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4.03- CLOCK

A luz do Sol invadiu o quarto de Natalie pelas cortinas ao amanhecer. Foi a primeira vez em muito tempo em que acordou sem dores na cabeça. Primeira vez em dias que não havia tido um pesadelo durante a noite.

Sentia o braço de Steve, ainda dormindo, por cima de seu corpo.

Natalie evitou se mexer, observando o semblante sereno do Harrington enquanto ele dormia. Era um tanto quanto engraçada a visão que tinha, mesmo quando atacados por monstros e soldados russos, nunca tinha visto os cabelos de Steve bagunçados da forma que estava enquanto ele estava dormindo em sua cama.

Ela sorriu quase inconscientemente.

Pela primeira vez em meses, Natalie se sentia bem.

Ainda dormindo, Steve murmurou algo inaudível e se mexeu levemente, puxando-a para mais perto.

Por um instante, a mulher permitiu-se relaxar,  fechando os olhos e saboreando o silêncio do amanhecer. O peso no peito de Natalie, que carregava desde a última batalha, parecia mais leve. Ela ainda temia que tudo pudesse voltar. Que aquele breve momento de paz fosse apenas uma falsa esperança para o fim de tudo aquilo. Mas, naquele momento, com Steve ali ao seu lado, sentia-se, de certa forma, segura. Como se tivesse alguém para estar com ela, alguém para realmente se preocupar com ela, depois de muito tempo. Era uma sensação rara desde o acontecido em Julho do ano anterior, algo que quase havia esquecido como era.

Claro que seus irmãos estavam ali durante todo o tempo. Mas era diferente. Ela cuidava deles. Ela era a responsável por eles – moralmente e legalmente. Era bom deixar-se ser cuidada depois de um longo período sem ninguém para fazê-lo.

Ela ficou ali por mais alguns instantes, sentindo o calor do braço de Steve sobre si no conforto de sua cama, mas ao olhar para o relógio perto de sua cama, suspirou.

Harry teria um voo ainda naquela manhã e ela precisava, no mínimo, ir atrás dele com sua mala. Afinal, o garoto foi sem nada para a casa de Mike e não poderia viajar daquela forma.

Com cuidado, levantou a mão para afastar o braço do Harrington devagar, tentando não acordá-lo enquanto saia da cama. Praticamente deslizou para fora da cama tentando se mexer da forma mais silenciosa possível.

Natalie andou na ponta do pé até seu closet, pegando o uniforme de seu serviço de maneira cautelosa e vestindo devagar.

A mulher decidiu terminar de se arrumar no banheiro fora de seu quarto, não queria acordar Steve, afinal, ainda estava cedo demais para irem trabalhar.

Saiu do quarto, escovou seus dentes e cabelos com calma, cobrindo algumas marcas em seu pescoço com base.

Assim que terminou de se arrumar, abriu a porta do banheiro andando em direção a escadaria. Iria ver se tinha algo para tomar café da manhã em casa quando ouviu um barulho.

— Natalie…

O chamado a fez se virar, confusa.

— Natalie…

A voz que a chamava era familiar, mas  ao mesmo tempo sabia que não poderia ser. Não era o Steve, com certeza não. Mas tampouco aquela voz masculina poderia ser de quem estava pensando.

Reginald estava morto há quase um ano. Não poderia ser ele.

— Natalie…

Natalie permaneceu em silêncio, o cenho franzido enquanto continuava a ouvir alguém lhe chamando. Seu coração deu uma leve disparada ao perceber de onde vinham os chamados.

Quais eram as chances de estar ouvindo algo vindo do quarto de seus pais?

— Natalie…

Respirou fundo, em passos lentos se aproximando da porta. Havia algo errado, ela sabia disso. Não poderia estar simplesmente enlouquecendo… Poderia?

Parou em frente a porta que estava fechada a meses. Nenhum dos três Goodwin tiveram coragem de mexer naquele quarto depois do dia 4 de julho de 1985.

Ficou em silêncio.

— Natalie…

A mulher ergueu a mão direita para tocar a maçaneta, respirando fundo no intuito de tomar coragem.

Não estava com medo de encontrar alguém do outro lado da porta. Não. Ela estava com medo das lembranças que ver o interior daquele quarto poderiam trazer.

Estava prestes a abri-la quando a voz de outra pessoa a fez dar um sobressalto de susto:

— Natalie? – era Harry, no fim do corredor – O que está fazendo?

