2.09- GOING CRAZY
Natalie estava sentada na sala do diretor da escola, um pequeno saco de gelo em volta da mão que usara para agredir Billy Hargrove, minutos antes.
Ao entrar na sala e se sentar, a expressão no rosto do diretor era visivelmente séria e descontente.
O homem suspirou cansado.
— Imagino que já saiba porque está aqui. – Ele falou
Natalie assentiu
— Minha verdadeira questão com isso, é: Por que eu estou aqui e ele não? – Natalie perguntou
— Porque, Natalie Goodwin, eu estou extremamente decepcionado com suas ações de hoje na quadra da escola. – Ele falou – Não sabe como é difícil ter que lidar com tantos problemas vindos de uma das minhas melhores alunas.
— É mais fácil lidar com um aluno, do que com vários, não é? Se quisesse mesmo resolver alguma coisa, estaria atrás daqueles que fazem bullying. – Natalie disse – Ao contrário, está comigo.
— Está alegando que você está sofrendo bullying? – O diretor perguntou desacreditado
— Eu não! Mas metade das pessoas nessa escola sofrem e você não faz nada! – Natalie respondeu, ríspida
— Não fale assim comigo, mocinha. – Ele disse – Não sou um dos seus amigos para me tratar assim.
— Também não é meu pai para me dar ordens. – Natalie rebateu
— Você está acusando um aluno que chegou a menos de uma semana de fazer bullying, mais que isso, você bateu nele. – O diretor disse
— Ele me provocou, Billy Hargrove merecia aquele soco! – Natalie falou
— Não é a primeira reclamação de agressão vinda por você que eu recebo. Desde que entrou nessa escola, recebi inúmeras reclamações sobre isso. – O diretor disse – Apenas ano passado falaram sobre você ter agredido Thomas Hagan e Steve Harrington, além de bater em Caroline Perkins com uma pedra.
Natalie abriu a boca indignada, como uma criança que havia sido pega mexendo no pote de biscoitos antes do jantar.
— Vocês não tem provas nenhuma sobre eu ter feito esse último! – Natalie exclamou, ela realmente havia feito aquilo com Carol, mas com o contexto adicionado por ela, era capaz até mesmo de ir parar da delegacia
— Thomas, Nicole e Caroline vieram falar sobre isso no dia seguinte. – O diretor disse
— Amberly, Jonathan, Nancy e eu viemos falar também. 4 contra 4, por isso não tomei nenhuma punição. – Natalie disse, lembrando da briga sobre a foto de Jonathan
Foi impossível não se lembrar da pequena briga que teve com Jonathan naquele dia, principalmente porque desde que lutaram contra o demogorgon juntos, a amizade de ambos parecia está abalada.
— 5 contra 3, por isso não tomou punição. – O diretor falou
Natalie franziu o cenho confusa.
— Cinco? Pera aí, quem que "testemunhou" a meu favor? – Natalie perguntou curiosa
— A pessoa pediu para eu não falar sobre isso, agora vamos voltar para o foco do dia. – O diretor falou
No entanto, Natalie deu um pequeno sorriso ao se lembrar da única pessoa que estava com eles e não foi citada pelo diretor, Steve.
— O Hargrove... – Natalie foi interrompida
— Eu entendo que você tenha se sentido provocada, mas resolver problemas com violência não é a solução adequada. E você sabe disso, já conversamos antes. – o diretor disse – Inclusive, já mandei você começar a frequentar a psicóloga do nosso colégio.
— Eu não tenho tempo para ficar fazendo terapia. – Natalie falou – Olha só, o Hargrove não pode sair por aí inventando boatos sobre outras e desprezando outras. Quem deveria fazer terapia era ele! Com certeza ele tem algum trauma que deixou ele ser um filho da...
— JA CHEGA NATALIE! – O diretor a interrompeu com um grito, que fez Natalie dar um pequeno pulo de susto com a elevação de voz repentina – Você precisa começar a assumir as consequências de seus atos, durante todos esses anos eu tentei ajudar você, te coloquei nas líderes de torcida e no clube de debate, era óbvio que você não sabia se socializar e eu não a culpo, não dá para aprender essas coisas vivendo em cárcere por um grupo de terroristas.
