando ainda mais por ela. Mesmo com todo o caos interno que sentia, não havia melhor lugar no mundo para Syoya do que ao lado de sua esposa e seu filho, ali, ele conseguia sentir que era completamente feliz, e saber que Rine e Kaito também estavam felizes, era ainda mais reconfortante.

   

Revisei igual a minha cara mas tentamos.

Ficou maior do que eu pensava pqp 7500 palavras veeei ;----;

Enfim, até a próxima e bye 😼

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