2.15- LAB
Andar a frente do grupo era um ato que Natalie preferia acreditar que era corajoso, ao invés de burrice. Estar cheia de sangue, incluindo sangue seco que descera pelo seu nariz quando usou seus poderes, poderia ser um grande atrativo aos demogorgons em fase de crescimento.
Apesar de acreditar que estavam indo em direção a algo mais atraente ainda que ainda não sabia ao certo o que era.
As crianças andavam um pouco atrás de Natalie, conversando. A morena preferia não olhar para trás, prestando atenção no caminho que tinham pela frente. O medo de uma daquelas coisas voltar em direção deles querendo atacar as crianças era óbvio. Estalava os próprios dedos em um ato de aliviar a ansiedade que tomava seu corpo, atraindo a atenção de Steve quando mordeu o próprio lábio inferior – ato que Natalie fazia sempre que estava preocupada.
— Você tem certeza que era o Dart? – Lucas perguntou para Dustin
— Sim, tinha o desenho amarelo no traseiro. – Dustin respondeu com convicção
— Pra mim eram todos iguais. – Harry deu de ombros
— Ele era pequeno há dois dias. – Max disse
Ela estava apavorada, mesmo sem demonstrar muito. Dart era pequeno a alguns dias, agora era um monstro que a cabeça abria a cabeça em uma boca gigante. Em um momento estava atropelando a garota que andava um pouco a frente, em outro a mesma garota usava poderes contra Dart.
Poderes de verdade. Poderes como os que ela lia nas revistas em quadrinhos, mas agora eram reais. Reais até demais.
— Já passou por três Ecdises. – Dustin explicou
A palavra difícil foi o que chamou a atenção de Steve para a conversa das crianças.
— Como é? – Ele perguntou confuso
— Ecdises são trocas de exoesqueleto que alguns animais fazem, tipo cobras ou lagartas. – Natalie respondeu sem olhar para trás
— Exo- Exo o que? – Steve perguntou acelerando o passo para ficar ao lado de Natalie
O grupo inteiro parou quando ela deixou de andar para se virar e olhar o Harrington.
— Exoesqueleto, é basicamente troca de pele, mas é uma pele rígida que toma o corpo do animal e impede ele de crescer. Ele sai dela quando está na puberdade. – Natalie explicou
Steve assentiu quase no mesmo instante, fingindo ter entendido o que Natalie disse. Por mais que a explicação da garota fosse simples de entender, não conseguiu prestar atenção no que ela falava. Sua atenção ficou presa em seu rosto, forçando a si mesmo a não olhar para os lábios da garota.
Mesmo suja de terra e com respingos de sangue no rosto, Natalie continuava linda.
Ele se repreendeu por pensar isso, havia acabado de terminar com a Nancy, Natalie era a melhor amiga dela… Mesmo se criasse algum sentimento por ela, não aconteceria nada entre os dois.
Ou aconteceria.
Eles voltaram a andar.
— Quando será que vão trocar de novo? – Harry perguntou
Natalie respirou fundo, tentando segurar a preocupação que tomou conta de si com aquela pergunta. O medo se instalando com força em seu corpo, já que não sabia quanto tempo levaria para aqueles pequenos demogorgons virarem demogorgons adultos.
— Não faço ideia. – Natalie respondeu com sinceridade
— Deve ser logo. – Dustin opinou
— Qual será o tamanho que ele vai ficar? – Max perguntou, receosa
— Provavelmente um adulto… Ou quase um. – Natalie respondeu – Os amigos dele… – Se referiu ao Dart – Também. Adulto ele fica bem maior. Tipo, o Harrington só que duas vezes mais alto.
O horror no olhar da Mayfield era visível.
— É e vai comer bem mais que gatos. – Steve disse
Natalie lançou-o um olhar de repreensão por citar a gata de Dustin, sabendo que eles estavam escondendo essa informação de Lucas só pela indicação no olhar do Sinclair.
— Espera aí, um gato? – Lucas perguntou, parando Dustin com um quase empurrão – Dart comeu um gato?