Enquanto o diretor falava do seu passado inventado, com Natalie sendo vítima de tráfico humano. Apenas uma parte daquele pequeno discurso ficara na cabeça de Natalie.
— Você que me colocou nessas atividades extracurriculares? – Perguntou Natalie
— É, bem... Esse não é o assunto principal. – O diretor falou – Eu não posso mais ficar passando a mão na sua cabeça. Eu entendo sua raiva, Natalie, mas você precisa entender que existem maneiras mais apropriadas de lidar com situações como essa.
Era óbvio que tinha as mãos do diretor para Natalie entrar nas líderes de torcida, metade delas a odiavam. A consideravam uma novata estranha, principalmente por chegar na cidade com o cabelo raspado e entrar na escola pouco depois com o cabelo crescido, porém curto.
Natalie desviou o olhar do diretor, o que para ele parecia um ato de arrependimento, para ela era um ato de derrota.
Metade das coisas que teria para colocar na carta de faculdade, ela não conquistou sozinha e sim com ajuda. Para as pessoas ao seu redor, Natalie era um ato de caridade.
— Eu sei disso, mas eu não consegui me controlar. – Natalie falou, ela havia sim conseguido se controlar, com a raiva inicial que tinha, facilmente mataria Billy Hargrove com seus poderes – Principalmente porque eu sei que se eu não fizesse nada, os boatos que ele inventou entraria pelo seu ouvido e sairia pelo outro.
— Estava com raiva do William Hargrove ou por sair das líderes de torcida? Me pareceu que você só quis descontar sua raiva nele. – O diretor disse
Natalie fez esforço para não rir de forma debochada.
— As coisas se entrelaçam, é tudo culpa dele. – Natalie disse
— Natalie, você está fora de todas os grupos de atividades extracurriculares, pelo menos por enquanto. – o diretor falou – O grupo de debate concorda com o de torcida, ambos te acham agressiva demais.
— Eu não sou agressiva, só me defendo! – Natalie disse – e o que o Hellfire tem a ver com tudo isso?
— Não quero que cause problemas com eles também, eles já nos causam problemas demais... – o diretor reclamou
Natalie bufou de frustração.
— Ah, que ótimo! – ela exclamou com ironia
— Você está levando uma suspensão de uma semana da escola, para repensar em suas atitudes. – o homem falou
— O que? Uma suspensão? – Natalie perguntou – Não pode estar falando sério! Isso vai manchar meu histórico escolar!
— Deveria ter pensado nisso antes, Natalie. Temos muitas testemunhas do que você fez lá, se os pais do Hargrove vierem reclamar sobre isso, podem exigir sua expulsão. Agradeça pela suspensão. – o diretor falou – Vou precisar ligar para um de seus responsáveis, Natalie. Um deles deve vir assinar sua suspensão, enquanto isso, vá pegar suas coisas no armário e volte para cá.
Natalie não respondeu mais nada, apenas se levantou e saiu da sala. Era óbvio que aquilo iria acontecer, se punia mentalmente pela decisão impulsiva que tomara de ir bater em Billy.
Uma ânsia de vômito tomou conta de si ao pensar no rapaz, ele dissera que eles se beijaram e agora tudo estava dando errado em sua vida escolar por culpa dele. Não se lembrava de nenhum beijo, mas só de pensar naquilo, queria vomitar.
(...)
Na delegacia, Reginald junto com Jim, Powell e Callahan analisavam o mapa falando sobre as mortes repentinas das plantações da cidade.
— Achamos mais na fazenda do Gilbert. – Powell alertou
— Umas coisas bem nojentas pegajosas… – Callahan continuou
— Tá, onde mais? – Hopper perguntou, enquanto analisava o mapa da cidade
O Goodwin tirou seus olhos do mapa, os passando para os dois oficiais atrás de si.
