1.08- UNION OF EX-FRIENDS
Por mais que soubesse a verdade, era doloroso ver o desespero de Harry e a tristeza evidente em Amberly naquela manhã. Haviam encontrado o corpo de algum menino, que achavam ser Will. Ou que foi implantado para se parecer com Will.
Natalie sabia que não era verdade, sabia que ele estava vivo. Provavelmente o laboratório tinha alguma coisa a ver com tudo aquilo, isso era o que mais irritava Natalie, saber a verdade e não poder fazer nada.
Harry não saiu da cama e Amberly não saia do quarto dele, cuidando do irmão mais novo. Ayla e Reginald estavam na delegacia, ela sabia que não estava ficando louca e Reggie tentava ajudar a esposa, mesmo sem acreditar totalmente nela.
Natalie estava no sofá da sala, pensando em um jeito de trazer a coisa para longe do Will. Se conseguisse atrair a atenção dela, ela poderia mata-la e entrar na realidade paralela.
Pegando sua venda Natalie saiu correndo da casa dos Goodwin para tentar fazer a criatura ir até ela novamente. Mas esse plano não deu certo. Natalie ficou horas usando seus poderes tentando atrair a criatura mas nada acontecia.
Ela se sentou no chão, cansada e pensativa sobre o que poderia a atrair.
— Certo... O Will eu não sei, mas a Bárbara cortou a mão quando foi pega, eu não cortei nada mas usei meus poderes e meu nariz sangrou. Duas vezes podem ser coincidência, já que só três vezes vira um padrão, mas é melhor arriscar do que ficar parada ouvindo alguém dar tiros no escuro. – Natalie falava sozinha. Ela mexeu em sua bolsa da escola, tirando uma tesoura de dentro.
Fechando os olhos, ela passou parte da lâmina da tesoura em sua mão aberta, abrindo um grande corte.
Ela logo rasgou parte de sua camiseta branca e amarrou em sua mão. Olhando para os lados, ela esperou para ver se a criatura aparecia. Absolutamente nada acontecia. Talvez ela não comesse de dia, ou não quisesse comer ela.
Natalie voltava para casa irritada, quando ouviu algo saindo dos arbustos. A garota se aproximou erguendo uma de suas mãos, mas a criatura que viu no dia anterior pulou em sua direção. Natalie desviou, o jogando para longe com os poderes. A criatura estava no meio do caminho para atacar Natalie quando parou de repente, dando meia volta e sumindo pela mata.
Natalie agora tinha certeza sobre o que a atraia, mas não conseguiu pegá-la, ela voltou para sua casa, jogando sua mochila no sofá. Ela olhou para a cozinha quando ouviu o telefone tocar.
Ela correu para o atender, o tirando do gancho da parede e o levando até a orelha.
— Alô? – ela diz
— Natalie? Eu preciso de você, você pode vir aqui na escola? – Jonathan pergunta
— Claro, eu... – Natalie foi interrompida
— É na salinha das fotos, tá? – Nancy perguntou
— Ok – Natalie diz, os dois desligaram o telefone.
A Goodwin subiu em sua bicicleta em questão de segundos, pedalando rapidamente até a escola.
Assim que chegou lá, jogou sua bicicleta no chão e entrou no lugar correndo, ignorando as pessoas que tentavam falar com ela.
Ela ia até a sala onde Jonathan "imprimia" as fotos, quando viu um dos garotos do clube de RPG do colégio.
— Eddie! – ela o parou, um tanto ofegante
O menino a olhou com os olhos um tanto arregalados pelo desespero da menina na fala.
— Natalie... Você tá bem? – Ele perguntou confuso ao ver a mão dela enfaixada
— Tô, acidente na cozinha, você é o organizador das campanhas de RPG do... – Ele interrompeu Natalie, um tanto animado.
— Hellfire? Sim. Você joga? Tá querendo participar? – Eddie perguntou animado
— Ah, claro, é isso sim. Só não sei jogar muito bem... Eu estava jogando esses dias com meu irmão e os amiguinhos e eu tenho uma pequena dúvida. – Natalie respondeu
— Pode perguntar, madame. – Eddie falou com um sorriso animado
— Quando estamos jogando, acabamos entrando em um lugar escuro, sombrio... Tipo, a origem de todo o mal, que parece muito com o nosso mundo, mas é pior. – Natalie fala – O que é isso?
