1.15- "WHERE IS ELEVEN?"
Natalie tentou abrir seus olhos, sentindo uma grande dificuldade. Sua cabeça doía como nunca antes, assim como seu cansaço que estava avassalador. Tentou se levantar ao conseguir abrir os olhos, mesmo sentindo sua visão embaçada, mas uma agulha conectando um pequeno caninho em seu braço, a puxou para trás.
As coisas começaram a ficar claras aos poucos para a garota, franziu o cenho ao ver a bolsa de soro em seu braço e um cano a ajudando a respirar conectado em seu nariz.
— Porra... – Natalie murmurou
— Você acordou. – Ayla disse aliviada
— Acordei... – Natalie falou um tanto confusa, logo as lembranças da noite em que tentou parar o Demogorgon voltaram a sua cabeça – O Will...
— Ele tá vivo, tá no quarto do lado. – Ayla explicou – Ele tá bem, só tá... Em choque. O que deu na sua cabeça de tentar enfrentar aquele... Bicho sem nenhum adulto?
— Não podia deixar o Demogorgon chegar até vocês... Ele já matou a Barbara se matasse vocês também, eu nunca iria me perdoar. – Natalie falou
— Mas você nos matou de preocupação, Natalie. – Ayla diz – Você ficou desacordada por dois dias.
Natalie arregalou os olhos surpresa, não imaginou que teria passado tanto tempo inconsciente. Sabia que não podia ficar usando seus poderes quando estava muito cansada, mas aquilo nunca tinha acontecido.
Talvez pelo tanto de vezes que os usou durante a semana e no dia do resgate ao Will, depois de meses sem os usar daquela maneira, ela estivera mais fraca que o normal.
Natalie olhou em volta do quarto onde estava, apenas Ayla estava lá mas as coisas de Reginald e de Amber estava presentes.
— Cadê a Amber, o Harry e o meu pai? – Perguntou a morena
— Harry está com os meninos no quarto do Will, Reggie foi buscar comida para a gente e Amber foi ao banheiro... – Assim que Ayla terminou a frase, a porta do quarto do hospital foi aberta.
— É normal os pontos que me deram coçarem tanto? Tô começando a achar que eu peguei piolho daquelas crianças... – Amber disse entrando, sorriu assim que olhou para a maçã de sua irmã e a viu acordada – Finalmente!
— Levou pontos? – Natalie perguntou confusa
— Você levou na mão também. – Amber apontou, a experiência levou seu olhar para a palma de sua mão, onde havia cortado com faca junto de Jonathan e Nancy. Um grande curativo em volta dele. – Por que cortou sua própria mão?
— Para atrair o Demogorgon. – Natalie explicou de forma simples – Porque levou ponto?
— Bati a cabeça no chão fugindo do Demogorgon e abriu uma ferida. – Amber diz dando de ombros
Natalie assentiu pensativa, mordeu o lábio inferior um tanto ansiosa até se lembrar do que havia pedido para sua irmã mais nova antes de sair com Nancy e Jonathan.
Ayla olhava de Natalie para Amber, com um sorriso aliviado no rosto. Suas filhas estavam bem.
— Onde está a Eleven? – Natalie perguntou
O quarto ficou em total silêncio. Amber levou seu olhar ao chão e em seguida para Ayla, que fechou os olhos e baixou a cabeça. Natalie sentiu seu coração bater mais rápido ao ver o comportamento de ambas, a ansiedade tomando conta de seu corpo.
Cravou suas unhas contra as palmas de suas próprias mãos. Pela reação que sua mãe e sua irmã tiveram, alguma coisa acontecera com a menina que havia acabado de reencontrar.
Amber evitou olhar para Natalie, levando seu olhar de volta para o chão ao responder:
— A El se foi, Nat... Ela deu sua vida para salvar as crianças e eu do Demogorgon... – Amberly respondeu sem conseguir conter as lágrimas – Não consegui cumprir minha promessa.
O ar pareceu sumir dos pulmões de Natalie Goodwin, que mesmo tentando não transparecer a dor que tomara conta de seu corpo ao receber a notícia – na tentativa de evitar que sua irmã se sentisse mais culpada pelo acontecido – não conseguiu falar nada.
Ela fugiu do laboratório deixando Eleven para trás e mesmo quando reencontrou a garota que poderia ser considerada sua irmã, a deixou para trás novamente e a perdeu.
A perdeu para sempre dessa vez.
A porta do quarto se abriu, entrando Reginald e Harry juntos com um saco de lanches em mãos. Entraram em passos cuidadosos e fecharam a porta com cautela.
— Acha que nos viram entrando com comida? – Reggie perguntou ao filho mais novo
— Acho que não. – Harry respondeu
— Espero que esteja certo, porque é proibido entrar com lanches aqui e... – Reginald parou de falar ao notar o clima triste entre Ayla e Amber, junto com uma Natalie de olhos abertos – Você acordou!
— É... – Natalie respondeu, se esforçando para dar um sorriso sem mostrar os dentes – Trouxe um lanche para mim também?
— Claro. – Reggie sorriu retirando os hambúrgueres da embalagem e entregando para as mulheres de sua família
Harry arqueou uma sobrancelha.
— Não tinha dito que eram dois para você? – Perguntou o mais novo
— Calado. – Respondeu o braço direito do xerife da cidade, Natalie riu – Quase nos matou de susto, garota!
— É, a mamãe já disse isso. – Natalie falou envergonhada
— Hopper e eu fomos bem claros quando dissemos: Fiquem na escola. – Reginald disse em tom de bronca
— Foram bem claro também quando passaram a localização de onde nossos filhos estavam para as pessoas do laboratório. – Ayla rebateu com um tom irônico.
Reggie se calou por alguns segundos.
— Achamos que os adolescentes estariam com as crianças e conseguiriam fugir, você sabe que era o único jeito de resgatar o Will. – O homem respondeu coçando a nuca, um tanto envergonhado.
Harry olhou para Natalie com seu próprio lanche em mãos.
— Vai querer ir ver o Will depois? Ele perguntou de você. – Harry comentou
— Ela acabou de acordar, deixa ela descansar. – Amber falou
— É, ela precisa descansar... Filha, você vai precisar falar com o governo. – Reggie diz
Natalie arregalou seus olhos.
— O que?
— Eles concordaram em esquecer que você é um experimento, se você conversar com eles e contar tudo o que sabe... – Reginald explicou
— E se eu não quiser falar com eles? – Natalie perguntou, sentiu um frio na barriga só de pensar na possibilidade de conversar com pessoas que estiveram envolvidas com tudo o que aconteceu no laboratório de Hawkins
— Vão ir atrás de você... – Reggie murmurou em voz baixa
Zero assentiu, tentando ignorar o desespero que tomou conta de seu coração ao pensar em voltar para o laboratório.
Não queria pisar naquele lugar nunca mais.
— Você desmaiou por usar seus poderes demais, né? – Harry perguntou – Foi o que a Nancy e o Jonathan disseram.
— Foi. – Natalie respondeu
— Você deu entrada no hospital uns trinta minutos depois que o Demogorgon saiu da casa dos Byers. – Amber explicou
— Assim que eles nos contaram quando nos encontramos, viemos correndo. – Ayla diz
Natalie assentiu novamente.
— Preciso agradecer Nancy e Jonathan por me trazerem para cá... – Natalie falou
— Mas não foram eles que te trouxeram, eles foram pra escola trás da gente. – Harry diz, Natalie fez uma careta confusa – Quem te trouxe para o hospital foi o Steve.
Natalie arregalou os olhos surpresa. Quando Steve Harrington a viu usando seus poderes, a garota achou que ele iria ficar o mais longe possível. A achar uma aberração. Ele com certeza não estava na lista de pessoas para quem a Goodwin contaria seu segredo. Mas aí invés de fugir da número Zero, Steve a ajudou.
Nunca imaginou que o garoto faria isso, mesmo depois de desculpar ele. Por mais receosa que estivesse sobre isso, com medo de Steve espalhar o segredo, não deixou de sorrir.
O desgosto era um tanto visível no rosto de Reginald.
— Tanta gente para envolver nessa confusão e é logo um Harrington... – Reggie resmungou – Pelo menos foi o filho, não o pai. Ele precisou falar com o governo também, entramos todos em um acordo para manter segredo sobre o laboratório e te deixarem em paz.
— Parece que ele mudou mesmo. – Ayla falou para a filha – Ele confessou o que fez no cinema para seu pai e pediu desculpas para o Jonathan, Nancy... Até para a Amber.
— No fim, acho que ele era só mais um personagem... Como Nancy e eu. – Amber diz
— Se ele não tivesse te ajudado, eu o deixaria preso por pichar o cinema da cidade. – Reggie fala – Pensei em fazer isso só para ver a cara do pai dele, mas ele ganhou um ponto comigo quando te trouxe para cá e bancou os gastos do hospital.
Amber se levantou.
— Vou avisar a Nancy que você acordou, ela pediu para eu ligar quando você voltasse a ficar consciente. – Amberly falou
— E eu vou avisar o resto do grupo! – Harry diz animado
Natalie sorriu para seus irmãos, mesmo com tudo o que aconteceu, sabendo de seus poderes, a Goodwin ainda os tinha ali. Tinha sua família consigo. Eles não a abandonaram.
Até as crianças estavam com ela, Jonathan, Nancy... Nenhum deles ficou com medo de Natalie, nenhum deles fugiu da garota mesmo depois de saber sobre seu passado, sobre a Zero.
Naquele momento Natalie teve certeza que encontrara a família certa.
Ela só não imaginava que a família estava com seus dias contados, afinal, estar ao lado de uma garota que tem ligações com o mundo invertido é como um presságio à morte.
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Capítulo menor para concluir o primeiro ato de The Other Side, fiquem ligados que logo mais vou iniciar o ato dois.
Aliás, abri um servidor no discord para conversar sobre fanfics, quem quiser entrar, o link está na minha bio.
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