𝐕𝐈. 𝐎 𝐂𝐂𝐃
⫶ *.° ▸ ﹝006﹞𖥻
O CCD !
O SOL FRACO do fim da tarde desaparecia no céu à medida que eles encontravam o caminho para o Centro de Controle de Doenças, passando pela estrada, pelos pinheiros que ela margeavam. Maya não disse uma palavra ao que notava o acampamento tornar-se pequeno e distante, até que invisível. Observou a família de Morales acenar até que também sumiram. A família não quis seguir o mesmo rumo que eles. Era uma pena.
Maya aproveitava o vento batendo em seu rosto, não podendo se importar menos com o embaraço do seu cabelo — já era emaranhado e cheio, de qualquer forma. Sentada no banco do passageiro do jipe de Shane, ela só notou os olhares de Shane sobre ela depois de muito tempo. Mesmo assim, ficou calada. Ela não tinha certeza se ele espiava o retrovisor ou ela. Talvez os dois.
Estavam na estrada há um milhão de anos — pelo menos era o que Maya pensava. Ao menos o jipe de Shane era um dos primeiros veículos na fila de carros e trailers. A alguns metros do CCD, conseguiram espiar o lugar. Todos estacionaram e pularam no chão. O Centro parecia um cemitério. Maya ficava olhando em volta. Tudo estava muito estranho — nada incomum a vida recente que viviam, mas estranho. Corpos de zumbis deitavam espalhados pelo chão. Eram muitos. Parecia um espantalho para humanos.
Maya andava, como se pisasse em um campo minado, analisando cada passo no chão. Ela passava olhando os mortos. Tentava não fazer careta, mas o enjoo era mais forte do que imaginava. O cheiro de carne podre, também. Era péssimo. Eram muitos zumbis, o odor entrava com mais facilidade pelas narinas deles do que eles realmente desejavam.
━━ Certo, pessoal. Sigam em frente ━ anunciou Rick em um sussurro.
Maya tentou aguentar o máximo que pôde, mas depois de cinco minutos estava segurando as narinas com os dedos ou acabaria vomitando — e ela tinha o estômago fortíssimo.
━━ Jesus, parece um cemitério aqui ━ comentou Maya. A voz dela saiu fanha e engraçada.
━━ Rick nos trouxe à uma missão suicida ━ rosnou Daryl. A voz rouca parecia estar mais intensa por ser obrigado a sussurrar.
A voz de Daryl era misteriosa e arranhava o fundo da garganta. Era grave e rouca, como se sempre estivesse com dor na garganta — embora fosse da forma mais atraente possível.
━━ Continuem andando. ━ Shane espiou os dois, como se os repreendesse com seu olhar severo.
Rick tentou abrir o portão alto e prateado do Centro. Não chegou nem perto de conseguir — o que deveria ser óbvio. O lugar era um dos mais fortes e protegidos da Geórgia. Ou já tinha sido.
━━ Nada? ━ Shane aproximou-se, tentou abrir e bufou quando não conseguiu.
Rick olhou em volta, buscando pelo mais ligeiro traço de esperança, uma entrada. Seu coração apertava à medida que parecia cada vez mais longe de encontrar.
Shane bateu com o punho no portão, gritou algumas palavras para chamar a atenção de quem quer que estivesse lá dentro, mas não adiantou. O estouro do metal batendo contra sua mão era alto e estridente. Barulhos altos e gritos traziam memórias nada agradáveis para a mente de Maya e, sinceramente, ela só queria que acabasse.
━━ Não tem ninguém aqui ━ afirmou T-Dog, exausto.
━━ Então por que está fechado? ━ Rebateu Rick.
Ele não queria acreditar que estava errado sobre o CCD. Não queria.
━━ Zumbis! ━ avisou Daryl.
Maya e Daryl apertaram as bestas, dispararam flechas na cabeça de alguns zumbis. Seus olhos azuis encontraram-se por apenas um instante, mas foi o suficiente para que uma sensação esquisita arrebatasse no estômago dos dois.
Carl agarrou a perna de Lori, começou a chorar debulhando-se em lágrimas e pavor. Lori acariciava as costas dele, sentia que o coração poderia explodir a qualquer momento.
━━ Você trouxe a gente pra um cemitério! ━ Gritou Daryl.
━━ Ele fez uma decisão! ━ Defendeu Shane.
━━ Bem, foi a decisão errada!
━━ Cala a boca! Ouviu bem? Cala a boca! ━ A mão pesada de Shane bateu no peitoral do Daryl.
Daryl não conseguia explicar a vontade que tinha de estourar a cabeça de Shane ali mesmo, mas também não sabia explicar porque não fez nada. Talvez, no fundo, estivesse com medo de ser abandonado pelo grupo.
━━ Para onde vamos? ━ Carol perguntou, segurando a mão pequena de Sophia.
━━ Fort Benning, Rick. Ainda dá. ━ Os olhos castanhos e profundos de Shane olharam bem para Rick.
━━ Esqueça isso! Não vai dar tempo, vamos acabar morrendo ━ Maya proferiu, jogando a besta para cima dos ombros.
━━ Maya está certa! Não temos comida nem combustível. São 160 km ━ Andrea concordou.
Andrea estava toda arrepiada, mas não sabia se era pela brisa fria que abanou os pelos de sua nuca ou a ansiedade que consumia cada veia em seu corpo.
━━ São 201 km. Eu chequei o mapa ━ corrigiu Glenn, o que era pior ainda.
━━ Vamos sair daqui! Vamos embora! ━ Implorou Shane. Ele estava gritando, hesitante e agressivo como sempre.
Por um momento, Maya desviou o olhar para o que Rick encarava com tanto anseio. Ficou ali, pensando que estava imaginando coisas quando viu a câmera lá em cima se mexer. Os dois se olharam, estupefatos, enquanto os outros corriam de volta aos veículos.
━━ A câmera se mexeu! ━ Rick gritou, berrando como se usasse um megafone.
━━ Está imaginando coisas!
Shane queria sair de lá o mais rápido possível. Os zumbis vinham dos dois lados. Ele sentia o corpo dormente, entorpecido de adrenalina.
━━ Não! Eu também vi ━ Maya confirmou.
━━ É automático. São as engrenagens. É resquício de energia. Vamos. ━ Shane agarrou o braço dos dois, mas eles não se moveram. ━━ Olhem este lugar! Está morto!
Maya se soltou do aperto dele com um movimento brusco e bateu com a besta no portão. Ela já não se importava com o barulho alto e estridente, nem passou por sua cabeça que a incomodava. Shane revirou os olhos, nervoso sobre os pés.
━━ Ei! Se tiver alguém aí dentro, responda!
Rick bateu no portão também. Ele sentiu a dor espalhar no dorso de sua mão, mas prometeu a si mesmo de que apenas se preocuparia com isso quando todos estivessem dentro do Centro de Controle de Doenças.
━━ Eu sei que está aí dentro! Eu sei que pode me ouvir! Por favor, estamos desesperados. Por favor, nos ajude! Temos mulheres e crianças, não temos comida e quase estamos sem combustível.
Shane tentou agarrar Maya mais uma vez, ela se soltou e com um olhar severo a ele, apertou o maxilar. Ele hesitou, mas também decidiu que não iria mais segurá-la.
Lori tinha retornado. Estava nervosa, com uma única lágrima descendo pela bochecha, olhos alarmados e lábios pálidos. Ela tentou fazer com que seu marido desistisse, mas não havia nada que o fizesse desistir.
━━ Se não nos deixarem entrar, estarão nos matando! Está nos matando!
Uma luz forte, que perturbava a visão e os deixava com clarões cortando a íris, cresceu à medida que o portão prateado enrolava para cima e liberava, enfim, a passagem que Rick tanto desejava, ansiava e procurava.
━━ Olá? ━ Rick chamou assim que colocou os pés naquele lugar frio, enorme e cinza.
Os olhos de Maya estavam por toda parte, decorando cada mínimo detalhe daquele lugar que parecia um grande escritório de consultório médico — o que, de certa forma, era mesmo. Ela não largou a besta nem por um instante, as pontas dos dedos estavam pálidas. A desconfiança algum dia a mataria.
O estalo de uma arma ecoou pelas paredes altas e ressoou em seus ouvidos. Estavam todos mirando as armas para um homem de meia-idade com cabelos curtos e grisalhos, que algum dia já foram loiros. Ele tinha uma aparência cansada, olheiras fundas e uma expressão séria que combinava com o ambiente. Vestia um jaleco branco e, escapando de onde ele cobria, uma calça jeans ia até os pés cobertos com sapatos pretos. Segurava uma espingarda grande de couro vermelho vinho.
━━ Alguém infectado? ━ Perguntou ele, severo.
━━ Não. Estamos todos bem.
O homem desceu um degrau, cruzou o olhar em cada um por um segundo e engoliu em seco. Havia algo sobre ele que era resignado e melancólico, reservado.
━━ O que estão fazendo aqui? O que querem?
━━ Uma chance ━ respondeu Rick, descansando sua arma ao lado do corpo.
Um silêncio os assombrou, junto do semblante receoso daquele homem. As rugas perto dos olhos dele estavam profundas, cansadas. Mas ele não era nenhum monstro, não era mesmo.
━━ Todos terão que fazer exame de sangue. É o preço da admissão ━ falou, finalmente. ━━ Quando esta porta fechar, não abrirá mais.
Este homem era o Dr. Edwin Jenner. Jenner era um cientista metódico e comprometido com a verdade, mesmo quando essa verdade é devastadora. Debaixo do jaleco, ele é profundamente humano, marcado pela solidão e tristeza.
Antes que o portão fechasse, correram para fora e pegaram todas as mochilas e pertences deixados nos veículos. Minutos depois, estavam apertados em um elevador com uma luz fraca que oscilava de vez em quando, quietos e famintos.
━━ Os médicos sempre andam armados por aqui? ━ perguntou Daryl. Era a pergunta que todos estavam morrendo para fazer.
━━ Sobraram muitas armas. Já me familiarizei com elas. ━ Jenner deu de ombros. ━━ Mas vocês parecem inofensivos. ━ Ele olhou para Carl e deu um sorriso. ━━ Exceto você. Ficarei de olho em você.
Carl soltou um suspiro aliviado, pois, por um momento, sentiu o corpo congelar quando os olhos azuis e exaustos de Jenner pousaram nele. Ele riu, mas não antes de olhar para a expressão que sua mãe fazia. Lori também ria, então ele fez a mesma coisa.
A porta do elevador abriu para os dois lados. Estavam no subsolo. Era um corredor um pouco apertado e sufocante, mas tomaram um susto quando uma porta subiu e liberou uma sala enorme com computadores, um telão gigantesco e plataformas de aço.
━━ Vi, ligue as luzes da Sala Grande ━ Jenner pediu e uma grande luz acendeu, contornou toda a sala. ━━ Bem vindos à Zona 5.
Maya olhou para tudo. A luz redonda refletia nas íris azuis e esverdeadas dela da forma mais bonita possível. Embora surpresa, ainda estava desconfiada. Onde estão os outros cientistas?
Shane circulou tudo com o olhar umas mil vezes até sentir que admirar Maya era mais empolgante. Ele não parecia conseguir parar de olhá-la, como se ela fosse um ímã e ele, um metal. Maya não parecia reparar, mas Daryl, sim.
Ele estava apertando os olhos, conferindo várias vezes se Shane olhava mesmo para ela. Ele não sabia porque sua atenção estava presa a eles, mas não conseguia parar.
━━ Onde está todo mundo? Os outros médicos, funcionários? ━ Perguntou Rick.
━━ Sou só eu. Só sobrou eu aqui.
Maya respirou fundo e colocou as mãos atrás da cabeça, exausta, como se soubesse desde o início que não havia solução. Mesmo quando deixava Lake City, ela sentia um instinto que parecia a puxar para trás. Mas ela não o ouviu.
━━ Quem é essa Vi com quem você estava falando? ━ Perguntou Maya.
━━ Vi, cumprimente nossos convidados. Diga a eles: Bem-vindos.
━━ Olá, convidados. Bem-vindos.
Vi não passava de um robô. De uma inteligência Artificial.
Mais tarde, fizeram o exame de sangue. Estavam cambaleando, fracos e pálidos. Não comiam há alguns dias. Felizmente, Jenner os recebeu com um jantar recheado. Muita comida sobrou desde que Jenner estava sozinho ali.
Sentaram-se ao redor da mesa no refeitório, dando risada e comendo mais do que realmente aguentavam. Afinal, aquilo tudo era mil vezes melhor que os esquilos que Daryl caçava e que, eventualmente, também acabaram. Dale sorria, virando a garrafa de vinho dentro das taças erguidas. Todos beberam muitas taças. Até mesmo Carl provou um pouco, mas fez careta e empurrou o copo para longe. Que amargo, ele reclamava.
━━ Continue com o refrigerante, rapaz. ━ Shane sorriu e deu um gole no vinho.
━━ Você não, Glenn! ━ Daryl disse, mais alto do que desejava.
Daryl já estava com o cabelo bagunçado, a voz embriagada e andava em volta da mesa como se não aguentasse parar quieto em um só lugar.
━━ O quê?
━━ Continue bebendo, rapazinho. Quero ver sua cara ficar vermelha!
Quando Jenner mencionou a existência de água quente, todos correram aos banheiros, ligaram as torneiras e afundaram-se naqueles pequenos jatos mornos de água. A água caía como gotas de chuva.
Maya sorriu quando tocou a água com a ponta de seus dedos e a sentiu quente, acolhedora e reconfortante. Ela levou uma garrafa de Whisky lá para dentro e ficou ali debaixo por mais tempo do que normalmente levaria. O gosto amadeirado do Whisky mesclava com a água doce do chuveiro, mas Maya não parecia se importar.
Ali, imersa na própria companhia e silêncio, percebeu como estava triste e exausta. Sentiu falta de sua irmã e percebeu que, nos últimos dias, não pensou nela em nenhum momento porque estava sempre ocupada, distraída com a possibilidade de morrer a todo instante.
O som do chuveiro parecia como o som de chuva rebatendo na janela, o que fez levar Maya diretamente para a primeira vez que ela e Scarlett tomaram banho de chuva juntas.
Chovia há uma semana inteira, o céu estava cinza e nada limpo. Foi em uma das tardes em que William chegou em casa bêbado como um gambá. Antes que ele as alcançasse, Maya correu com Sky para o quintal e deixou que seu padrasto desmaiasse no sofá da sala. O sorriso de sua irmã foi imperdível. Maya tinha apenas treze anos.
Ela saiu do banho, agarrou uma toalha branca que estava no móvel da pia e enrolou-se nela. A toalha cheirava a amaciante e era bem macia, como se nuvens a abraçassem. Pela primeira vez em semanas, seu cabelo cheirava a shampoo e não estava embaraçado. A sujeira em todo o seu corpo havia sido puxada pelo ralo e ela estava limpa.
Quando voltou para o quarto, pisando nas pontas dos pés, notou roupas dobradas sobre sua cama. Lori havia lhe dito que a emprestaria algumas roupas, mas, por algum motivo, Maya imaginou que teria de vestir as mesmas de antes.
As roupas não eram super cheirosas como a toalha que se enrolava, mas eram macias e muito melhores do que qualquer outra que já possuiu na vida. Desde a pré-adolescência, Maya tinha que se contentar com roupas cheias de furos e manchas. Algumas eram de brechós, outras ela tinha roubado do varal de otários que moravam perto da lanchonete onde trabalhava.
Ela estava vestindo um sweater vermelho vinho e uma calça preta. As roupas ficaram um pouco mais apertadas, mas não esperava nada de diferente, Lori era mais magra que ela.
Uma vez vestida, esfregou o cabelo com a toalha e a largou em cima da cama. Seu hálito ainda cheirava a álcool, mas estava contente o suficiente que o resto de seu corpo cheirava a sabonete, amaciante e shampoo.
A garrafa de Whisky em suas mãos restava apenas um último gole. Puta merda, Maya tinha bebido uma garrafa inteira sozinha. Eu disse que ela tinha o estômago forte.
Como se já não bastasse, bebeu o último gole e ainda desejou por mais álcool. A verdade era que Maya torcia para que todos aqueles goles de vinho e Whisky levassem embora os sentimentos deprimentes e pensamentos autodestrutivos dela.
Ela foi para fora do quarto, cambaleou pelos corredores até encontrar o caminho para o refeitório e bateu com os dedos no interruptor para enxergar alguma coisa naquele lugar escuro e silencioso.
Maya ligou apenas uma das dezenas de luzes — e foi a mais fraca de todas —, agarrou as portas do armário de bebidas e puxou um coquetel engarrafado de lá de dentro. O coquetel era azul e estava pela metade. Ela nunca tinha experimentado nada assim, nunca deu ao luxo de imaginar-se experimentando algo assim. Na cidade dela, tudo que poderia comprar eram algumas cervejas e uma garrafa barata de Whisky.
Encostou a boca no gargalo e bebeu vários goles de uma vez só. O coquetel era amargo, mas era saboroso.
━━ Está tentando se matar? ━ Uma voz ecoou do outro lado do refeitório. Era Daryl.
Daryl estava sentado bem ao lado da máquina de refrigerantes. Há quanto tempo ele estava ali? Bem, tempo o suficiente para assistir Maya cambalear até encontrar mais uma garrafa.
Maya deu um pulo, quase sentiu o coração pular pela própria boca. Ela secou o queixo da gota de coquetel que escorria e olhou bem para Daryl, apenas para ter certeza de que era ele. Ela não estava enxergando tão bem, para variar.
━━ Caralho! ━ disse bem alto, toda enrolada e nada sóbria.
━━ Cuidado ou vai acabar a noite dando amassos no vaso sanitário.
━━ Esse é exatamente o meu objetivo ━ falou e puxou uma cadeira para se sentar em frente a ele.
Daryl deu uma risada quase inaudível. Os olhos azuis dele estavam brilhando com a luz da máquina de refrigerantes. Ele a olhou de cima a baixo e balançou a cabeça.
━━ O que está sozinho fazendo aqui? ━ Balançou a cabeça quando escutou-se. ━━ Quero dizer... O que aqui fazendo está sozinho? Não... O que sozinho aqui... Foda-se ━ desistiu e deu mais um gole no coquetel.
━━ Gosto de beber no escuro ━ respondeu, como se Maya tivesse dito tudo perfeitamente.
Maya largou a garrafa no chão. Pareceu satisfeita de repente. Ela o analisou, deixando de lado a visão distorcida que tinha agora.
━━ Você é um carinha bem estranho, Daryl Dixon.
━━ E você é uma mulher bem bêbada, Maya Windward.
Maya sorriu — era algo que não ousaria fazer se estivesse sóbria. Ainda mais para Daryl Dixon. Ela sentiu-se estúpida por rir, mas era como se não tivesse controle. Ao menos ele estava sorrindo também. Talvez ele estivesse ainda mais bêbado que ela.
Um silêncio, que deveria ser constrangedor — mas não foi — deixou os dois bem confortáveis naquele refeitório escuro. Olho no olho, olhos azuis brilhantes e que pareciam dizer tanta coisa. Havia algo de interessante ali, algo misterioso, fascinante e memorável.
━━ Daryl, se me der licença... ━ Maya levantou-se da cadeira. Estava tonta, quase caiu para o lado. ━━ Eu vou para o meu quarto fingir que não vou ter uma dor de cabeça fodida amanhã de manhã.
Ela andou — tropeçou — até o corredor e, antes de sumir de vez pela noite, espiou Daryl por cima dos ombros e sorriu de novo.
━━ Até amanhã, estranho!
Maya andou de volta para o seu quarto — ou o que ela pensou ser seu quarto — e deu mais um pulo quando enxergou Shane deitado em sua cama, vestindo nada além de uma camisa azul desabotoada e calça preta. Ele torceu as sobrancelhas, confuso.
━━ O que você está fazendo no meu quarto? ━ Ela perguntou. Maya não tinha noção alguma.
━━ Seu quarto? Maya, quantas garrafas você bebeu hoje à noite?
━━ Algumas.
Ela tentou não parecer tão molenga sobre os pés, mas não conseguiu. Maya caiu com o quadril no chão, resmungou e sentiu o estômago revirar.
━━ Por Deus, Maya ━ sussurrou ao saltar da cama. ━━ Vem aqui. ━ Ele passou o braço pela cintura dela e a deixou sentada sobre o colchão.
Shane também não estava sóbrio. Maya estava muito enevoada para perceber a outra garrafa de Whisky na mesa de cabeceira do quarto dele.
Ele sentou ao lado dela e olhou para toda aquela bagunça. Havia algo a mais em seus olhos. Maya era ainda mais bonita sem sujeira no rosto, com roupas limpas e cabelo desembaraçado.
━━ O que foi?
Shane não disse nada, mas estava se aproximando perigosamente do rosto dela. Maya estava entorpecida demais para esboçar qualquer reação. Até mesmo quando ele a beijou.
Ela ficou parada por alguns segundos, até que retribuiu. Mas o empurrou para o lado logo depois. Os lábios dele estavam rosados, seus olhos praticamente imploravam para tê-la de volta.
━━ Espera... ━ sussurrou ela, tonta. ━━ Eu não... Não quero isso.
━━ Qual é, Maya? Você nem vai se lembrar disso amanhã de manhã. ━ Shane segurou seu rosto e mordeu os lábios. Todos os poros de seu rosto cheiravam a álcool.
━━ Não. Eu tenho que ir para o meu quarto.
Quando Maya levantou-se da cama, Shane estava furioso. Ele fechou os dedos em volta do pulso dela e a puxou de volta. Estava em cima do corpo dormente e impotente de Maya, segurando suas pernas.
━━ Não, Shane. Me deixe ir.
Shane não escutou. Na verdade, escutou muito bem, mas não se importou. Ele puxou o cinto que segurava sua calça e o jogou para o outro lado do quarto. Sua mão pesada e fria passou pelo peito de Maya e ele a beijou novamente.
A visão dela tornava-se escura, confusa e embaçada. Ela queria fazer alguma coisa, mas não conseguia. Se arrependeu de cada gota de álcool que entrou em seu corpo como se tudo aquilo fosse culpa dela.
Ela reclamou, pediu e gritou para que ele parasse, mas era como se sua voz não tivesse poder algum. Então, com o último resquício de força sobrando em seu corpo, segurou o pescoço dele e apertou. Shane deu um pulo, tocou o pescoço e saiu de cima dela. Os olhos dele estavam arregalados como se nem ele acreditasse no que tinha feito.
━━ Fique longe de mim! ━ Gritou.
Maya bateu a porta, andou pelo corredor e se jogou para dentro do seu quarto de verdade. Ela se enrolou na coberta, deixou que lágrimas pesadas caíssem pelas bochechas e adormeceu.
𝟶𝟷 - 🝯 ┊𝐨𝐧𝐞 '࣪˖ ๋ → Oiê! Espero que tenham gostado desse capítulo.
𝟶𝟸 - 🝯 ┊𝐭𝐰𝐨 '࣪˖ ๋ → Interajam nos comentários, isso motiva demais.
𝟶𝟹 - 🝯 ┊𝐭𝐡𝐫𝐞𝐞 '࣪˖ ๋ → Lembrem de deixar seus votos e feedbacks, isso é muito importante.
𝟶𝟺 - 🝯 ┊𝐟𝐨𝐮𝐫 '࣪˖ ๋ → Se puderem, sigam meu tiktok. Posto edits e vídeos sobre minhas histórias por lá. @/ immaddiebowman
𝟶𝟻 - 🝯 ┊𝐟𝐢𝐯𝐞 '࣪˖ ๋ → Obrigada por estar lendo até aqui ♡.
© walkthdead, 2022
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro