Os raios de sol batiam na pele de quem estava na praia no primeiro dia de férias de verão. Com o calor, Juniper obrigou os amigos a se encontrarem na praia, apenas para vê-los juntos e se divertindo no começo das férias. Ela e Ethan se contentaram em permanecer de fora da partida de vôlei entre os amigos, ficando sentados na areia enquanto conversavam sobre bobagens.

─ Não valeu, manda de volta! - Demetri pediu depois de errar o saque.

─ Não existe isso no vôlei. - O de moicano explicou do lado de Serena, que colocou ambas as mãos na cintura observando a cena.

─ Quem disse? - A audácia dele fez Juniper rir baixinho sentada no banco. - Pausa pra água.

Juniper jogou a toalha dela com a logo de cobra kai para ele, que prontamente a pegou no ar. Naquele momento duas meninas passaram, e pararam ao ver o garoto com a toalha de logo familiar.

─ Cobra kai? Ganharam o torneio de caratê, certo? - Uma das garotas perguntou interessada, deixando Demetri levemente desconcertado.

─ Regional? A luta de Reseda? - Juniper e Serena tiveram que tampar a boca para não rir. - É, a gente ganhou. - Disse convencido, se apoiando na pilastra da rede.

─ Legal! A gente vai dar um mergulho.  Vamos jogar depois?

─ Belê! - Dessa vez a loira não se segurou e teve que se virar para poder rir. - Isso quer dizer "beleza". - Surpreendentemente as meninas riram, saindo de perto do grupo em seguida.

─ Olha, que conquistador. - Moon comentou se aproximando.

─ Sempre soube que você tinha esse lado dentro de você. - Ethan disse brincalhão, passando o braço pelos ombros de Demetri, que não deixava de mostrar o sorriso convencido em seus lábios.

─ Ia ser legal se você merecesse o crédito Cobra kai. Quando vai entrar? - A pergunta de Falcão fez Serena segurar o braço dele, como se o avisasse para parar.

─ Eu não sei. Estou gostando do ganho sem dor. - O garoto respondeu sincero, fazendo Juniper levantar e ficar ao lado dele e de Ethan.

─ Deixa o garoto, Falcão. - Olhou para o amigo com o olhar afiado. Serena também não era do Cobra kai, e ela não gostaria de ver o garoto irritando a garota daquele jeito.

─ Ei, gente. - A voz de Miguel fez o grupo mudar a atenção para ele.

─ Ei, ai está o cara! - O de moicano exclamou se aproximando do amigo.

─ E, aí. - Disse cabisbaixo.

─ De novo não. - Juniper lamentou escondendo o rosto no ombro de Ethan, que riu a abraçando.

─ Chega disso, cara. - Falcão exclamou também cansado.

─ O dia 'tá lindo, Miguel. - A Campbell tentou ajudar com um sorriso leve no rosto.

─ Tira essa cara por causa da Sam. - O outro completou, tendo o apoio dos amigos.

─ Não é a Sam. É o sensei. - Quando ele terminou de falar, seu olhar parou em Juniper, que ainda estava apoiada no Campbell.

─ Por causa da ficha criminal? Meus pais leram. Isso o torna mais sinistro. - Serena riu baixinho ao lado do garoto, fazendo ele olhá-la com um sorrisinho de canto.

─ É ele e o Robby Keene.

Serena encarou Juniper, vendo a amiga piscar várias vezes com a menção do garoto. Ethan apenas intensificou o abraço, mas ela se sentiu sufocada por alguns segundos, pensando no garoto. Tomando uma postura mais confiante ─ assim como ensinou ao Falcão ─ ela saiu do abraço e cruzou os braços tentando afastar os pensamentos.

─ O que têm aquele idiota?

• • •

Já no outro dia, o grupo se encontrava no dojô se aquecendo para a aula enquanto Johnny e Kreese ─ que agora virou parte do dia a dia dos alunos ─ conversavam no escritório do Lawrence. Juniper e Ethan treinavam alguns golpes, mas logo pararam para beber água do lado dos amigos.

─ Pesquisei on-line, e você estava certo. O sensei é pai do Keene. - O de moicano confirmou a teoria do Diaz e, apenas a menção do nome, fez Juniper revirar os olhos incomodada. Na noite passada Miguel contou o que descobriu sobre Johnny e Keene.

