▍ EIGHT
O HOMEM-ARANHA EM
NOVA YORK?

O FESTIVAL COMEÇOU COM uns batuques agitados e balões vermelhos pendurados em barbantes, haviam muitas velas ao redor. Josh ficou pensando sobre a conversa do dia anterior e o que faria a respeito daquilo, mantendo o uniforme criado por Morris em sua mochila. Mesmo aéreo, acompanhou Nour e Krystian na celebração coreana para qual foram convidados. O loiro só queria encontrar Any logo e quem sabe, dizer de uma vez por todas o que sentia. Tudo bem, talvez fosse um grande passo, admitiu, afinal todos sabiam que ele não teria coragem o suficiente de fazer aquilo.

— Quanta comida gostosa! — Nour comentou enquanto degustava um hot-dog coreano.

— Isso porque você não experimentou os tentáculos de polvo... — Krys debochou, pois ele foi o único que conseguiu comer — O desafio ainda tá rolando! E eu vou filmar você quando decidir aceitá-lo...

— No momento eu só quero comer esse delicioso hot-dog em paz, pode ser Krystian? — semicerrou os olhos.

— E aí, Josh? —  Wang o cutucou —  Tá pensando na A.G de novo?

— Por que? Você a viu por aqui? Onde?... — olhou ao redor, desnorteado.

— Tô achando que ela te deu um bolo! — o garoto respondeu com sinceridade.

—  Claro que não! —  Adarkaki o trucidou com o olhar — Daqui a pouco ela aparece, fica frio...

Era um pouco difícil de acreditar que a garota mais mimada da escola fosse realmente cumprir com algum compromisso, mas Any era exatamente pontual e consciente, ao contrário do que se pensava. Além do que, já estava começando a demonstrar um nítido interesse em Beauchamp, e embora não se sentisse arrependida daquilo, também sentia um paralisante medo. Medo de ser enganada de novo.

— O meu pai se trancou no quarto desde ontem a noite... —  ela compartilhava sua preocupação com suas colegas numa mesinha da feira, agora o assunto era outro — Ele tá estranho faz dias, eu nem sei o que fazer!

— Ele só tem que aprender a perder... — Sabina retrucou, cansada daquele assunto.

— Sabina? — Sina lhe chamou atenção —  Eu entendo que possa ser difícil pra ele, mas a vida é assim mesmo. Se precisarem de qualquer ajuda, podem contar comigo e com o meu pai. Vamos estar aqui pro que precisarem! — ela tomou coragem para dizer o que sentia pela primeira vez.

A.G se viu tocada com aquelas palavras, notando em Deinert uma sensibilidade e empatia que jamais notara.

— Olha, ela aprendeu a falar... —  Savannah ironizou — Só foi ter umas aulinhas particulares com o Lamar!

Ela e Sabina riram, encarando a loira.

— Você só anda com esse garoto, agora! Fala sério... — Hidalgo revirou os olhos.

— E qual é o problema? — Any se intrometeu.

— Nem um. — a bronzeada retrucou, se inclinando sobre a mesa — Eu só acho que ela não perde a oportunidade de bajular as pessoas com essa carinha de boba, como se não quisesse nada em troca!

— Não é nada disso! —  Sina rebateu, furiosa.

— O que deu em você, Sabina? Por que tá agindo assim tão arrogante? — A.G apertou as sobrancelhas, nervosa.

— Eu só cansei de vocês! —  ela se levantou, batendo na mesa.

—  Até de mim? —  Savannah se ofendeu, fazendo bico.

—  É, até de você. —  assentiu — Eu espero que você tenha uma vida de merda Any Gabrielly!

— E eu espero que um carro te atropele e passe por cima do seu pescoço, pra você não conseguir gritar! — retrucou, triste e decepcionada.

Ninguém entendeu muito bem o que havia acontecido ali. Era como se Sabina estivesse caçando um pretexto pra desfazer a amizade com Gabrielly, que com certeza notou aquilo, ela só precisava de um motivo para entender melhor, e jurou que ainda descobriria o porque dela ter mudado tanto d'água pro vinho. Foi quando uma mão alcançou seu ombro, era delicada e as unhas estavam pintadas em vermelho, notou então ser de Heyoon, que rapidamente apareceu, sentando-se com as garotas, sendo bem recepcionada.

— Como vão garotas? Espero que estejam curtindo muito o festival!

— Ah, estamos sim, as maquiagens são um máximo! —  Savannah elogiou enquanto retocava a máscara de cílios pelo espelhinho do pó de rosto redondo.

— Uhum... Então, vocês ouviram falar sobre o homem misterioso que combateu os bandidos que pretendiam assaltar o banco?

— Lá em casa só se fala disso, na verdade. — Sina desabafou — O meu pai é policial e, agora ele tá comandando essa investigação.

— Quem será que foi o corajoso que fez aquilo? E ainda nem quis levar os créditos! — Any suspirou — Coisa rara nos dias de hoje...

— Ei! Não é aquele nerd do Josh ali atrás? — Sav observou pelo espelho.

—  É ele sim! — Sina confirmou.

—  Com licença, meninas. Eu combinei de ir falar com ele... —  A.G se afastou do grupo, para surpresa de Clarke e entusiasmo das outras duas.

Seus amigos o deixaram quando viram a garota chegar mais perto, Josh então sentiu sua garganta secar, as pessoas ao redor desapareceram de sua mente, havia só ela.

— Ah, Oi, Josh! — por algum motivo Any estava com a barriga completamente gelada agora.

— Oi, Any... Eu tava te procurando...

— Então, você já tem alguém pra ser o seu par romantico no baile de sexta-feira a noite? —  o assunto lhe pegou de surpresa—  Porque eu tava pensando em te convidar.

—  Ah, claro! Vai ser ótimo. Você é perfeita, Any, eu só queria dizer que... Eu gosto muito de você. — o loiro encostou seus dedos contra os dela, que apertou sua mão — De verdade...

O coração de A.G ferveu em emoção, ela sabia que era verdade, porque Josh era puro e sincero em tudo o que fazia.

— Josh, eu...

—  EI, BEAUCHAMP!! —  a voz atravessando a multidão, fez os dois jovens se afastarem.

Não precisava forçar muito a visão através de seus óculos para descobrir que quem vinha lá do outro lado era Noah, o garoto não se cansava de arrumar confusão e passar vergonha, completamente insatisfeito com o término de sua relação.

— Você se acha melhor do que eu, né? Eu quero ver a gente resolver isso no braço! Eu não vou deixar você ficar com a A.G!! — Urrea o empurrou.

Um círculo se formou em volta, tanto por alunos do Midtown, quanto por pessoas aleatórias.

—  Sai daqui, Noah! — Grabrielly insistiu —  Não é você quem decide isso! Aceite que acabou!!

— O meu assunto não é com você, Gabrielly! É com ele!! — retrucou, estúpido.

— Você quer mesmo fazer isso? — o loiro desafiou, sem hesitar dessa vez.

— Cai dentro, seu banana! — o chamou com os dedos.

Noah aguardou Josh iniciar a briga, com um soco ou talvez um pontapé, como esperava que fosse acontecer, mas ele se manteve parado. Foi então que, ainda mais irritado, o moreno partiu pra cima de Beauchamp, Josh apenas desviou de seu punho cerrado, foi incrível, ele pressentiu o movimento antes mesmo de ser executado, sua hiper habilidade lhe proporcionou aquilo. O sentido aranha que corria em suas veias fez com que seus movimentos se tornassem ágeis. Ele tentou lhe socar mais uma vez, mas Josh agarrou seu punho, revidando, acertando seu nariz perfeito com os dedos cerrados, fazendo com que sangrasse. Gritos ao redor foram ouvidos, estavam empolgados com aquela cena no centro da maior metrópole. Urrea apenas parou quando sentiu sua costela ser esmagada pelo chão, estava vulnerável diante de Josh, que lhe deu uma surra, foi quando seus amigos apareceram para "livrar sua pele."

— Isso foi demais! — A.G se aproximou com um sorriso largo no rosto, todos os observando.

— Foi por você... — assentiu.

Nour e Krystian murmuravam sobre a cena em questão, orgulhosos do amigo.

Porém todo o fim de tarde monótono, foi interrompido naquele instante por algo inesperado. Começou com um estrondo no lado esquerdo da avenida, um prédio arrebentou e uma fumaça de cal pairou no ar. Um homem atravessou a cinzenta poeira, estava com um óculos de aviador e uma máscara cobrindo os lábios, atrás de seu corpo duas asas presas ao traje esquisito que vestia. Como um cosplay de estirpe miserável. Josh identificou naquele momento que a ameaça era real, mas ninguém podia crer o suficiente, embora estivessem assustados.

— Povo de Nova York! Eu vim para subjugar vocês... Sou aquele que vocês vão temer quando fecharem seus olhos. Vou me alimentar de seus sonhos tão miseráveis e mastigar suas carnes! Conheçam agora, o destemível e cruel... Abutre!! — berrou do alto da torre, se lançando em direção ao chão.