2.05- TINA'S PARTY
O coração de Natalie batia de forma mais acelerada conforme a garota aumentava o ritmo dos seus passos dados. Após o sinal tocar, a Goodwin procurava por Jonathan Byers pelo colégio de forma desengonçada.
Ao avistar o Byers indo em direção a saída, a garota correu até ele em tentando o acompanhar.
O moreno franziu o cenho ao ver Natalie parar correndo ao seu lado, a respiração ofegante enquanto tentava recuperar o ar da pequena corrida.
— Tá tudo bem? – Ele perguntou confuso
— Vai a festa de Halloween? – Natalie perguntou
— Ah, Nat! Você também não! – Reclamou Jonathan
— Qual é! – A Goodwin estendeu o "é" mais do que era necessário, mas isso ajudava com o drama que estava prestes a fazer – Todos sabemos que você não tem nada melhor para fazer, vai pegar doce com as crianças e vai para casa ouvir música... Espera aí, como assim "também"?
— Nancy já fez esse discurso para mim. – Jonathan respondeu – Como vocês duas sabem exatamente o que eu vou fazer?
— É o que você sempre faz. Literalmente sempre. – A morena deu de ombros, os dois andaram em silêncio por alguns segundos – Então... Você e a Nancy estão bem próximos, né?
— Acho que a experiência traumática ano passado conseguiu juntar boas amizades. – Jonathan falou
Natalie riu com deboche.
— Claro, porque você e o Steve se tornaram super amigos. – Ironizou Natalie, levando uma mão acima do próprio peito e fazendo um falso bico triste – Vai me trocar pela Nancy, não é?
Jonathan riu.
— Você está sendo dramática. – Ele disse em desdém
— Já entendi, já entendi. – Natalie levantou as mãos em rendição – Não sou mais sua melhor amiga, a Nancy é.
— Assim como não sou mais seu melhor amigo e sim o Harrington? – Jonathan rebateu, sua voz saindo sem o tom de humor que ambos conversavam anteriormente
O sorriso no rosto de Natalie sumiu ao perceber que Jonathan agora falava sério.
— Steve não é meu melhor amigo. – Natalie diz
— Não é o que ele diz, qualquer idiota que passa no corredor consegue ouvir ele dizendo "Natalie é minha melhor amiga". – Jonathan falou
— Porra, Byers! – Natalie exclamou – Ele só tá tentando explicar porque não nos odiamos mais.
— Se Nancy e eu nos aproximamos, você e ele não foram tão diferentes. – Jonathan falou – É até estranho você se tornar melhor amiga de um cara que fez bullying com você desde o dia que você entrou na escola, logo depois dele chamar a Nancy de vadia para a cidade inteira!
— Eu já disse que o Harrington não é meu melhor amigo! Ele se tornou um colega próximo, quase um amigo, mas isso são vocês dois forçando a barra. – Natalie diz – Você é meu melhor amigo, se não fosse você, seria o Eddie. Não acredito que tá realmente com ciúmes do Steve por ele inventar que "somos melhores amigos" agora.
— Você tava com ciúmes da Nancy! – Jonathan de defendeu
— Eu tava brincando com sua cara, seu idiota! – Natalie exclamou, suspirando para não perder a paciência – Só... Tenta se divertir um pouco hoje, ok? Ir a alguma festa ou realmente pegar doces, é o dia das bruxas John! Precisa de uma diversão extra.
Deu um tapinha no ombro do Byers em forma de despedida, e foi em direção ao seu carro procurando a chave nos pequenos bolsos que sua mochila tinha.
Harry iria de bicicleta para a casa do Mike e Amberly iria para casa de carona com uma pessoa do clube de artes – a qual havia acabado de ingressar. Natalie iria de carro, sem dar caronas, já que seu próximo destino era seu trabalho, onde iria entrar mais cedo para sair mais cedo e conseguir ir para a festa.
Ansiava aproveitar a festa, beber mais que o normal. Não aguentava mais a dor que a tomava cada vez mais e mais enquanto tinha que fingir não se importar. Desde os acontecimentos do ano anterior, todos os traumas do passado de Natalie haviam reaparecido com o demogorgon. Lidar com as mentiras em relação a Barbara, com as fugas que dava nos homens do laboratório que tentavam incansavelmente ter contato com a número Zero, a maneira como estava sendo tratada por antigos colegas que a adoravam por simplesmente participar do Clube Hellfire e, principalmente, o sentimento de culpa por ter deixado as crianças sozinhas na escola naquela noite.
Nancy, Jonathan e Steve conseguiriam lidar com o demogorgon sem sua ajuda, Natalie acreditava nisso. Mas Amberly não conseguiria lidar com os homens do laboratório, demogorgon e cuidar das crianças ao mesmo tempo.
