⋆。𖦹 - 𝓟rologue !
Porque no meu coração e
na minha cabeça, nunca retirarei
as coisas que disse.
— Atlantis, Seafret.
Os raios solares que adentravam pela pequena janela davam vida para o quarto opaco e frio. O clima estava refrescante, o por do sol acompanhado de uma ventania aconchegante e plácida. Um ótimo fim tarde, especialmente para pintar paisagens no centro do Rio Han — algo que Min-Jeong costumava fazer.
Se sua mãe não estivesse doente, cozinharia um delicioso Tteokmanduguk para ela, afinal era sua comida preferida. Min-Jeong amava cozinhar, um dos seus hobbies favoritos, e preparar refeições para seus pais se transformava em uma enorme terapia diária. A garota não via a hora da senhora sair do hospital para poder cozinhar para ela novamente.
Apesar do dia estar tranquilo e calmo, não conseguia se estabilizar sabendo dos riscos que sua mãe corria. Sentia saudades de quando a mulher estava saudável e bem, quando ficavam horas conversando sobre banalidades que apenas as duas entendiam, cada momento juntas tornava-se especial. O amor materno é algo frequente para Min-Jeong, porém de repente sua mãe poderia partir a qualquer momento se não realizasse a cirurgia.
Uma cirurgia cara, algo que a jovem nunca conseguiria pagar. Seu salário era mínimo, suficiente apenas para algumas compras necessárias de casa e o pagamento das contas. Se fosse antes, conseguiriam facilmente, afinal seu pai trabalhava na guarda de Seul e ganhava muito bem, mas o homem acabou saindo e envolvendo-se com casas de apostas, falindo totalmente.
Com o pouco de esperança em seu peito, a garota segurou as mãos frias e magras de sua mãe, pronta para se despedir:
─── Fique bem, mamãe. Amanhã eu volto para visitar a senhora, peço que aguente firme só por mais alguns meses.
A voz da jovem saía arrastada, com pequenos pingos de dor e saudades, seu peito se apertava cada vez que visitava a mulher e a mesma estava desacordada. Sinais do cansaço frequente, causado pela fibrose cística desenvolvida em seu pulmão.
Desde o anuncio do estado, a garota vem guardando uma boa parte de seu salário para conseguir pagar a cirurgia. Exatos quatro meses em que se desgastava trabalhando por horas, apenas para ter as condições necessárias e livrar a mãe daquela situação.
Com cuidado, despejou um beijo rente a testa da mais velha, pronta para se retirar do quarto. Ao sair, consegui ter a visão do caos diário do estabelecimento: pessoas correndo de um lado para o outro, médicos chamando pacientes para consultas e familiares devastados na sala de espera. Algo que acabou se tornando frequente para Min-Jeong.
─── Senhorita, Moon? ─ A voz áspera, mas gentil do Doutor despertou a atenção de Min-Jeong, trazendo-a de volta para a realidade.
─── Sim? ─ Perguntou, um sorriso simpático acrescentando os traços de seu rosto.
─── Estou um pouco ocupado, então serei breve. O estado da Senhora Dai-hyun vem piorando gravemente, precisaremos realizar uma cirurgia o quanto antes. ─ A voz do homem parecia soar baixa, quase inaudível para os ouvidos de Min-Jeong.
As palavras cravaram em sua mente, repetindo-se varias vezes, apenas para lembra-la o quanto mais perto de perder sua mãe estava. Seu coração implorava para que aquilo não fosse verdade, mas sua mente continha consciência da realidade estabelecida ali.
O mundo era tão injusto, tudo parecia se desmoronar aos poucos e, infelizmente, a única alternativa era sentar e assistir sua vida se desfazendo aos poucos.
Nada daquilo fazia sentido. Haviam lhe dado uma família incrível, seu pai era alguém honesto e carinhoso, um bom pai. Sua mãe nem havia palavras para descrever o quão era grata por ela, a mulher lhe ensinou muitas coisas, cuidou e a protegeu de tudo, sendo amável em todo momento. Despejaram uma vida estável e agradável para depois retirar tudo, vendo-a sofrer lentamente com cada perda.
Desde que o homem saiu da guarda, se tornou alguém totalmente diferente. Estava distante, dificilmente aparecia em casa e sempre em casas de apostas. Seu pai não era o homem que cuidou dela quando criança, agora era apenas um desconhecido cruel, que dizia palavras cruéis.
─── A senhorita está me escutando? ─ Despertou novamente, reconhecendo que ainda estava conversando com o Doutor. Era frequente seus momentos de dissociação, e o homem havia percebido isso.
─── Oh, sim. Desculpe-me. ─ Olhou brevemente para o homem e sorriu, um pedido silencioso de ajuda.
─── Tudo bem, a senhorita precisará pagar para dermos entrada na cirurgia até o final do mês. Como já dito, o seguro de saúde cobre apenas o tratamento e a estadia. ─ A garota apenas confirmou, agradecendo e retirando-se rapidamente do lugar.
As ruas de Jeonju encontravam-se movimentadas naquele final de tarde, com várias pessoas voltando de seus trabalhos ou de pequenos passeios. O céu escurecia mais a cada minuto, demonstrando que uma forte chuva estaria próxima.
Tão próxima que, de repente, se iniciou. Um pequeno desespero instalou nos residentes, correndo para proteger-se da chuva e irem logo para seus abrigos. Por outro lado, com pequenos passos, Min-Jeong saiu tranquilamente da entrada do Hospital, ficando parada nas escadas.
Pingos de chuva escorreram por seu rosto e cabelo, trazendo a atenção da garota para o céu agora cinza e nublado, apenas com pequenos raios solares se destacando em meio as nuvens apagadas. Um sorriso melancólico abrochou-se em seu rosto; era uma sensação de alivio e gratidão, pois aquilo apenas assegurava as ideologias de Min-Jeong.
Em meio a escuridão sempre haverá uma luz.
A garota vivia por aquilo, a esperança e a otimização de acreditar que mesmo em um poço escuro e solitário, haveria uma chama de luz e paz para iluminar. Min-Jeong nunca desistia de acreditar em um futuro melhor, a esperança era algo que flutuava constantemente em sua alma repleta de amor e alegria.
Com um sorriso agradável e nostálgico, a garota andou em passos calmos pelas ruas molhadas de Jeonju. Sempre atenta ao redor, reparando em cada detalhe das pessoas e do ambiente — com toda certeza, Min-Jeong desenharia aquela paisagem quando chegasse. Sua terapia pessoal estava próxima de ser realizada, o que causou uma curta ansiedade na jovem.
Talvez suas expectativas estavam altas de mais para aquele dia, afinal a realidade encontrava-se próxima demais.
Seus passos logo alcançaram a calçada de seu prédio antigo e desgastado, mas confortável de se morar. A garota subiu as escadas até chegar no quinto andar, porém algo a surpreendeu: a porta já estava destrancada.
Aquela percepção deixou Min-Jeong receosa, mas respirando fundo e pensando positivamente que poderia ser seu pai em casa, adentrou o local. Com cuidado, retirou seus sapatos e pegou uma pequena toalha pendurada no hall de entrada, assim secando o que possível para não encharcar a casa.
Ao entrar na sala, seu rosto foi de puro choque e medo: o local estava completamente destruído e bagunçado, moveis pequenos de cabeça para baixo e papeis espalhados por tudo. Uma sensação de desespero tomou conta da garota, seu medo de ter sido roubado era enorme, seria frustrante perder tudo aquilo que conquistou com muito esforço.
Percebeu a porta de seu quarto aberta e então correu para o cômodo, olhando de imediato e precisão para sua cama, essa que estava com o colchão levantado. Com muita dor no peito, procurou o envelope que escondia naquele mesmo lugar, não achando.
Tudo estava arruinado. Haviam roubado todo o dinheiro juntado para a cirurgia de sua mãe. Com os olhos já cheios de lágrimas, pegou o celular do bolso, quase o derrubando por suas mãos tremendo. O primeiro número á ser discado foi o de seu pai, talvez o homem pudesse fazer algo — se ele ainda se importasse.
─── Alô? Quem fala? ─ A voz aguda e masculina do homem soou através do aparelho.
─── Sou eu, pai. Onde o senhor está? Roubaram o dinheiro da cirurgia da mamãe, por favor me ajuda. ─ Implorou com a voz tremendo e assustada, sentindo seus pulmões se apertarem em uma dor cruel.
─── Embarcação do voou meia três direto para o Japão, ultima chamada. ─ Uma voz tradicional de aeroporto soou do ambiente do homem.
─── O que? O senhor está no aeroporto, mas como conseguiu dinheiro? ─ Sua pergunta pareceu causar um choque no mais velho, ele tossiu e tentou justificar-se:
─── Bom, trabalhe mais para conseguir o dinheiro para sua mãe. Sei lá, tranque a faculdade, apenas me deixe. ─ Resmungou afetado, desligando a ligação logo em seguida.
Aos poucos, a fixa de Min-Jeong foi caindo. Pensou com receio se o homem seria capaz daquilo mesmo, mas logo lembrou-se: seu pai nunca faria aquilo, mas o homem desconhecido que se tornou, sim.
Com uma magoa e dor refletido em seus olhos, a garota correu para sua varanda em busca de olhar para os raios solares, mas havia apenas nuvens apagadas e escuras no céu. O desespero tomou conta de seu corpo, fazendo-a chorar de forma incontrolável, enquanto suas mãos coçavam seu corpo todo em busca de alivio e paz.
Tudo precisava ficar bem, tinha que ficar bem.
Com cuidado, sentou-se no chão frio e olhou com receio para o céu, encontrando um pequeno raio de sol perdido naquela solidão. E então, sorriu, seu coração se confortando em saber que ainda havia luz em seu mundo que descoloria aos poucos.
A esperança brotou em seu peito, fazendo-a se levantar e correr para dentro novamente. Sua missão naquele momento seria arrumar tudo novamente e pintar a linda paisagem de mais cedo.
Tudo ficaria bem.
Oii filhotes, tudo bem? Espero que tenham gostado desse capítulo.
Meu objetivo é trazer uma história nostálgica e com sensação de conforto, acredito que estou conseguindo remeter esses sentimentos em minha escrita. O rumo de tudo não é apenas o romance da Semi com a Minjeong, ( o que obviamente é o foco principal ) mas também trazer à tona os sentimentos e as emoções da MinJeong em relação a vida, pois acho muito interessante isso.
Um beijo há vocês, não esqueçam de comentar e deixar uma estrelinha, isso ajuda bastante. Não sejam leitores fantasmas! 🤍
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