— Só isso, delegado. – Powell disse
— Só isso ou vocês simplesmente cansaram de procurar? – Reginald perguntou de forma ríspida
— Já tava escurecendo... – Powell se defendeu
— Já tava bem escuro… – Callahan confirmou
Hopper parecia mais irritado do que o normal, Reginald acreditava que era por algo relacionado a impaciência de Eleven para sair da cabana.
— Nós temos lanternas, seus imbecis! – Jim disse se voltando para o mapa novamente
Reginald negou com a cabeça, passando seus olhos para as marcações do mapa da cidade. Ignorando o telefone tocando.
— Parece que alguém levantou com o pé esquerdo hoje… – Callahan disse
— Mais problema com mulher, delegado? – Powell perguntou
— Hopper! – Susan, a secretaria da delegacia, o chamou. Jim foi até ela impaciente. – O diretor da escola quer conversar com Reginald. A filha dele aprontou na escola.
Jim olhou com os cantos dos olhos para o Goodwin.
— Amberly ou Natalie? – Hopper perguntou, baixo
— A adotiva, Natalie. Querem que um responsável legal vá assinar uma suspensão. – Susan respondeu – Ao que parece, ela está agindo de maneira estranha.
Imaginando que pudesse ser algo relacionado ao mundo invertido, talvez até mesmo a Eleven, Hopper tomou uma breve decisão. Já estava acostumado com o drama adolescente de uma garota com problemas.
— Não diga a Reginald sobre isso, eu vou lá. – Hopper alertou, pegando a chave de uma viatura
Reginald analisava o mapa da cidade. Os olhos do homem se arregalaram um pouco antes de arrancar o mapa, o colocando na mesa e riscando algumas partes. Os "x" marcados no mapa faziam diversos círculos que se diminuíam até um local específico da cidade.
Reggie se aproximou de Jim e Susan.
— Achei a localização de onde isso está vindo, nada muito novo, vamos lá? – O Goodwin o chamou
— Vai na frente, tenho que resolver uma coisa antes. – Jim falou
O Goodwin se aproximou do Hopper.
— Problemas com a Eleven? – Ele sussurrou
— Quase isso, onde é? Te encontro lá. – Hopper falou
— Laboratório de Hawkins, vou fazer uma visitinha ao nosso amigo Owens. – Ironizou a última parte
(...)
Natalie abriu a porta de seu armário com força, pegando todos os livros que conseguia na mão antes de se ajoelhar para os colocar dentro de sua própria mochila.
Não havia tantas pessoas nos corredores, estavam em horário de aula. Ao ver a garota pela porta entreaberta, o Harrington pediu licença para ir ao banheiro e saiu da sala.
Steve parou ao lado de Natalie enquanto a mesma o ignorava colocando as coisas em sua mochila.
— Por que tá guardando tudo? – Steve perguntou
— Vou fugir de Hawkins e os livros são tudo o que eu preciso. – Natalie respondeu de forma irônica, porém, o tom de voz sério na voz da garota deixou Steve confuso
— Sério que vai levar só isso? – Steve perguntou
Natalie suspirou impaciente.
— Eu tava sendo irônico, Harrington! – Natalie exclamou – Levei uma suspensão.
— Você? Ah, essa é novidade. – Steve disse – Foi por que você bateu no Hargrove?
— Exatamente, aparentemente eu sou um animal selvagem impossibilitado de viver junto com vocês. – Natalie disse, claramente magoada
Steve a olhou sério.
— Te falaram isso? – Steve perguntou
— Não necessariamente nessas palavras, mas foi o que deu a entender. – Natalie respondeu – As chances de eu entrar em uma boa faculdade, caíram em uns 90% porque eu não sei "controlar a minha raiva". Ah, e outra novidade, posso ser expulsa da escola se os pais daquele desprovido de inteligência decidirem vir reclamar. Qual é, ele tem quase o dobro da minha altura e tá reclamando porque eu soquei ele!
— Eles não vão te expulsar, seria burrice. – Steve diz
— É, eu duvido um pouco eles me expulsarem. Sou um ótimo caso de caridade. – Natalie falou, ainda sem olhar para Steve, fechando o armário vazio com força
— Eu ia falar sobre você ser uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço. – Steve disse, seguindo Natalie assim que ela começou a andar – Por que tá me tratando assim?
— Assim como?
— Como se eu fosse um dos culpados pela sua suspensão. – Steve disse entrando na frente dela – Você nem ao menos olhou para mim enquanto estamos conversando.
Natalie suspirou cansada, olhando para Steve em seguida.
— Querido, não sei se você notou, mas está matando aula para falar comigo. – Natalie disse – Se eu ficar conversando com você agora, provavelmente vai sobrar para você também.
— Eu não me importaria de ficar uns dias longe da escola. – Steve deu de ombros
— Claro que não, você tem tudo de mão beijada... – Natalie murmurou
— O que? – Steve perguntou confuso
— Você não precisa ir bem na escola, não precisa de uma faculdade renomada, nem se importar com tudo isso. De qualquer forma você vai sair daqui e ter um emprego na empresa dos seus pais. Eu preciso, preciso fazer alguma faculdade boa, ter alguma coisa para me orgulhar e orgulhar meus pais que eu tenha conseguido totalmente sozinha. – Natalie diz
— Eu tenho certeza que eles se orgulham de você... – Steve disse, tentando ignorar que ela acabou de o chamar de mimado
— Steve, eu sou uma farsa, ok? – Natalie parou de andar, se virando para ele novamente, ela se aproximou um pouco – Parece que nada na minha vida é real! Meu passado para a maioria das pessoas é uma grande mentira, eu ia bem na escola porque colava com meus poderes, só me colocaram nas atividades extracurriculares que eu fazia por pena e eu preciso fingir que está tudo bem enquanto eu só queria ter morrido no lugar da Eleven!
Ela explodiu, seu tom de voz quase em um sussurro para que não ouvissem sobre o que ela estava falando.
Steve a olhava, sem saber como a ajudar. Estava claro que ela não estava bem, que tudo o que estava acontecendo estava a dando uma chance de colocar todos os seus sentimentos para fora de uma vez.
— Natalie... – Steve começou a falar
No entanto, Natalie não prestou atenção ao olhar em direção a porta, vendo um vulto uma menina com cabelos curtos e com cachos tentando se esconder.
— El...? – Ela o interrompeu enquanto falava sozinha, dando a sua mochila para Steve segurar, Natalie correu em direção a porta no fim do corredor.
Enquanto Steve perguntava o que ela estava fazendo, Natalie saia da escola correndo. Olhou para os lados, não tinha ninguém lá fora. Sua cabeça estava lhe pregando uma peça novamente.
Estava começando a desconfiar que realmente estava ficando maluca.
— Nat? Você tá bem? – Steve perguntou ao chegar até ela, com a mochila da mesma em um dos ombros
Natalie baixou o olhar.
— Não, eu tô enlouquecendo de vez. – Ela respondeu entrando de volta para a escola – Pode me devolver minha mochila e voltar para sua aula? Eu realmente não consigo controlar a minha raiva e não quero te machucar com palavras.
— Com socos você quer? – Steve perguntou
Natalie riu com ironia, sem achar graça alguma.
— Talvez.
— Não me bate que eu me apaixono. – Steve ironizou, Natalie suspirou cansada quase alcançando o fim do corredor – Eu acho que estou me acostumando com seu jeito, mesmo me xingando eu não vou ficar mal. Então, relaxa um pouco, Esquentadinha. Sei que está em um momento difícil.
Natalie se virou para ele, andando de costas.
— É e eu não quero descontar isso em você, nem em ninguém, por isso eu quero ficar sozinha. – Natalie falou
Ao terminar a frase, Natalie esbarrou contra o corpo de alguém. Se virando assustada.
— Era você mesma que eu estava procurando! – Eddie falou – Você saiu do Hellfire? Por que você saiu do Hellfire?
— Com licença? A gente tava conversando. – Steve disse apontando para si mesmo e para Natalie
Eddie o ignorou.
— Pelo amor de Deus... – Natalie resmungou
— Cansou da gente? – Eddie perguntou irônico, colocando a mão no próprio peito
— Aparentemente eu causo muitos problemas para continuar no clube de vocês. – Natalie respondeu
— Por isso que gostamos de você no grupo. – Eddie disse
— Achei que você tinha saído das líderes de torcida. – Steve se intrometeu na conversa
— E do clube de debates também. – Natalie falou
— Te tiraram de todos os grupos? – Eddie perguntou
— Não acho que ela tenha saído por escolha própria, não é? – Steve respondeu, ríspido
— Sei que muitas pessoas gostam de conversar com o "Rei Steve", mas a pergunta foi para a Natalie. – Eddie falou
— Estávamos conversando justamente sobre isso, então acho que posso responder por ela. Ela não queria continuar falando sobre isso. – Steve rebateu
O Harrington não conseguia entender por que Natalie andava com um garoto tão esquisito quanto Eddie Munson.
O barulho da sirene da polícia foi ouvido se aproximando da escola, Natalie arregalou os olhos se aproximando da janela mais próxima.
Uma viatura estacionava no estacionamento da escola, com as luzes e o barulho ligados.
— Não acredito que meu pai vai fazer isso comigo... – Natalie reclamou, sem paciência. Negou com a cabeça quando viu Hopper descer do carro – É claro, só o Hopper para fazer algo assim...
Steve e Eddie se aproximaram da janela.
— Vai ser presa, é? – O Munson brincou
— Eu vou me matar. – Natalie disse batendo a testa contra o vidro
— Por que que o Hopper veio e não sei pai? – Steve perguntou confuso
— Hopper também é responsável por mim legalmente. – Natalie respondeu, pegando a mochila dos braços do Harrington – Sinto muito pelo Hellfire ficar sem a minha ilustre presença, mas se aceitar pessoas que não são do Ensino Médio, com certeza meu irmão entra no meu lugar. Harrington... Volta para sua aula. Tchau garotos!
Natalie se virou para andar, dando de cara com Billy Hargrove que tinha um sorriso no rosto.
— Natalie. – ele disse
— E só piora... – Natalie resmungou
— Só para você saber, acabei de falar com o diretor. Ele não deu o braço a torcer sobre sua suspensão, mesmo comigo pedindo o contrário. – O Hargrove falou – Mas consegui diminuir o tempo, três dias apenas.
Natalie negou com a cabeça.
— Como você já sabe que fui suspensa? – Ela perguntou
— Essa cidade é minúscula, a fofoca corre solta por aí. – Billy respondeu
— Não precisa falar assim da cidade também... – Steve murmurou
— Se quiser esperar, Nat, posso te dar carona para casa. – Billy falou
Eddie franziu o cenho, era óbvio as segundas intenções que o garoto tinha. Ninguém ficaria de boa com uma garota que acabara de deixar uma grande marca vermelha em seu rosto.
— Olha, eu tô de boa, minha carona acabou de chegar em uma viatura policial. – Natalie falou
— Eu consegui abaixar os dias da sua suspensão e você não vai nem me agradecer? – Billy perguntou
— Eu não pedi nada, Billy. Agora por favor, pode me deixar passar? Eu tenho meu próprio funeral para planejar. – Natalie disse
Quando a Goodwin deu um passo para o lado, tentando passar, Billy entrou na sua frente.
— Ela disse para você a deixar em paz. – Steve falou
— Deixa ela, cara. – Eddie reclamou
— Calem a boca, eu consigo me defender sozinha. – Natalie disse
Aquela situação estava constrangedora demais, na opinião da garota. Estava quase orando para Hopper aparecer e a levar presa.
Billy colocou as mãos nos braços de Natalie, sussurrando em seu ouvido.
— Não precisa ficar se fazendo de difícil. – Billy sussurrou
Natalie fez uma careta.
— Eu não estou me fazendo de difícil, da para tirar as mãos de mim? – Natalie o afastou – Quantas vezes vou precisar falar que eu não quero nada com você?
— O nosso beijo ontem me dizia o contrário. – Billy falou
— É, enquanto eu estava bêbada, nem me lembrava disso. Provavelmente te confundi com outra pessoa, talvez sei lá, um cantor famoso. – Natalie pontuou – Eu não estou afim de você e nunca vou estar, ok? E eu não estou me fazendo de difícil, geralmente eu fujo desses clichês.
— Eu só vou acreditar nisso quando me provar que não quer nada comigo. – Billy disse com um sorriso irônico
Steve revirou os olhos.
— Quer uma prova? Beleza. – Natalie falou
Jogando a mochila no chão, a garota andou até Eddie. Colocando as mãos em seu pescoço, a garota o beijou. Billy arregalou os olhos, parecendo surpreso por Natalie escolher ele para beijar, enquanto Steve desviou o olhar.
Eddie não teve muita reação ao beijo, não por não querer aquilo, mas por não estar esperando por aquilo naquele momento. Natalie deu um pequeno sorriso, sibilando um "desculpa" para seu amigo, antes de se virar para Billy.
— Pronto. Se eu quisesse te beijar, já teria feito isso a muito tempo, estando sóbria. – Natalie pegou sua mochila do chão – Agora vão estudar, os três, pelo amor de Deus...
Enquanto Natalie andava em direção a sala do diretor, os três rapazes ficaram parados a encarando.
Eddie foi o primeiro a se virar e sair do local antes que acabasse sobrando para ele a pequena discussão que tiveram.
— A Carol avisou que ela era uma vadia, mas não achei que chegasse a tanto. – admitiu Billy – Para alguém que se faz de santa, ela é bem rodada não acha?
— Cala a sua boca. – Steve disse se afastando
— Ela me beijou ontem a noite, passou a noite com você e beijou aquela aberração na frente de nós dois. – Billy disse – Ela não é o que parece ser.
— Não passamos a noite juntos e toma cuidado com o que vai falar sobre ela. – Steve ameaçou
— Perdeu uma grande oportunidade, Harrington. – Billy o provocou – É uma piranha, teria te dado fácil.
Steve fechou o punho, se virando andando na direção de Billy.
A porta de sua sala fora aberta.
— Então é esse o banheiro que você ia, Harrington? – O Professor perguntou – Para dentro da sala agora.
Steve encarou Billy, antes de dar meia volta e entrar na sala com o professor. Billy deu um sorriso debochado.
— Marica... – Falou antes de andar pelo corredor sozinho
Assim que Natalie entrou na sala do diretor, pôde ver o mesmo conversando com Jim Hopper.
— Suspensão de três dias, Natalie? – Hopper perguntou – Estou decepcionado.
— Não era para ser sete? – Natalie perguntou
— Algumas coisas mudaram. – O diretor disse
— É só assinar e levar ela embora? – Hopper perguntou
— Exato. – O diretor respondeu
O delegado assentiu com a cabeça, pegando os papéis e os assinando.
— Vai me algemar para sair daqui? – Perguntou Natalie
— Talvez eu faça isso, tem sorte de Ayla e Reginald terem me registrado como responsável legal por você também, Natalie. Reggie faria um escândalo se viesse. – Hopper respondeu
— Um escândalo? Tipo chegar com a sirene ligada? – Natalie perguntou
— Teve sorte por não trazer Callahan e Powell também. – Hopper riu, entregando os papéis ao diretor – Vamos, garota. Já aprontou demais hoje.
Ao saírem da sala do diretor, o Hopper olhou para os lados para ter certeza que ninguém ouviria a conversa.
— Bateu em quem? No Harrington de novo? – Jim perguntou – Ele falou algo sobre o mundo invertido?
— Não, foi no Hargrove. Ele é novo na cidade... – Explicou rapidamente – Inventou boatos sobre mim e sobre a Amber e me fez ser expulsa do meu time de líderes de torcida.
— Quebrou no nariz dele?
— Não.
— Então tomou essa suspensão atoa? – Hopper perguntou
— Basicamente. – Natalie respondeu – Meus pais vão surtar, eu sei.
— Na minha época, uma briga assim de resolveria com um "te pego na saída". – O Hopper falou
— Vou começar a fazer isso. – Natalie diz
Ao ver Carol sussurrar algo para Tina enquanto Natalie andava ao lado do delegado, a Goodwin a mostrou o dedo do meio.
Hopper olhou de Natalie para as garotas, decidindo ignorar o ato.
— Achei que sua briga teria algo a ver com o... Você sabe. – Jim disse
— Por que? Preciso me preocupar com ele novamente? – Natalie perguntou
— Não, não, com certeza não. – Hopper disse – Mas foi a primeira coisa que pensei quando ligaram na delegacia. Vou te deixar na sua casa, ok? Preciso resolver um caso.
— Como quiser. – Natalie deu de ombros
(...)
— Tudo em um raio de 5 km está morrendo. Tudo leva ao laboratório. – Reggie falou encarando o Owens
O mais velho analisava o mesmo mapa que Reginald havia pego na delegacia.
— Essas linhas aqui são bem bonitas – o Dr Owens falou – Gostei do desenho. É quase psicodélico.
O Goodwin revirou os olhos, levando uma mão a própria cintura, onde guardava uma arma.
— Tá fazendo piada com isso mesmo? – Reginald perguntou desacreditado
— Não, claro que não, eu só… – Owens perdeu as palavras – Eu não consigo entender o que isso tem a ver comigo.
— Tudo o que está acontecendo, está vindo daqui. – Reginald disse como se fosse óbvio – Desse laboratório! Vocês não pararam com os testes não é?
— Paramos! Isso tudo o que está sugerindo é impossível, o último incêndio foi a dois dias. E foi contido.
— Um vazamento?
— Com certeza não – O Owens riu
— Olha só, eu não sei! Eu não sou o cientista! Você é! – Reggie disse com raiva
— Exato e eu estou dizendo que não é para se preocupar. – O mais velho falou
— Quem me garante que você não está falando isso para deixarmos tudo isso de lado e depois você tentar tomar a minha filha novamente? – Reggie perguntou
— Está ficando maluco.
— Ok, então você e seus amigos que sabem tudo vão andar por todo esse lugar e fazer testes para ver o que acontece. – Reggie diz
— Tá bom então… – Owens ironizou – Você está me dando ordens agora?
— Sou o xerife junto com o Hopper, tenho alguma autoridade aqui.
— Não.
— Nós já avisamos, deixamos vocês atrás da cortina, cuidamos para que a Natalie…
— Zero. – Owens o corrigiu
— Natalie. Ela não expõe vocês e os poderes dela e vocês deixam essas merdas dentro do laboratório! – Reginald disse – Esse é o acordo. Eu estou cumprindo a minha parte e você? Você não, cumpra a sua parte do acordo! Hopper vai chegar daqui a pouco e você vai precisar nos convencer.
(...)
Harrison andava pela escola, procurando por Dart quando ouviu a voz de Will do outro lado da linha.
— Gente, gente! Achei ele! – O Byers falou
— Onde? – Harry perguntou
— No banheiro. – Will respondeu
O Goodwin enfiou o walkman na mochila enquanto corria em direção ao banheiro masculino o mais rápido que conseguia.
Ao abrir a porta, se declarou com Dustin escondendo o girino na mochila. Sem sinal do Will.
— Não acredito que vai salvar o Dart. – Harry disse
Dustin o olhou assustado.
— Não estou...
— Está sim!
— Imagina o que podemos fazer se tivermos uma coisa daquelas do nosso lado? – Dustin diz – Seremos admirados até mesmo pelos cientistas.
— E expostos a morte! – Harry diz
— Por favor, Harry, vamos cuidar dele. Eu e você, sem ninguém mais saber. – Dustin diz – Se ele ficar agressivo demais, aí nos livramos dele.
Harry parou pensativo.
— Tem certeza disso? – O Goodwin perguntou
— Sim. – Dustin respondeu
— Beleza, um dia. Vou dormir na sua, se até amanhã ele se comportar, ficamos com ele. Se ele for arisco, matamos. Beleza? – Harry perguntou
— Beleza! – Dustin disse animado
Quase no mesmo instante, Mike entrou no banheiro.
— Acharam ele? – O Wheeler perguntou abrindo todas as cabines
— Não. – Dustin e Harry responderam juntos
— Onde ele está? – Mike perguntou
— Não está aqui! – Dustin respondeu
Amberly entrou no banheiro, ignorando o fato de ser um banheiro masculino que fedia tanto quanto um chiqueiro.
— Alguém viu o Will por aí? – ela perguntou
— O que você tá fazendo aqui dentro? – Mike perguntou
— Aquela coisa pode ter pego o Will! Eu não acho ele! – Amber respondeu
— Vai ver o Will levou o Dart embora. – Dustin disse
— É, mas onde tá o Will? – Harry perguntou
Ao ver que nenhum deles tinha a resposta para essa pergunta, o Goodwin saiu correndo de dentro do banheiro. Abrindo todas as portas que conseguia em busca de ver o Will.
O desespero tomando conta de si, da última vez que não o achara, ele estava no mundo Invertido.
— Will? – O chamou novamente, saindo da escola, conseguiu ver ele no gramado, parado e tremendo com os olhos fechados – Will! Will!
Pegou o Walkman novamente.
— Eu achei ele. Ele tá no gramado. – Harry alertou
De dentro da escola, Joyce, Ayla, Max, Lucas, Dustin e Mike apareceram. Joyce tomando o lugar de Harry que o balançava tentando o acordar.
O mais novo olhou confuso para sua mãe, que o abraçara enquanto Joyce tentava despertar Will.
— Will! Will, acorda! Você tá me ouvindo? Will, por favor, acorda. Sou eu. Por favor, acorda! É a mamãe! – Joyce dizia desesperada
Foi um susto para todo mundo quando de repente Will arfou seu corpo, abrindo os olhos.
(...)
Natalie entrara no próprio carro após algumas horas que Hopper a deixar em casa. Não queria ter que falar com Ayla sobre o que aconteceu na escola e precisava ir trabalhar, queria bater o cartão mais cedo para sair de lá mais cedo.
Já havia pedido para ir mais cedo para seu chefe quando entrou no carro, ligando o rádio e dirigindo em direção ao centro da cidade.
Tentava se lembrar do que acontecera no dia anterior e como o dia que estava vivendo estava sendo horrível, desde acordar em uma cama que não era dela até ser suspensa do colégio.
O rádio começou a mudar de estação, fazendo Natalie mexer nele algumas vezes.
— Que droga de rádio! – Natalie xingou
No entanto, no meio de vários barulhos de uma rádio fora do ar, Natalie começou a escutar uma voz:
— Zero? Sou eu Eleven. Estou com muitas saudades. – A atenção de Natalie se desviou totalmente do trânsito para seu rádio
— Meu Deus, eu tô ficando realmente louca. – Ela resmungou
— Eu estou bem, estou viva. Eu quero te ver, me encontra na... – A voz de Eleven se afastava cada vez mais, até sumir
O rádio voltou a tocar músicas. Natalie tentava colocar a rádio na estava que estava anteriormente, tentando descobrir se era mesmo Eleven se comunicando com ela.
Foi nesse momento que sentiu um grande baque contra o carro. Sua cabeça acertara a janela da porta do motorista.
O carro em que Natalie estava capotou duas vezes, até ficar de ponta cabeça. Sua visão ficou turva. O sangue escorrendo por sua testa era evidente.
A última coisa que Natalie viu antes de perder a consciência, foi o carro que bateu contra o dela fugir. O carro de Tommy Hagan onde quem dirigia era Billy Hargrove.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro