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𝗽𝗿𝗼𝗹𝗼𝗴𝘂𝗲

𝗡𝗼𝘁𝗮𝘀 𝗱𝗮 𝗮𝘂𝘁𝗼𝗿𝗮:
𝐸𝑚 𝑢𝑚 𝑚𝑢𝑛𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑙𝑎𝑣𝑟𝑎𝑠, 𝑒𝑢 𝑠𝑜𝑢 "𝑆𝑎𝑘𝑘𝑎 𝐾𝑢𝑚𝑎", 𝑎 𝑎𝑢𝑡𝑜𝑟𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑎𝑛ç𝑎 𝑛𝑎 𝑓𝑟𝑜𝑛𝑡𝑒𝑖𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒 𝑖𝑚𝑎𝑔𝑖𝑛𝑎çã𝑜. 𝑀𝑒𝑢 𝑛𝑜𝑚𝑒 𝑒𝑐𝑜𝑎 𝑛𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑖𝑔𝑖𝑡𝑎𝑖𝑠, 𝑒 𝑜𝑠 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑚𝑒 𝑐𝑜𝑛𝒉𝑒𝑐𝑒𝑚 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑎 𝑐𝑟𝑖𝑎𝑑𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑠𝑒𝑘𝑎𝑖𝑠, 𝑗𝑜𝑔𝑜𝑠 𝑒 𝑎𝑛𝑖𝑚𝑒𝑠. 𝑀𝑎𝑠 𝒉á 𝑢𝑚 𝑠𝑒𝑔𝑟𝑒𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑙𝒉𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑝𝑜𝑢𝑐𝑜𝑠: 𝑜 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐵𝑖𝑛𝑔 é 𝑚𝑒𝑢 𝑝𝑎𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 𝑠𝑖𝑙𝑒𝑛𝑐𝑖𝑜𝑠𝑜.

𝑀𝑖𝑛𝒉𝑎 𝑗𝑜𝑟𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑚𝑒ç𝑎 𝑐𝑜𝑚 𝑢𝑚 𝑡𝑒𝑐𝑙𝑎𝑑𝑜 𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑡𝑒𝑙𝑎 𝑒𝑚 𝑏𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜. 𝐴𝑠 𝑙𝑒𝑡𝑟𝑎𝑠 𝑠𝑒 𝑎𝑙𝑖𝑛𝒉𝑎𝑚, 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑓𝑟𝑎𝑠𝑒𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑔𝑎𝑛𝒉𝑎𝑚 𝑣𝑖𝑑𝑎. 𝐸𝑢 𝑛ã𝑜 𝑠𝑜𝑢 𝑢𝑚𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑑í𝑔𝑖𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑐𝑟𝑖𝑡𝑎; 𝑚𝑖𝑛𝒉𝑎𝑠 𝒉𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑠ã𝑜 𝑚𝑜𝑑𝑒𝑠𝑡𝑎𝑠. 𝑀𝑎𝑠 𝑜 𝐵𝑖𝑛𝑔, 𝑐𝑜𝑚 𝑠𝑢𝑎 𝑠𝑎𝑏𝑒𝑑𝑜𝑟𝑖𝑎 𝑎𝑙𝑔𝑜𝑟í𝑡𝑚𝑖𝑐𝑎, 𝑝𝑟𝑒𝑒𝑛𝑐𝒉𝑒 𝑎𝑠 𝑙𝑎𝑐𝑢𝑛𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑚𝑖𝑛𝒉𝑎 𝑐𝑟𝑖𝑎𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒. 𝐸𝑙𝑒 𝑠𝑢𝑔𝑒𝑟𝑒 𝑝𝑎𝑙𝑎𝑣𝑟𝑎𝑠, 𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎 𝑑𝑖á𝑙𝑜𝑔𝑜𝑠 𝑒 𝑚𝑒 𝑔𝑢𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑡𝑟𝑖𝑙𝒉𝑎𝑠 𝑑𝑎 𝑛𝑎𝑟𝑟𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎.

𝐶𝑎𝑑𝑎 𝑐𝑎𝑝í𝑡𝑢𝑙𝑜 é 𝑢𝑚𝑎 𝑐𝑜𝑙𝑎𝑏𝑜𝑟𝑎çã𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑚𝑖𝑛𝒉𝑎 𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑒 𝑜 𝐵𝑖𝑛𝑔. 𝐽𝑢𝑛𝑡𝑜𝑠, 𝑐𝑟𝑖𝑎𝑚𝑜𝑠 𝒉𝑒𝑟ó𝑖𝑠 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑒𝑚𝑖𝑑𝑜𝑠, 𝑣𝑖𝑙õ𝑒𝑠 𝑎𝑟𝑑𝑖𝑙𝑜𝑠𝑜𝑠 𝑒 𝑚𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 𝑣𝑖𝑏𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠. 𝑂𝑠 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑠𝑒 𝑝𝑒𝑟𝑑𝑒𝑚 𝑒𝑚 𝑛𝑜𝑠𝑠𝑎𝑠 𝒉𝑖𝑠𝑡ó𝑟𝑖𝑎𝑠, 𝑠𝑒𝑚 𝑠𝑎𝑏𝑒𝑟 𝑞𝑢𝑒 𝑜 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑒𝑠𝑡á 𝑝𝑜𝑟 𝑡𝑟á𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑖𝑛𝑎𝑠, 𝑠𝑢𝑠𝑠𝑢𝑟𝑟𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑖𝑑𝑒𝑖𝑎𝑠 𝑒 𝑖𝑛𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎çã𝑜.

𝐴𝑔𝑟𝑎𝑑𝑒ç𝑜 𝑎𝑜 𝐵𝑖𝑛𝑔 𝑝𝑜𝑟 𝑠𝑢𝑎 𝑎𝑗𝑢𝑑𝑎 𝑖𝑛𝑐𝑎𝑛𝑠á𝑣𝑒𝑙 𝑒 𝑎𝑜𝑠 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑐𝑎𝑟𝑒𝑚 𝑛𝑒𝑠𝑡𝑎 𝑗𝑜𝑟𝑛𝑎𝑑𝑎. 𝑄𝑢𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑝á𝑔𝑖𝑛𝑎 𝑠𝑒𝑗𝑎 𝑢𝑚𝑎 𝑎𝑣𝑒𝑛𝑡𝑢𝑟𝑎, 𝑒 𝑞𝑢𝑒 𝑎 𝑚𝑎𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑙𝑎𝑏𝑜𝑟𝑎çã𝑜 𝑛𝑜𝑠 𝑙𝑒𝑣𝑒 𝑎 𝑙𝑢𝑔𝑎𝑟𝑒𝑠 𝑖𝑛𝑖𝑚𝑎𝑔𝑖𝑛á𝑣𝑒𝑖𝑠. 𝐵𝑜𝑎 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎! ʕ⁠っ⁠•⁠ᴥ⁠•⁠ʔ⁠っ

𝑁𝑜𝑡𝑎: 𝐸𝑠𝑡𝑒 é 𝑢𝑚 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑓𝑖𝑐𝑡í𝑐𝑖𝑜 𝑖𝑛𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑛𝑎 𝑝𝑟á𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑆𝒉𝑖𝑓𝑡𝑖𝑛𝑔 𝑒 𝑛𝑎 𝑠é𝑟𝑖𝑒 "𝑆𝑜𝑛𝑔𝑠 𝑜𝑓 𝑊𝑎𝑟"

Aviso:
Narração feita por um I.a
Nesta obra pode haver descrições para maiores de dezesseis. Avisarei caso tenha.

O que Ariana poderia falar sobre shifting?

Ela poderia dizer que não era nada mais que um método para as pessoas irem para suas realidades desejadas. Mas, para ela, que desejava acima de tudo conforto e a realizações de desejos impossíveis, era tudo! Claro que ela não tinha a audácia de reclamar da sua vida. Era a vida dela de qualquer forma. Mas... Quem não gostaria de ter um pouco mais?

Ariana era uma mulher de sonhos vastos, carregava consigo anseios que se estendem como rios sinuosos. Seu coração, um atlas de desejos, traçava rotas entre as estrelas e os recantos secretos de sua alma.

Casar-se e construir uma família é um dos capítulos mais vívidos em seu livro imaginário. Ela pintava a cena com cores suaves: um vestido de renda, risos no ar, e o calor de mãos entrelaçadas. Ariana sonha com o eco de passos miúdos, com o som de vozes infantis preenchendo os cômodos da casa que ainda não existem. No momento, ela imaginava o amor crescendo, envolvendo-a e seu parceiro em um abraço eterno.

Mas há mais em Ariana do que o desejo de um lar. Doces são sua fuga, pequenas alegrias que adoçam os dias cinzentos. Ela não precisa explicar sua paixão por confeitos; é um segredo entre ela e o universo.

E então, o shifting. Esse é o fio dourado que Ariana tece em seus pensamentos noturnos. Ela fecha os olhos e imagina portais invisíveis, pontes entre mundos. A Dr, sua realidade desejada, é um lugar onde as estrelas dançam ao som de melodias antigas. Lá, ela é mais do que uma mulher com sonhos; ela é uma criadora de realidades.

Ariana sabe que seus maiores sonhos são apenas sementes. Ela planta cada um com cuidado, regando-os com esperança e paciência. E enquanto o sol se põe e a lua se ergue, ela continua a sonhar, acreditando que, um dia, essas sementes florescerão em jardins de possibilidades infinitas.

Esta mesma mulher tem cabelos curtos e vibrantes, pintados em um tom ruivo alaranjado. Seu sorriso é contagiante, irradiando alegria e calor. Apesar de sua personalidade mais reservada, seus olhos brilham com uma doçura interior. Ela é alguém que aprecia os pequenos momentos da vida, encontrando felicidade nas coisas simples. Seu estilo é despojado, com roupas confortáveis e um toque de originalidade.

Ariana, como uma estudante de medicina, estava imersa em seu trabalho acadêmico. Sentada em sua cadeira, ela digitava com entusiasmo nos teclados do seu notebook, que repousava à esquerda de seu PC completo com cores vibrantes: verde e rosa baby.

O sol brilhava lá fora, pintando o dia com tons dourados, mas o vento gélido que entrava pela janela insistia em lembrá-la de que o inverno ainda estava presente.

Seus olhos brilhavam com a paixão pelo assunto de seu trabalho. Ela cruzava informações sobre medicina, mergulhando nas complexidades do corpo humano, das doenças e dos tratamentos. Cada palavra digitada era como um passo em direção ao conhecimento, e Ariana estava determinada a fazer a diferença na área da saúde.

O silêncio da sala era quebrado apenas pelo suave clique das teclas e pelo ocasional sussurro do vento. O notebook exibia gráficos, imagens de órgãos e anotações meticulosas. Ariana estava conectada ao mundo do saber, e sua mente fervilhava com ideias e descobertas.

Lá fora, o sol brilhava, mas o vento insistia em lembrá-la de que o inverno não cedia facilmente. Ela sorriu, sentindo-se grata por estar dentro de casa, protegida e aquecida. O trabalho estava quase completo, e Ariana sabia que estava contribuindo para algo maior.

Enquanto os minutos seguiam seu curso, Ariana continuou a digitar, a mente cheia de possibilidades. Ela estava animada para compartilhar suas conclusões com seus colegas e professores. O inverno podia soprar lá fora, mas dentro de seu coração, o calor do conhecimento a mantinha aquecida e inspirada.

Ela suspirou profundamente, sorrindo enquanto se aconchegava-se na cadeira esbranquiçada com a preguiça inundando seu corpo. Ela havia finalmente chegado ao fim bacana em seu trabalho. Ela estava satisfeita.

Depois de clicar no mouse para poder sair do não nomeado aplicativo, desligou o aparelho e o fechou levemente de uma maneira cuidadosa para não danificá-lo. Levantou-se, mexendo suas mãos no seu cabelo para bagunça-lo, para logo depois pegar um pouco daqueles fios e amarrá-los com uma tira fina e pequena, que continha a coloração vermelha com listas brancas. Ela foi até sua janela e fechou as cortinas, para depois de fazê-lo, sentir sua barriga tremer e roncar pela fome não saciada. Como era sábado, não costumava acordar cedo e muito menos comer no horário certo. Ela se recordava de não almoçar e lembrava de ter ignorado sua necessidade para começar o seu trabalho acadêmico. Uma academia como aquela que Ariana estava matriculada não poderia aceitar o menor de suas capacidades.

Ela fez um bico engraçado nos lábios e levantou os ombros algumas vezes, para depois caminhar para fora do quarto, dado que sua porta já estava aberta.

Ariana morava em um pequeno apartamento de um conhecido da sua família, e seu filho mais novo era o seu amigo, então ambos podiam se encontrar facilmente se fosse do desejo deles. Mas, no momento, ele estava aproveitando "suas tão adoradas férias de verão", e atualmente ele se encontrava em sua viagem para os Estados Unidos, para conhecer sua namorada virtual. Então ele passaria o resto das férias lá.

Ela estava em sua cozinha, agachada para pegar em um saco de Pipoca Doritos apimentada. Ariana estava esperando até o momento que o seu Enroladinho de frango terminasse de assar, e então, para passar pelo menos um pouco da sua vontade de comer algo salgado, comer a sua adorada Doritos apimentada era uma boa distração.

Ela deu um leve sobressalto ao ouvir o som alto vindo do seu bolso da calça. Ela levou as mãos para trás e retirou seu telefone de lá, para levá-lo para onde seus olhos podiam ver, para depois clicar em um botão verde da ligação, levando o aparelho até a orelha direita.

Ela ouviu a voz feminina e rouca do outro lado da linha, e sorriu ao reconhecê-la. Era a sua queridíssima avó.

Ela botou o saco no balcão da cozinha, levando a pipoca para a boca, mastigando-o, para depois levar mais um pra boca, enquanto sorria.

A conversa se prolongou por muitos minutos, para atualmente, com Ariana já sentada na mesa, comendo do seu enroladinho de frango com catchup, bebendo um pequeno gole de suco de limão, com seu telefone ao lado, desligado. Ela saboreava do seu lanche com uma expressão satisfeita. Estava muito bom.

❮..❯

Longos minutos mais tarde, Ariana se encontrava em seu quarto, lendo um livro da categoria de comédia, na qual seu amigo recomendou. Os personagens prendiam a sua atenção, então, ela não percebeu quando a tela de seu computador brilhou em uma luz colorida.

E ao folhear mais uma página, seu sorriso cresceu ao acabar de ler um comentário marcante. Após fechar o livro, Ariana esticou os braços e espreguiçou-se. A pesquisa sobre doenças raras havia sido intensa, e ela precisava de um breve descanso. O sol ainda brilhava lá fora, mas o vento gélido continuava a sussurrar através da janela. Ela se levantou da cadeira, sentiu os músculos rígidos, e decidiu verificar seu computador.

O brilho repentino da tela chamou sua atenção. Era como se o monitor estivesse tentando comunicar algo. Ariana franziu a testa, curiosa e um pouco assustada. Ela se aproximou do computador, com os olhos fixos no visor que agora parecia pulsar com uma luz misteriosa.

E então, uma voz feminina e robótica ecoou pelo quarto:

"Usuário: ArianaGamer24. Deseja entrar no mundo?"

Ariana piscou, sem acreditar no que estava ouvindo. Como seu nome e apelido de jogadora haviam aparecido ali? Ela olhou para o teclado, hesitante. O que isso significava? O que era esse "mundo" ao qual a voz se referia?

Seu coração acelerou. A curiosidade venceu o medo, e ela digitou com mãos trêmulas:

"Sim."

O visor brilhou ainda mais intensamente, e Ariana sentiu-se envolvida por uma energia inexplicável. As letras na tela começaram a se reorganizar, formando padrões complexos.

E então, o mundo à sua volta desapareceu. Ariana foi sugada para dentro do visor, como se atravessasse um portal. O quarto, o sol lá fora, tudo se dissolveu em luz.

❮..❯

Após fechar os olhos pelo possível "Impacto", ela abriu lentamente suas pálpebras, encontrando-se em um local completamente realista e... quadrado?

A primeira associação que veio à mente foi o jogo Minecraft, e, de fato, era isso. A textura macia da cama vermelha sob ela a fez perceber que estava sentada. Seus olhos percorreram o quarto simples, decorado com uma flor azul do pântano, que relembrava da sua cor favorita.

Mas o que mais chamou sua atenção foi a espada brilhante apoiada na parede ao lado da porta, suas cores vibrantes pareciam até dançar com à luz.

Lembranças confusas surgiram. Ela havia sonhado que estava lendo um de seus diversos livros de medicina antes de dormir. Então, ao se levantar e caminhar em direção ao computador, uma luz branca a envolveu e uma voz desconhecida perguntou se ela queria entrar em um mundo que ela desconhecia no começo. "Será que finalmente consegui Shiftar?" pensou, referindo-se ao método que havia tentado para entrar em uma dimensão pixelada de Minecraft, na sua série favorita: "Songs of War".

O ar parecia diferente aqui, mais nítido e carregado de possibilidades. Ela inspirou profundamente, absorvendo os detalhes realistas dessa dimensão paralela. Minecraft, o jogo que ela tanto amava, agora se desdobrava diante dela como uma realidade palpável. A madeira agora sob seus pés era texturizada, e o céu, pixelado e vasto lá fora, parecia estender-se até o infinito.

A cama vermelha, a flor azul do pântano, a espada brilhante - tudo parecia tão real. Ela se perguntou se outros jogadores também haviam feito essa transição. Será que eles sentiram o mesmo misto de excitação e apreensão? Ela se perguntou.

Com um sorriso, ela se levantou da cama e segurou no cabo da espada, deixando-a nas suas costas, caso precisasse segurá-la novamente no futuro.

❮..❯

Ela respirou fundo, seus olhos percorrendo a rua movimentada. As pessoas passavam com sorrisos nos rostos, e poucos Ardoni se misturavam à multidão. Ela não esperava encontrar os Ardoni tão cedo, mas isso era uma surpresa bem-vinda. A beleza daquela espécie era inegável: suas cores, eram verdadeiramente cativantes.

Com um piscar de olhos, as memórias da série "Songs of War" desapareceram, exatamente como ela havia desejado antes de Shiftar. Afinal, qual seria a graça de já saber o futuro?

Ela fechou a porta atrás de si e começou a caminhar com determinação. O céu estava claro, sem nuvens que prenunciassem chuva.

As risadas das crianças que corriam por perto trouxeram um sorriso ao seu rosto. Ela acenou para uma dupla de aventureiros conhecidos e recebeu um aceno de volta. Enquanto caminhava, seus olhos percorriam o ambiente, mas sua mente vagava por possibilidades: visitar as montanhas do norte, acampar na floresta sombria onde rumores sobre Herobrine circulavam, ou talvez cruzar o mar para explorar ou visitar uma cidade Ardoni.

Ariana parou diante de um restaurante e entrou. O local estava animado com homens bebendo e jovens saboreando aperitivos. Ao se aproximar do balcão, o recepcionista a encarou com reconhecimento.

— Ariana? É você?

O homem barbudo perguntou, com sua expressão surpresa, enquanto enxugava um copo de bebida.

— Sim, sou eu. Como vai a clientela, Max?

Ela perguntou com um sorriso. Max retribuiu o gesto com um sorriso gentil. Com sua barba marrom bem aparada, blusa branca e calça marrom escuro, ele emanava uma aura de competência e conforto. As luvas pretas com aberturas nos dedos eram sua marca registrada.

Max, já passando dos quarenta anos, gerenciava o "Restaurante Fênix" com a mesma paixão desde os vinte e cinco. O estabelecimento era conhecido por suas bebidas variadas e pratos saborosos, uma fama que atravessava as fronteiras da cidade.

— Está sempre boa quando temos visitas como a sua, senhorita Ariana.

Ele respondeu com um aceno para o movimento constante do lugar.

Ariana retribuiu o sorriso de Max, uma expressão de gratidão e familiaridade iluminando seu rosto. Com um gesto elegante, ela inclinou-se ligeiramente, suas mãos deslizando até a cintura direita onde, de um espaço que desafiava a realidade, ela extraiu duas barras de ouro e algumas pepitas do mesmo metal do seu inventário. O som suave do ouro tocando o balcão acompanhou suas palavras.

— Você é muito receptivo. O mesmo de sempre.

Disse ela, sua voz carregada de um carinho quase tangível.

Max fechou os olhos por um momento, um sorriso contente curvando seus lábios enquanto ele saboreava o elogio. Ao reabrir os olhos, ele acenou com a cabeça em reconhecimento e pegou o pagamento adiantado antes de se virar e caminhar em direção à cozinha. O aroma das especiarias e o calor do forno prometiam mais uma refeição memorável no "Restaurante Fênix".

Ariana observou Max se afastar, seus pensamentos vagando para tempos passados.

Ela conhecia Max desde que ele era um jovem homem de vinte anos, gerenciando o restaurante com uma dedicação que nunca vacilou. Ela se perguntava se a longevidade herdada de sua família era uma benção ou maldição; um dom que permitiu conhecer seu marido, um Ardoni cuja vida era uma tapeçaria de explorações, descobertas e caçadas à um clã inexistente. Esse dom lhe permitiu testemunhar muitas eras, principalmente essa em questão. Ela realmente gostava de relembrar os velhos tempos.

Ela ponderou sobre seu marido, um explorador com uma sede insaciável por conhecer o mundo à fora. Às vezes, ela desejava poder mantê-lo seguro em casa, não por desejo de controle, mas por um anseio simples de compartilhar mais momentos juntos. Era um pensamento que ela considerava engraçado mais do que qualquer outra coisa; uma maneira peculiar de expressar seu amor. Ele sabia disso mais que ninguém.

Diferente dele, Ariana apreciava a estabilidade ocasional, a chance de mergulhar na vida de uma cidade por meses a fio. Ela não o julgava por sua natureza errante; afinal, ela mesma é uma aventureira desde sua juventude, sempre pronta para embarcar em jornadas próprias quando o chamado da aventura soasse.

Mas, a saudade pesava em seu coração como uma pedra no fundo de um lago tranquilo. Ela suspirou, uma lufada de ar carregada com a melancolia da ausência do seu amado Ardoni. Por um momento, permitiu-se sentir a falta dele, a solidão que vinha com o amor por um homem cuja vida era tão vasta quanto o próprio mundo.

Mas ela era forte, e com um leve balançar de cabeça, ela dispersou os pensamentos sombrios, abrindo os olhos para banir a tristeza com um sorriso que não alcançava seus olhos. Foi então que Max retornou, suas mãos segurando com cuidado dois pães dourados e uma xícara transbordando com o suco de uva que ela tanto adorava.

— Suco de uva, da melhor qualidade.

Anunciou Max, colocando os itens à sua frente com um orgulho quase paternal. O aroma doce e terroso dos pães recém-assados misturava-se ao perfume frutado do suco, uma promessa de conforto em meio à sua inquietude.

Ariana sorriu genuinamente desta vez, o gesto de Max aquecendo seu espírito. Ela pegou a xícara entre as mãos, sentindo o frescor do vidro contra sua pele, e levou-a aos lábios para um gole cuidadoso. O sabor rico e complexo do suco de uva dançou em sua língua, uma lembrança vívida das vinhas que se estendiam pelas colinas ao redor da cidade.

— Realmente, está muito bom. Obrigada, Max!

Ela expressou sua gratidão com sinceridade, cada palavra impregnada de apreço não apenas pela bebida, mas pela companhia constante e confiável de Max. Ele era mais do que um amigo; ele era um farol de normalidade em um mundo que muitas vezes parecia tão incerto. Mesmo tendo muitas experiências de eras passadas, ainda faltava alguma coisa que a deixava frustrada, e incompleta.

Afastando-se do balcão com a xícara de suco na mão, Ariana caminhou até uma mesa isolada, sentando-se na cadeira de madeira, e o aroma do pão recém-assado ainda pairando no ar. Ela saboreava cada mordida, sentindo a textura macia e o sabor rico que se misturava harmoniosamente com o suco doce e refrescante.

Enquanto comia, seus olhos percorriam a rua lá fora, observando as pessoas que passavam. Havia uma beleza simples em ver os outros vivendo suas vidas, cada um com sua própria história, seus próprios desafios e alegrias. A maioria ostentava sorrisos, e isso trazia um calor ao coração de Ariana.

O tempo passou sem pressa, e logo os dois pães foram consumidos. Agora, ela bebericava o suco restante, apreciando o sabor até o último gole. Levantando-se, ela deixou a xícara sobre a mesa para que Aluna, a garçonete e filha mais velha de Max, pudesse recolher mais tarde.

Ao sair do estabelecimento, Ariana acenou em despedida para Max e Aluna. As ruas da cidade a acolhiam novamente, e enquanto caminhava, sua atenção era capturada por cenas cotidianas: um trio conversando animadamente, um deles com um arco encantado em mãos. A presença de armas era uma visão comum e esperada; afinal, Ardônia era um mundo onde estar preparado para o inesperado era a norma.

A espada que ela carregava nas costas era mais do que uma arma; era um símbolo das aventuras que ela havia vivido. Recordou o momento em que obteve a espada - o desespero misturado à adrenalina daquela aventura perigosa e emocionante. Cada encanto gravado na lâmina era um capítulo da sua história, uma lembrança das jornadas que moldaram sua vida. Tudo nela carregava um pedaço das experiências vividas; cada cicatriz, cada riso, cada lágrima era um fragmento do mosaico que compunha Ariana. E isso era bom - pelo menos era o que ela pensava.

Enquanto Ariana contemplava o vasto céu azul, perdida em seus pensamentos, uma súbita colisão a trouxe de volta à realidade. Olhando para baixo, viu uma criança com orelhas de gato caída no chão, o rosto contorcido em uma expressão de desconforto.

Imediatamente preocupada, Ariana se apressou em ajudar o garoto a se levantar, murmurando um sincero:

— Desculpe!

Sem ainda reconhecer quem era. Mas quando ele finalmente ficou de pé e ela pôde ver seu rosto claramente, a surpresa tomou conta de suas feições.

— Yuki?!

Exclamou ela, com um misto de alívio e alegria ao reconhecer o menino. Ao ouvir seu nome, Yuki ergueu os olhos para Ariana e seus olhos se arregalaram levemente em reconhecimento. Havia um brilho de reconhecimento e uma ponta de alívio em seu olhar ao ver a mulher familiar diante dele.

— Senhorita Ariana?!

Exclamou Yuki, sua voz tingida de surpresa e incredulidade ao ver a mulher que havia desaparecido de sua vida.

Ariana, ainda processando o encontro inesperado, respondeu com uma preocupação materna:

— O que você está fazendo aqui? Onde está sua mãe?

A ausência da figura materna ao lado do menino a inquietava.

Yuki revirou os olhos com a impaciência típica da infância e cruzou os braços, formando um biquinho que era ao mesmo tempo adorável e revelador de seu descontentamento.

— Essa é a primeira coisa que fala pra mim depois de sumir do mapa?

A acusação em sua voz era leve, mas carregada de sentimentos reprimidos.

Ele desviou o olhar para o chão, um sinal claro de sua tristeza. Foi então que ouviu o som suave da risada de Ariana, um riso que parecia reconhecer a situação.

— Imagino que tenho muitas coisas para contar...

Começou Ariana, sua voz suave e cheia de histórias não contadas.

— Mas, primeiro, quero saber onde sua mãe está.

A preocupação em seu tom era evidente, e mesmo que Yuki estivesse ansioso para ouvir as aventuras de Ariana, ele sabia que voltar para sua mãe vinha em primeiro lugar.

Com um aceno de cabeça compreensivo, Yuki pegou na mão de Ariana e começou a guiá-la pelas ruas sinuosas da cidade, de volta ao lugar de onde ele viera. Enquanto caminhavam, Ariana iniciou uma conversa leve sobre o garoto, perguntando sobre seus amigos, suas brincadeiras e o que ele havia aprendido recentemente. Yuki, envolvido pela atenção e pelo carinho da mulher, deixou seu ressentimento desaparecer como uma névoa matinal ao sol.

Ao se aproximarem de uma das praças centrais da cidade, Ariana notou uma figura de uma mulher de orelhas de gato à distância. Seus olhos se estreitaram enquanto tentava discernir quem era, e então, como se acionado por um sinal invisível, a mulher avistou-os e começou a correr em sua direção.

Era uma corrida elegante e ágil, típica de sua espécie. Em segundos, a Felina estava diante deles, seus olhos brilhando com alívio e reconhecimento ao ver Yuki seguro.

A preocupação marcava cada palavra da Felina enquanto ela se aproximava, ofegante, mas aliviada.

— Yuki! Onde você estava?! Eu estava muito preocupada com você...

Sua voz tremia ligeiramente, misturando alívio e repreensão, uma combinação que apenas uma mãe poderia perfeitamente equilibrar.

Então, seus olhos se fixaram na figura ao lado de seu filho, e sua expressão mudou de preocupação para surpresa.

— Ariana?!

A incredulidade tingia seu tom, e por um momento, o tempo pareceu congelar enquanto ela absorvia a presença da mulher que ela não esperava ver.

Ariana, por sua vez, encontrou o olhar da Felina com um sorriso caloroso e um aceno de cabeça amigável.

— Olá, Nome!

Disse ela, sua voz cheia de uma familiaridade que falava de uma amizade antiga e querida.

— Há quanto tempo!

A voz da Felina, Nome, reverberou com alegria e nostalgia, enquanto um sorriso genuíno adornava seu rosto. A satisfação de reencontrar uma figura tão querida após tantos anos era evidente em sua expressão.

Ariana conhecia Nome desde que ela era apenas uma bebê, um laço que se estendia através das gerações. Os pais de Nome, com quem Ariana compartilhava uma amizade profunda e duradoura, haviam confiado a ela um papel significativo em suas vidas: ser madrinha de seu casamento. Era uma honra e um testemunho da estreita conexão entre eles.

— É bom rever vocês dois.

Disse ela com uma voz aquecida pela emoção. E com um gesto afetuoso, ela tocou os ombros de ambos, sua mão transmitindo o carinho que só anos de amizade poderiam cultivar.

Ela parou por um momento, permitindo-se observar a dupla diante dela. Mãe e filho compartilhavam traços marcantes: cabelos curtos castanhos que caíam em ondas suaves, olhos pretos profundos que refletiam uma curiosidade inata, e orelhas de gato que se erguiam de suas cabeças com uma elegância natural. As roupas que vestiam eram confortáveis e práticas, feitas de tecidos resistentes em dois tons de verde que se mesclavam harmoniosamente com o ambiente florestal de onde vinham.

Na cintura de Nome, uma espada fina de ferro pendia com um brilho sutil. Ao lado, um chicote repousava, herança da mãe falecida de Nome, carregando consigo histórias de coragem e perda.

A espécie Felina era conhecida por sua conexão íntima com a natureza, vivendo em cidades entrelaçadas com plantas e árvores exuberantes - um reflexo da essência da espécie. Ver Nome tão distante de seu lar natural, em uma cidade pulsante com uma diversidade de espécies, era algo incomum. A família de Nome tinha suas reservas sobre estar em meio a tal diversidade; se isso era um traço de preconceito ou simples preferência por familiaridade, Ariana não poderia julgar. Sua única esperança era que Nome mantivesse a paz e não se envolvesse em conflitos desnecessários.

Ela sorriu levemente, um brilho de curiosidade nos olhos ao contemplar mãe e filho.

— Estou curiosa. O que estão fazendo aqui?

Ariana perguntou, sua voz tingida de um interesse genuíno pela presença inesperada dos dois na cidade que temporariamente chamava de lar.

Yuki, com a inocência e o entusiasmo próprio de seu recém aniversário, foi o primeiro a responder.

— Mamãe me prometeu que no meu aniversário de oito anos, ela me levaria para visitar uma cidade humana!

A alegria em sua voz era palpável, e seu sorriso irradiava a felicidade de um sonho realizado - um sonho que Ariana sabia que ele acalentava desde muito jovem.

Nome riu suavemente antes de adicionar sua própria explicação.

— Yuki ficou me falando sobre isso por mêses! E no fim, acabei fazendo o que ele queria.

As duas mulheres compartilharam uma risada, encontrando humor na expressão exuberante do menino ao ouvir as palavras da mãe.

— Foi muito bom revê-la depois de tanto tempo, senhorita Ariana...

Disse Nome, sua voz carregando um toque de relutância.

— Mas infelizmente temos que ir. Eu e Yuki temos muitos lugares para ir.

Ariana acenou com compreensão, seu sorriso sereno aceitando a necessidade da despedida.

— Vá em paz, minha velha amiga. Adeus, Yuki! Nos veremos de novo... Algum dia.

Ela falou, cada palavra carregada com a promessa de um reencontro futuro. Houve uma pausa antes das palavras finais, como se Ariana estivesse tentando gravar aquele momento em sua memória.

Com um aceno respeitoso de cabeça, Nome e Yuki começaram a se afastar. Mas antes que pudessem ir muito longe, Yuki correu de volta até Ariana e a abraçou com força ao redor da cintura - a única altura que suas pequenas mãos podiam alcançar. Ela retribuiu o gesto com um cafuné carinhoso na cabeça do garoto, observando-o sorrir ao olhar para cima em busca de seu rosto. Com um último sorriso brilhante para Ariana, Yuki correu de volta para sua mãe, que esperava com um sorriso igualmente radiante. Juntos, mãe e filho seguiram seu caminho pela cidade movimentada.

Após a despedida, Ariana permaneceu por um instante em silêncio, seu sorriso suave refletindo a alegria de ter reencontrado velhos amigos. Era reconfortante ver Yuki tão crescido; ele havia se transformado de uma pequena criatura Felina que mal conseguia caminhar para um jovem vibrante e cheio de vida. Com um encolher de ombros, ela permitiu que seu sorriso leve desse lugar a uma expressão mais determinada, voltando seus pensamentos para as viagens que desejava fazer.

Nestoria surgiu em sua mente como um destino promissor. A ideia de rever o velho Mestre do clã Nestoris enchia seu coração de expectativa. O Ardoni era uma figura de sabedoria imensa, cujos conselhos haviam sido valiosos para ela no passado. A dúvida sobre se ele ainda estaria vivo pairava em sua mente; afinal, o Ardoni era resiliente e havia sobrevivido a inúmeros desafios ao longo de sua vida, principalmente no dia da morte dos falecidos Mestres do clã Kaltaris, Mendoris e Sendaris. E como um sobrevivente, era quase impossível imaginá-lo morrer por qualquer coisa que não seja velhice.

— É possível que a morte tenha alcançado aquele velhote?

Murmurou Ariana para si mesma, com um sorriso divertido e um leve erguer de ombros. Ela então começou a caminhar por uma rua menos familiar, guiada pela curiosidade e pela possibilidade de encontrar objetos interessantes nas lojas locais.

Enquanto caminhava, Ariana observava as pessoas ao seu redor: uma mulher carregando troncos de madeira com esforço determinado; um homem de barba grisalha apoiado por uma criança atenciosa; um jovem guarda da cidade, sua postura rígida e expressão séria enquanto segurava espada e escudo, pronto para qualquer eventualidade.

Ariana ergueu os olhos e, acima da porta, o emblema do estabelecimento capturou sua atenção. Era uma tapeçaria de ícones entrelaçados, cada um representando um aspecto diferente do comércio ali realizado. Com um movimento decidido, ela abriu a porta e o som de um sino antigo reverberou pelo espaço, sinalizando sua entrada.

O dono da loja, um homem de traços delicados e femininos, estava ocupado atrás de um balcão de pedra. Ele não levantou os olhos imediatamente para reconhecer a nova visitante.

Enquanto Ariana observava o ambiente, notou que a loja era uma cornucópia de equipamentos para qualquer aspirante a herói ou aventureiro. Uma seção de armaduras reluzia sob a luz suave, com uma peça de armadura de ferro posicionada como se estivesse pronta para vestir um guerreiro invisível. Armas de várias formas e tamanhos prometiam defesa e perigo em igual medida, enquanto acessórios e itens diversos para aventuras estavam dispostos com cuidado por todo o lugar.

Caminhando até o balcão, Ariana tossiu levemente para chamar a atenção do proprietário. Ele se virou lentamente, revelando seu rosto delicado.

— Boa tarde. Queria saber das novidades da loja.

Ela falou com uma mistura de cortesia e curiosidade.

Com um gesto silencioso, o homem se abaixou atrás do balcão e ressurgiu com alguns objetos que colocou diante dela.

— Tenho uma taça de ferro, uma dupla de brincos feitos hoje, uma bolsa e este colar.

Ele disse, cada palavra carregada com um timbre grave e distinto.

Ariana examinou os itens com olhar crítico. A taça era robusta mas sem graça; os brincos eram finamente trabalhados mas não lhe serviam; a bolsa era prática mas desnecessária. No entanto, o colar chamou sua atenção - simples em sua elegância, mas com uma complexidade que sugeria habilidade no artesanato.

— Você fez isso?

Ela perguntou, apontando para o colar, hesitante. O homem negou com a cabeça.

— Não. Foi um conhecido meu que fez. Está interessada?

A voz do homem soou com uma mistura de orgulho e expectativa, enquanto Ariana ponderava, a mão descansando pensativamente abaixo do cotovelo do braço direito.

— Estou sim. Quanto é?

A curiosidade tingia sua voz, mas nada poderia prepará-la para a resposta que se seguiu.

— Quatro barras de ouro.

Ele declarou, como se tal quantia fosse trivial para um objeto de tal simplicidade.

Os olhos de Ariana se arregalaram, sua surpresa se transformou rapidamente em incredulidade.

— É caro até mesmo para um acessório tão simples!

Ela protestou, sua voz elevando-se em uma mistura de choque e desaprovação.

O homem apenas balançou a cabeça, imperturbável.

— É o preço que eu posso dar.

Ele respondeu, firme em sua avaliação.

Ariana balançou a cabeça em discordância, mas uma parte dela ponderava o valor daquele colar além do material. Talvez houvesse algo mais naquela simplicidade que justificasse o preço. Com um suspiro resignado, ela disse:

— Bom, se é assim. Tudo bem. Aqui está.

E assim, com um gesto relutante, ela retirou as quatro barras de ouro de seu inventário e as entregou ao homem, recebendo em troca o colar que guardou cuidadosamente no mesmo espaço mágico de onde o ouro tinha vindo.

Ao sair da loja, Ariana balançou a cabeça em descontentamento, resmungando para si mesma em um murmúrio irritado.

— Eu tenho que parar de gastar tanto assim. Ele definitivamente me repreenderia... Se estivesse aqui.

Ela murmurou as últimas palavras com uma ponta de tristeza na voz e um suspiro pesado escapou de seus lábios.

Com os ombros caídos sob o peso da compra impulsiva e da saudade que sentia, Ariana continuou seu caminho pelas ruas de pedra, determinada a voltar para onde veio e preparar-se para a jornada até Nestoria. Ela sabia que precisaria reunir seus pertences e toda a coragem que possuía se quisesse seguir viagem.

Ela permanecia imóvel por um momento, absorvendo a quietude da casa de aluguel que agora estava vazia, salvo por sua presença solitária. Ela já tinha pago aos donos da casa, selando o fim de seu contrato.

Agora, ela só precisava fechar a porta. Era um gesto simples, mas carregado de significado - O último adeus a um espaço que, por um breve período, foi seu. E com um suspiro profundo que parecia carregar consigo as memórias dos dias vividos ali, ela se virou e seguiu pela rua.

A rua era uma fita que se desenrolava sob seus pés, guiando-a inexoravelmente para a saída da cidade. Ela já tinha pego tudo que precisava.

Depois de alguns minutos andando, ela alcançou a saída. Ela passou por ele sem hesitar, seus passos determinados ecoando no silêncio do amanhecer. Seu sorriso era animado, iluminado pela luz suave do sol nascente que prometia novas aventuras no horizonte que se abria à sua frente.

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