SEU PESCOÇO doía pela posição que já estava a algum tempo. O trio já estava no segundo filme de Harry Potter e não pretendiam parar tão cedo. Caroline havia pego o colchão da cama de Grace e o jogado no chão em frente ao sofá, e logo em seguida expulsado a Barnes e Peter para o colchão. Com o objetivo dela própria se deitar no sofá.

Grace havia revirado os olhos e arrastado o Parker junto consigo, e agora ambos estavam deitados ali. Com o garoto respirando leve e calmo, com um braço jogado sobre a cintura de Grace enquanto sua cabeça repousava sobre seu peito. A garota estava um pouco inclinada, para que sua cabeça se encostasse no pé do sofá, e isso já estava fazendo com que seu pescoço ardesse.

A Barnes moveu a cabeça de leve para trás, quando escutara uma respiração sonolenta. Apenas para encontrar Caroline dormindo no sofá, dera um sorriso de canto e olhou para Peter. Ele também estava quieto fazia algum tempo, então, resolvera verificar. Grace - tentando se mexer o mínimo possível - olhou para o rosto do Parker, mas o garoto estava acordado e ergueu as sobrancelhas para ele como se fizesse uma pergunta silenciosa.

Ela apenas balançou a cabeça, e balançou o corpo empurrando-se para baixo com a ajuda das mãos. Peter se afastou para a garota se ajeitar no colchão.

- Obrigada, - Agradeceu e voltara a assistir ao filme.

Não passou muito tempo, mas Grace sentiu ao contorcer dentro de si e um arrepio subir por sua nuca. O garoto ao seu lado também ficara inquieto, observando a cidade para fora da janela de vidro da sala.

- Também sentiu isso? - Peter a olhou, as sobrancelhas juntas. Mas logo concordou.

- Não sei explicar muito bem, mas é como se...

- Algo estivesse errado ou prestes a acontecer. - Grace completou, e o Parker concordara.

Peter se levantou do colchão e andou até a janela, ficando quieto por alguns segundos depois começara a andar em direção a porta de saída. A Barnes ficou confusa, assim como seu semblante e se levantara também - seguindo o garoto.

- Peter, - Ela sussurrara tentando não gritar no meio do corredor do prédio, por ser tarde, e fazer o garoto a escutar. Grace bufou quando o garoto não voltou, e fechou a porta do seu apartamento.

O Parker desceu as escadas correndo e pegou o caminho para a ponte da cidade. Só agora, Grace fora perceber que o trânsito estava completamente parado ali e as buzinas eram capazes de se escutar, assim como o grande lagarto sobre a armação da ponte.

A garota entreabriu os lábios e piscara, depois pôs suas próprias pernas para correr atrás de Peter. Quando ela o alcançou, ela puxou o garoto para um beco próximo, com ele aos protestos e soltando resmungos baixos.

- O que está fazendo? - O Parker a olhou, confuso.

- Pretende ir lá assim? - Grace apontou para a roupa de Peter - Ou esqueceu do seu traje de Vigilante Noturno? - Ele passou a mão no cabelo e no rosto, bufando.

- Você descobriu, ótimo. Não vamos discutir sobre isso agora. - Ela assistiu o garoto retirar a roupa normal e o uniforme vermelho e azul começar a aparecer, ele ficara com a máscara na mão e a olhou.

- Pretendia me contar? - Os braços estavam cruzados enquanto seus lábios foram mordiscados.

- Você descobriria sozinha de qualquer maneira. - Peter juntou as sobrancelhas ao final da frase e olhou para o corpo da garota - Você falou das minhas roupas, mas...

Grace soltou os braços e olhou para si, apenas agora se lembrando do babydoll estampado que usava, e os pés sem nenhuma vestimenta. Ela piscou.

- Está de noite, e em cima da ponte tem pouca iluminação, não vão me reconhecer. Vamos.

Grace começou a andar para fora do beco, mas algo ficara preso em sua perna e em seguida a puxou para trás novamente, fazendo-a soltar um grito e rodopiar. Até parar em frente a Peter, com os rostos colados e o braço masculino ao redor de sua cintura a apoiando, deixando a Barnes perceber a teia que havia a puxado. A garota engoliu em seco.

- Está cheio de helicóptero lá, vão gravar seu rosto, Grace. E com isso você vai perder Tissila, não vou permitir isso.

- Eu uso as sombras para proteger meu rosto, você não vai lá sozinho.

- Eu vou lá sozinho. - Peter sorriu pequeno, abandonou um beijo em sua testa e em seguida colocou a máscara.

É claro que Grace seguiria ele, portanto, o Parker pensara mais rápido. O homem aranha disparou uma teia para o pulso da garota e prendeu na parede, a Barnes o olhou indignada.

- Você não fez isso. - Peter andou de costas para fora do beco.

- Eu fiz, me desculpa. Não demoro para voltar e te buscar, fica aqui. Tô falando sério, Grace. - O garoto desapareceu das vistas dela, mas logo retornou, - Se você ficar com muita raiva compro outras flores para você me perdoar de novo.

E então sumira. Mas Grace jogou a cabeça para o lado processando aquelas palavras, então, ela piscou. As flores de mais cedo, eram de um objetivo dela o perdoar pelas coisas que Peter havia dito para ele, na noite do incidente com o Ben. A Barnes deixara um sorriso escapar, mas logo lembrou do pulso preso aos tijolos e o sorriso se desmanchou.

Ela colocou um pé na parede e puxou o braço, o que acabou sendo inútil já que a teia nem mesmo rangera. Ela não havia nem mesmo um grampo de cabelo com ela ali para cortar, então um vulto passou ao lado de seu olho esquerdo. O que fez com que ofegasse com susto e olhasse para o beco. Mas logo percebeu ser Tissila, que finalmente se pusera para fora novamente.

- Oi... - Grace sussurrou, com medo da sombra voltar a se esconder. Mas a pequena girou ao redor da garota como se estivesse feliz em vê-la. E por um momento, a Barnes se lembrara dos próprios poderes.

Fechou a mão que estava presa em um punho, e a puxou com força, até que a teia se desfizesse por completo e a soltasse. A garota riu e pulou.

- Deu certo, olha - Grace moveu o braço para mostrar a Tissila, a acertando no processo, a sorte era que a pequena era uma sombra o que não a machucou. Mas mesmo assim, a garota se desculpara. - Mas de qualquer forma, Peter está certo. Não posso ir até lá de pijama.

Tissila se afastou o suficiente para olhar para a garota, e depois sumira, como se voltasse para dentro de Grace - o que a fez ficar chateada por um segundo, até que percebesse sombras girando em torno de si. Não só Tissila, ela nem ao menos estava ali. Era seu poder fazendo aquilo, criando a roupa ao redor.

Ao chegar no final, Grace pôde enxergar um saia que ia até às metade suas coxas e a parte de cima sendo tampada por um collant, nos pés botas. Era feita da mesma texturas das sombras mas pelo menos ela não estava de pijama.

A garota agradeceu a Tissila, a concentrou sombras nas palmas das mãos voando em seguida. Grace tombara o corpo para o lado algumas vezes, mas depois de conseguir se manter equilibrada, conseguira voar mais rápido até a ponte. A Barnes tocou com as solas dos pés o metal frio assim que chegara na ponte, ficando em seu topo mais alto, ela pôde avistar a figura de roupa vermelha e azul mascarada lutando contra o lagarto.

Grace moveu a cabeça a tempo de enxergar um carro deslizar pela ponte quebrada, e começar uma queda livre. Ela saltou do topo, canalizando as sombras no centro de suas mãos, quando enxergou a água escura do mar - pela falta de iluminação noturna - a garota disparou o seu próprio poder em direção ao objeto, o subindo novamente e o repousou em cima da ponte. Ainda no ar, Grace observou os diversos carros que estavam dependurados por uma única teia na plataforma sobre si.

- O que está fazendo? - A Barnes moveu o pescoço para sua direita, as mãos em posição de ataque e os dedos flexionados com sombras dançando entre eles e em suas pontas. Ela abaixou assim que percebeu ser Peter, usando uma teia para se segurar na ponte. - Não deveria estar aqui, esse foi o objetivo de eu ter te prendido naquele beco.

- Achou mesmo que eu não conseguiria me soltar? - Grace ergueu as sobrancelhas mesmo que Peter não pudesse ver o gesto.

Um barulho em cima chamou a atenção da dupla, ambos subiram na ponte novamente somente para assistir o lagarto sair do local escondendo o próprio braço. Um civil chegou ao lado da dupla antes que Grace tivesse a oportunidade de xingar o animal - se aquilo fosse realmente um.

- Socorro! Meu filho está preso no carro.

O homem explicou, assim que os enxergou. Peter saltou da ponte utilizando a teia para chegar no carro, e Grace voara até o local - sentindo o vento gélido e noturno lhe tornar familiar por um breve segundo. O carro era um dos que estava despendurado na ponte, qualquer movimento errado e ele cairia na água. Ao chegarem no local, a criança gritava pelo pai e por socorro. Peter quebrou o vidro de trás do carro.

- Aí, amigo - Ele estendeu a mão para chamar a atenção do garoto e a criança girou o pescoço o olhando.

- Sai daqui. - Grace sufocou uma risada - Socorro! - A garota ainda prestava atenção no menino dentro do carro, até que um movimento ao seu lado lhe chamou a atenção. era apenas Peter retirando a máscara, ela voltou a olhar para o garoto até que parou para pensar novamente e olhou para o Parker com os olhos arregalados.

- Ei, olha. - O menino o encarava em silêncio - Eu sou um cara normal, tá? - A criança o avaliou e desceu os olhos para o pano nas mãos de Peter - Quer segurar isso? - Ele balançou sua mão sinalizando.

- Hanram...

- Segura minha máscara. - O Parker jogou para o garoto que deu um sorriso e começou a cutucar as linhas de costura do pano.

- Qual seu nome? - Grace apareceu no campo de visão do garoto e ele arregalou os olhos, olhando para as sombras ao seu redor para as que faziam o papel de vestimenta. O menino, parecendo surpreso demais ou com medo para responder, fez com que a Barnes movesse os olhos até a mochila ao lado. - Jack?

- É... - Peter começou a entrar no carro, devagar.

- Vamos sair logo daqui. - O Parker entrou por completo e começou a falar com ele, em tom baixo, ainda mantendo a calma. Grace o observou com um sorriso pequeno que nem mesmo ela notara dar. Ele soltou o cinto do menino e ele se soltou, caindo no banco da frente com as costas apoiadas no volante. Peter deu os parabéns ao menino e fora para o pegar, mas algo aconteceu.

Não estava previsto, tudo ocorrera bem até aquele certo momento. Foi quando as chamas surgiram, em algum momento a gasolina havia escorrido para frente do carro por ele estar inclinado por muito tempo o que causou o incêndio. O local ficara quente em um segundo, e as chamas refletiram nos olhos de Grace. A garota ofegou, e apenas assistiu o fogo se estender a cada milésimo que se passava, a única coisa que ela sabia fazer era assistir e inalar a fumaça do incêndio.

Os gritos começaram a soar e a garota não soube dizer se pertenciam a Agnes ou a Jack, ou muito menos a Peter. Grace poderia ter jurado que enxergou sua mãe correndo pelo apartamento e gritando por ela própria, assim como os sons de lutas. Fogo se explanou mais, mas Peter tentava falar com a Barnes o que era inútil pois ela não o escutava. Parker sabia que tinha algo errado, e que não era apenas um susto breve pelo fogo, a história - desconhecida por Peter - de Grace era mais funda do que ele havia previsto.

Quando o carro se soltou da teia que o segurava na ponte, Peter segurou-o com a própria mão e o garoto dentro do carro gritou, assim como o Parker pela força que estava fazendo ao segurar o carro.

- Grace! - Ela ainda continuava paralisada olhando para o ponto de fogo. Peter respirou fundo e tentou se endireitar o máximo que pôde com o objeto nas mãos, e se aproximou o máximo que pôde da garota. - Ei... olha pra mim. Grace.

Sua respiração ficou mais alterada e ele moveu os olhos para o carro com o fogo se alastrando e para a menina a sua frente.

- Grace, precisa me escutar. - Ele depositou um beijo em sua testa - Pode fazer isso? - Ela piscou, como se concordasse mas não pudesse se mover - Está tudo bem, ok? Vamos tirar o Jack daqui e logo depois te compro um sorvete, apenas para recompensar isso. - Tá só você e eu aqui, - Peter deixou um selinho em sua bochecha - apenas nós. Não tem nenhum fogo, ou fumaça e muito menos os gritos. Escuta alguma coisa? Porque eu não, é apenas seu coração que eu escuto. - O garoto estava com a audição aguçada e a olhou em seus olhos.

Grace piscou, as sombras disparando para dentro do carro e contornando a cintura de Jack. A Barnes moveu os olhos para os olhos de Peter e em seguida para o sorriso pequeno em seus lábios. A garota moveu os braços e as mãos erguendo a criança e a pegando no colo, mesmo que o seu corpo inteiro estivesse trêmulo e voltou para cima com Peter - que havia pego sua máscara de volta com o garoto. Por mais que Grace conseguisse se mover normalmente de volta, seu corpo ainda estava em um choque de pânico, então, Peter pegou Jack de seus braços e entregou-o para o pai.

A garota puxou o ar cambaleando em direção a armadura de proteção da ponte, o homem disse algo a Peter até o garoto vir até a Barnes se agachando ao seu lado. Em algum momento ela havia se sentado no chão e apoiado as mãos nele.

- Tudo bem? - Peter contornou seu rosto com as próprias mãos, as sombras começaram a se dissipar aos poucos começando pelo rosto de Grace e começando a revelar sua expressão.

O Parker notou algumas pessoas se aproximando tentando enxergar a identidade da garota, mas Peter retirou sua própria máscara escondendo seu rosto nos braços enquanto colocava em Grace. Ele contornou suas costas e pernas com o braços e saltou da ponte de novo. Quando quase tocando a água, o garoto soltou as pernas de Grace devagar e segurou sua cintura mais forte disparando as teias para na ponte, e depois nos prédios assim que chegaram a cidade.

Peter disparou a última no prédio onde ela morava e a pegou em seu colo novamente assim que chegou na escada de incêndio. A janela do quarto de Grace já estava aberta por mais cedo, o que facilitou o trabalho do Parker, ele colocou uma perna de cada vez para dentro tomando cuidado para não bater a cabeça da garota em alguma parede ou na própria janela. Ele a deitou na cama e depois entrou no banheiro tirando seu uniforme ficando com as roupas normais.

Voltaria para casa pela manhã, ou até mesmo depois da aula. May poderia o quebrar por isso assim que o visse mas não poderia deixar Grace sozinha em seu estado atual. Peter saiu do banheiro e colocou o uniforme dentro da mochila a deixando encostada na parede, sabia que Caroline já estava adormecida no sofá então não se importou em sair para lhe desejar boa noite. Peter se sentou no tapete que ficava ao lado da cama de Grace e repousou as costas na cama atrás de si, ele a olhou uma última vez antes de deitar a cabeça ali e fechar os olhos.

🕸️.°• 𝐏𝐄𝐐𝐔𝐄𝐍𝐎 𝐄𝐒𝐏𝐀Ç𝐎 𝐃𝐀 𝐀𝐔𝐓𝐎𝐑𝐀 ⤵

∘⋅⋆ ❛ one ▬ oi, bebês. como estão? Capítulo novo, espero que gostem dele tanto quanto eu gostei. Partes favoritas? Estão achando o desenvolvimento do peter e da Grace bom? Nomes para shipps?