Ela soltou a maçaneta, olhando para o irmão mais novo surpresa.

— Harry! – ela cumprimentou – Não sabia que estava em casa…

Ela não sabia bem como falar com ele, não depois da briga que tiveram na noite anterior.

Ele não parecia tão diferente, já que olhou para o chão, suas sardas aparecendo mais com a luz da janela batendo nelas.

— É… Eu vim pegar minhas coisas… Você sabe… Vou visitar Eleven. – Harry disse

A mais velha concordou com a cabeça, ainda distante de seu irmão.

— E o Will. – ela disse

— É… E o Will. – Harry falou, mas não parecia tão animado quanto deveria estar

Natalie piscou algumas vezes. Olhando para a porta de seu quarto, perguntando-se se Steve estava acordado.

Ela decidiu evitar problemas, andando em direção a escada e levando a mala de seu irmão, forçando-o a acompanhá-la.

— Não parece tão animado em reencontrar seu… Paquera. – Natalie comentou quando já estavam no andar inferior

Harry demorou alguns segundos para responder.

— Eu estou animado. Na medida do possível. Mas não acho que ele esteja tão ansioso para me ver… Com certeza não está sentindo minha falta da mesma forma que estou sentindo a dele. – Harry disse – Ao menos, não acho que ele se sinta da mesma forma que eu.

A irmã mais velha olhou para o platinado com atenção.

— Você está preocupado que ele não sinta o mesmo… – ela pensou alto, dando um sorriso mínimo – Mas por que, Harry?

Ele deu de ombros.

— Não… Eu… O Will… Eu não sei explicar, Nat. – Admitiu o mais novo – Não é que ele não me ache legal ou que não goste de mim, mas ele nunca olhou para mim da forma que eu queria. Sacou?

Natalie franziu o cenho, cruzando os braços. Se tivesse entendido o que Harry queria dizer, aquilo iria parecer loucura.

— Acha que o Will não é gay? – ela perguntou, incrédula

Harry fez uma careta, olhando para ela.

— Não, com certeza ele é gay. – Harry disse – Só… Acho que ele sente algo pelo Mike, não por mim.

Natalie não esperava ouvir aquilo. Como poderia? Mike namorava Eleven a anos, pensar em Will apaixonado por ele ao invés de estar pelo seu irmão era loucura.

Quer dizer, poderia estar sendo clubista, mas seu irmão tinha muitas qualidades e sempre esteve ali para Will quando ele precisava.

Mesmo quando o garoto desapareceu.

— Eu entendo como é complicado, Harry. Gostar de uma pessoa que você não tem certeza se gosta de você ou não. – Natalie disse – Mas o Will é o tipo de pessoa que tem dificuldade em expressar os sentimentos. Principalmente depois de tudo o que aconteceu com ele.

— Eu sei… Mas…

As palavras de Harry se perderam. Ela não precisou ouvir o que ele queria dizer, conseguiu captar em seu olhar.

— Você tem medo? – ela perguntou

Harry concordou com a cabeça.

— Tenho medo de estragar nossa amizade. – ele respondeu

— Harry, só um idiota não se apaixonaria por você. – Natalie disse – Você é uma ótima pessoa, inteligente, engraçado, leal… Pode ser um nerd esquisito, mas é muito lindo. – a brincadeira o fez rir – E se Will não conseguir ver isso porque prefere correr atrás de um hétero que namora, ele que se dane! Você vai se apaixonar mais de uma vez, Harry. E os garotos vão se apaixonar por você também. Se perceber que Will não te olha da mesma forma, ignora isso. Tenho certeza que vai achar outros garotos na Califórnia para se interessar. E tenho certeza que arrasará muitos corações por lá.

Harry não aguentou o sorriso que surgiu em seus lábios ao ouvir sua irmã. Ele quase precisou segurar o choro. Quase.

— Está falando como uma velha, sabia disso? – Harrison brincou

Ela riu.

— Você e a Amber estão me transformando em uma velha. – Natalie revirou os olhos de brincadeira

A risada de Harry se perdeu, lembrando do que havia falado para sua irmã no dia anterior. Ele sabia que havia pisado na bola, mas não sabia como consertar aquilo.

Afinal, ele sabia que Natalie estava sofrendo tanto quanto ele.

Ele olhou pro andar de cima.

— Não vi Amber hoje. – Harry comentou

— É, ela dormiu na casa de uma das meninas da banda. – Natalie explicou

— Alguma que ela quer beijar ou…

— Noite das garotas. – Natalie o interrompeu – A Amber é muito envergonhada para tentar beijar alguma menina.

— Especialmente a que ela tá afim. – Harry comentou, referindo-se a Robin

— É, especialmente ela. – Natalie brincou

— Está sozinha então? – Harry perguntou

A mais velha fez um esforço para não arregalar os olhos com a pergunta repentina. Ela não estava sozinha, mas como falaria para seu irmãozinho que havia passado a noite com Steve?

Steve Harrington. Um garoto da idade dela, mas que também era um dos melhores amigos de seu irmão?

Ela assentiu com a cabeça.

— É, eu tô sozinha. – ela respondeu

Harry ficou em silêncio por alguns segundos.

— Nat, eu sinto muito. – O mais novo disse

Ela fez uma careta.

— Por eu ter ficado sozinha?

— Pelo que eu disse ontem. – Harry falou – Sei que está fazendo seu melhor. Mas…. É difícil.

Ela não sabia bem como reagir. Não imaginava que ele fosse se desculpar por aquilo. Baixou o olhar.

— Você tinha razão, Harry. Eu não sou sua mãe.

— Mas está cuidando de mim como a mamãe gostaria que eu cuidasse. – Harry disse – E ao invés de eu tentar ajudar, fui rude. É que… O Hellfire… O Eddie… Ele me entende, sabe? E não, não é me dando droga, antes que você pergunte. Ele tenta nos ajudar… De um jeito bizarro e inconsequente, mas tenta. E consegue! Enquanto os garotos do basquete… Nat, eles faziam bullying com a gente até ontem. E mesmo com o Lucas no meio…

— Ainda é difícil encará-los. – Natalie concluiu

— É difícil torcer por eles. Mesmo sabendo como Lucas adora aquele esporte e como ele está tentando evitar sofrer bullying. – Harry comentou – Mas o que eu poderia fazer? Eu sou um nerd gay, é claro que eles vão me achar estranho. É óbvio que vão fazer bullying comigo. – ele riu de si mesmo – Mas vou tentar apoiar o Lucas na próxima vez.

Nat se aproximou de seu irmão.

— Não precisa fazer as coisas por pressão, Harry. Mas tente explicar seus motivos para o Lucas. – A Goodwin mais velha deu a ideia – Ele vai compreender.

Harry abraçou a irmã.

— Eu te amo, Nat. – ele falou

— Também te amo, Harry. – ela respondeu

A buzina de um carro, fez com que os irmãos se afastassem.

— Esqueci que o pai do Mike está me esperando lá fora. – Harry disse – Preciso ir urgentemente.

Ele passou correndo pela irmã mais velha.

— Pegou tudo?

— Peguei. – ele disse – Tudo o que estava na lista.

Ela andou atrás dele até a porta.

— Te vejo em algumas semanas. Vê se você se comporta. – Natalie disse

— Eu sempre me comporto. – Harry abriu a porta – Fala para a Amber que eu mandei ela se ferrar. – Natalie riu – E que deu tchau.

— Eu falo, pode deixar. – Natalie brincou

Ele deu um último abraço na irmã e correu para o carro. A mais velha observou ele guardar a mala no porta malas e entrar no banco de trás.

Acenou em despedida para seu irmão e os Wheeler que iriam para o aeroporto, esperando o carro se afastar o suficiente para fechar a porta.

Novamente a casa estava em silêncio absoluto.

A mulher deu alguns passos rumo à cozinha. Não tinha certeza se deveria ter mentido para Harry quanto a não ter outra pessoa em casa, mas quem poderia julgar?

Se o que estivesse acontecendo entre ela e Steve desse errado, não ter ninguém para sofrer junto com eles seria o melhor… Certo?

A campainha tocou de repente.

— Já vai. – alertou a morena, dando meia volta

Deveria ser uma das crianças querendo se despedir de Harry. Amber não tocaria a campainha e Robin muito menos, especialmente estando com sua irmã.

Natalie abriu a porta, franzindo o cenho ao perceber que não havia ninguém ali.

Estava enlouquecendo. Era a única explicação para aquilo.

Ia fechar a porta quando percebeu a caixa no chão. Suspirou aliviada. Não estava louca, era apenas uma entrega.

Ela pegou a pequena caixa do chão, a colocando para dentro de casa. Seu nome estava escrito em um rótulo nela.

Não se lembrava de ter encomendado nada com nenhum vendedor da cidade.

Sentou-se no sofá, tirando a embalagem com cuidado. Pegou a chave para cortar os durex que a prendiam. Um pequeno grito saiu de sua boca quando abriu a mesma e diversas aranhas começaram a sair de dentro, subindo sua mão.

Em um movimento movido pelo instinto, soltou a caixa no chão instantaneamente, se mexendo o máximo possível para que os aracnídeos se desgrudassem de si. Odiava aranhas com todas suas forças, mesmo as pequenas.

Natalie continuou a chacoalhar as mãos freneticamente, encarando o chão onde as aranhas deveriam estar. Haviam sumido por completo. Foi quando ela ouviu o primeiro badalar.

Ergueu o olhar para que seus olhos encontrassem de onde saia aquele alto som, abrindo a boca um tanto confusa ao ver um grande e velho relógio no meio de sua sala de estar. Um relógio que, com certeza, não estava ali anteriormente.

Tinha algo errado em tudo aquilo.

Se aproximou devagar, sentiu seu coração disparar contra seu peito. Prendeu o ar em seus pulmões. O que era aquele relógio?

— Nat? – ela virou o rosto em direção a voz que chamava

Steve a olhava um tanto quanto confuso.

— Está tudo bem? – ele perguntou

— Está? – ela respondeu, piscando os olhos algumas antes de se afastar da parede agora vazia – Está. É, está sim. Harry acabou de sair daqui.

Steve não pareceu duvidar da resposta, assentindo com a cabeça.

— Ele…?

Apesar dele não terminar a pergunta, Natalie a entendeu quase imediatamente.

— Não. Ele não nos viu ou ouviu fazendo nada. Inclusive, eu disse para ele que estava sozinha em casa. Ele chegou agora de manhã. – Natalie explicou – Você sabe… Para pegar suas malas e ir pro aeroporto com o Mike… Os dois vão visitar os Byers na Califórnia.

Natalie tentou explicar rapidamente sem demonstrar o pequeno nervosismo que tinha em seu próprio corpo. Havia algo errado, ela tinha certeza disso.

Poderia torcer para Steve achar que o nervosismo dela era por terem, literalmente, dormido juntos, mas também não queria que ele achasse que ela não havia gostado daquilo.

Não podia contar a ele sobre o relógio.

Steve assentiu como se tivesse levado alguns segundos para absorver as palavras.

— Tá. Tá, beleza. – Steve disse – Só o Harry e o Mike estão indo?

Natalie fez uma careta confusa.

— Hum?

— Achei que a Nancy também ia. Para ver o Jonathan. – explicou Steve

Natalie odiou a sensação que tomou seu estômago com a fala. O gosto ácido que subiu por sua garganta não era algo bom.

Estava com um certo ciúmes, mas sabia que aquilo não era justo. Não era justo com Nancy, nem com Steve e nem com si mesma. Afinal, haviam passado uma única noite juntos, não tinham absolutamente nada e se alguém fosse se incomodar com aquilo deveria ser Nancy. Até porque, elas eram amigas e eles já haviam sido namorados.

Natalie desviou o olhar, dando de ombros.

— Ela tá ocupada com o jornal da escola e como é algo extracurricular pra faculdade, achou melhor não se distrair indo com eles. – ela explicou – Algo assim.

E mesmo com aquilo, com o ciúmes que estava sentindo sua cabeça ainda latejava de dor tentando entender o que havia acontecido com ela.

De certa forma, aquela conversa com Steve estava em segundo plano em sua mente. Seu foco estava em outra coisa e ela nem ao menos sabia o que era.

E por não saber, não iria contar a mais ninguém. Não até ter certeza.

Steve ficou em silêncio por um momento, como se ponderasse a resposta dela enquanto analisava seu rosto, mesmo com ela desviando o olhar, como se tentasse decifrar a expressão dela.

— Faz sentido, eu acho. — Ele disse, parecendo hesitante – A Nancy sempre foi meio focada nessas coisas.

Natalie mordeu o lábio assentindo em seguida. Sua cabeça parecia prestes a explodir com tanta coisa ao mesmo tempo. Não queria ficar pensando na alucinação que teve, mas tampouco queria tentar se convencer de que não estava com ciúmes de Nancy, porque sabia que algo na menção dela, vindo de Steve, a incomodava.

E estava começando a se odiar por causa disso.

— Você tá bem mesmo, Nat? – Steve perguntou, o tom hesitante ainda em sua voz – Parece meio distante desde que a gente… Sabe.

Ela piscou algumas vezes, como se absorvesse as palavras de Steve. Parecia confusa.

Quando finalmente resolveu responder, foi interrompida:

— É só… – várias batidas na porta

Natalie sentiu seu corpo gelar, seu olhar indo para a porta no mesmo momento. Não estava esperando ninguém.

Steve franziu o cenho.

— Quem será?

A garota desviou o olhar da porta para o chão vazio que tinha derrubado as aranhas minutos atrás, depois voltou a olhar para Steve.

Um leve medo invadiu seu peito.

A batida soou novamente, dessa vez ainda mais forte. Natalie sentiu um arrepio percorrer sua espinha, queria correr e se esconder.

— Nat? – Steve chamou baixo, confuso – Tá esperando alguém?

Ela balançou a cabeça devagar.

— Ninguém... – respondeu baixo

— Deve ser a Amber. – Ponderou Steve

— Ela não bateria, ela tem a chave. – Natalie murmurou

— Robin?

— Com a Amber.

— Alguma das crianças? – Steve perguntou

— Você conhece Dustin, se fosse algum deles já estariam aqui dentro. – A Goodwin respondeu

Quando bateram pela terceira vez, Natalie tomou coragem para andar rapidamente até a porta e a abrir. Algo dentro de si já se preparava para usar seus poderes e jogar quem quer que fosse longe.

Suspirou de alívio quando percebeu que eram os ex-parceiros de seu pai Powell e Callahan, com armas na mão e distintivos.

O alívio virou confusão.

— Delegado Powell? Callahan? O que estão fazendo aqui?

Calvin Powell olhou para Steve dentro da casa, que o cumprimentou sem jeito.

— Podemos entrar? – perguntou o novo xerife da cidade

— Podem. Claro. – ela abriu a porta para os dois agentes entrarem, percebendo que haviam algumas viaturas do lado de fora – Está tudo bem?

— Não, mas irá ficar. – Callahan garantiu

— É um alívio saber que está bem, Natalie. – Powell falou – Nos avisaram que um garoto cabeludo entrou aqui essa madrugada, achamos que poderia ter sido Edward Munson.

Steve pareceu ficar ofendido com a comparação, mas não ousou fazer qualquer comentário.

— Eddie? Não, foi o Steve. – Natalie explicou

Natalie ficou ainda mais confusa quando Callahan suspirou aliviado, apesar de perceber Powell analisando a situação ao encarar Steve.

— Steve Harrington? Caramba… – o delegado negou com a cabeça como se quisesse deixar os pensamentos de lado – Natalie, precisamos falar com você… A sós.

O Harrington franziu o cenho, um tanto incomodado.

— A sós? Dependendo de qual for o assunto, eu posso ajudar. – Steve disse

— Não é sobre ajuda, Harrington. É algo importante. – Powell disse

Natalie o olhou.

— Está tudo bem, Steve. Eu te vejo no trabalho. – A Goodwin falou

— Tem certeza? – ele perguntou, hesitante. Ela confirmou com a cabeça – Qualquer coisa me liga.

— Pode deixar. – ela sorriu e Callahan abriu a porta para Steve ir embora

Levou alguns segundos para ele pegar as coisas dele e sair. O policial fechou a porta. Natalie olhava para eles atentamente.

Os dois policiais sussurravam alguma coisa um para o outro, certamente discutindo como falar para Natalie o que queriam. Seu estômago se revirou quase no mesmo momento, não podia deixar de perceber uma semelhança entre eles e seu pai e Hopper.

Não em questão de aparência, obviamente, mas na forma de lidar com alguma situação. Era estranha toda aquela movimentação policial dentro da casa dela sem nenhum dos dois envolvidos.

— Natalie… – Powell disse, calmamente – Preciso que responda com sinceridade. Edward Munson tentou entrar em contato com você de ontem para hoje?

— Não. – Natalie respondeu – Não tentou. Por que?

Callahan suspirou.

— Vocês dois tiveram uma discussão na noite anterior, certo? – Powell perguntou – Ele estava agindo de uma forma estranha?

Natalie deu um passo para trás inconscientemente. Sentia uma acusação implícita nas palavras do delegado, algo que fosse além de traficar drogas.

Algo ruim.

— Estão acusando ele do que? – Natalie perguntou

— Ainda não estamos acusando. – Callahan respondeu

— Só precisamos que responda. – Powell disse

Natalie sentiu seu coração batendo mais forte por um segundo.

— Discutimos, sim. Mas nada muito grave. – Natalie disse

— E ele parecia agressivo? Diferente?

— Não! Claro que não. Era só… Eddie sendo Eddie. – Natalie falou, cruzando os braços

— O que quer dizer…?

— Ele estava agindo como uma criança.

— E por que discutiram?

— Porque ele estava apoiando a rebeldia do meu irmão mais novo. – Natalie disse, rapidamente – Posso saber ao menos o porque eu estou sendo interrogada?

Powell trocou um olhar com Callahan, e então respirou fundo, como se estivesse se preparando para algo difícil. Natalie sentia que seu coração ia explodir.

Sabia que tinha algo errado. Algo muito errado, mas o que o Eddie tinha a ver com tudo isso?

— Natalie, isso não é um interrogatório… – o delegado desistiu de continuar a omitir a verdade – Nessa madrugada encontramos o corpo de uma estudante… De uma líder de torcida. Na casa dos Munson.

A risada que saiu pela boca de Natalie demonstrou sua incredulidade.

— O que? Tão falando sério? – eles assentiram, o riso dela sumiu – Quais as chances de ter sido uma overdose? Todos sabemos que ele vende drogas.

Powell respirou fundo, com pesar.

— Zero.

— Como assim “zero”? – Natalie perguntou – Acham que Eddie a matou? Ele não faria isso.

— Infelizmente, Natalie… A cena do crime não era… Comum. – Powell disse

— Quem fez o que fez com a menina… Foi maldade pura. – Callahan completou

— Foi o tio dele quem encontrou o corpo. – Powell disse – Viemos atrás de você assim que soubemos da discussão. Pensamos que você poderia ser…

— A próxima vítima do Eddie? Isso é loucura. – Natalie falou

O delegado colocou a mão no ombro da menina.

— Não podíamos descartar a possibilidade. – Callahan falou – E, sinceramente, queríamos garantir que não estaria no mesmo estado que a outra garota. Já não basta não encontrarmos os corpos de seus pais, se você estivesse daquela maneira…

Powell chamou a atenção do homem percebendo os olhos de Natalie lacrimejarem.

Sabia que não era o momento de se lamentar. Conhecia Eddie o suficiente para saber que ele não passava de um crianção tentando crescer. Ele vendia drogas para se manter, ele não era um cara mau.

E se a cena “incomum” para os policiais fosse algo mais comum para uma adolescente que foi usada como experimento na infância?

— Era uma líder de torcida? Não reconheceram o corpo ainda? – Natalie perguntou, eles negaram – Eu conheço todas, querem que eu reconheça o corpo para que a família não veja como ela está?

Era uma ideia patética, foi surpreendente para ela que os dois tenham aceitado com tanta facilidade.

E lá estava ela, em um carro de polícia indo para a casa do Eddie porque não ousaram tirar o corpo da casa. Haviam muitos repórteres quando chegaram lá.

Natalie respirou fundo antes de entrar na casa e, sem dúvidas, aquilo foi a melhor coisa que poderia ter feito, já que prendeu a respiração no mesmo momento em que bateu os olhos na loira sem vida.

Seus braços e suas pernas estavam quebrados, seu queixo pendia pro lado e seus olhos… Pareciam ter sido arrancados, o sangue seco tomava conta deles.

— É a Chrissy Cunningham. – Natalie informou para Powell que evitava olhar para o corpo

Aquilo era o que Natalie precisava para confirmar o que já suspeitava. Achava que era impossível já que haviam fechado o portal - Hopper havia dado a vida por aquilo -, mas de alguma forma o sobrenatural havia voltado para Hawkins.

De alguma forma o mundo invertido estava afetando eles novamente. Se não algum monstro de lá, alguma pessoa que foi feita para combater os males de lá.

E ela sabia disso porque o corpo de Chrissy estava exatamente como ela havia deixado os corpos dos russos na base meses antes.

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