o brownie do perdedor
Charlotte e Taylor chegaram na casa de Max e Bella no início da noite. A inglesa estava com a mesma roupa que usou para ver Taylor no Ritz, mas Taylor adicionou um casaco ao look inicial, além de um cachecol em tom vinho. O frio da noite parecia um pouco insuportável e Taylor se espremeu no banco de trás do clássico táxi londrino, ao lado de Charlotte. Suas mãos se encontraram no meio do caminho e um sorriso bobo acabou se instalando nos lábios da inglesa, enquanto ouvia Taylor comentar sobre como, mesmo depois de anos, ainda não tinha se acostumado com o tempo da cidade. Charlotte quase desejou não parecer tão absurdamente feliz o tempo todo, mas não conseguia, e estava sendo honesta sobre isso. Ela não tinha ideia do que estava acontecendo, porque era o tipo de coisa que não acontecia com ela há algum tempo, mas Taylor a fez sentir algo.
Parando em frente à porta da casa de Max e Bella, Charlotte tocou a campainha e não demorou muito para ouvir passos no chão de madeira que acompanhava o corredor. Alguns segundos depois e lá estava Max. Ele carregava um pano de prato no ombro esquerdo e quando abriu a porta nem olhou para as meninas. Ele apenas acenou e voltou para a cozinha, acelerando o passo.
— Entre! — o mais velho falou de dentro de casa, quase gritando, e Charlotte o fez, dando espaço para que Taylor pudesse passar — Crise culinária acontecendo aqui, Lottie!
Charlotte fechou a porta atrás dela e conduziu Taylor pelo corredor em direção à cozinha. A loira continuou segurando o braço da inglesa, delicadamente, como se buscasse a mesmo que a menor garantia de que ela estava ali.
Bella estava encostada no balcão da cozinha, observando Max tirar algo do forno. Ela parecia cansada e Charlotte imaginou que tinha sido um dia difícil. Mas eles não falavam sobre isso, como um pedido honesto de Bella, e não havia nada que Charlotte não faria quando fosse Bella quem pedisse.
— Ele está tentando fazer um Beef Wellington igual ao do Gordon Ramsay — disse a garota balançando a cabeça ao ver o marido derrubar a tampa de uma tigela.
— E ele sabe que não vai conseguir? — Charlotte perguntou brincando. Bella riu e finalmente desviou o olhar do marido para poder olhar para sua melhor amiga.
Ela sorriu, mas seu olhar mal parou em Charlotte, quando a garota da ao lado realmente parecia a figura mais interessante na sala. Pelo menos naquele momento. Taylor se afastou de Charlotte e sorriu gentilmente.
— Oh meu Deus! Oi...? — Bella a cumprimentou, parecendo mais confusa do que o esperado — Você parece...
— Ei, Bella, essa é a Taylor — Charlotte disse, interrompendo a amiga, antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, sem certeza de nada.
— Ok... — Bella sorriu e olhou para ela, meio que perguntando, silenciosamente, como Charlotte havia conhecido Taylor e o que ela estava fazendo ali, na sala de sua casa.
Naquele momento Max desviou sua atenção da comida. Ele tirou o pano de prato dos ombros e colocou-o sobre a pia, depois arrumou as próprias roupas e terminou ao lado da esposa, sorrindo para Charlotte.
— Ei, Max, essa é a Taylor — disse a garota, antes que o amigo pudesse respirar ou pensar no assunto. Ele não queria, mas não pôde evitar, então acabou levantando as sobrancelhas quando olhou com atenção para a loira de frente para si, ao lado de Charlotte.
— Olá, Taylor... — Max sorriu, um sorriso meio quebrado e desesperado, percebendo que ela era quem era. Instantaneamente, ele perdeu a última gota de cor em seu rosto — Swift... Ei, você quer uma taça de vinho? Gin? Algo sem álcool? Chá? Chá gelado?
— Por enquanto não, mas muito obrigada — Taylor falou, sorrindo de maneira gentil.
Max assentiu um pouco nervoso e pensou em voltar sua atenção para o que estava fazendo na cozinha, mas a campainha tocou, então ele se dirigiu ao corredor que dava para a porta. Segundos depois o mais velho apareceu ao lado de Honey, irmã de Charlotte.