─ Por que ele não disse? - Miguel parecia magoado. Talvez por se considerar próximo de Johnny, e nunca ter descoberto nada sobre isso.

─ Talvez porque ele era um péssimo pai. - A Davis disse baixo, mas o grupo a escutou perfeitamente. Ethan era o único que sabia a história inteira, os outros apenas imaginavam que eles tinham um passado conturbado.

─ Talvez. - Falcão olhou para a loira. - Por isso ele te deu a bronca pela surra no Keene no torneio. - Bateu de leve no joelho da garota, que apenas concordou com a cabeça.

- Sem compaixão? Menos com o filho babaca dele. - O Campbell exclamou irritado.

─ Ai temos que pegar leve. - O de moicano continuou o raciocínio.

─ Pessoal, viram o comercial? - Aisha apareceu do lado de Juniper. - O pai da Sam abriu um dojô e desrespeitou o Cobra kai. - Todos olharam para ela confusos.

Ela entregou o celular na mão de Miguel, e logo o grupo se juntou para assistir o tal comercial. Era uma baboseira de paz interior e meditação, a qual Juniper quis rir com a tentativa dele de provar que aquilo seria legal. Quando o vídeo acabou, os adolescentes estavam chocados com a audácia do homem em "brincar" com o dojô deles.

─ Esse velhos de hoje são piores que adolescentes. - Juniper comentou mexendo a cabeça incrédula, tendo o apoio de Miguel.

─ Nem me fale.

• • •

─ Tem um papo rolando no vale sobre aula grátis de caratê. Mas todo mundo sabe que, na vida, o barato sai caro. - Johnny dizia enquanto Aisha seguia os movimentos dele com o celular. - Quer destruir o seu rival? - Ele chutou um vaso que um dos alunos segurava. - Então você precisa vir ao Cobra kai. Nada de baboseira de meditação. Você precisa do bom e velho caratê americano destruidor de ossos. - O mais velho demonstrou alguns golpes no boneco de treino. - Chega de defesa pessoal, aprenda a atacar. Não seja frouxo. Venha pro Cobra kai, e deixe que eu te mostre o método do punho.

─ E corta. - A de cabelos curtos disse ao parar a gravação.

─ Ficou bom? - Johnny perguntou a olhando.

─ Acho que sim.

─ Ótimo! - Ele se animou. - Ponha a cobra do Cobra kai no fim, certo? Quero em destaque. Prateada. E "Thunderstruck" ao fundo. - Ia complementando com as ideias, fazendo a loira e outros alunos rirem.

─ O direito por essa música deve ser caro. - Ethan avisou ao lembrar desse pequeno detalhe.

─ Eu já tenho. A fita está no carro. - Os alunos se entre olharam confusos. - E põe uma rachadinha no fim. Tipo, "rachadinha Equipe Cobra kai". E depois joga na internet. - Quando o mais velho entrou nas portas do fundo, Miguel olhou para Juniper.

─ Você vem?

─ Não, eu tô bem aqui. - Deu um leve sorriso, e o garoto entendeu, logo saindo na companhia de Falcão até a porta que o sensei entrou.

Logo quando eles saíram, Juniper e Ethan voltaram a posição inicial de luta em que estavam antes. Precisavam melhorar algumas técnicas, e por isso tentavam fazer isso juntos. Ethan tentou golpear a garota com um soco, que foi bloqueado rapidamente.

─ Você 'tá bem? - O moreno perguntou bloqueando alguns golpes dela, que suspirou antes de responder.

─ Eu tô. - Disse simples, voltando a fazer o que faziam, mas Ethan revirou os olhos não convencido.

─ Não, você não 'tá. - Afirmou segurando um dos punhos dela para puxá-la até ele, mesmo irritada com a interrupção, ela deixou um leve sorriso sair em seus lábios quando desviou do olhar do maior.

─ Eu só... - Tentou falar, mas nada saia da sua boca. Nem mesmo ela sabia o que estava sentindo. - Eu só queria que essa história ficasse para trás.

─ Se você quiser eu tiro ele do mapa. - Tentou fazer um olhar assustador, mas aquilo apenas fez a loira soltar uma gargalhada alta. - O quê?

─ Você não consegue ser assustador. - Ela brincou, fazendo o garoto colocar a mão no peito fingindo ter se machucado.

─ E você consegue? - Levantou uma sobrancelha olhando para a Davis.

─ Você nem imagina o quanto. - Olhou para ele desafiadora, mas logo os dois começaram a rir, sendo interrompidos por Falcão e Miguel que terminaram de conversar com o sensei. - Tudo bem? - Juniper se preocupou com a feição cabisbaixa do Diaz.

─ Você tava certa. - Miguel comentou, deixando a loira confusa. - Os velhos de hoje em dia são piores que adolescentes.

• • •

Depois da aula Juniper se encontrava concentrada na atividade de história. Serena já havia desistido de entender a matéria e foi ler um dos livros da saga de percy jackson. O som das chaves na porta da frente chamou a atenção da loira, que virou apenas para encontrar Anne entrando na sala.

─ Ei, querida! - A mulher sorriu para a jovem, que retribuiu o sorriso. - Muito difícil? - Apontou para os papéis na bancada enquanto abria a geladeira para pegar um copo de suco.

─ Um pouco, mas eu me viro. - Deu de ombros olhando o que ela já escreveu.

─ Eu tenho uma coisa para te contar. - Anne avisou deixando o copo na pia, apenas para se apoiar na mesma em seguida.

─ Aconteceu alguma coisa? - A Davis franziu a testa confusa.

─ Nada grave. - Tranquilizou a loira. - É sobre a sua mãe.

─ Ela 'tá bem? - Juniper largou a caneta de imediato para olhar a mulher preocupada. Desde que foi para a casa dos Campbell a loira não foi visitar os seus pais, e ela nem sabia o motivo.

─ Ela 'tá. - A mais velha soltou um sorriso leve. - Um dos empresários acabou assumindo a culpa de parte dos processos dos seus pais. Não sabemos qual foi o motivo, mas isso deu uma brecha no processo contra a empresa deles.

─ Espera. Você 'tá ajudando meus pais? - Aquilo era novo. Faziam anos desde que Anne e Anastasia conversavam.

─ Desde que você veio morar com a gente eu comecei a ter contato com eles. - Juniper suspirou com a notícia. - E essa semana os advogados me avisaram sobre essa brecha

─ Isso significa o quê?

─ Que eles podem sair mais cedo. Principalmente a sua mãe por falta de provas contra ela. - A resposta fez a loira parar de respirar por alguns segundos encarando o nada.

Ela não sabia se estava feliz ou preocupada. Seus pais eram complicados, mas ainda eram seus pais, o que deixava ela ainda mais confusa com a situação.

─ Quanto tempo? - Foi a única coisa que ela conseguiu falar.

─ Depois do verão. - Anne falou baixo. Ela se preocupava com a reação da mais nova, por isso participou dos processos em silêncio para não deixá-la a espera.

─ Tudo bem. - Ela respirou fundo, soltando um sorriso leve. - Todos merecem uma segunda chance, certo?

─ Certo. - A Campbell sorriu, indo para o lado da loira para deixar um selar em sua testa.

─ Junie! - A voz de Serena assustou as duas, que viraram na direção das escadas apenas para encontrar a morena agitada com o celular em mãos. - Desculpa. - Sorriu envergonhada.

─ O quê aconteceu? - A Davis perguntou se ajeitando na cadeira.

─ Miguel me ligou. O seu sensei quer que vocês participem de uma apresentação de última hora no festival.

─ Agora? - Ela arregalou os olhos. Ele é louco!

─ Sim. Agora! - Dessa vez foi Ethan que desceu correndo as escadas, jogando para a loira o kimono dela, que pegou ele no ar rindo.

─ Eu levo vocês, vamos. - Anne disse rindo junto com a loira pela confusão da situação.

• • •

─ Vai ter luta? - Moon perguntou para os amigos.

Ela, Demetri e Serena estavam assistindo a apresentação do Sr. LaRusso sobre o seu novo dojô, enquanto Anne foi buscar refrigerante para eles. A Campbell mais nova estava gostando, era calmo e leve como ela gostava. Por alguns segundos ela se animou com a ideia de saber caratê como todos a sua volta.

─ Acho que sim. - Demetri disse incerto.

E logo a apresentação começou a ficar mais interessante. Daniel fazia movimentos com precisão segurando um bastão, enquanto Sam e Robby mostravam alguns golpes. Os dois alunos logo tentaram atacar o sensei, que bloqueou os movimentos rapidamente, tendo até uma pequena queda do Keene para completar. Uma salva de palmas soou pelo lugar.

─ Agora o grand finale. - O Larruso disse, saindo do palco para voltar com um tipo de carrinho com divisões, e cada uma tinha uma peça de gelo que pareciam pesadas.

Antes que o homem pudesse fazer o golpe tão esperado, as luzes mudaram para uma coloração vermelha. De longe eles puderam escutar alguns gritos.

─ Cobra kai! - Miguel gritou, logo sendo acompanhado pelos colegas enquanto andavam em fileiras até o palco principal.

Serena gritou de onde estava e logo puxou os amigos para pegarem um lugar bom. Odiava violência, mas estava ali pelos seus amigos, então iria dar o apoio necessário. As pessoas começaram a ir até o outro palco, onde uma bandeira com a logo do dojô foi estendida.

Ethan e Juniper estavam lado a lado, fazendo os mesmos golpes que os amigos. As luzes e as faíscas deixavam tudo mais animado, contagiando a plateia que gritava a cada golpe que eles davam. Naquele momento Anne apareceu sorrindo, entregando os copos para os três jovens antes de começar a bater palmas e se animar com a apresentação.

─ Cobras! Mostrem para eles o verdadeiro caratê. - Johnny pediu, e a classe fez o que foi mandado.

Miguel e Ethan demonstravam uma luta, ambos com as mesmas técnicas, mostrando que eles eram um time. Ao lado, Falcão e Juniper eram mais agressivos, os chutes eram mais fortes e os socos eram precisos, mostrando a verdadeira força do Cobra kai. A plateia gritou quando Juniper e Miguel derrubaram os oponentes ao mesmo tempo, trocando um sorriso pequeno antes de virarem para o público. A loira mandou um beijo para Serena, que gritou mais alto animada.

Logo Aisha começou a quebrar tábuas com chutes e socos enquanto estava vendada. Juniper permaneceu ao lado do palco gritando animada enquanto batia palmas. Depois o Falcão acabou puxando Demetri, contra a vontade dele, para o palco, deixando o garoto segurar uma tábua de madeira no alto, que ele logo quebrou com um chute.

A classe se juntou no palco, jogando camisetas e toalhas com a logo do dojô para a plateia. Daniel, Sam e Robby observavam tudo irritados e com mágoa no olhar. Principalmente o Keene, que observava a forma em que Juniper parecia bem em cima daquele palco, algo que ela não fazia desde que ele a ajudou anos atrás. Uma pontada de ciúmes o invadiu, pensando que deveria ser ele ao lado dela se divertindo. Porém, ao ver o seu pai subir no palco carregando um carrinho com pedaços de pedra, sua feição mudou.

─ Cobras, coloquem fogo! - Os alunos fizeram o que foi pedido, deixando a plateia apreensiva mas animada com o final.

O sensei quebrou as pedras com um soco, fazendo o público gritar e ir a loucura com o homem. As pessoas gritavam o nome do dojô animadas enquanto os alunos entravam e se posicionavam no palco. Miguel e Juniper ficaram cada um de um lado do mais velho, ambos com sorrisos convencidos no rosto.

─ Conseguiu, sensei. - Miguel disse ao homem, tendo o olhar animado da Davis vidrado neles.

─ Não, nós conseguimos. - Os dois alunos trocaram sorrisos, enquanto o sensei sorria para Daniel Larusso, a rivalidade deles mais viva do que nunca.

I. OBRIGADA PELOS 10K DE LEITURAS!!!

II. Esse capítulo ta meio longo, mas eu até que gostei dele viu KAJAKK espero que vocês tenham gostado tbm

III. Não esqueçam de votar e comentar!! Até o próximo capítulo <3

não revisado.