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022 ;𝘵𝘩𝘦 𝘳𝘪𝘨𝘩𝘵 𝘵𝘩𝘪𝘯𝘨.

Um piscar de olhos foi o bastante para um resmungo baixo sair entre os lábios da adolescente. Seu peito subia e descia lentamente, se acostumando em não precisar da ajuda de aparelhos médicos para continuar funcionando.

Estar entre a vida e a morte não foi a melhor experiência da sua vida, por isso conseguir escutar seus próprios batimentos cardíacos fez seus lábios levantarem em um sorriso fraco.

Seu corpo doía, e em algumas vezes a sua respiração ainda era dolorida, causando um desconforto no seu tórax a cada movimento. Provavelmente uma costela quebrada. Ela pensou irritada.

─ Você acordou. - Uma voz muito conhecida pela garota chamou a sua atenção para a poltrona próxima a cama.

─ Mãe? - Ela sussurrou sentindo seu coração acelerar, e sua garganta doer pela falta de água.

Juniper tossiu pelo esforço ao falar, fazendo Anastasia correr para pegar um copo cheio de água deixado pela enfermeira pouco tempo antes. A mulher entregou com cuidado para a filha, que parecia digerir tudo o que estava acontecendo, e aconteceu antes de parar ali, enquanto tomava um longo gole do líquido.

─ O médico falou que você deve tomar cuidado nos primeiros dias, por causa da uma costela quebrada. - Anastasia disse como cuidado, cautelosa sobre as reações da adolescente.

Eu sabia.

─ O que... - Juniper começou a falar baixo, parando para limpar a garganta. - O que aconteceu depois? - Ela perguntou séria, e Anastasia sabia do que ela estava falando.

─ Não tenho muitas notícias. - Disse sincera, observando os olhos escuros da filha caírem. - Eu e o seu pai passamos os últimos dias presos entre o hospital e os problemas com a nossa casa. - A menção do homem fez sua feição iluminar minimamente. - Queríamos fazer uma surpresa sobre...tudo. - Anastasia avisou chateada, segurando a mão da garota com carinho.

─ Eu tenho muitas perguntas. - A Davis admitiu, olhando para as sua mão ─ ainda gelada ─ sendo acariciada pela mão da mulher mantendo um sorriso fraco nos lábios. - Mas agora temos mais do que dez minutos para conversar.

O típico humor ácido de Juniper Davis fez a mulher rir pela primeira vez em dias.

─ Definitivamente temos muito tempo agora, querida. - Ela deixou um sorriso amoroso surgir em seus lábios, observando os cabelos loiros da filha rapidamente. - Gostei do novo visual.

─ Eu poderia falar que foi por sua causa, mas eu estaria mentindo. - Juniper disse fazendo uma careta ao encarar o próprio cabelo.

Jesus, ele estava uma horror! Ela pensou ao ver a cor levemente amarelada pela falta de cuidados.

─ Como você ousa! - Anastasia brincou, colocando a mão livre no coração fazendo drama, o que tirou uma risadinha da adolescente.

─ É culpa da Taylor Swift, não minha!

• • •

O som da televisão do quarto gelada era o único entretenimento que Juniper teve nos últimos dias. Duas semanas passaram pelos olhos de todos desde o acidente na escola, e apenas dez dias desde que a Davis acordou do coma.

Segundo os médicos o seu estado era crítico pelo esforço que a garota fez após a pancada, além da perda de sangue e a carga emocional que teve com a queda de Miguel. A quantidade de remédios que ela tomava por dia a deixavam anestesiada de tudo, mas finalmente seus dias cansativos no hospital chegaram ao fim.

As únicas notícias que tinha sobre os seus amigos era que Miguel tinha acordado, mas estava em uma sala longe da dela devido ao seu estado ainda crítico, e Falcão estava bem. Os dois eram os únicos que a loira recebeu notícias nos últimos dias.

Mesmo que já estivesse com o seu celular em mãos para poder mandar mensagem para qualquer um, a última coisa que queria era se preocupar com o mundo fora daquelas paredes pelo tempo que pudesse.

─ Filha?

─ Oi, mãe. - A adolescente sorriu ao levantar o olhar até a mulher.

Mesmo com os medos sobre a reação da mãe após tudo o que aconteceu, Juniper se surpreendeu com a mudança na relação delas. Talvez fosse a preocupação e o medo de perder a filha quando estava prestes a tê-la de volta.

─ Seu pai e eu temos que resolver algumas coisas em casa, mas voltamos para buscar você, ok? - Avisou calma, deixando um selar no topo da cabeça dela.

─ Eu estou bem. Podem ficar tranquilos que eu ainda tenho muitos episódios de friends para assistir. - Riu baixo, olhando rapidamente para a televisão antes de voltar a encarar a mãe.

─ Muitos que você ainda vai reassistir comigo. - Brian apareceu na porta do quarto segurando as chaves do carro com um sorriso leve nos lábios.

─ Tenho certeza que vai ser muito torturante ter que assistir outra vez. - Ironizou a adolescente enquanto ria.

Brian aproveitou para deixar um beijo na testa da filha antes de sair com Anastasia, ambos rindo do modo em que Juniper parecia concentrada em assistir a série.

─ Qual é, Ross! Você é burro? - Ela xingou baixo o personagem ao vê-lo conversar com uma outra mulher, que não era Rachel.

─ Juniper.

─ Jesus Cristo, vocês me assustaram! - Ela pulou na cama ao ver Daniel e Johnny parados na porta do seu quarto.

A garota franziu a testa ao ver Johnny com o rosto machucado e, principalmente, ao vê-lo do lado de Daniel Larusso. Que universo era aquele em que a colocaram?

─ Desculpa. - Foi Daniel que pediu, olhando para a adolescente cansado depois de correr o dia todo atrás de Robby.

─ Tenho quase certeza que vocês não poderiam estar aqui. - Cerrou os olhos analisando os dois homens. - Como entraram?

─ Já vim aqui algumas vezes. - Johnny disse apontando para o hematoma em sua testa. - E eu ganhei isso. - Mostrou o seu pulso com a pulseira de paciente, e olhou esperançoso para a loira, esperando que ela demonstrasse o mínimo de animação ao vê-lo, o que não aconteceu.

─ E você? - Juniper arqueou a sobrancelha olhando para Daniel.

─ Eu tenho alguns contatos. - Suspirou se explicando, checando o corredor rapidamente.

─ Típico dos Larusso's - Sussurou ácida, voltando a prestar atenção na televisão, fazendo os dois adultos se entreolharem com o desinteresse dela.

─ Precisamos da sua ajuda, loira. - O Lawrence disse, mas a garota continuou olhando para televisão.

─ Não entendo homens. Independente do tempo, você não pode sair beijando outra sem querer sofrer as consequências disso depois! - A Davis exclamou irritada encarando a tela.

─ Juniper, nós conversamos com Trey e Cruz. - Daniel disse de uma vez, fazendo a garota encarar a parede para não olhar na direção deles. - Eles falaram que você sabe onde o Robby está.

─ Não sei do que você está falando. - Disse engolindo a seco.

Ela não era boba. Por mais que não quisesse pensar no garoto, ou fugitivo, ela não podia lutar contra a sua intuição que a dizia onde ele estava se escondendo.

Um lugar desconhecido, que apenas mais três pessoas conhecem. Duas estão presas, e a outra não teria coragem de denunciá-lo.

Ou teria?

─ Todos nós sabemos que o melhor para ele agora é se entregar, Juniper. - Daniel tentou, se aproximando da adolescente que permanecia encarando a parede. - Ele não vai conseguir fugir para sempre, e quanto mais ele fugir, pior a sentença dele vai ser.

─ Problema dele, não é? - Ela virou o rosto para encará-lo, os olhos afiados vidrados nos dois adultos. - Não me entenda mal, Sr. Larusso, mas esse problema é mais seu do que meu. Você que era o sensei dele, ou não? - Juniper alfinetou o homem, parecendo acertar o ponto fraco dele ao vê-lo desviar o olhar rapidamente. - Foi o que eu pensei.

─ Você mais do que ninguém sabe que o melhor é ele se entregar agora. - A voz de Johnny contaminou os ouvidos da loira, fazendo ela virar irritada para ele.

─ O que você quer dizer com isso? - Perguntou ríspida. - O que o seu filho fez com o Miguel é muito diferente do que aconteceu comigo.

─ Não vem com essa baboseira agora, Davis. Você não pode me atingir. - O homem disse passando pelo Larusso, ficando próximo da adolescente, os olhos implorando por sossego depois da péssima semana que passou. - Você e Robby se odeiam desde que você apareceu naquele dojô para acompanhar o Miguel. Eu não me importo com o motivo do ódio, mas nós dois sabemos qual é, então porque quer esconder algo que vai ajudar os dois?

Os olhos da loira vacilaram, fazendo ela arrumar a postura enquanto sentia sua cabeça voltar a doer. Ela queria vingança. Não poder ver Miguel estava sendo uma tortura, e tudo por causa do Keene.

Ela não podia culpá-lo pelo o que aconteceu com ela, talvez em partes já que seu estado piorou devido a intensidade dos seus sentimentos ao vê-lo partir e deixar Miguel naquele estado. Porém sua mente traiçoeira a deixava em um impasse ao lembrá-la sobre a verdade da sua ida ao reformatório.

Ainda odiava ele por não ter ido atrás dela, mas parecia ter uma dívida com o garoto depois de ter causado um pouco de caos na sua vida por algum tempo. Nada perto da morte, mas ainda assim a deixava incomodada.

─ Sua jaqueta está comigo. Aquela que deixou com o Miguel alguns dias antes do acidente. - Ela disse depois de ficar em silêncio por alguns segundos, virando o rosto para o canto do quarto, onde a jaqueta vermelha trazia cor para o cômodo. - Miguel me emprestou naquela manhã, dizendo que teria que te ver mais tarde e assim ia poder devolver ela para você. - Seus olhos encheram de água, mas ela não iria chorar na frente deles. - Pode pegar ela, e sair.

Ela piscou para espantar as lágrimas, voltando o olhar para Johnny, que encarava a jaqueta com os olhos marejados assim como ela.

─ Não precisa. Cobra kai não é mais um problema meu. - O Lawrence disse machucado, saindo do quarto sem se despedir da adolescente.

Ela engoliu a seco, voltando a encarar a parede branca com o som da televisão parecendo estar longe dos seus ouvidos enquanto ela ignorava a presença de Daniel no quarto.

─ Espero que saiba o que está fazendo, Juniper. - Ela parecia cansado de tentar, mas deixou na mesa um cartão antes de fazer o mesmo caminho que Johnny, deixando a loira sozinha no quarto novamente.

Juniper se levantou quando teve certeza que eles saíram, indo até a mesa e pegando o cartão deixado por Daniel. Era o um número para entrar em contato com ele. Rapidamente ela correu até a jaqueta vermelha, guardando no bolso para não ter que encarar o papel.

Ela também esperava saber o que estava fazendo.

• • •

Alguns minutos se passaram, mas para Juniper foi como uma eternidade. A visita indesejada serviu para piorar a sua dor de cabeça, fazendo as enfermeiras aumentarem a dose do seus remédios, e trazer os pais da jovem para levá-la para a casa finalmente.

Era a única oportunidade para um pouco de paz, e Juniper parecia disposta a sair daquela quatro paredes que passou a odiar nos últimos dias.

─ Pronta, querida? - A voz da sua mãe a fez sorrir leve, ainda estranhando ter sua família por perto novamente.

─ Sim. - Com certa dificuldade ela desceu da cama, pegando o seu celular e colocando a jaqueta vermelha de Johnny em seus ombros com cuidado.

Ela iria guardar para entregar ao Diaz quando tivesse a chance, ou queimar junto com o cartão do Larusso para não ter que lembrar do que aconteceu.

─ Conversei com os médicos, e Miguel vai poder receber visitas em breve. - Anastasia avisou com um sorriso calmo no rosto enquanto carregava algumas coisas da filha, como a sua papelada e vários remédios.

─ Fico feliz em escutar isso. - Juniper não conteve a felicidade, e sorriu animada, tirando uma risada baixa da mãe.

Ambas caminharam até o lado de fora do hospital conversando o caminho inteiro sobre o que aconteceu nos últimos meses. Nunca era tarde demais para salvar o laço entre uma mãe e filha.

─ Jesus, eu voltei no tempo! - Brian saiu do carro, deixando ele na porta do hospital para ajudar as duas a entrar no mesmo. - Eu tinha uma igual a essa, e a sua mãe usava ela o tempo inteiro. - Apontou para a jaqueta que a filha apoiava em um ombro.

─ Rainha cobra. - Juniper lembrou, trocando um sorriso cúmplice com o pai e deixando Anastasia confusa.

─ Você contou para ela? - A mulher olhou para o marido que pegava os papéis da mão dela e abria as portas do carro para as duas sorrindo bobo.

─ Talvez. - Piscou um olho, fazendo Juniper rir entrando no carro, logo sendo acompanhada pelo pai.

─ Esses dois. - Anastasia riu sozinha mexendo a cabeça, entrando no carro em seguida.

Brian ligou o carro, deixando a adolescente colocar sua playlist para tocar durante o trajeto. Anastasia parecia focada em ler os remédios e efeitos colaterais, e ao olhar para a mãe a garota observou o quão tensa ela estava segurando um dos remédios medicados para a ansiedade. Alguma baboseira que o médico avisou sobre o trauma que aquele dia pode ter causado. Juniper mal teve tempo de pensar sobre o quão ruim foi, apenas conseguia lembrar de algumas vozes e rostos conhecidos. Nada demais.

Sua mente vagou para o que Johnny e Daniel falaram para ela mais cedo. Ela sabia onde ele poderia estar. Miguel merecia vingança, certo?

Mesmo o seu coração a mandando pensar duas vezes sobre o que iria fazer, mas a sua sede por algo a mais falava mais alto.

─ Podemos parar em um lugar antes? - Juniper pediu receosa, fazendo os seus pais se entreolharem antes de Brian concordar, logo recebendo as instruções da filha.

Ela sabia o que tinha que fazer.

• • •

O carro já estava longe da vista de Juniper, e mesmo com o receio de deixar a garota sem supervisão depois do ocorrido, Brian e Anastasia decidiram dar um voto de confiança para a filha quando viram a determinação brilhar em seus olhos.

Os pés da garota pisaram em alguns galhos, fazendo o seu caminho até o lugar pouco barulhento, apenas o som dos seus pés e do seu coração, que batia fortemente em seu peito.

Quando chegou perto o bastante ela pôde enxergar a madeira velha da casa na árvore. Um sorriso triste surgiu em seus lábios. Aquele lugar foi abandonado a muito tempo, e mesmo assim ela sentia a mesma felicidade infantil da primeira vez que ela encontrou o lugar. Bom, ela e Robby.

Eram apenas crianças rebeldes que queriam fugir da própria realidade, e em um dessas fugas eles se depararam com a construção mal feita que foi deixada para trás por algum desconhecido. Aquele era o lugar deles, até aquela noite em que Junie pensou que o seu esconderijo secreto ainda era secreto.

Aos poucos ela se aproximou, chegando próxima à escada que dava acesso a pequena porta do lugar. Seus dedos tocaram ela com delicadeza, relutando se subia ou não.

─ Robby? - Ela o chamou, a voz saindo machucada por não saber o que fazer. - Você 'tá aqui? - Sem respostas. - Eu estou viva, aliás! Não sei se você sabe, mas ficar em coma e ter que subir uma escada com a chance de cair dela, não é muito seguro. - Juniper olhava a altura da casa na árvore, e mesmo com vontade de subir as suas mãos apertaram com força a madeira ao mesmo tempo que ela apoiou a cabeça nela. - Eu sei o que você 'tá sentindo. Ser procurada pela polícia não é o melhor sentimento, mas você tem uma escolha, Robby. Sua mãe está preocupada, Daniel e Johnny também. - Disse olhando para a grama, implorando para que eles estivesse a escutando. - Eu também estou preocupada. Então, por favor, você precisa se decidir.

Seus dedos deslizaram sobre a escada uma última vez, os olhos marejados encararam a porta com a esperança de que ele saísse de lá, mas nada aconteceu. O silêncio era amedrontador, fazendo a loira deixar a casa na árvore para trás.

Ao retornar para o carro, ela pôde ver seus pai encostada na porta do motorista, enquanto sua mãe permanecia dentro do veículo, ambos parecendo preocupados com a demora da jovem, mas ao vê-la Brian soube que o coração da sua filha estava quebrado, apenas alguns pedacinhos pareciam lutar para mantê-la em pé.

─ Querida. - Ele a chamou, fazendo ela levantar o olhar dos próprios pés para encarar o pai, se arrependendo ao sentir seus olhos encherem de lágrimas.

Ela correu para os braços do pai, agarrando o corpo dele como se dependesse daquilo para viver, sendo recebida pelo abraço caloroso do homem, que sussurrava palavras de conforto para ela, como fazia quando ela era apenas uma criança.

─ Eu pensei que ele sairia de lá. Eu pensei que eu poderia resolver isso para o Miguel. Eu... - Sua voz foi cortada por um soluço que rasgou a sua garganta.

Não demorou muito para a porta do carro ser aberta por Anastasia, que correu para participar do abraço, tendo seu braços agarrados pelas mãos de Juniper, que segurou eles com carinho enquanto a mulher passava a mão pelos seu cabelo tentando confortar a filha.

Depois de anos os braços dos seus pais pareciam calorosamente confortáveis. Um porto seguro, que foi reformada com as desavenças do tempo, mas que permanecia confortável.

• • •

Voltar para a casa onde cresceu era o misto de emoções que Juniper desejava a muito tempo. Quando teve que deixar a vida que tinha para trás por causa dos problemas dos pais, a garota lembra que passou horas na frente da casa implorando para não ir embora.

O antigo quintal ainda tinha a piscina que aprendeu a nadar, junto ao pequeno parquinho que os seus pais construíram quando era pequena. A casa era a mesma, os cômodos com cores claras e os móveis de cores escuras, tendo flores e quadros por todos os corredores e paredes.

Um dos corredores possuía uma fileira inteira de quadros da Davis, de uma sessão de fotos que fez quando era um bebê. Ao passar pelo corredor ela não conteve os sorrisos ao ver suas bochechas gordinhas e pés pequenos em todas as fotos.

Quando abriu a porta do seu antigo quarto ela sentiu o ar sair dos seus pulmões rapidamente. Ela não mudou. As cores eram claras, assim como o resto da casa, mas o diferencial eram os desenhos que a própria pendurou na parede. No canto do quarto ela viu seu antigo kimono personalizado pelo pai, o nome "Davis" gravado em vermelho. Sua cama era pequena, e parecia não caber suas pernas agora, mesmo que fosse baixa.

Seus olhos flagraram o seu ursinho de pelúcia, os grandes olhos pretos com o pelo roxo ─ já que era a sua cor favorita ─ tiraram uma risada baixa da loira, que nãose conteve e o pegou, segurando em seus braços em um abraço enquanto olhava uma última vez o quarto antigo, fechando a porta ao sair pelo mesmo corredor que entrou.

Anastasia a avisou sobre o seu novo quarto antes de ir para o mercado com Brian para buscar as comidas favoritas da filha. Um recomeço na mesma casa onde construiu tantas memórias. As paredes brancas combinavam com a simplicidade dos poucos móveis que foram deixados no cômodo. O que a deixou intrigada foi a grande mala deixava em cima da cama com lençóis claros, junto aos pertences que estavam no hospital com ela.

Ao abrir ela se deparou com as suas roupas e outras coisas deixadas na casa dos Campbell's, mas o que prendeu sua atenção e fôlego foi uma carta com a letra "E" gravada no papel branco. A garota deixou o urso de pelúcia sentado perto dos travesseiros antes de voltar para a carta.

Juniper a segurou com cuidado em suas mãos, como se seus dedos estivessem com medo de perder a força. Ela não sabe quanto tempo passou encarando, apenas acordou dos seus devaneios com o barulho do seu celular tocando. Piscando repetidas vezes ela largou a carta onde a achou, atendendo o celular sem olhar quem estava ligando

─ Alô?

─ Juniper, é a Shannon. - A voz da mulher fez a garota ficar confusa. - Preciso da sua ajuda. - Seu tom desesperado causou calafrios nela.

─ O que aconteceu?

─ Robby apareceu aqui, e ele está dizendo coisas estranhas sobre fugir. - A mulher parecia prestes a chorar. - Ele falou de você.

Juniper não teve outra reação ao ouvir sobre fugir além de olhar para a jaqueta vermelha jogada na cama. Seus olhos vacilando com medo de si mesma.

─ Estou indo.

• • •

Não demorou muito para a adolescente chegar no local combinado. Sua sorte foi ter o carro antigo dos seus pais em casa para conseguir sair sem ter que pegar um táxi.

Juniper observou com inveja como o ambiente parecia calmo e bonito, as pessoas pareciam genuinamente felizes e em busca de uma vida melhor. Mas ela não teve tempo o suficiente para usufruir do ambiente quando bateu os olhos em Shannon. Rapidamente ela foi na direção da mulher com um sorriso triste, sendo surpreendida com um abraço.

─ Você cresceu tanto. - Ela exclamou baixo ao analisar as mudanças na adolescente.

Mesmo vendo ela poucas vezes nos últimos meses, Juniper claramente nutria um carinho especial pela mãe do melhor amigo. Seu programa favorito no apartamento dos Keene's era quando a mais velha estava em casa e preparava lanches para os três assistirem "Dirty Dancing", apenas para ver a paixão platônica da mulher em Patrick Swayze.

─ Você parece ótima. - A garota comentou sincera, tirando um sorrisinho leve da mulher.

─ Desculpa por te ligar, mas eu sei que vocês dois sempre tiveram uma conexão única. - Ela falava com brilho nos olhos. - Estou preocupada com ele.

─ Eu vou tomar conta dele, pode deixar. - Mesmo incerta das próprias palavras, Juniper sorriu para a mulher antes de entrar no pequeno jardim.

De cara ela conseguiu observar o garoto sentado em uma cadeira comendo um lanche. Ele parecia faminto, e definitivamente cansado de fugir por tantos dias.

─ Fiquei sabendo que anda falando sobre mim. - Juniper se aproximou assustando ele, que apenas a encarou quieto enquanto ela se acomodava na cadeira em frente a ele. - Você parece uma merda agora. - Ela franziu o nariz olhando para ele.

─ Quem...

─ Sua mãe me ligou. - Explicou rápido, fazendo ele concordar com a cabeça e voltar a encarar o lanche nas próprias mãos. - Então, você estava na casa da árvore.

─ Como sabia que fiquei lá? - Ele ergueu o olhar machucado até ela.

─ Você esqueceu que eu conheço você. - Suas palavras atingiram ambos, pois era a maldita verdade que eles não queriam aceitar. - Olha, o que aconteceu...

─ Se você veio tentar me ajudar, pode parar. - Ele a cortou. - Eu não tenho salvação.

─ Você 'tá errado. - Juniper devolveu convicta, fazendo ele desviar o olhar. - O que aconteceu foi um erro. Aquele dia foi uma merda para todo mundo, mas não define quem a gente é. O que você fez não define você.

─ Porque você foi atrás de mim? - Robby trocou de assunto. - Você me odiava até aquele dia.

─ Eu não te odeio. - Ela foi rápida em responder.

─ Mas ainda não consegue me perdoar pelo o que eu fiz, ou deixei de fazer, certo? - O Keene disse encarando os olhos escuros da garota caírem como resposta. - Foi o que eu pensei.

Robby não foi o responsável pelo reformatório, mas não foi corajoso o bastante para tirá-la daquele lugar. Ele não teve coragem de olhar nos olhos dela por tanto tempo, então olhar para eles e poder dizer a verdade novamente era a única coisa que parecia correta em sua vida agora. Juniper parecia o ponto amarelo no meio de tantos azuis na sua volta.

Mesmo sem o perdão da garota, ele ainda podia tê-la na sua frente sem as discussões que roubaram a cena em suas vidas nos últimos meses.

─ Tem uma pessoa que quer falar com você. - Disse quando viu Daniel Larusso entrando no jardim, se aproximando com cuidado do garoto.

─ Oi. - O homem disse cauteloso, fazendo o Keene olhar para ele assustado, mas sem tentar correr ou fugir dele.

Juniper decidiu se levantar para deixar ambos conversarem, já que Daniel parecia disposto a fazê-lo pensar melhor sobre o que aconteceu. A garota suspirou levantando da cadeira, passando por Daniel que sorriu leve para ela e foi se sentar onde ela estava. Ao passar por Robby, ela não queria encarar os olhos verdes que transbordavam a culpa que ele sentia, mas o Keene foi rápido em segurar a sua mão direita, impedindo que ela saísse do seu campo de visão.

─ Fique. - Ele pediu, os dois pares de olhos travando uma guerra enquanto outra parecia se instalar fora daquele jardim.

─ Tudo bem. - Juniper sussurrou, fazendo ele soltar a sua mão e olhar para o Larusso, deixando a loira parada do seu lado com os braços cruzados mordendo o próprio lábio para conter a ansiedade.

─ Belo corte. - Daniel disse quebrando o gelo, mas não parecia o momento certo para isso.

─ Desculpe te fazer arrumar a minha bagunça. - Robby pediu encarando o homem. - Pagarei pela van. Eu...

─ Não achei que aquela van fizesse o seu estilo. - Ele riu, mas parou ao ver o semblante culpado do adolescente. - Sei que deve ter sido difícil para você.

─ Sam está ok? - O Keene perguntou preocupado, fazendo Juniper revirar os olhos discretamente olhando para qualquer canto que não fosse os dois.

─ Ela está... preocupada com você. - Daniel pareceu vacilar na resposta, tirando uma risada baixa de Juniper que passou despercebida pelos dois. - Todos estamos. Seu pai também. - Disse a contragosto. - Robby, eu preciso me desculpar...

─ Eu causei isso. Eu chutei o Miguel.

─ Sei que está se culpando, mas eu te decepcionei. O que te disse na última vez que nos vimos foi...horrível. - Daniel se explicou. - Me desculpe.

─ Tinha razão, foi um erro me ajudar. Não vou mudar. - As palavras dele foram como facas atingindo o coração de Juniper e Daniel, ambos se encarando rapidamente.

─ Todos cometemos erros. Mas nossos erros não nos definem. - Explicou o Larusso, quase repetindo o que a Davis tinha falado. - Você pode aprender com eles. E vou te ajudar. Eu vou. - Ele afirmou, olhando rapidamente para trás quando percebeu uma movimentação. - Ouça. A próxima parte será muito difícil, tá? Mas é o melhor caminho a seguir. - A Davis decidiu não encarar o que ia acontecer, virando o próprio corpo para trás sentindo seu coração ficar acelerado com o barulho de pessoas se aproximando do lado de fora. - Falei com um advogado e ele explicou que este é...

Juniper escutou o barulho da cadeira de Robby caindo, ao mesmo tempo que sentiu Daniel se aproximar dela ao mesmo tempo que ela colocou as mãos no próprio rosto para se acalmar.

─ O que fez? - A pergunta de Robby era para ela. Ela sabia.

Aos poucos ela virou, encontrando os olhos de Robby vidrados nela. A Davis engoliu a seco, encarando os policiais parados atrás dele, apenas esperando o momento certo.

─ Era a coisa certa a fazer. - Ela disse baixo, sentindo seus próprios olhos encherem de lágrimas ao encarar o semblante traído de Robby. - A sentença é menor se você se entregasse. Confia em mim. Eu sei disso.

─ Eu não posso. - Disse desesperado.

─ Pode e precisa, Robby. - Foi Daniel que disse, chamando a atenção do Keene que pareceu entender tudo.

─ Vocês me enrolaram para eu não fugir. - Exclamou irritado, vagando o olhar entre os dois.

─ Não, eu queria ajudar. - O Larusso disse preocupado com a reação do garoto, mas ele encarou Juniper esperando uma resposta dela.

Seu coração implorava para que a garota dissesse que a ideia não foi dela, e que Daniel estava mentindo sobre suas intenções. Um desejo traiçoeiro que serviu apenas para machucá-lo.

─ É a coisa certa. - Ela repetiu o que disse, dessa vez sua postura era mais correta, e suas palavras demonstravam que estava convencida disso.

Não tinha culpa ou arrependimento em seu olhar. Embora as lágrimas servissem para lembrar Robby de que aquilo ainda a incomodava.

Ele tentou correr, fazendo Juniper desviar o olhar no momento que viu os policiais agirem e o impedir de fugir novamente.

─ Ei! Pega leve com ele. - Daniel gritou para o policial que agarrou o garoto. - Robby, isso é temporário. Estaremos com você nisso, ok?

Juniper fechou os olhos quando o barulho da algema atingiu seus ouvidos. Um deja vu correndo pelo seu corpo. Mas ela não poderia se deixar levar pelas próprias memórias, por isso abriu os olhos para encarar o garoto novamente.

─ Vou visitá-lo todos os dias, prometo. - Daniel tentava a todo custo melhorar o seu lado, mas Robby parecia mais preocupado em escutar alguma coisa vindo de Juniper.

Ele sabia que ela não iria falar. Seus olhos mostravam para ele isso em uma conversa dolorosamente silenciosa, como antigamente. Um riso ácido escapou entre seus lábios quando ele percebeu, finalmente aceitando ser levado pelo policial.

─ Não se incomode. - Ele tirou os olhos da loira para olhar Daniel, passando pelos dois sentindo o material gelado das algemas em seus pulsos.

Juniper olhou para Daniel com os olhos cheios de lágrimas enquanto escutava Shannon tentar falar com o próprio filho. Um soluço rasgou a sua garganta quando percebeu o que fez.

Ela não se arrependia, e por isso doía saber o que ela fez. O que a machucava era saber que ele sabia que ela não tinha remorsos por mandá-lo para o reformatório. Robby sabia que ela teve a coragem de ficar frente a frente com ele e mentir em seu rosto sobre tudo.

Daniel não sabia o que fazer com ela, mas se lembrou que sabia lidar com uma adolescente com o coração partido. E mesmo receoso, ele passou o braço pelo ombro dela, não demorando muito para ela aceitar o abraço e deixar as lágrimas caírem pelo seu rosto.

─ Vai ficar tudo bem. Ele vai ficar bem. - Daniel dizia preocupado com ela, mas parecia estar com a cabeça longe pensando no garoto. - Você fez a coisa certa.

Nós fizemos a coisa certa. Ele repetia em sua própria mente, pois, por mais que quisesse se tirar da jogada, ele sabia que aquele era um peso e sacrifício que os dois compartilhavam agora.

I. O capítulo mais temido por vocês e mais esperado por mim chegou!! Foram cinco mil palavras que eu venho planejando a um bom tempo, e mesmo não tendo 100% de certeza sobre o resultado, ainda estou orgulhosa dele!

II. Obrigada pelos 40k de visualizações!!! Ainda não consigo acreditar meus filhos estão crescendo tão rápido aqui no wattpad, e que vocês realmente estão gostando deles ndjdjatwjgwiay amo vocês!

III. Gosto dos feedbacks de vocês, então não esqueçam de comentar bastante e obviamente de votar! Até o próximo capítulo<3

não revisado.

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