⎧ 𝟬𝟬𝟲. 𝗦𝗖𝗘𝗡𝗘 𝗦𝗜𝗫
▍ SIX
NOTÍCIAS VOAM COMO
ARANHAS DE TEIA EM TEIA
— Só tem fotos da AG aqui! — Nour reclamou, analisando a câmera do loiro enquanto Krystian se arrumava no quarto.
Ela havia chegado na casa do garoto bem mais cedo que o habitual, talvez fosse por conta da ansiedade graças a apresentação do trabalho que tinham que fazer naquele dia, mas Ardakani ainda jurava que era o amigo quem estava atrasado.
— É o Josh! — respondeu ao sair do quarto — Você esperava o quê?!
O telefone então tocou ao canto da sala, a jovem que era quem estava bem mais próxima ao mesmo, se apressou para atendê-lo. Parecia ansiosa, ela nunca gostava de falar através dele, por mais estranho que isso parecesse.
— Alô?! — os primeiros segundos silenciosos foram arrepiantes — Alô?!... — repetiu.
— Ei, Nour. Não desliga. Sou eu, o Josh! — a voz embargada denunciava que algo não estava bem.
— Ah, Josh! — ela suspirou — Eu sei que a gente tá atrasado, mas dá um desconto, daqui a pouco passamos aí, eu prometo...
— Não... Não é sobre isso. — afirmou, então um nó em sua garganta se formou — É o meu tio... Ele... Ele morreu!
Nour sentou-se no sofá quando se deparou com aquela notícia tão inesperada. Repousou as mãos sobre o peito e engasgou, sem saber o que dizer a ele. Apenas encarou Krystian no outro canto, o rosto dele emanava incerteza e um pouco de curiosidade.
— Como assim? O Ben morreu?!
Ao prestar atenção nas palavras da amiga, ele arregalou os olhos, sentindo uma aflição ao imaginar aquilo, se aproximou do telefone para entender melhor aquela história.
— A gente ainda não sabe como, ao certo. Eu tenho que ficar com a minha tia! A gente tem... tem um monte de papelada pra resolver. Sinto muito, não tenho condições de ir hoje...
— Claro, você nem precisa se desculpar, Josh! — tentou tranquilizá-lo, com um sentimento de impotência em seu peito — Quer que a gente fique aí com você? Podemos te ajudar de alguma forma?
— Não. É melhor vocês irem, eu vou dar conta de tudo aqui. Se cuidem! — ele tentou se manter forte diante das circunstâncias, por mais que só quisesse chorar.
— Tá bom, nos vemos mais tarde então. — finalizou, angustiada.
— O tio Ben morreu?! — Krys estava boquiaberto, enquanto Nour buscava em seu celular pelas informações mais recentes.
— É o que parece! — ela constatou, trêmula — Não dá pra acreditar...
— O quê? O que diz aí? — Wang insistiu, nervoso.
— Parece que ele foi vítima de um assalto... O cara era um dos homens que tentaram assaltar do banco ontem, ele conseguiu escapar e fez o Ben de refém... — Nour se concentrou em continuar lendo a notícia — Algumas pessoas juraram ter ouvido ele dizer que precisava de dinheiro pra família... Bom, mas nada justifica o que ele fez, né? Tipo, ele matou o tio Ben porque quis. E pelo que conhecemos do Ben, ele nunca teria reagido a um assalto... Você não acha? — opinou, por fim.
E Josh ficou sabendo daquilo depois também, no fundo se sentia terrívelmente culpado por ter permitido que o ladrão fugisse, estava em suas mãos pará-lo. Ele podia tê-lo impedido, como fez com os outros. Agora carregaria aquela culpa eternamente, questionando o que havia se tornado e suas habilidades.
— Com certeza. — o garoto respirou fundo — Até quando vamos ter que lidar com toda essa criminalidade?
Naquele mesmo dia, um pouco mais depois das nove e treze da manhã, todos os estudantes de sua classe ficariam sabendo do ocorrido. A conversa logo caiu na boca de todos.
Primeiro, porque o assento de Beauchamp estava vazio e aquilo raramente acontecia, ele estava sempre presente em todas as aulas da semana, bom, por mais que as vezes não fosse tão pontual. Segundo, porque o professor Kyle de história pediu uma justificativa por conta da ausência dele aos seus amigos, assim que os dois começaram a apresentação do trabalho sobre a visita ao museu. A explicativa só pegou mesmo Any de surpresa, a qual não era habituada a assistir jornais ou ver notíciarios, aquilo a deixou estranhamente melancólica também.
No fim Krystian e Nour acabaram apresentando apenas três fotos, selecionando só uma das que o loiro havia tirado de AG e expondo algumas outras do ambiente, aquilo causou um pequeno alvoroço na classe, fazendo com que a garota se sentisse lisonjeada e que Noah reagisse com muito ciúmes. Mas a apresentação e o trabalho de ambos em si foram muito boas, totalmente organizado, havia chegado muito próximo de gabaritar a nota máxima.
O sinal finalmente tocou para o intervalo. Na porta da sala do terceiro ano, a professora substituta da oficina de dança, Heyoon Jeong, segurava alguns panfletos empolgada, os entregando a aluno por aluno que saia da sala de aula. Eles já haviam tido a primeira aula com ela, sua recepção foi uma das melhores, os alunos do terceiro ano eram realmente críticos com seus professores, mas Heyoon era um doce e eles a amaram. O panfleto era sobre um festival de celebração à cultura coreana, que aconteceria próximo ao centro de Nova York.
— Oi, Lamar? — Sina se aproximou do garoto, após pegar seu panfleto — Por acaso, você tá pensando em ir?
— Só se você for pra me ajudar a não passar vergonha comendo com aqueles palitinhos... — ele riu.
Logo atrás dos melhores amigos de Josh, a pessoa mais inesperada se aproximou de ambos, Any Gabrielly os cumprimentou, com uma expressão preocupada, fazendo com que paralisassem no meio do corredor.
─ Santa Madonna! ─ Krys ficou de queixo caído ─ É mesmo a AG querendo falar com a gente?
─ A-Any?... Oi! Tudo bem? ─ Nour ajeitou seu cabelo, tentando parecer mais arrumada.
─ Na verdade, não. ─ suspirou ─ Eu só queria saber como o Josh está?
─ Ah... O Josh?!... ─ a garota olhou pro amigo que, disfarçou com um sorriso.
─ E desde quando vocês são amiguinhos? ─ o asiático semicerrou os olhos, mas sua amiga o cutucou, respondendo em seguida:
─ Bom, ele, ele tá mal, né? ─ afirmou, nervosa ─ Com tudo o que aconteceu, sabe... Nós vamos nos encontrar com ele hoje, quando, quando as aulas acabarem.
─ Sabem que horas vai ser o enterro? ─ Any apertou a alça da mochila, angustiada.
─ Eu acho que amanhã bem cedo... Por que?!
─ Porque eu tô pensando em ir... Dar um apoio sabe? ─ finalizou.
Os jovens congelaram, jamais pensaram que um dia A.G os notaria, sobretudo, o Josh.
Porém, as palavras da mais popular não foram tão bem interpretadas por uma certa pessoa que escutava tudo de canto de ouvido, Noah Urrea se aproximou sem qualquer pudor, alterado, como uma criança birrenta.
─ De jeito nenhum! Não quero te ver andando com esses perdedores... ─ e puxou seu braço, mas Gabrielly se afastou a tempo.
─ Me solta! Quem você pensa que é? Eu vou! Isso já está decidido. ─ trincou os dentes.
─ Como assim? Eu sou seu namorado! ─ retrucou ─ Não vou deixar você ficar dando apoio pra alguém que você nem conhece!
─ Como você é indelicado! Não seja por isso, Noah. Terminamos aqui... ─ respondeu, com total frieza.
─ Não tá falando sério, caralho! ─ insistiu.
─ Eu tô, porra! ─ e naquele momento, uma roda de alunos se formou ao entorno ─ E vai se ferrar! Meu maior erro foi ter confiado em você...
A.G lhe deu as costas, com os olhos completamente molhados. Noah apenas correu pro banheiro, se sentindo envergonhado.
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