— Olá a todos — Honey disse animada, e a excitação logo caiu para o outro lado, quando seu olhar foi de Bella para Charlotte, e depois para Taylor — Ah, porra!
— Honey, esta é Taylor. Taylor, esta é Honey, minha irmã mais nova.
— Oi — Taylor sorriu e acenou.
— Meu Deus, esse é um dos momentos chave da vida, quando posso ser genuinamente legal e eu... Meu Deus, eu te adoro, acho você tão incrível! — Honey disse, sem muita cerimônia.
Charlotte controlou a vontade de revirar os olhos. Honey era conhecida por não esconder nada do que pensava. Ela falava tudo, antes mesmo que pudesse pensar melhor sobre se deveria mesmo falar ou não. Às vezes, no meio disso, algumas bobagens apareciam.
— Obrigada — Taylor sorriu e pareceu lembrar de algo — Ah, feliz aniversário! — ela estendeu um pequeno pacote para Honey, e aproveitou para abraçá-la por um momento. Era um presente de última hora, mas era um presente caro de última hora. Uma bolsa pequena Loewe que definitivamente custava bem mais do que aquela casa de Max e Bella inteira.
— Meu Deus, você me comprou um presente — Honey pegou o pacote e sorriu, mais animada do que já estava — Agora podemos ser melhores amigas. Meu Deus, case com Charlotte, ela é uma garota legal, eu juro, e então poderemos ser cunhadas — Honey disse, totalmente atrapalhada e acelerada e, dessa vez, Charlotte não pôde deixar de revirar os olhos.
— Vou pensar nisso — brincou Taylor.
Honey disse mais alguma coisa, mas logo foi interrompida pelo som da campainha tocando pela segunda vez. Max, que havia se perdido na cozinha, saiu de lá usando um avental, parecendo ainda mais trastornado que antes.
— Ok, deve ser o Bernie — ele comentou e lá foi abrir a porta de novo. Charlotte o ouviu cumprimentar Bernie e falar mais alguma coisa para o amigo, algo sobre como tinha se arrependido de ter dito que o jantar era com ele. Logo em seguida os dois surgiram ali onde as amigas estavam — Bernie, essa é a Taylor — Max a apresentou, já sem espaço para surpresas.
— Ei, Taylor! Prazer em te conhecer — ele estendeu a mão e Taylor a alcançou. Bernie então sorriu e desfez o contato, indo abraçar Bella. Max olhou para Charlotte sem entender e Honey falou, mexendo só a boca, sem som algum, que Bernie não tinha reconhecido a garota americana. Max riu de leve e Charlotte balançou a cabeça concordando. Bernie conseguia ser extremamente lento para certas coisas, então aquilo não era surpreendente.
— Honey, feliz aniversário — o mais velho estendeu uma caixa bem acabada na direção da amiga — Comprei aquele casaco da Helmut Lang que vimos dias atrás, espero que goste.
*
Charlotte estava ajudando, ou pelo menos tentando ajudar Max na cozinha. Na verdade, ela estava observando Bernie falando animadamente com Taylor logo ali na sala, pela abertura na parede que dividia os ambientes. Eles estavam sentados no sofá branco e tomaram o que deveria ser a segunda taça de vinho da noite.
— Você não transou com ela, né? — Max disse tirando as luvas de cozinha e desligando o forno. Ele deixou o Beef Wellington dentro do forno, para que não perdesse a temperatura.
— Isso é uma pergunta medíocre e a resposta é simples — Charlotte falou — Sem comentários.
— Sem comentários significa sim — Max falou e a garota revirou os olhos.
— No seu mundo, no meu não. Não significa.
— Você já chegou lá pensando nela? — Charlotte encarou Max, praticamente desacreditada, e ele riu de leve, porque era óbvio que estava brincando — Eu adoro te irritar, não sei se isso é claro.
— Acho que parece bem óbvio.
— De qualquer modo... — ele disse e se afastou — Acho que estamos prontos por aqui — Max aumentou o tom, chamando a atenção de Honey, Bella, Bernie e Taylor, que estavam na sala.
— Hm, eu gostaria de ir ao banheiro, será que...? — Taylor falou e Charlotte a olhou, apenas para ver Honey se levantando e a acompanhando até o corredor onde ficavam os quartos de hóspedes e o banheiro social. No segundo em que elas sumiram pelo corredor, Bella acenou na direção de Charlotte, a chamando.
— Rápido, rápido. Conversa rápida — ela disse e a garota se mexeu, parando ali na bancada — O que você está fazendo com a Taylor Swift?
— Taylor Swift? — Bernie disse se aproximando também — Como a cantora?
— Sim — Charlotte respondeu simples.
— A que canta Cardigan, Love Story, Blank Space... A que fez aquela versão de Last Christmas que a Honey escuta todo fim de ano?
— Essa aí — Max disse.
— Meu Deus, meu Deus, meu Deus — Bernie bebeu o resto do vinho que ainda estava em sua taça. Com mais da metade da taça cheia, ele virou tudo e colocou a o vidro na mesa de centro — Eu estava falando com ela como se não a conhecesse, ok que eu não me toquei, mas eu estava questionando com o que ela trabalhava e fiz um monólogo gigante sobre como é difícil viver de arte, eu falei isso logo para a pessoa que tá em #1 em todos os charts possíveis.
*
— Então, o que você achou do Beef Wellington? — Bella disse para Taylor.
— Eu sou vegana — Taylor respondeu em um tom baixo, e Bella a encarou um pouco desacreditada, surpresa. Mas era brincadeira, e isso ficou claro quando a garota apenas riu por um momento e completou dizendo que a comida tinha estado ótima. Charlotte deixou uma risada baixa escapar. Ela foi honesta consigo mesma, dizendo silenciosamente para si que gostava que Taylor estivesse sempre brincando com tudo e sobre tudo.
Depois do momento do pane completo de Bernie por não ter se tocado o que estava falando com Taylor, sendo ela a "Taylor", todos riram um pouco dele, até que se acomodaram para comer. Agora estavam bem relaxados, em parte por causa do vinho, mas também porque logo todos entenderam que não deviam ficar agitados de maneira estranha só porque Taylor estava no jantar de aniversário de Honey. Ela era tão normal quanto podia ser.
Charlotte admitiu que durante o jantar não tirou os olhos de Taylor. Ela estava linda à luz suave, então não é como se a inglesa pudesse evitar. A americana também conversou animadamente com Honey e Bella durante todo o jantar, e a voz dela era um pouco mais baixa e doce do que realmente se parecia a escutando através da rádio ou da televisão.
Mas enquanto Taylor conversava com a irmã e a amiga de Charlotte, a garota acabou tendo de ouvir Max e Bernie a irritarem com comentários sobre como ela estava apaixonada, e ela já estava um pouco cansada, porque na verdade era mentira. Pelo menos era o que Charlotte queria pensar. Ela não estava apaixonada, mas talvez estivesse atraída sim. Elas se conheciam a pouco tempo, então era cedo para dizer qualquer coisa.
— Hora do Café — Max sugeriu. Bella se mexeu para ir ajudar a trazer todas as xícaras, mas Charlotte se levantou primeiro, colocando uma das mãos no ombro da amiga e dizendo que faria aquilo. Ela ajudou Max a colocar as xícaras na mesa e as estendeu na direção de cada um, começando a encher os recipientes com o café — Devo dizer, Taylor, que ter você aqui me deu a confirmação de que eu precisava de que somos os perdedores mais desesperados de Londres.
—Ah! Vamos lá! — Bernie revirou os olhos e apontou na direção de Max — Que vergonha Max, que vergonha!
— Não estou dizendo que isso é algo ruim — Max falou e colocou a garrafa térmica com café no meio da mesa — Na verdade, eu acho que deveríamos ter orgulho disso, de sermos perdedores e desesperados, tanto orgulho que eu vou dar o pedaço maior de Brownie como prêmio para o mais triste e desesperado daqui.
— O brownie é do Bernie então — Charlotte brincou e todos riram. Bernie empurrou o ombro dela, muito de leve.
— Está tudo bem, apesar de não querer aceitar, obviamente o brownie é meu — ele falou, confessando enquanto levantava as mãos — Eu trabalho no centro, em uma empresa em que vejo todos sendo promovidos menos eu. Eu não namoro sério desde... Não sei, a adolescência? É! Acho que é algo assim. E, bem, quanto mais o tempo passa, mais difícil fica para que eu consiga encontrar alguém. Ei, e, veja bem, se eu continuar faltando a academia e essas bochechas continuarem a aumentar ninguém vai me querer mesmo.
— Mentira — Honey falou — Você fica bonitinho mesmo sem estar todo forte e as meninas gostam dessa carinha fofa, é só questão de achar a mulher certa.
— Concordo — Max disse — E eu tenho quase certeza de que o seu emprego paga muito bem, talvez bem mais do que eu e Honey ganhamos. Você vive andando em marca de grife. A Honey aqui, diferente de você, ela não tem nada, e para piorar ela trabalha na pior loja de livros de Notting Hill com um chefe que a odeia.
— É, e eu tenho um péssimo histórico de relacionamentos — Honey falou — Terminei com a Courtney três vezes nesses últimos seis meses e descobri que o cara com quem eu estava ficando semana passada tinha um namorado.
— Viu, terrivelmente triste — Max fingiu algumas lágrimas.
— Mas em contrapartida a sua melhor amiga agora é a Taylor Swift — Bella brincou, e Taylor riu acenando de maneira positiva.
— É, isso é verdade — Querida deu de ombros — Não posso negar. Fazer o que se ela gostou muito de mim?!
— E você não precisa se preocupar com contas médicas e dias ruins enquanto passa por um tratamento que talvez nem te ajude em nada — Bella completou — Já eu estou presa a essa repetição enquanto tento manter minha vida o mais normal possível, o que é muito difícil. Hm, e para piorar eu precisei parar de fumar, minha coisa favorita, e a verdade é que... Recentemente nós descobrimos que não podemos ter um bebê — Bella revelou de leve, um sorriso triste. Max estendeu a mão por cima da mesa e Bella a apertou. Ele enviou a ela um olhar compreensivo e depositou um beijo leve na mão da esposa.
Charlotte achava realmente linda a história dos dois, o jeito que se apoiavam. A verdade é que no início ela não tinha aceitado quando o melhor amigo começou a namorar sua ex-namorada, mas depois de muito relutar, finalmente entendeu que eles eram feitos um para o outro. Max sempre gostou de Bella, mesmo quando Charlotte a namorava na escola, e ela gostava dele também. No fim eles se completavam e a garota só era cega demais pra conseguir ver isso. Claro, ela queria ter algo parecido com o que Bella e Max tinham. Talvez por isso tenha ficado tão ressentida no início.
— Bella... — Charlotte falou mesmo sem saber o que dizer.
— Está tudo bem — ela sorriu de leve — A verdade é que somos sortudos em muitas coisas, mas sério, isso definitivamente merece um Brownie — ela falou, tentando quebrar o clima triste que havia se instalado. Bella odiava deixar que aquilo fosse o que a definisse. Sim, ela estava passando por um tratamento duro por conta do Lyme, e os dias ruins eram sempre mais espaçados que os dias bons, mas ela tinha prognósticos positivos e os médicos dixiam que a chance de ter uma vida normal era muito positiva.
— Bem, eu não tenho certeza disso — Max falou, cortando o espaço. Ele riu um pouco, e Charlotte soube de imediato que seria o apontamento da hora — Quero dizer, olha para Charlotte. Sem sucesso profissional e muita pouca sorte no amor, já é divorciada e só tem 26 anos, costumava ser maravilhosa, mas agora tem essas olheiras de cansaço e provavelmente nunca mais vai ver a Taylor de novo depois que ela descobrir que seu apelido na escola era Floppy.
Bernie riu e Honey também não se conteve. Logo todos estavam rindo e Charlotte acabou acompanhando os amigos, vendo Taylor a encarar, carregando também um sorriso no rosto.
— Então, o Brownie é meu? — ela perguntou e Max balançou a cabeça positivamente. A garota não iria não aceitar aquilo. Parecia difícil encarar a realidade, mas ela não estava tão longe disso.
— Esperem um pouco — Taylor chamou a atenção dos outros cinco para ela — E eu?
— Ok, me desculpe, você acha que merece o brownie? - Bernie disse, um pouco surpreso.
— Bem, acho que vale a tentativa — ela deu de ombros.
— Ok, mas você tem que provar que merece. Esse é um lindo brownie e eu vou lutar por ele — Charlotte disse, brincando.
-—Certo... Bem, eu tinha estado em uma dieta desde que tinha dezesseis anos, o que basicamente significa que eu passei fome por quase uma década até enfiar na minha cabeça que deveria me alimentar de maneira saudável e consistente, mas ainda é difícil deixar de lado os comentários das pessoas sobre o meu corpo... Então, bem, ainda é um trabalho constante para que eu não caia em velhos hábitos. Eu também tive uma sequência de namorados não tão legais, um deles que inclusive terminou comigo por uma ligação de alguns segundos, e toda vez que eu tenho meu coração partido eu viro notícia em todos os lugares possíveis, porque aparentemente minha vida é um entretenimento para as pessoas. Além de que eu tive de gastar alguns milhões para ficar assim depois que fiz trinta anos — ela apontou para si mesma. Charlotte a olhou com cuidado e tentou pensar no que parecia diferente, mas na verdade, Taylor parecia tão jovem quanto antes, como se não tivesse mudado nada desde o início da própria carreira. Charlotte não era nenhuma fã, mas tinha na própria mente a lembrança da garota ainda jovem, na primeira vez que colocou os pés em Londres. Tinha sido uma grande coisa, com ela cantando em um pocket show organizado pela Apple Music.
— Sério? — Honey disse.
— Sim, e um dia tudo isso vai sumir — Taylor falou e um silêncio se fez presente, até ela continuar — Meu rostinho bonito não vai significar mais nada daqui alguns anos, eles vão dizer que eu não sei me apresentar, vão descobrir que também não sei atuar e que minhas músicas nem são tão boas assim e eu vou me tornar uma mulher de meia idade triste, que vai apenas parecer como alguém que já foi famoso, mas que ninguém consegue se lembrar direito.
Bernie olhou para Charlotte, e então a garota olhou para Taylor. Max encarou ela também, assim como Honey e Bella, e a próxima coisa que aconteceu foi todos começarem a rir, em um meio riso estranho, até que Taylor balançou a cabeça e os acompanhou.
— Ok, boa tentativa — Max falou — Mas você não engana ninguém.
Taylor sorriu e deu de ombros. Ela não estava mentindo quando falou sobre o problema consigo mesma e seu corpo, bem como a coisa com os namorados. Mas a coisa toda dos milhões de gastos para continuar jovem... Claro, ela tinha feito um procedimento aqui e ali, mas no geral nada que tivesse sido tão drástico. Com quase trinta e três, ela estava, na verdade, bem feliz consigo mesma, e isso era um ganho positivo.
— Ok, é isso — Charlotte falou — O Brownie é meu, então
— A vendedora de discos mais triste e desesperada de Shoreditch! — Bernie gritou uma pequena xícara de café, como que fazendo um brinde — Eu já esperava isso de você.
— É, eu também esperava isso de mim — a inglesa concordou, brincando.
*
— Foi uma ótima noite — Taylor falou e Max sorriu. Ele estendeu a mão para ela, para que pudesse se despedir. A garota a apertou.
— Fico feliz — o inglês então disse.
— E se me permite dizer, a sua gravata é maravilhosa — Taylor sinalizou a gravata de Max que estava praticamente pendurada pela ponta na camisa. Ele mal tinha reparado, e estava assim desde o início da noite. Tinha chegado do trabalho sem nem mesmo ter tempo para respirar, e então a roupa dela ainda parecia uma bagunça.
— E agora você mentiu.
— Eu disse que não atuava bem — ela deu de ombros brincando, e então se virou e se inclinou levemente para abraçar Bella — Adorei te conhecer.
— Eu digo o mesmo.
— Enfim, boa noite! Boa Noite, Honey! — ela abraçou a irmã de Charlotte e logo fez o mesmo com Bernie — Tchau, pessoal! Foi realmente incrível conhecer vocês.
— Boa noite! — Charlotte falou já abrindo a porta, Taylor passou por ela e a garota abraçou os amigos para então abraçar a irmã, desejando feliz aniversário mais uma vez, antes de sair.
Assim que ela fechou a porta ouviu alguns gritos vindos de dentro da casa. Bernie compartilhou algo com os amigos e então emendou outra coisa, e não só Charlotte, como também Taylor, conseguiu ouvir seu nome sendo citado.
Charlotte encarou a garota, logo ao lado, e sorriu meio sem graça.
— Me desculpe, eles sempre fazem isso quando eu deixo a casa. É a minha energia — ela brincou fazendo Taylor rir. A mais velha balançou a cabeça e alcançou a mão de Charlotte, a puxando para que pudessem começar a caminhar. Elas não estavam longe da casa de Charlotte, assim como também não estavam longe do ponto de táxi.
— Floppy, né? — Taylor desviou a atenção do caminho por alguns segundos, apenas para olhar nos olhos azuis da inglesa.
— É por causa do meu cabelo — Charlotte explicou — Bem, era por causa do cabelo. Eu cortei bem no início do colegial e ele era uma bagunça, ganhei o apelido e acabou pegando, mas só continuou mesmo porque depois que cresceu, o cabelo deixou de ser bagunçado, mas a minha vida não — ela deu de ombros.
— E, bem, a Bella...
— Sim?
— A maneira como ela falou... O que ela tem?
— Ah, bem, cerca de um ano atrás ela descobriu que tem a doença de Lyme, e então as coisas ficaram um pouco difíceis. Max tem um bom trabalho, mas parte das contas do hospital são muito altas, porque ele fez questão que Bella recebesse um atendimento particular. Então, é, tudo é muito complicado, e ela tem dias ruins e bons. O tratamento tem sido positivo, pelo menos.
— E a história da gravidez, tem relação com tudo isso?
— Para falar a verdade, eu não sei. Eu não acho que ela e Max tenham tentado ter filhos antes de tudo isso, então realmente não sei te responder. Eles se casaram jovens, mas queriam esperar ter estabilidade até pensar no próximo passo, meio que... Meio que, com tudo que aconteceu, acho que o tempo passou a correr um pouco mais rápido. Nós temos certeza de que Bella vai sair dessa, de que a coisa toda não é tão preocupante, mas é difícil não pensar em cada dia como um dia grande e importante, não deixando nada para depois.
— É, eu entendo — Taylor disse, e então um silêncio caiu pelo espaço.
Mas não por muito tempo, quando Charlotte suspirou com cuidado, e então perguntou: Ei, você gostaria de ir até minha casa? É aqui perto, podemos caminhar até lá.
Ela gostava da companhia de Taylor e sabia que não tinha uma previsão de quando a veria de novo ou se em algum momento as duas teriam uma noite tão leve como aquela. Honestamente, ela só queria que o momento durasse, porque Taylor tinha dito, quando elas ainda estavam no hotel, se preparando para entrar no táxi em direção a casa de Max, que estaria indo embora de Londres no dia seguinte, depois da sessão de fotos. Ela teria um dia agitado e entraria em um avião assim que terminasse tudo. Sem data alguma de quando voltaria.
— Muito complicado — Taylor sugeriu e balançou a cabeça em sinal negativo.
— Entendo — foi o que Charlotte falou.
— Você vai estar ocupada amanhã? — a garota quis saber, e a inglesa estranhou.
— Não — mas ela respondeu de qualquer forma — Por quê?
— Nada, só estava pensando... — Taylor deixou a intenção no ar, emparelhada. E então Charlotte mal se conteve. Ela encarou a garota.
— Você não vai embora amanhã? — e perguntou. Taylor sustentou o olhar por alguns segundos, antes de desviar e sorrir, como uma criança pequena.
— Eu ia, mas não acho que quero ir mais.
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