Não é possível mudar as coisas depois que ela acontecem, mas se Natalie pudesse, ela trocaria de lugar com a irmã. Se Natalie pudesse, teria lutado ao lado das crianças.
Teria se sacrificado no lugar de Eleven.
A Goodwin saiu de um pequeno transe ao sentir alguém esbarrando contra si. Sua única reação sendo colocar as mãos em frente ao rosto para não se machucar, não a impediu de ter uma mão e um braço ralado junto com a pontada de dor que cresceu na parte lateral de seu quadril.
Estava pronta para xingar, quando viu que quem a derrubara era uma criança de cabelos ruivos, olhos azuis e um skate ao seu lado – já que, assim como Natalie, estava no chão.
— Não olha por onde anda? – A ruiva murmurou
O grupo de amigos de Harrison saiam do estacionamento o colegial.
— Me desculpe por entrar na sua frente. Eu realmente não te vi. – Pediu Natalie, se levantando e esticando a mão para a menina. Que a olhou de forma desconfiada antes de aceitar a ajuda. – Sou Natalie e você?
— Max. Max Mayfield. – A menina se apresentou
— Nome bonito. – Natalie sorriu, seus olhos caindo sobre o skate da garota – Anda de skate desde quando?
— Desde que eu era pequena. – Max respondeu – Você também anda?
— Um pouco... Ok, só quando tenho ajuda para me equilibrar, eu admito. – Natalie disse em tom brincalhão, tentando ao máximo não deixar a menina constrangida pela queda, já que sabia que muitas pessoas curiosas as olhavam – Da última vez que tentei sozinha, me espatifei no chão.
— Com o tempo você se acostuma, é tipo andar de bicicleta ou nadar. Depois de você entender como funciona, não esquece mais. – Max disse – Eu machuquei você?
— Não, tô tranquila, tenho irmão mais novo, tô acostumada a ser atropelada por ele... Geralmente é quando ele perde o controle da bicicleta, acho que é um pouco pior. – Natalie disse sorrindo
Ao ouvir o termo "irmão" o sorriso de Maxine desapareceu, a palavra a trazendo de volta a realidade, onde sabia que se não fosse até o Camaro logo, perderia a carona para casa.
— Me desculpa por te atropelar, eu preciso ir. – Max falou de forma ríspida, subindo em cima do skate novamente e vendo a garota subir, rapidamente chegando até William Hargrove do outro lado do estacionamento.
O loiro não mantinha um semblante amigável no rosto, parecia que iria voar no pescoço da mais nova pronto para a jogar dentro do carro.
Natalie reconheceu Max como a garota que descera do Camaro quando Billy chegou na escola, provavelmente era seu irmão.
A morena seguiu até seu carro, respirando fundo antes de entrar em seu carro.
Antes de dar a partida, o Camaro já havia saído do estacionamento.
Q
uando Will foi embora de carro para sua casa, Lucas, Mike, Harry e Dustin andavam pela rua de bicicleta, rumo a casa dos Wheeler.
Max estava quieta com o som alto do carro preenchendo o silêncio que ficaria com apenas ela e seu irmão no carro.
A velocidade do carro aumentou de repente.
— Esse lugar aqui é uma merda. – Billy disse
— Não é tão ruim. – Max murmurou
— Não? – Billy perguntou rindo com ironia, abaixou os vidros do carro tampando o nariz – Sentiu esse cheiro, Max? É literalmente merda, merda de vaca.
— Não tô vendo vaca. – Max respondeu
— É porque você não viu as garotas do ensino médio. – Billy disse com humor – O que que é? Você gosta daqui agora?
— Não. – Max falou
— E por que tá defendendo?
— Não tô não!
— Mas é o que parece!
— É que estamos presos aqui, então... – Max não terminou sua frase
— Verdade, estamos presos aqui. – Billy falou enquanto dirigia – E sabe de quem é a culpa?
— Sua... – Max murmurou
— O que você disse? – Billy perguntou raivoso
— Nada. – Max respondeu quase imediatamente
— Disse que a culpa é minha?
— Não.
— Você sabe de quem é a culpa. Fala. Max... Fala logo... – Ele acelerou mais ainda o carro – FALA PARA MIM!
Max não respondeu, seus olhos encontrando o excêntrico grupo de amigos que interagiram com ela na escola nos últimos dias.
Eles andavam de bicicleta no meio da pista onde Billy passaria, considerando sua velocidade, provavelmente seriam atropelados.
— Billy, devagar! – Pediu Max
— São seus novos amigos caipiras? – Billy perguntou – Claro, os amigos do irmão da Goodwin. Você está se atolando cada vez mais com essa merda toda.
— Não conheço eles! – Max mentiu
— Então não vai ligar se eu atropelar eles. – Billy aumentou a velocidade – Ganho mais pontos se bater em todos?
O carro andava em direção ao grupo de meninos de bicicleta.
— Não, Billy, para! – Max exclamou – Não tem graça!
Ele olhou para Maxine, o deboche no olhar. Pisou mais fundo no acelerador, para o desespero da ruiva.
Seu estômago se revirava em pensar na ideia de Billy Hargrove passando por cima das únicas pessoas que haviam sido legal com ela desde que chegara.
Enquanto pedalavam, Harry segurava a bicicleta com uma mão enquanto segurava seu comunicador com a outra. A linha encontrava com a de Amber.
— O que foi? – A irmã mais velha perguntou
— Você vai pedir doce com a gente? – Perguntou Harry
— Você tá entrando em contato na linha de emergência para saber se vou ir com vocês? – Amber perguntou do outro lado
— Basicamente, sim. – Harry respondeu – Você vai ou não? Eu sei que a Nat não vai.
— Vou ir para a festa com nossa irmã, acho que podem se virar sozinhos por apenas uma noite, não é? Sem a babá preferida. – Amber referiu a si mesma
— A Natalie já confirmou que não vai estar com a gente. – Harry rebateu, a colocando na posição de babá preferida
— Babaca. – Amber o xingou – O Jonathan vai com vocês.
Dustin olhou para trás enquanto pedalavam, vendo o carro indo em sua direção.
— Gente, gente! – Exclamou o Henderson apontando para trás
— Puta merda. – Reclamou Harry, tentando aumentar a velocidade enquanto olhava para trás
— O que foi? – Amber perguntou confusa do outro lado da linha
De dentro do carro, Max ainda tentava fazer com que Hargrove desistisse da ideia.
— Billy, chega! Para! Não te graça, para! – Max falou percebendo o desespero que os garotos agora pedalavam, o carro se aproximando deles cada vez mais – Billy para!
Antes que o carro pudesse acertar o grupo de crianças, Max segurou o volante e o virou com toda sua força. Desviando deles no momento em que seriam atingidos.
A garota olhou para trás, se do reconhecida pelos garotos assim que eles pararam. A bicicleta de Harry tombando para o lado e o levando junto.
— Puta merda. – Reclamou o Goodwin novamente
— Ouvi barulho de carro, o que aconteceu? – Amber perguntou pelo outro lado da linha – Droga Harrison, responde! O que aconteceu?
— Quase fomos atropelados. – Lucas respondeu por Harry
— O que? Por quem? – Amber perguntou
Harry pegou o comunicador novamente, ele mesmo apertando o botão para responder.
— Billy Hargrove. – Foi a resposta final do Goodwin mais novo
(...)
A noite finalmente havia chego, Natalie havia saído mais cedo do seu trabalho. A Goodwin escovava os dentes, terminando de se arrumar.
Usava um vestido preto que alcançava até metade de sua coxa com um salto alto da mesma cor, a tiara de orelhas de gatinho que a mesma havia comprado com Joyce Byers – depois que ela saiu da dispensa de onde trabalhava com Bob Newby – era o que mostrava a fantasia.
Não passou uma maquiagem forte, mas pegou uma bolsa com sua identidade antes de sair de seu quarto.
Amber estava vestida com um vestido de bruxa, batom preto e chapéu. Suspirou ao ver a irmã, pensando em como contar sobre o quase atropelamento de Harrison mais cedo.
— Fico feliz que vá comigo. – Disse Natalie com ternura abraçando Amber – Não queria ir sozinha e você não sabe como eu preciso relaxar um pouco.
A ideia de estragar aquela noite para sua irmã fez com que Amberly desistisse de falar qualquer coisa para ela.
— Claro, vamos como? Com seu carro? – Amber perguntou
— Sem chances, não vou dirigir depois de beber. Vamos de táxi. – Natalie falou pegando a mão da irmã mais nova – Tchau mãe!
— Tchau meninas, cuidado, até mais tarde! – Ayla respondeu da cozinha
— Até! – Amber respondeu
Esperaram alguns minutos até o táxi aparecer, as levando até a casa de Tina, onde já haviam vários adolescentes celebrando a noite do dia das bruxas.
Alguns garotos estavam em roda na entrada, bebendo cerveja do barril. Amber fez uma careta ao ver como aquilo funcionava.
— Acho que acabei de me arrepender de vir. – Amber comenta
— Relaxa, Amber. – Natalie disse – Vem.
A morena puxou a irmã para dentro da festa, algumas pessoas já dançavam, outras se beijavam. Natalie foi diretamente para a cozinha, pegando um copo e colocando um ponche alcoólico em um copo e o virando.
Amberly olhou para a irmã.
— Você vai chegar bebendo? – Amber perguntou em choque
— Eu avisei que iria fazer isso. – Natalie respondeu, enchendo outro copo e o virando
— O que é isso? – A Goodwin mais nova perguntou curiosa
— Não sei, mas é alcoólico. – Natalie disse antes de virar outro copo – Vai querer?
— Sinto que é melhor uma de nós ficar sóbria. – Amber disse, passando os olhos pelas pessoas da festa. De longe viu Nancy e Steve conversando. Então tirou um copo pela metade da mão de Natalie, deixando o mesmo na pia – Por que não espera um pouco e vamos cumprimentar nossos amigos?
Amberly praticamente puxou sua irmã para longe da cozinha, andando até Nancy e Steve.
— Oi meninas. – Nancy diz
— Olá. – Amber disse
Steve analisou as fantasias das garotas.
— Vocês estão incríveis. – Ele falou com um sorriso tímido
— E você tá de óculos de Sol no meio de uma casa a noite. – Natalie disse o analisando
— Isso não foi um elogio, não é? – Steve perguntou
— Com certeza não. – Natalie respondeu – Mas vocês estão muito bonitinhos fantasiados de casal.
Deu um tapinha no ombro de Steve, com um pequeno sorriso.
— Você já bebeu? – Nancy perguntou
— Já. – Amberly respondeu
— Não foi muita coisa! – Rebateu Natalie
— Você virou três copos e meio e estamos aqui a menos de cinco minutos. – Amber disse
— E vou beber mais. – Natalie disse e olha para Nancy – Você vai?
— Vou também. – Nancy disse empolgada
— Olha, eu acho melhor... – Steve foi interrompido quando um grupo de garotos entraram na casa, praticamente gritando pela casa empolgados
Amberly revirou os olhos ao ver quem estava liderando-os. Steve abaixou os óculos escuros, ao ver Billy Hargrove se aproximar com Tommy.
— Temos um novo rei do barril, Harrington. – Tommy disse em tom de desafio
— Uau, estou super triste. – Ironiza Steve
— É, perdeu o lugar de babaca número 1, Harrington. – Natalie brincou de braços cruzados – Harrington, Hargrove, Hagan... Por que todos os babacas tem o sobrenome com letra H? Sem querer ofender, Harrington.
— Não ofendeu. – Steve diz suspirando
Natalie analisou as fantasias dos garotos que provocam seu amigo.
— Deixa eu adivinhar, você está vestido de canalha. – Natalie falou apontando para Tommy, se virou para o Hargrove – E você de Indiana Jones? Não! Max Rockatansky de Mad Max.
Billy pareceu se irritar ao ouvir o nome de sua meia irmã ser citado, mesmo que sem querer.
— Exterminador. – Ele corrigiu – Sua fantasia combina com você.
— Obrigada. – Sorriu Natalie, pela primeira vez um sorriso sincero Lara o Hargrove
Steve revirou os olhos, enquanto Tommy não tirava seus olhos de Amberly.
— Bom, pelo menos uma das Goodwin ficou bem mais gostosa do inverno passado para cá. – O Hagan falou com um sorriso ladino
Ele deu um passo a frente em direção a Amber, mas ao perceber o desconforto de sua irmã, Natalie se colocou na frente dela.
— Tente tocar na minha irmã e eu te mato. – Natalie ameaçou o encarando
As luzes da casa pareceram enfraquecer de repente, algumas até mesmo piscavam. Para os adolescentes aquilo era intencional, afinal, era Halloween.
Mas ao se irritar com Tommy, Natalie fazia aquilo com seus poderes. Amber arregalou os olhos, os levando até Nancy e Steve.
O Harrington puxou Natalie pela mão para perto de si assim que percebeu o que estava acontecendo.
Tommy riu debochado.
— Tirou a sorte grande, Steve. – O Hagan falou – Perdoou um chifre e ganhou mais duas garotas de brinde.
Nancy revirou os olhos, saindo de perto do grupo e indo para a cozinha beber.
— Cala a boca. – Amberly mandou, sentindo um enjôo só de pensar na ideia de ser amante de Steve
Mesmo com a menina de mãos dadas com o Harrington, o Hargrove se aproximou de Natalie. O cheiro de cigarro adentrando pelas narinas da menina quase no mesmo instante.
Sentiu o hálito de Billy contra seu ouvido.
— Se cansar de ficar aqui, dentro, estarei te esperando lá fora. – O Hargrove disse, antes de chamar Tommy e ambos saírem.
Amber o encarou até ele sair, o ódio estampado em seu olhar.
— Sua mão tá gelada. – Steve disse para Natalie
— Da para me soltar? – A Goodwin puxou sua mão para si e passou por ele e sua irmã, acompanhando Nancy nas bebidas
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