Dustin abriu a boca, inventando alguma desculpa para dar ao Sinclair. Harry levou a mão a sua própria testa.
— Não, o que? Não? – Dustin gaguejou
Steve fez uma careta.
— Do que você tá falando? Ele comeu a Miau. – Steve disse
— Harrington… – Natalie sussurrou colocando a mão no ombro do garoto enquanto negava com a cabeça
— Miau? – Max perguntou – Quem é Miau?
— A gata do Dustin. – Steve respondeu
— STEVE! – Dustin exclamou
— Porra! – Natalie reclamou chutando um dos trilhos que haviam pelo caminho
Sabia a briga que estava por vim após a nova informação que Steve concedera para as crianças.
— Eu sabia! – Lucas exclamou – Você ficou com ele!
— Não! Não? – Dustin olhou para Natalie pedindo ajuda
A morena por outro lado estava de olhos fechados enquanto negava com a cabeça, tentando não perder a paciência com as crianças.
— Você apoiou o Dustin? – Lucas perguntou para Harry
— Eu… – A voz do Harrison falhou
— Ele ficou com saudades! Queria ir para casa. – Dustin mentiu
— Dustin, melhor a gente contar a verdade… – Harry disse
— Vocês dois mentiram! – Lucas os acusou
Natalie negou com a cabeça, ainda com os olhos fechados.
— Não comecem a brigar. – Ela disse
— Não sabíamos que era um Demogorgon! – Harry se defendeu, ignorando a irmã
Lucas o olhou com desgosto.
— E você só admite agora? – Lucas perguntou com raiva
— Quem se importa? – Max perguntou – Temos que ir!
— EU ME IMPORTO! – Lucas respondeu Max, olhando para seus amigos em seguida – Colocaram o grupo em risco.
— Sério, Lucas? – Harry reclamou
— Chega de briga. – Natalie ordenou, sendo ignorada
— Vocês violaram nossa regra! – Lucas disse
— E você também! – Dustin o acusou
A confusão no rosto do Sinclair era visível.
— O que? – Ele perguntou
— Contou a verdade a uma estranha! – Dustin reclamou, jogando a luz da lanterna no rosto da ruiva
Steve revirou os olhos, olhando para o lado quase no mesmo instante.
— Já chega! – Natalie mandou em um tom mais alto
— O que? Uma estranha? – Maxine perguntou
A ruiva ficara irritada ao ser chamada de estranha.
— Errar é humano galera! – Harry falou
— Você também queria contar! – Lucas rebateu o argumento de Dustin
— Mas eu não contei, não é? – Dustin perguntou olhando para Harry, que deu de ombros – Não contei! Você também violou a regra, estamos quites!
Steve negou com a cabeça, fazendo uma careta e se afastando um pouco do grupo ao ouvir um barulho na floresta.
— Não, não vem com essa de estamos quites! – Lucas disse – Seu bicho idiota quase jantou a gente!
— AQUILO NÃO FOI CULPA MINHA! – Dustin gritou
— JÁ CHEGA! – Natalie gritou, ofegante, abrindo os olhos ao mesmo tempo que mexia as mãos.
Sua paciência acabou com o início dos gritos.
Os três garotos a sua frente começaram a levitar no ar, alguns gritos sendo ouvidos vindos de suas bocas. Maxine e Steve a olharam quase no mesmo momento.
Natalie os colocou de volta no chão assim que se acalmou.
— Podem parar de brigar sobre isso, vocês três estão errados e ponto final. Não deveriam ter cuidado de um Demogorgon depois de descobrir que ele veio do Mundo Invertido e você, Lucas, não deveria ter contado para a Max sobre tudo isso! Eram ordens da porra do governo! – Natalie disse impaciente – Está colocando a vida dela em risco só porque queria a impressionar, já que claramente gosta dela. Tocando no assunto, pare de agir como um idiota, Dustin, você só tá reclamando da Max saber disso tudo porque não foi você quem contou. Harry… Não coloca lenha na fogueira garoto e começa a usar a cabeça para alguma coisa. – Se virou para Max – Não se intrometa nessa briga ridícula, não deveria nem estar aqui e você, Steve… – olhou para Steve que estava afastado – O que está fazendo aí?
— Acho que eu ouvi alguma coisa. – Steve disse
Ela andou até ele.
— Os gritos das crianças ou os meus? – Sugeriu a Goodwin
Entendeu o que Steve estava dizendo quando um barulho distinto foi ouvido por ela também.
Dustin aproveitou a distração da mais velha para voltar o assunto com Lucas, mesmo assustado com o surto repentino de Natalie.
— Ele não ia nos matar. – Dustin sussurrou
— Ah, ele tava avançando para dar um oi? – Lucas perguntou irônico
— Pessoal! – Foi a vez de Steve de chamar a atenção das crianças
— Dart só queria "matar" a saudade. – Harry brincou
— PESSOAL! – Steve chamou em tom alto, fazendo as crianças o olharem.
O Harrington virou a cabeça, seus olhos se encontrando com os de Natalie. Ambos assentiram ao ouvirem o barulho novamente, ele tomou a frente do grupo. Andando em direção ao barulho.
Natalie andou em seguida, Harry, Dustin e Lucas atrás. Max parou por um instante, em choque pela atitude dos novos amigos.
— Não! Não! Ei! Por que estão indo na direção do som? – A ruiva perguntou – Ei! Ei! Merda!
Mesmo querendo desistir de seguir eles, a Mayfield andou logo atrás. Em passos largos, alcançou o grupo. O frio invadia as entranhas de Natalie, conforme a garota andava sem blusa de frio, o vento batendo contra seus machucados.
A neblina tomava conta da cidade, era visível até mesmo no topo das árvores que os cercavam conforme adentravam mais a floresta.
Natalie observou toda a cidade da ponta da colina onde o grupo parou. Os rugidos dos animais que procuravam ficando mais altos, se repreendia por ter levado as crianças consigo novamente, mas não era seguro deixá-los sozinhos. Não quando um deles poderia tentar adestrar um daqueles novamente.
Já havia visto Hawkins daquele lugar anteriormente, uma única vez, mas quando aconteceu, ela não estava com tanta neblina. Era um verdadeiro filme de terror que não assustava Natalie.
Isso porque a primeira vez havia sido mais assustador, pois fugira de um massacre no laboratório da cidade na mesma noite.
— Não estou vendo nada. – Dustin disse
Natalie jogou a cabeça um pouco para o lado, era quase impossível ver qualquer coisa naquele momento. A neblina cobria quase tudo.
O Sinclair usou seus binóculos para procurar de onde os sons estavam vindo.
— É o laboratório! – Alertou Lucas, atraindo olhares de todos do grupo – Eles estão voltando para casa.
A nova informação fez com que o ar gélido que entrava pelo nariz de Natalie de repente a congelasse. O medo tomando conta de si por completo, qualquer um que a olhasse nos olhos naquele momento conseguiria sentir o pavor da garota.
Levou o olhar para a direção em que Lucas olhava, a boca aberta ajudando na respiração que de repente se tornara uma coisa difícil de continuar a fazer.
Tentou contestar quando o grupo começou a dar a volta na colina, descendo em direção ao laboratório, mas nenhuma frase saia de sua boca. Natalie não conseguia falar, por mais que quisesse.
Nem ao menos conseguia bolar uma frase. Fechou os olhos, respirando fundo com um tanto de dificuldade. Seguiu o grupo um tanto atrás, seus pés escorregando na grama úmida em alguns momentos.
Como se tivesse algo entalado em sua garganta e estivesse prestes a sair. Essa era a sensação que Natalie sentia toda vez que tentava chamar a atenção do grupo, cada vez que se aproximavam mais do laboratório.
De repente a ideia de ser atacada por um Demogorgon no meio do caminho não era uma ideia tão ruim para Natalie.
Tentava se convencer que não estava indo para o lugar de onde fugia a quase 5 anos. Tudo se tornava mais real quanto mais se aproximavam do local. Natalie já havia desistido de falar qualquer coisa.
— Quem está aí? – Uma voz era ouvida pelo grupo conforme desciam o barranco
Steve foi o primeiro a aparecer, Dustin em seu encalço. Harry, Max e Lucas apareceram juntos, Natalie logo atrás. Seu olhar parecendo perdido.
— Steve? – Nancy e Jonathan perguntaram ao mesmo tempo
— Nancy? – Steve perguntou, confuso
— Jonathan? – Dustin perguntou ao ver o Byers com a Wheeler
— Natalie? – Jonathan perguntou confuso ao ver a garota junto com o grupo inesperado
No entanto, ela não ouviu. Não ouvia mais nada, sua atenção estava totalmente nos muros do laboratório. Agora tão pertos que conseguia ver o quão altos eles eram.
Se aproximou do laboratório em alguns passos lentos, seu olhar percorrendo o local. De repente, seus pés já não se mexiam mais, ela não conseguia nem se afastar e nem se aproximar mais do que aquilo. Lágrimas apareceram quase no mesmo momento.
As mãos trêmulas eram visíveis de longe. Natalie queria fugir, correr para longe dali. Tirar aquelas crianças de perto daquele lugar o mais rápido que conseguisse. Mas ela não conseguia.
Ela simplesmente não conseguia.
Fechou os olhos por um momento, a lágrima que segurava descendo por sua bochecha. O ar faltou em seus pulmões por alguns segundos, lembranças que fizera de tudo para esquecer voltando de uma vez.
Não todas, mas parte delas. Desde os seus sete anos até os treze, pouco antes do massacre acontecer. Os anos de tortura naquele lugar, o primeiro teste que fez em uma lembrança clara em sua cabeça. Desejava que acontecesse a mesma coisa que aconteceu com o dia do massacre, um grande apagão que só lembrava de ver Eleven desmaiar e fugir em seguida. Não fora isso que aconteceu, o apagão que sua infância tivera durante anos voltando do dia para a noite.
Estar ali desbloqueou memórias que Natalie queria ter esquecido, queria que nunca tivessem existido. Estava ofegante, abriu os olhos apavorada. Era como se tudo estivesse acontecendo novamente.
A garota corajosa que tomou a frente do grupo já não existia mais, naquele momento era apenas uma garotinha apavorada em frente ao seu antigo cativeiro.
Sentiu uma mão tocar em seu ombro, mas não deu importância. Estava imersa em suas lembranças sombrias.
Deu um pulo para trás, amedrontada, assim que ouvira mais um barulho do lado de dentro do local. Pegando na mão da pessoa mais próxima a ela naquele momento.
Steve havia se aproximado de Natalie, pronto para perguntar o que a garota estava fazendo, quando ela pegou em sua mão apavorada. Ficou preocupado, a Goodwin estava pálida, seus lábios tremendo.
— Natalie… – Steve disse assustado
— Eu não… – Ela tentou falar, mas sua respiração estava totalmente desregulada, como a de alguém que tentara passar mais de um minuto embaixo da água em uma piscina. A mão da garota ainda tremia. – Não consigo respirar.
Os olhos de Steve se arregalaram.
— O que? Nat? – Steve olhou em volta, sem saber o que deveria fazer para a ajudar, procurava um motivo para ela estar tão assustada até lembrar-se sobre a infância dela dentro do laboratório – Nat… Olha para mim.
Se não estivesse com uma imensa dificuldade naquele momento para respirar, Natalie com certeza seria grossa com o Harrington. Algo como “Olhar para você vai ajudar a trazer oxigênio para os meus pulmões como?” ela com certeza falaria.
Mas estava quieta, não iria gastar seus últimos minutos com vida dando uma patada qualquer no Harrington.
— Você está segura, ok? Nós estamos aqui com você, não vamos deixar nada acontecer com você. – Ele falou assim que ficou na linha de visão da garota – Preciso que se concentre em sua respiração, podemos fazer isso com calma…
— Eu não consigo! – Ela exclamou, lágrimas caindo de seus olhos. Natalie sentia suas pernas perderem as forças, como se ela fosse cair a qualquer momento. – Você sabe… – apontou para o laboratório – O outro lado…
Não conseguiu terminar de falar, estava literalmente apavorada.
O Harrington tentava não transparecer o desespero em seu olhar, mas era quase impossível. Nunca tinha a visto tão vulnerável, nem quando estava desmaiada em seus braços no ano anterior.
A garota destemida que era sua amiga, de repente sumira.
— É difícil, mas você precisa tentar. – Steve disse, apertando ainda mais a mão dela – Eu sei, que está com medo, Nat. Mas você não é mais aquela garotinha que vivia aqui. Você cresceu, você fugiu e você é maior que o medo por esse lugar. Nat, você é uma das pessoas mais fortes e corajosas que eu conheço. Eles não tem mais controle nenhum sobre você. Então… Respira comigo, Nat.
Natalie fechou os olhos, tentando manter a calma respirando devagar junto com o Harrington. Levou pouco mais de um minuto para sua respiração voltar ao normal, por mais que o medo daquele lugar continuasse presente.
Abriu os olhos assim que se acalmou um pouco.
— Fiquei surpresa por dar certo. – Natalie admitiu, fazendo Steve dar uma pequena risada
Ele a puxou, ainda de mãos dadas. Ambos andando até às crianças, Jonathan e Nancy que estavam em frente ao laboratório.
O olhar da Wheeler se direcionou as mãos do casal de amigos, surpresa. Não ficou chateada ou irritada com o ato, mas o espanto não deixou de tomar conta de si mesma.
— Então… – Natalie disse, soltando a não de Steve, assim que percebeu o olhar de Nancy – O que estão fazendo aqui?
— Estamos procurando por Mike e Will. – Nancy falou
O temor tomou conta de Natalie novamente.
— T-Tá falando sério? – Natalie perguntou – Eles estão lá dentro?
— Puta merda! – Harry exclamou desesperado
— Nós não sabemos! – Nancy respondeu – Você tá machucada, Nat?
— Por que? – Jonathan perguntou
O barulho que seguiam voltou a surgir de dentro do laboratório. Os demogorgons se movimentando lá dentro, provavelmente matando.
— Demogorgons da puberdade. – Natalie disse rapidamente – Fui atacada por um deles na minha casa, Dustin tentou cuidar de um. No começo achamos que eram só dois, então Steve e eu tentamos pegar eles com as crianças, mas eram vários. Tipo, dezenas deles. É uma longa história, mas basicamente, são pequenos enquanto não trocarem de pele.
— Como assim estão procurando pelo Mike e pelo Will? – Dustin perguntou
— Não temos notícias deles a dois dias. – Nancy respondeu
Natalie levou a mão ao rosto, tirando os fios de cabelo de cima dele. Nervosa.
— Não viram eles? – Jonathan perguntou
— Não, tentamos falar com eles a dois dias também. – Lucas respondeu
— Não vejo e nem falo com a minha família a pelo menos três dias. – Natalie deu de ombros – O último que vi foi o Hopper, me prometeu não contar ao meu pai que fui suspensa e fui parar no hospital. Desde então não vejo nenhum deles, será que estão juntos… Lá dentro?
— Temos que tentar entrar lá. – Nancy diz
— O que? Tá de brincadeira? Quer entrar naquele lugar? – Natalie perguntou apontando para o lugar que estava completamente apagado
— Sim. – Nancy respondeu
— Infelizmente, não vai dar! Tá sem energia, não tem como abrir os portões elétricos. – Natalie usou a primeira desculpa que veio a cabeça para convencer eles de não entrarem lá
Nancy olhou do portão para Natalie.
— Não consegue… Sabe… – Nancy fez um gesto indicando para Natalie usar seus poderes
A Goodwin negou com a cabeça.
Quase no mesmo momento, a energia do local voltou. Segurou os palavrões em sua garganta ao perceber isso.
— A energia voltou! – Nancy comemorou
Jonathan, Harry, Nancy e as crianças correram em direção a cabine de controle. Natalie os seguindo devagar, com Steve perto de si.
Fechou os olhos, estava dentro do laboratório novamente, mas dessa vez as paredes e o chão estavam sujos de sangue. Natalie olhou em volta, pensando ser lembranças do dia do massacre, não eram lembranças, era tudo real. Teve certeza quando viu Ayla, Amber, Joyce, Reginald, Jim e Mike correndo pelos corredores com um Will desacordado e luzes piscando.
Eles estavam lá dentro.
Natalie abriu os olhos, indo até a cabine rapidamente. Jonathan apertava um botão vermelho.
— Deixe-me tentar. – Dustin pediu, sendo ignorada – Me deixa tentar, Jonathan!
Ele empurrou o Byers para o lado, apertando o botão diversas vezes. Aquilo não funcionava, os xingamentos foram quase que previsíveis.
Natalie respirou fundo, olhando para o portão. Seu nariz sangrou quando o portão começou a ser arrastado para o lado de repente.
— EU CONSEGUI! – Dustin exclamou animado
— A Natalie abriu com os poderes. – Steve cortou a alegria dele
Natalie tentou dar um passo a frente, mas não conseguiu se mover. Abrir o portão foi uma grande vitória para ela, não conseguiria entrar lá com tanta facilidade.
Jonathan e Nancy correram em direção ao carro.
— Fiquem aí! – Nancy disse, os dois entraram no carro e aceleraram para dentro do local
Os minutos a seguir passaram como se fossem horas, sem notícia alguma do casal que acabara de entrar. Natalie andava de um lado para o outro, perto da cabine. As crianças estavam olhando para dentro do laboratório com ansiedade.
Steve dividiu sua atenção entre Natalie, as crianças e o laboratório. Todos eles estavam com medo do que aconteceria a seguir, com medo de perderem mais pessoas do que imaginavam que iriam perder.
Natalie parou afastada do portão, olhando ansiosa para dentro do local. O medo invadindo seu peito novamente, sua família já estava em perigo, Mike, Hopper e os Byers também. Acabaram de mandar Nancy e Jonathan para o olho da tempestade também.
Mandaram eles em um caminho que poderia ser diretamente para a morte. Batia o pé contra o chão quando o barulho de carros se aproximando foi ouvido.
— Saiam da frente! – Natalie gritou para as crianças
O carro de Jonathan apareceu, dentro dele Nancy sentava no passageiro. Joyce estava com Will no colo, Amber apertada na parte do meio enquanto Ayla ia na outra ponta com Mike no colo.
A viatura de Hopper seguia o carro, ele parou em frente ao portão, Reginald abrindo a porta do banco de trás.
— VAMOS! VAMOS! – Gritou o policial
Natalie puxou as crianças Lucas se sentiu em uma ponta do banco de trás, Dustin sentar no seu colo. Maxine se sentou no meio com Harry ficando em cima das suas pernas. Natalie empurrou Steve Harrington para dentro do carro, sentando sem seu colo antes de fechar a porta do carro.
— Merda, merda. – Ouviu a voz de Dustin
Hopper acelerou, seu carro lotado de crianças. Natalie se remexeu em cima de Steve, olhando para trás algumas vezes esperando ver algum demogorgon os seguindo.
Steve estava praticamente congelado em baixo de si, a garota estava inquieta. Ele fechou os olhos por um segundo, como se tentasse se controlar.
— Natalie. – Ele sussurrou
— O que? – Ela perguntou
— Pode parar de se mexer? – Steve perguntou
As bochechas de Natalie voltaram a ganhar cor quando ficaram vermelhas como um pimentão, a garota ficou completamente parada ao perceber que estava literalmente em cima de Steve naquele momento e que "acordara" algo que não deveria.
Harry fez uma careta ao lado deles.
— Desculpa. – Ela pediu com um fio de voz
A viagem se seguiu em um silêncio, com todos sabendo das preocupações que teriam que lidar assim que chegassem na casa dos Byers.
Oii!!!!
Acho que vou começar a aparecer mais em notas finais, adoro conversar com os leitores...
Tô quase terminando de escrever a segunda temporada, tenho mais alguns capítulos nos rascunhos e os graphics do ato 3 já estão prontos!
O que acharam do capítulo de hoje?
Não esqueçam de votar e comentar, comentários me motivam demais!
Até o próximo capítulo! :)
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