— Sua explicação foi meio rasa, mas eu sei o que é. – Eddie responde – Se chama "Vale das sombras", lá vivem as criaturas, como o demogorgon, é igual ao nosso mundo só que...
— Invertido... – Natalie terminou a frase, ela sorriu dando um abraço rápido nele e deixando um beijo em sua bochecha – Você não tem noção do quanto me ajudou, eu vou aumentar meu nível e me inscrever no clube, eu juro!
Ela saiu correndo para encontrar com Jonathan e Nancy, deixando um Eddie com um sorriso animado no corredor.
Ela entrou no lugar rapidamente, ela ficou em silêncio olhando para Nancy e Jonathan. Era um grupo que ela jamais sonharia que um dia estaria juntos, mas olha onde estava agora.
— Achei melhor te chamar porque sua mãe e a minha estavam juntas quando viram a coisa... – Jonathan explicou, ele franziu o cenho ao ver a mão da garota enfaixada. – O que aconteceu?
— Ah, me cortei fazendo comida... – Natalie inventou rapidamente – Estão atrás da Bárbara ou do Will?
— Dos dois... Eu acho. – Nancy diz, Jonathan mexia no aparelho de fotos, a menina franziu o cenho sem saber o que ele estava fazendo. – Você tá...
— Clareando? Aumentando.
— Suas mães disseram mais alguma coisa? Tipo... Para onde ele pode ter ido? – Nancy perguntou
— Não, só que ele saiu da parede. – Jonathan diz
Jonathan coloca a folha na água, fazendo a Natalie olhar a foto curiosa.
— Quanto tempo demora? – Nancy pergunta
— Não muito. – Jonathan respondeu
— Você faz isso há muito tempo? – Nancy perguntou
— O que? – Jonathan perguntou de volta
Natalie fez uma careta, cruzando os braços, mal podia acreditar que a chamaram para a deixar ali, fora da conversa e sem entender o que estavam fazendo.
— Fotografia. – Nancy respondeu
— É... Acho que eu prefiro observar as pessoas do que... – Jonathan diz – Você sabe.
— Falar com elas. – Nancy concordou
— Ficou meio óbvio quando vimos as fotos. – Natalie brinca tentando entrar na conversa
— Desculpa por isso... – Jonathan pediu para a amiga e olhou para Nancy – Eu sei que é estranho.
— Não. – Nancy se referiu a ele achar melhor tirar fotos do que conversar.
— Não, é sim, é que as vezes as pessoas não dizem o que estão pensando, mas você captura o momento certo e isso diz mais. – Jonathan explicou
— E o que eu tava dizendo? – Nancy perguntou curiosa
— O que? – Jonathan perguntou sem entender
— Quando tirou minha foto. – Nancy respondeu
— Eu não devia ter fotografado... Olha, eu... Sinto muito, mesmo. É que... – Jonathan se embolou
Natalie voltou a olhar a foto quando Nancy apontou para a mesma.
— É isso! Foi o que eu vi. – A Wheeler o interrompe ao ver o demogorgon na foto.
— Eu o vi também... – Nat diz – Na minha casa, ontem, ele... Apareceu.... Da parede e tentou... Sabe... – ela apagou um dedo em frente ao próprio pescoço
Jonathan olhou para as garotas perplexo, ele havia duvidado de sua mãe e agora via que tudo o que ela falou, era real.
— A minha mãe... – Jonathan disse um tanto desesperado – Eu achei que ela tava louca. Ela disse: "Não é o corpo do Will, ele tá vivo".
— Se ele tá vivo então... – Nancy começou
— A Bárbara também pode estar! – Jonathan diz
Natalie abaixou o olhar sabendo que só um dos dois estava vivo e não era a melhor amiga da Nancy. Queria contar, tirar as expectativas de Nancy, até porque se demorasse mais para fazer isso, a dor poderia ser pior.
Mas não tinha um jeito fácil de falar que sabia que Barb estava morta porque não a viu com seus poderes. O melhor a se fazer era deixar ela descobrir sozinha.
— De qualquer jeito, temos que ir a um funeral hoje. – Ela disse
(...)
O tão temido funeral havia começado, Amber estava perto das crianças usando um vestido até o joelho preto. Eles estavam de cabeça baixa, mas claramente conversando.
Harry era o único que encarava o caixão. Ayla vestia um vestido preto, assim como sua filha do meio, ela estava dando apoio para Joyce.
Natalie usava uma camisa de manga comprida preta e uma calça da mesma cor, com uma bota cano baixo. Ela encarava todos a sua volta. Will era um bom garoto, mas não tinha muitos amigos fora o grupinho. Mesmo assim o funeral estava cheio.
Zero sabia que provavelmente mais da metade das pessoas que estavam lá mal falavam com o Will, talvez nem mesmo o conhecessem, mas viviam uma vida tão pacata, que usavam aquilo para sair da rotina. Estavam ali por diversão.
Natalie se aproximou do caixão com uma flor, a deixando em cima do mesmo. Ela fechou os olhos cheios de falsas lágrimas com a mão em cima dele e quando abriu os olhos estava em um lugar diferente, mas que conhecia muito bem.
O laboratório.
Natalie ficou desesperada no mesmo instante que percebeu onde estava.
— Estão fazendo o funeral? – Brenner perguntou sem tirar os olhos de um portal
— Sim, acreditam que é o garoto mesmo. – Um dos cientistas falou
Aquilo foi o suficiente para fazer Natalie parar de usar seus poderes, saindo correndo do funeral. Sentia seus olhos encherem de lágrimas, enquanto ofegava desesperada. Algumas pessoas que estavam ali começaram com um burburinho com palavras como "Coitadinha, deve ser horrível perder um amiguinho tão cedo." ou "Deixe ela expressar sua dor".
Natalie correu para o carro de Jonathan, se sentando no banco da frente tentando recuperar o ar que perdeu assim que viu Brenner com seus poderes. Não fazia idéia de como ficara tão desesperada só de ver ele de longe, mas rever o laboratório, mesmo usando seus poderes, foi amendrontador.
Em poucos minutos, Nancy e Jonathan apareceram.
— Você está bem? – Nancy perguntou, antes que Natalie pudesse responder, ela recebeu um abraço da mesma. Mesmo surpresa, ela não negou. – Desculpa por me afastar de você, senti muito a sua falta nesses meses. Pode contar comigo ok? Isso dói, mas se estivermos certos, Will está vivo.
Natalie deu um sorrisinho, mesmo sabendo que não era por isso que estava chorando.
— Estou contando com isso. – Natalie disse
Jonathan pegou o mapa da cidade e colocou em cima do carro.
— Vai ficar tudo bem, Nat, eu prometo... Então, temos certeza que estava aqui. – Jonathan diz olhando o mapa – Né?
— Isso é... – Nancy começou
— A casa do Steve. – Jonathan concluiu – Aqui é a floresta onde encontraram a bicicleta do Will, essa a casa da Nat e essa a mina casa.
Ele marcava os lugares com um canetão vermelho.
— É tudo tão perto! – Nancy diz
— Parece que ele não quer sair das redondezas... Seja lá o que isso for. – Natalie diz pensativa
— É, exatamente. – Jonathan concorda – Tá tudo em uma área de uns 2 km, o que quer que essa coisa, não tá se movendo muito.
Nancy olhou para Natalie e em seguida para Jonathan.
— Você quer ir até lá? – a Wheeler perguntou
— Podemos não encontrar nada. – Jonathan diz
— Ou podemos encontrar algo. – Natalie rebateu
— Encontramos uma coisa. – Nancy afirmou – E se virmos a coisa. O que fazemos?
— Matamos. – Natalie falou confiante
Jonathan abre a porta de seu carro e entra parcialmente. Nancy arregalou os olhou ao ver o mesmo abrir o porta luvas e pegar uma arma.
— Tá falando sério? – Ela perguntou
— O que? Você quer encontrar essa coisa e tirar outra foto? – Jonathan perguntou – Gritar com ela?
— Isso é uma péssima ideia. – Nancy diz
— É mas isso é o melhor que temos. – Jonathan fala – Você pode contar para alguém, mas não vão acreditar. Você sabe.
— Suas mães acreditariam. – Nancy diz apontando para os dois
— Olha só, a tia Joyce já sofreu demais e a minha mãe tá ajudando ela, não vou envolver elas nisso. Eu posso vencer aquela coisa. Só precisam confiar em mim! – Natalie diz
— Não acham que elas merecem saber? – Nancy perguntou
— Vamos contar para elas. – Jonathan respondeu – Quando essa coisa morrer.
Natalie assentiu com a cabeça, concordando com seu amigo. Ela fechou a porta do carro, antes de falar:
— Vamos acabar com esse filho da puta.
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