𝐗. 𝐅𝐀𝐙𝐄𝐍𝐃𝐀 𝐆𝐑𝐄𝐄𝐍𝐄
⫶ *.° ▸ ﹝010﹞𖥻
Fazenda Greene !
ELES PARTIRAM AO amanhecer, quando a manhã pintava o céu de rosa claro e um azul bem fraco. As corujas ainda piavam na floresta, esperando até o último resquício de noite para irem dormir. Daryl dirigia a moto à frente do trailer, sentindo o vento bater no rosto. Maya coçava os olhos e bocejava, desejando que tivesse ido dormir um pouquinho mais cedo.
Eles levaram cerca de quinze minutos até chegarem na fazenda. Viram a caixa de correio escrita com letra cursiva e tinta verde o sobrenome Greene. O terreno era enorme e muito verde. Seria completamente silencioso se o motor da moto de Daryl não roncasse altamente.
Quando estacionaram, viram uma casa verde claro com fachadas brancas, posicionada agradavelmente atrás de uma cerca baixa de madeira clara. A casa tinha janelas bem bonitas, com moldura de madeira branca, e dois andares. Tinha um sino dos ventos feito de bambu, pendendo do teto da varanda que tocava lá longe.
Lori e Rick saíram da casa assim que escutaram os veículos ao lado de fora. Rick estava exausto, com o rosto cansado e abalado. As olheiras de Lori estavam fundas e escuras, como se não tivesse dormido há dias; os olhos estavam vermelhos por ter chorado a noite inteira.
━━ Como ele está? ━ pergunta Dale, segurando o chapéu de pano nas mãos.
━━ Vai sobreviver ━ responde Lori, parecendo genuinamente aliviada. ━━ Graças a Hershel e a família dele.
O único motivo pelo qual Carl tinha sobrevivido — além do excelente trabalho de Hershel, dono da fazenda e médico veterinário — foi pelos equipamentos médicos que Shane tinha conseguido na noite anterior. Mas ele não foi sozinho, não. Shane levou Otis com ele, o responsável pelo acidente com Carl. Otis não retornou e, no enterro feito, Shane parecia inquieto, aéreo e desconfortável. Poderia estar perturbado pela cena dos zumbis o devorando, mas havia algo a mais.
━━ Otis, que deu a vida para salvar uma criança, agora, mais do que nunca, nosso bem mais precioso. Agradecemos, Senhor, pela paz que ele terá em Seus braços. Ele morreu como viveu... em estado de graça. ━ Hershel suspira e fecha a bíblia.
Hershel era um homem velho, deveria ter cerca de sessenta anos. Ele não era tão alto, era magro, mas tinha uma barriga mais gordinha. Tinha cabelos bem brancos e ralos, penteados para trás e usa uma barba bem curta, quase inexistente. Seu rosto tinha rugas profundas e ele vestia uma camisa de botão amarelo claro, enfiada para dentro das calças e um suspensório marrom subia do cinto aos ombros. Ele era um perfeito exemplo de um senhor rural e conservador.
Hershel olhou para Shane, triste. Shane estava encarando o chão, praticamente implorando para que o enterro não levasse tanto tempo para chegar ao fim.
━━ Shane ━ Hershel o chama ━━ Quer dizer umas palavras?
━━ Não sou bom nisso. Sinto muito.
━━ Esteve nos últimos momentos dele ━ diz Patrícia, esposa de Otis, quase engasgando nas próprias lágrimas. ━━ Por favor... preciso ouvir. Quero saber se a morte dele teve um significado.
Patrícia não deveria passar dos quarenta e cinco anos. Ela tinha cabelos loiros, ondulados e cheios, presos para trás com um elástico. Os olhos estavam vermelhos de tanto chorar e o rosto estava abatido. Ela rodava a aliança de ouro no dedo anelar, sentindo a falta enorme que Otis fazia em sua vida.
━━ Tudo bem ━ pigarreou. ━━ Estávamos quase acabados. Quase sem munição. Só nos restavam as pistolas. Eu estava mancando. Doía muito. Temos que salvar o garoto, foi o que ele disse. Ele me deu a mochila dele e me empurrou. Corra, ele disse, eu fico atrás e lhe dou cobertura. E quando olhei pra trás... Se não fosse por Otis, eu nunca teria saído de lá vivo. E isso vale para o Carl também. Foi Otis. Ele salvou nós dois. Se alguma morte teve significado... foi a dele.
· 🏹🧫🪓 ·
AO CONTRÁRIO DO que Carol tinha pensado, a busca por Sophia não tinha sido interrompida. Rick explicou a Hershel sobre a situação da garota e ele pediu que Maggie, sua filha, os desse um mapa do condado. Hershel era o tipo de homem bem preparado, cheio de conhecimento. Ele achava importante ter diferentes mapas dentro de casa e olhem só! Realmente foi importante.
Quando os primeiros minutos da tarde começaram, o sol já estava forte e queimava a parte de trás do pescoço. Se colocassem a mão no topo da cabeça, também sentiriam o cabelo ferver como água na panela. Maggie abriu o mapa sobre o capô da caminhonete de Carol e usou um galho para impedir que o vento levasse.
━━ Isso é perfeito. Agora podemos organizar a busca. Vamos dividir a área toda e montar grupos de busca ━ diz Rick, secando uma gota de suor com o dorso da mão.
━━ Você, não. Não hoje. Já doou três bolsas de sangue. Vai desmaiar em cinco minutos com o calor que está fazendo hoje ━ impede Hershel, então olha para Shane. ━━ E você, se forçar o tornozelo, vai passar um mês de cama. Não será bom pra ninguém.
Daryl pigarreia, então aproveita para dar uma boa olhada nas rotas do mapa. Ele aperta os olhos e diz:
━━ Parece que vou sozinho. Vou voltar ao riacho e começar a procurar de lá ━ anuncia ele.
━━ Ainda posso ser útil. Vou de carro pela estrada, para ver se Sophia voltou para lá ━ diz Shane.
━━ Tudo bem. Amanhã vamos começar a fazer as coisas direito. ━ Rick dobra o mapa. ━━ Primeiro as prioridades. Montar acampamento, achar Sophia. O resto veremos amanhã.
Ainda sentindo uma pulga atrás da orelha, como se nada daquilo pudesse fazer sentido, Maya olhou para Daryl e ele já parecia saber o que ela queria dizer. Ele balançou a cabeça, pedindo que ela não abrisse a boca. Ela achava que ficariam incomodados de qualquer jeito, o que diria agora apenas tornaria o processo mais rápido.
━━ Gente, não está na hora de começarmos a considerar a hipótese de Sophia estar morta?
Os olhares que pousaram nela agora não foram nada divertidos, mas ela não esperava que fossem.
━━ Quero dizer... Ela só tem doze anos, não sabe nada sobre auto-defesa e está sozinha na mata, com zumbis largados pelo mundo. Quais são as chances dela sobreviver a isso?
━━ Maya tem razão ━ concorda Shane, sem jeito. ━━ O que vamos fazer se encontrarmos ela e estiver mordida? Precisamos decidir como resolver isso.
Conviver com Shane, lembrando-se de tudo que tinha acontecido naquela noite no CCD, não era a forma ideal de vida que Maya tinha na cabeça, mas já estava acostumada, de certa forma. Antes mesmo de Shane, havia um homem pior que ele.
━━ Faça o que tiver que fazer ━ responde Rick, tenso.
━━ E a mãe dela? O que vão dizer a ela? ━ pergunta Maggie.
━━ Que a filha dela foi mordida e matamos ela, ué. Simples ━ Maya deu de ombros e mordeu a maçã em sua mão.
Hershel não queria armas em seu terreno, Rick era contra, mas não diria nada. Afinal, era a propriedade dele. Era tudo que ele tinha pedido. Então perto da uma da tarde, Maya largou as armas em cima da caminhonete e tentou pensar em qualquer coisa mais importante que aquilo. E não era tão difícil pensar em algo mais importante quando haviam cabanas de acampamento e um esquema de vigia para organizar.
Maggie vinha andando, envergonhada. Ela sentia-se diferente perto de Maya, sentia o corpo mais quente e o coração batia mais forte. Maggie sabia exatamente porquê se sentia daquele jeito, mas nunca contaria ao seu pai. Ele nunca entenderia e daria uma palestra sobre como era errado e contra tudo que acreditava.
━━ Ei, Maya ━━ Maggie a chama, sem graça. ━━ Naquela sacola de remédios que trouxeram, tem mais alguma coisa? Ataduras, gazes, antibióticos...
━━ Não. Só o que você viu ━ responde Maya, puxando um saco de dormir da mochila.
Maya levantou o olhar para Maggie por um instante. Os olhos azul-esverdeados dela brilhavam bem claros na luz do sol, o cabelo curto e castanho estava atrás das orelhas e um chapéu descansava no topo da cabeça. Ela também sentia-se diferente, mas, diferentemente de Maggie, Maya não tinha problema algum em assumir e, não menos importante, qualquer um sabia que ela era realmente muito bonita.
━━ Já estamos ficando sem. É melhor eu dar um pulo na cidade.
━━ Onde Shane foi? Isso é loucura.
━━ Não. Tem uma farmácia a 1,5 km daqui ━ diz ela. A pergunta martelava sua mente até que escapou: ━━ Por que não vem comigo?
As bochechas de Maya ficaram quentes de repente e o saco de dormir que segurava caiu no chão. Ela sorriu, sentindo o peito ferver da melhor maneira possível. Montar acampamento ou ir à farmácia com a filha gata do fazendeiro? Maya ponderou. A resposta era óbvia.
━━ Ah, é claro! Eu só... ━ Ela olhou para trás dos ombros de Maggie e viu Dale lutando contra uma cabana, enquanto o chapéu caía da cabeça. Maya respirou fundo, sabendo que se arrependeria e disse: ━━ Por que não leva o Glenn com você? Ele é o asiático de boné. É especialista nessas coisas. Pode te ajudar.
Maggie abriu a boca para dizer algo, mas acenou, um pouquinho decepcionada. Não era a resposta que ela esperava, mas o que ela faria, afinal? Não era como se pudesse agir como se nada mais importasse agora que o mundo tinha ido por água abaixo.
Ela ainda se lembrava da primeira garota que tinha beijado. Foi na primeira festa universitária que tinha ido, bem longe da fazenda Greene e de seu pai religioso. Era uma garota linda, com a pele escura que tinha um brilho próprio, cabelo trançado e olhos grandes. As duas fugiram para o terraço do prédio da faculdade, conversaram e, mais tarde, beijaram-se debaixo das estrelas brilhantes no céu. Foi a primeira e a única, mas Maggie sabia que tinha gostado.
Então, Maggie pediu que Maya a ajudasse a pedir ao Glenn que fosse com ela à farmácia. As duas atravessaram o terreno de grama verde e baixa, encostaram no tronco de uma árvore e o encararam. Glenn observou, nervoso, piscando algumas vezes. Ele estava olhando para as duas, mas Maggie o deixava deslumbrado.
━━ Soube que você é rápido e sabe se virar com agilidade ━ diz Maggie, cruzando os braços. ━━ Tenho que ir à farmácia, quer ir?
━━ Ahm...
O pobre Glenn não sabia para qual das duas olhar, nem sabia o que responder. As bochechas estavam esquentando e ficando vermelhas. Ele foi salvo, graças a deus, por Dale, que vinha cansado e suado.
━━ Moça, como está a situação da água por aqui? ━ pergunta Dale, surgindo atrás delas.
━━ Temos cinco poços aqui. A casa puxa direto do número um. O poço número dois fica bem ali ━ Maggie aponta, sentindo o sol acertar bem os olhos. ━━ Usamos para o gado, mas também é pura. Pegue o que precisar. Tem um carrinho e contêineres no galpão do gerador atrás da casa.
Glenn estava parado no mesmo lugar, da mesma forma de quando chegaram, ainda sem saber o que dizer. Parecia mais que tinha visto um fantasma ao invés de uma mulher bonita. Como ele poderia ser tão sem jeito?
━━ Vou selar seu cavalo ━ anuncia ela, sumindo aos estábulos.
Então, o rosto que estava vermelho, tornou-se pálido. Glenn engoliu em seco, olhou para Maya com os olhos desesperados e disse, nervoso:
━━ Cavalo?
· 🏹🧫🪓 ·
MAYA E DALE tentavam descobrir o segredo daquela maldita cabana, tentando saber onde as hastes encaixavam e onde o tecido deveria entrar. Normalmente, montar acampamento não era nada difícil para Maya, mas era humilhante o quanto estava perdendo para a barraca agora. Uma gota de suor descia pela testa, o cabelo cheio estava amarrado em um coque e ela estava quase desistindo e indo dormir com os cavalos no estábulo.
━━ Maya ━ diz Glenn, segurando o boné nas mãos.
━━ Fala ━ ela diz, concentrada demais na cabana largada à frente dos pés.
━━ Posso falar com você um minutinho?
━━ Estou ouvindo. Pode falar.
Ela agachou, segurou a haste da cabana nas mãos e ficou olhando aquele pedaço de metal. Glenn olhou em volta, pigarreou e olhou para Maya mais uma vez.
━━ Sozinhos ━ Glenn cerrou os dentes.
Maya o olhou, revirou os olhos e bufou, cansada. Ela já estava planejando dar uma pausa, de qualquer maneira.
━━ Sério? ━ pergunta ela. Glenn balança a cabeça. ━━ Tudo bem, mas fala logo. Eu preciso arrumar as coisas.
Maya levantou, agarrou um pano e secou o suor que escorria de sua testa. Glenn andou com ela para o outro lado do acampamento e, mesmo longe o suficiente, olhou em volta para ter certeza de que não havia mais ninguém por perto, além do espantalho a alguns metros deles. Maya não estava entendendo nada daquele mistério todo, mas sabia que não tinha tempo para aquilo.
━━ Fala.
━━ Então... Uma pessoa pediu pra eu pegar uma coisa na farmácia pra ela, mas eu não sei onde fica. Você pode me ajudar? ━ Glenn estende um papelzinho e Maya segura. Ele estava todo nervoso.
Maya olhou para ele com a sobrancelha arqueada, abriu o papel, leu e o olhou mais uma vez. Teste de gravidez de farmácia. Ela dobrou o papel, o colocou na mão de Glenn de novo, olhou em volta, esperando que pudesse descobrir quem pedira.
━━ Quem pediu isso?
━━ Não posso dizer.
━━ É sério isso? ━ Maya estalou, irritada. Glenn curvou os lábios, e acenou. ━━ Tá bom. Tanto faz. Tenta na seção de higiene feminina.
Então deu as costas e retornou ao acampamento.
Uma hora e meia depois, Maya e Dale tinham conseguido montar o acampamento. Tinham organizado as seis cabanas em forma de U em volta da fogueira, espalharam cadeiras de praia em volta dela e estacionaram o trailer mais perto — assim ficariam de vigia lá em cima.
A regra de Hershel era que não poderiam andar armados em sua propriedade, então, sem que ninguém percebesse, Maya agarrou sua besta da bolsa de armas e fugiu para a mata. Ela nunca se adaptou muito bem com tantas pessoas perto dela, às vezes precisava escapar por algum tempo.
Faltava algumas horas para anoitecer, mas ela não demoraria tanto para voltar ao acampamento. Era silencioso ali, em volta das árvores. De vez em quando, um vento batia e as folhas farfalhavam, lagartos fugiam ligeiros, desaparecendo nos matos. Ela andou até encontrar um lago. A água brilhava com a luz do sol que rebatia e, mexendo bem rapidinho e sumindo, tilápias nadavam com as escamas reluzindo em várias cores diferentes.
Talvez tilápias fossem um bom jantar esta noite, não é?
Maya puxou uma flecha da aljava, enfiou na besta e apertou a arma. Ela soltou um suspiro forte antes de atirar no peixe, que nadou tão rápido, que fez a flecha desviar e afundar na água. Não é o momento certo para perder mais flechas, Maya!
━━ Você não está considerando a distorção da água ━━ disse uma voz atrás dela, surgindo da mata.
Ela virou rápido e enfiou mais uma flecha na besta. Os ombros relaxaram quando viu que era Daryl ali, segurando alguns esquilos por cima dos ombros. Maya abaixou a besta e revirou olhos.
━━ Não preciso da sua ajuda, obrigada.
Ela errou mais uma vez e Daryl levantou as sobrancelhas. Maya o espiou por cima dos ombros, incomodada. Tentou não ligar, mas era como se o olhar dele queimasse suas costas.
━━ Vai arrumar mais esquilos para caçar, Daryl!
━━ Só estou dizendo para não perder mais flechas ━━ rebateu, praticamente rosnando. ━━ Não venha chorar pedindo flechas quando as suas virarem comida de peixe.
Ele virou, estava quase indo embora, quando ela o chamou. Daryl respirou fundo, disposto a deixar a irritação de lado e piscou algumas vezes, esperando que ela dissesse mais alguma coisa.
━━ Você vai me mostrar como faz ou não, esquisito? ━━ ela falou, redundante.
Agora Daryl estava perto dela, observando a água e os peixes. Ele abaixou para encarar a ondulação que o lago fazia e levantou mais uma vez, concentrado.
━━ Meu velho me ensinou a pescar com flechas quando eu tinha doze anos ━━ disse ele. ━━ Foi no meu aniversário, ele me levou para pescar. Merle morreu quando descobriu que tínhamos ido sem ele.
Maya escondeu uma risada, porque imaginar Merle irritado de ciúme por seu irmão mais novo ter ido pescar com o pai era tão engraçado quanto imaginá-lo chorando por algum motivo. Maya fazia os garotos da vizinhança e da escola chorarem constantemente, mas a ideia de fazer um homem como Merle chorar parecia mais tentadora.
━━ Bem, ele me ensinou que nunca devemos atirar sem observar a ondulação da água e levar em consideração a distorção que ela tem ━━ explicou, examinando as tilápias que nadavam perto de algumas pedras.
Ele passou uns dez minutos explicando. Normalmente, Maya estaria irritada por estarem explicando a ela como caçar, o que ela sabia fazer muito bem, mas aquilo era diferente. Peixes não eram o tipo de animal que os clientes gostavam de ver empalhados e, ali, percebeu que nunca tinha pescado com as flechas antes. Na verdade, poderia ser muito útil.
Quando Daryl ficou atrás dela, tocando em seus ombros e ajeitando sua postura para ajudá-la a dar uma flechada perfeita naquela tilápia, Maya nem percebeu. Era como se ele fizesse aquilo todos os dias, como se já estivesse acostumada com o seu toque, mesmo que nunca tivesse feito algo assim antes.
━━ Lembre-se dos ombros e pode atirar assim que ela nadar mais para frente ━━ disse Daryl, esperando a flecha assobiar no ar.
Ela respirou fundo, ajeitou os ombros e, exatamente como ele tinha dito, ela disparou a flecha. A flecha voou, assobiando por cima da água e acertou a tilápia bem no meio. Maya sorriu, pulou para cima da pedra e agarrou sua flecha com a tilápia espetada. Daryl também sorria, mas nem percebia.
━━ Isso é mil vezes melhor que os seus esquilos ━━ provocou, levantando o peixe para o alto.
━━ Ah, cala a boca.
À noite, quando as estrelas brilhavam no céu como vários grãos de areia sobre eles, Maya sentava em uma cadeira de praia, comendo a tilápia que pescara mais cedo. A fogueira queimava no meio deles, era quentinho e o cheiro da lenha era reconfortante. A noite era fresca e algumas brisas mais frias batiam de vez em quando, fazendo-os arrepiar. Glenn sentou-se ao lado dela com um prato de carne de cervo, espiou a tilápia no prato dela e resmungou, mas Maya não escutou.
━━ Sei que a Lori está grávida ━ sussurra ela, o olhando por um instante.
Os olhos de Glenn saltaram.
━━ O quê? ━ disse, indignado, quase engasgando com a carne.
━━ O teste de gravidez. Era pra Lori, não era? Eu vi você falando com ela depois que voltou da farmácia.
Glenn ficou parado, engoliu a carne como se engolisse várias agulhas, olhou em volta e sussurrou:
━━ Você não pode contar pra ninguém, tudo bem?
━━ Tudo bem. Fica tranquilo. Não vou contar pra ninguém. ━ Maya o empurrou com o cotovelo. ━━ Ela tem que ter coragem para colocar um bebê nesse fim de mundo.
━━ Acho que ela não teve lá muita escolha ━━ disse ele, largando o prato vazio no chão. ━━ E você só está dizendo isso porque não está transando com ninguém neste fim de mundo.
━━ E você está?
Maya esperava que a resposta fosse que não, mas Glenn estava sorrindo, sorrateiro. Uma risadinha escapou da boca e havia um misto de emoções no rosto dele. Todas as emoções a deixavam ainda mais confusa.
━━ O quê? ━ disse, surpresa. ━━ Com quem?
━━ Lembra quando fui à farmácia com Maggie?
Maya abriu a boca e arregalou os olhos. Ela sabia que iria se arrepender de não ter ido com Maggie, sabia mesmo. Olhou em volta, apenas para ter certeza de que ninguém espionava a conversa deles, mas todos estavam ocupados demais devorando a carne em seus pratos.
━━ Não acredito nisso. Como você pôde fazer isso comigo?
━━ O quê? Como assim?
━━ Eu ia tentar ficar com ela primeiro!
Glenn abriu a boca para dizer algo, mas não havia uma palavra correta que poderia dizer naquele momento. Ele torceu a sobrancelha, confuso.
━━ O quê? Não pode mais gostar de mulher? ━ Maya levantou da cadeira e deixou o prato vazio ali. ━━ E você só ficou com ela porque eu disse para ela levar você ao invés de mim. De nada!
Ela virou as costas e deixou que ele ficasse ali, confuso e perdido, enquanto ela dava risada ao entrar na cabana e deitar sobre o saco de dormir. Era óbvio que ela estava brincando, mas Glenn nunca sabia quando ela estava falando sério ou não. Na manhã seguinte, ele a acertou com várias perguntas. A maioria delas foi perguntando se ela estava brava com ele de verdade. E ela não estava.
𝟶𝟷 - 🝯 ┊𝐨𝐧𝐞 '࣪˖ ๋ → Oiê! Espero que tenham gostado desse capítulo.
𝟶𝟸 - 🝯 ┊𝐭𝐰𝐨 '࣪˖ ๋ → Interajam nos comentários, isso motiva demais.
𝟶𝟹 - 🝯 ┊𝐭𝐡𝐫𝐞𝐞 '࣪˖ ๋ → Lembrem de deixar seus votos e feedbacks, isso é muito importante.
𝟶𝟺 - 🝯 ┊𝐟𝐨𝐮𝐫 '࣪˖ ๋ → Se puderem, sigam meu tiktok posto edits e vídeos sobre minhas histórias por lá. @/immaddiebowman
𝟶𝟻 - 🝯 ┊𝐟𝐢𝐯𝐞 '࣪˖ ๋ → Obrigada por estar lendo até aqui ♡.
walkthdead ©️ 2023
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro