🕸️ .•° 𝟎𝟓: 𝓣𝐈𝐎 𝓑𝐄𝐍⃤
GRACE INSPIROU O AR várias vezes antes de, finalmente, ter coragem para adentrar as Indústrias Oscorp. Peter havia marcado um encontro com o Doutor Connors naquela tarde, e, aproveitando que a garota já estava com ele, a chamou para o acompanhar. Grace pensara que o homem poderia achar ruim ter outra pessoa entre a dupla, já que, provavelmente, o assunto deveria ser importante. Mas o Parker a convenceu de ir junto e ali estava ela agora. Com o ar gélido dos ar condicionados batendo contra si, a diferença de temperatura eentre o prédio e a rua era grande.
A garota observou Peter e o Connors conversarem em frente a uma parede de vidro, que guardava algum experimento — que parecia abandonado, seja lá qual for o motivo. O trio caminhou em direção direção a uma sala. E quando entraram Grace pôde reparar a luz azul dos hologramas, tendo um pequeno deja vu. Connors entortou a cabeça em direção ao programa e olhou para Grace, sinalizando para que ela se aproximasse.
— Não precisa ficar aí, pode nos ajudar também. — A Barnes se aproximou, contendo o nervosismo para que Tissila não saísse de dentro de si. — O que vocês veem aqui é um modelo gráfico de um lagarto. Muitos dessas criaturas maravilhosas se adaptaram de uma forma tão brilhante, que podem regenerar membros inteiros a vontade. Não sabem a inveja que tenho deles.
Grace piscou por um momento, e olhou em direção ao braço aleijado do cientista. Imagens de sua mãe piscou em sua mente, e a garota desejou falar que também invejava as pequenas criaturas por ter tal habilidade.
— Estamos tentando extrair essa habilidade e transferir para nossa cobaia hospedeira, o Fred. O rato de três patas. Coloque o algoritmo agora.
Disse a Peter. O Parker estendeu as mãos até a base, e botões se moveram encaixando-se na palmas de sua mão. Um toque de celular soou no cômodo e Peter resgatou seu celular do boldo da calça.
— Você tem que atender? — O garoto negou, Grace sentiu Tissila sair de si e se enrolar no bolso da jaqueta. A Barnes juntou as sobrancelhas, com a sombra inquieta.
— Sistema pronto para a inserção gênica. — A voz robótica do programa avisou, e Peter seguiu o plano. Ele pegou alguma peça do holograma e caminhou com ela até a frente do rato, entregando para o Doutor.
— Viu o que estou fazendo?
— Imobilizando as proteínas. — O Connors respondeu.
— E impedindo a resposta imune. — Grace completou.
— Isso. — O Parker confirmou com a cabeça, e logo a voz robótica voltou a falar.
— Começar testes. — os escritos se tornaram amarelo e a pata do animal começou a se alongar. — Processando. — O rato caiu sobre o chão invisível e os escritos ficaram vermelhos. — Falha. Cobaia morta.
— Reage, reage, reage... — Peter murmurou baixo, diversas vezes.
— Processando. Falha. — O animal havia se erguido apenas para cair novamente. — Processando. Falha. Processando. Falha. Cobaia morta.
— Tá bom... — O Connors resmungou, e se afastou frustrado. Grace se aproximou mais, ficando ao lado de Peter.
— Processando. Algoritmo aceito, crescimento concluído.
Grace sentiu os cantos de seus lábios subirem e olhou para Peter, que tinha os olhos brilhando. O Parker chamou a atenção do Doutor, e a Ia voltara a falar.
— Sinais vitais normais. Pressão sanguínea normal. Regeneração do membro bem sucedida.
— Extraordinário... — Doutor Connors sussurrou e repousou a mão sobre o ombro do garoto. — Eu agradeço.
Depois disso, o homem havia levado ambos os adolescentes para outra sala. Onde o rato, Fred, estava. Peter havia pego o animal para que o Doutor aplicasse o experimento no pequeno, fazendo alguma piada para que Peter tomasse cuidado para não tremer e acabar sendo furado pela agulha, — o que resultaria em o líquido sendo injetado no garoto — e que os experimentos em humanos começaria apenas na semana que vem. O trio havia sorriso pequeno, e em seguida Grace e Peter saíram das Indústrias Oscorp.
O seu já estava escuro por conta da noite, e a Barnes constatou ser tarde. Mesmo ela não tendo ninguém em casa esperando por ela ou para chamar sua atenção, Grace não gostava de chegar muito tarde no apartamento. Quando chegaram em uma esquina, ambos pararam.
— Eu vou seguir por aqui. — Peter falou, sua casa não ficava muito longe de seu apartamento, talvez na mesma rua.
— Quer companhia até sua casa? — Grace moveu com uma mão no bolso, a outra estava ocupada com o skate do garoto, que ele havia entregado para segurar a mochila de ambos. Ele piscou.
— Acho que eu quem deveria perguntar isso — Peter soltou uma risada fraca e chutou uma pedrinha que repousava no chão.
— Não gosto de seguir roteiros. — Ela sorriu. Peter a observou por um segundo inteiro antes de entregar a mochila da garota.
— Olha, me sinto lisonjeado, mas irei recusar. Está tarde, e ficará mais para você voltar depois de me deixar em casa. Eu te levaria até a sua mãe realmente preciso ir.
Ela assentiu, e se afastou com um passo jogando a mochila sobre as costas. Ambos se despediram dizendo se encontrar na escola no dia seguinte. Tissila saiu de dentro da jaqueta de Grace após um tempo que a garota já andava pelas ruas escuras.
A sombra girou em torno da Barnes e soltara ruídos que pareceram provocações. Grace franziu as sobrancelhas.
— O que foi? — A sombra então sumiu, entrando novamente para dentro de Grace e a garota ficou confusa.
Depois de alguns segundos imagens projetaram em sua frente. Não em sua memória, como lembranças, não. Era como se estivesse acontecendo novamente mas o ponto de vista de Grace era em terceira pessoa. Ela observou Peter a puxar para cima do skate, algumas horas mais cedo durante a tarde.
— Como... Como fez isso?
Tissila estava de volta ao seu lado, pairando sobre o ombro da Barnes. A sombra levantou duas partes de si, como se desse de ombros. A pequena olhou para a mão de Grace, e fez um ruído chamando sua atenção. A garota olhou para o local, e resmungou percebendo que havia ficado com o skate de Peter.
Deu meia volta e voltou a andar para onde tinha se despedido do garoto minutos atrás. Se andasse mais rápido, talvez o alcançasse. Não demorou muito para Grace encontrar Peter. Mas não caminhando em meio a rua, e sim em cima de um poste mal iluminado. Tissila voou em direção ao Parker, girando em volta dele. O garoto ergueu a cabeça e um sorriso sem emoção foi dado a sombra antes que ele levasse seu olhar até Grace.
— Não deveria estar em casa? — Ela começou a conversa, observando os detalhes de seu rosto. Ele parecia... Triste e com raiva.
— Precisava tomar um ar. Meu skate ficou com você... — Peter apontou com o queixo para o objeto mas mãos de Grace. Reconhecendo que havia o esquecido pela primeira vez.
— Aconteceu alguma coisa? — A Barnes posicionou as mãos viradas com as palmas para baixo, concentrando sombras no centro e conseguindo voar até o garoto. Se sentou de frente para ele com um pouco de dificuldade, por ter que ficar meio inclinada para frente.
— Não... quer dizer aconteceu, nada muito grave. — Ela balançou a cabeça devagar. Respirou fundo e observou o garoto se erguer novamente. — Vou até a loja comprar um leite, se você quiser vir...
Grace moveu a cabeça para baixo e seguiu, com os olhos, Peter andar de capuz e mãos nos bolsos do moletom. Eles já haviam passado, literalmente, o dia juntos e a garota estava cansada. mas o Parker não parecia apto para andar por aí essas goras d noite sozinho. Grace não sabia o que havia acontecido assim que o mesmo chegou em casa, mas poderia saber se algo acontecesse agora. Com um último pensamento, a Barnes voou de volta para o chão, e deu uma corrida pequena para ficar ao lado de Peter.
Ao chegarem na loja, Grace resgatou um iogurte de morango de dentro do freezer. Mesmo reclamando do preço absurdo que o local estava comprando por uma garrafinha que nem ao menos chegava a ter meio litro. A dupla seguiu até o caixa, onde um homem alto e de cabelos até o ombro estava atendendo. Grace colocou sua janta — iogurte — sobre o local metálico.
— Deu sete e cinco centavos.
Ela entregou a nota dez reais e recebeu o troco de volta, a garota se afastou para o lado e abriu o líquido começando a tomar.
— Deu dois e sete. — O atendente disse a Peter, o garoto o olhou por alguns segundos com a cara não muito agradável. Ele jogou algumas notas sobre o balcão que com certeza não dera o valor que deveria. — É... deu dois e sete. — O homem voltou a repetir.
— Tá, eu sei. — Peter resmungou e pegou algumas moedas da caixinha que havia sobre o balcão.
— Você está parando a fila. — Ele observou Peter colocar a moeda a sua frente — Não, você tem que me dar uma moeda e não pegar uma moeda.
— O que... — Peter havia desviado o olhar para a garota por alguns milésimos, até o atendente voltar a cortá-lo.
— Você pode pegar uma moeda quando quiser, mas tem que gastar dez dólares para pegar uma moeda. Política da loja. Vai pagar? Está parando a fila. — Se remexeu com raiva.
— Eu não tenho dois centavos.
— Se não pode pagar pelo leite sai da fila. O que que foi? Papaizinho não te deu o dinheiro do leite hoje? — Grace travou a mandíbula e se aproximou retirando o dinheiro do bolso novamente.
— Dois centavos? Está reclamando de dois centavos? — Peter continuou a brigar. O homem desconhecido que estava atrás do Parker colocou sua cerveja sobre o caixa.
— Tudo bem eu pago, não tem problema, Peter. — A Barnes se aproximou pronta a dar a moeda para o homem, mas o garoto a parou colocando a mão sobre a sua, ainda olhando para o atendente.
— Não, não precisa.
— Se não vai pagar e nem deixar a sua namorada pagar, sai logo da fila.
Peter pegou seu dinheiro de volta do caixa e segurou Grace pelo antebraço antes que ela pudesse pagar sem o garoto ver. Ele a empurrou levemente para andar na frete, e Grace saiu da loja mas o Parker parou de repente na porta e observou alguma coisa acontecer. Ela iria perguntou qual era o problema quando viu Peter pegar a garrafa de leite no ar, e sair da loja em seguida. Ela ergueu as sobrancelhas confusas.
— Ele mudou de ideia? — Apontou para o leite nas mãos do garoto, e ele moveu os olhos até o objeto.
— Ah... é.
A resposta hesitante de Peter não convenceu Grace que começou a andar atrás dele algum tempo depois, o mal humor dele contornava os arredores por onde passava. Antes de atravessarem a rua, um corpo trombou com Grace violentamente. Ela girou o pescoço e percebeu ser o homem que estava trás de Peter na fila da loja, em seguida o funcionário saiu gritando.
— Alguém para aquele homem! — Gritou, e enxergou Peter ali — Garoto, me ajuda aqui.
— Não é minha política. — O Parker repetiu a fala do atendente e voltou a andar, ignorando os pedidos de ajuda por parte do homem. Grace, indignada, se aproximou de Peter.
— Que merda está acontecendo com você?
— Nada, estou bem. — Ele desviou da garota e voltou a caminhar como se nada houvesse acontecido.
— Peter, será que você pode me explicar o que aconteceu na sua casa, para eu poder te ajuda, por favor? — Se enfiou na frente do Parker novamente, e Peter parou os olhos parecendo queimar.
— Não acho que temos intimidade o suficiente para eu simplesmente me abrir com você. Nem amigos somos, Grace. E eu não pedi a sua ajuda com qualquer problema que esteja acontecendo na minha vida, e muito menos para você pagar a porcaria do leite... — Um som de tiro soou cortando a fala de Peter.
O garoto girou a cabeça para trás e começou a andar na direção do corpo caído, Grace piscou diversas vezes. Ela repassou as falas de Peter várias vezes em sua cabeça, sabia que não se conheciam a muito tempo, mas com ele falando assim parecia que ela estava forçando algo que não existia. A Barnes sabia que sentia falta da amizade de sua mãe, e talvez isso a tenha influenciado a correr atrás de uma amizade qualquer, como uma âncora para não permitir-se afundar por completo.
— Alguém chama uma ambulância!
Grace escutou o grito de Peter e voltou a realidade, retirou o celular do bolso da jaqueta e correr atravessando a rua até o garoto. Quando chegou mais perto, percebera ser o tio de Peter, e isso fez seu coração saltar mais forte no peito. Talvez se não houvesse ficado discutindo com Peter ela pudesse tê-lo salvo disso. Levou o celular até o ouvido e sentiu os olhos marejarem escutando as súplicas de Peter baixo de si. Não havia ninguém na rua, a não ser eles.
— Está ocupado. — Grace falou baixo hesitante.
— Tenta de novo. — A Barnes respirou fundo e discou novamente, três vezes seguidas.
— Ninguém atende, Peter... — O garoto gritou e chorou, Tissila estava encolhida perto de Grace.
Nenhum de ambos os adolescentes sabia quanto tempo havia passado até finalmente ambulâncias e carros policiais pararem ao lado deles. Grace estava sentada ao lado de Peter, e o garoto debruçado sobre o corpo do tio. Ela passava a mão sobre as costas do Parker, tentando passar algum tipo de conforto. Enfermeiros e policiais tentaram tirar o garoto aos gritos e pedidos de cima do idoso, quando conseguiram um homem policial se aproximou indicando para entrarem dentro da viatura que os levaria até em casa.
No meio do caminho, Peter havia encostado a cabeça no vidro e chorado silenciosamente. Grace, ainda com medo de irritar o garoto, segurou sua mão e acariciou. Ao chegarem na casa do Parker, o homem os acompanhou até a entrada e a porta fora aberta por uma senhora — talvez tia de Peter. O garoto abraçou a tia enquanto ela chorava após receber a notícia. Os agentes da polícia se levantaram da mesa, eles estavam mostrando o retrato falado a mulher. Quando eles passaram ao lado dos adolescentes Peter voltou a falar.
— Eu posso ficar com isso? — Apontou para o desenho nas mãos do policial.
— Claro, e tem mais um coisa, ele tem uma estrela tatuada na mão esquerda. — O garoto encarou o desenho e voltou a olhar para a tia.
Grace se aproximou da mulher e a abraçou, enquanto a senhora chorava em seus braços, Peter subiu as escadas da casa — sem dúvidas, indo para o quarto. Depois de alguns minutos ela parou de chorar e respirou fundo, tentando se controlar, passou o lencinho sobre o nariz e enxugou as lágrimas. Grace repetiu o ato e andou até a pia pegando um copo de água para a mulher. Ela aceitou e tomou, com as mãos tremendo.
— Péssimo jeito para nos conhecermos, querida. — Ela falou, baixinho, sem forças. — Você deve ser a Grace, certo?
— É, sou eu sim. Você é a tia de Peter? — Ela balançou a cabeça com um sorriso sem emoção.
— Pode me chamar de May. Eu nem te ofereci nada, você quer um chá? — May e levantou passou as mãos sobre o rosto.
— Não, não se incomode. Eu agradeço, May, mas não precisa. Vá tomar um banho e se acalmar, sim? Vou ver como Peter está e já vou para casa, prometo não demorar muito. — Ela ajudou a senhora a subir as escadas e a mulher se virou para Grace.
— Você não é incômodo algum, querida. Quero que saiba que esses poucos minutos que passei com você, eu pude perceber o porque de Peter chegar com um sorriso no rosto todos os dias desde que te conheceu. Você faz bem a ele, garota e eu lhe agradeço por isso. — May entrou no quarto e fechou a porta em seguida. Grace andou alguns metros pela casa e empurrou uma porta que estava entreaberta.
— Ei... — Sussurrou, Peter estava sentado na cama e olhar perdido na parede de seu quarto. A Barnes se aproximou e sentou-se ao lado do garoto. — Precisa de algo? — Ele piscou e a olhou.
— Por que ainda está aqui? — Grace suspirou.
— Quer que eu vá em embora?
— Não... não é isso, a maioria das pessoas teriam ido embora logo após tudo que eu te disse mais cedo. Mas você ainda está aqui, por quê? — Ele ainda a olhava com o olhar perdido, como se não soubesse o que fazer e estava confuso. Grace deu de ombros.
— Eu não sei... — Ela sabia a verdade.
Sabia que assim que colocasse os pés no apartamento solitário e escuro as memórias lhe viriam a tona. Que toda essa confusão com o Ben lhe traria lembranças do dia da morte de Agnes, e isso era algo que ela estava tentando evitar a todo custo. Então, talvez, ela preferisse ficar ali acalentando Peter e May do que enfrentar seus próprios demônios em casa. Grace não iria embora, mesmo que tivesse dito o contrário para a mulher, ela poderia dormir na cozinha com os braços sobre a mesa, e os fazendo de travesseiro. mas ela não voltaria para casa aquela noite. E talvez isso a fizesse uma covarde, mas a Barnes aceitaria isso.
Grace havia passado o braço ao redor de Peter e o abraçado, havia feito carinhos nos fios negros do garoto até que ele dormisse com os olhos vermelhos e ardendo pelo choro. Tissila havia a ajudado a deitar o garoto e retirar seu tênis, ela já estava fechando a porta do quarto do Parker quando ele murmurou.
— Não vai... Fica aqui só hoje.
Grace piscou e entrou novamente. Retirou o sapato com a ajuda do outro pé e em seguida a jaqueta, deixando-a sobre uma cadeira. Ela se aproximou e subiu na cama de novo, ficando um pouco mais para cima para que Peter pudesse repousar a cabeça sobre seu peito e circular a cintura da garota com um braço livre. Pelo dia movimentado e nada quieto, ambos voltaram a adormecer rapidamente e a Barnes não sonhara com o apartamento em chamas pela primeira vez desde o ocorrido.
🕸️.°• 𝐏𝐄𝐐𝐔𝐄𝐍𝐎 𝐄𝐒𝐏𝐀Ç𝐎 𝐃𝐀 𝐀𝐔𝐓𝐎𝐑𝐀 ⤵
∘⋅⋆ ❛ one ▬ O que acharam do capítulo?
Até o próximo. Beijos❤️
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