caixa de pandora, vinho e solução
No dia seguinte ao duro choque de realidade, em que Charlotte deu de cara com uma vida muito distante da dela, em que Taylor não apenas parecia inalcancavel, por todos os motivos aparentes, mas também por ter um namorado, a inglesa ainda parecia sem saber como agir.
Pensando com cuidado, ela entendeu que gostava muito de Taylor, e a verdade era que assim que a viu, não pensou em nada além do fato de que aquela seria uma única interação para que então nunca mais se encontrassem. Mas Taylor ganhou um suco de laranja derramado sobre si, e Charlotte ganhou um beijo que não tinha nem mesmo pedido. Ela não estava tentando distruibuir culpar, mas se Taylor tinha um namorado, parecia honesto que ela deixasse isso claro. Charlotte pensou que a garota talvez tivesse em mente que ela sabia sobre isso, mas não, Charlotte não tinha ideia, e entendeu a razão quando chegou em casa e foi entender quem era o cara por trás daquele título.
Joe tinha uma boa fama por onde passava, mas ele era tão discreto sobre a própria vida que se você não fosse algum fã dele, ou de Taylor, mal saberia que eles estavam juntos. Eles tinham duas únicas fotos de saídas noturnas pela cidade. Nenhuma foto em tapete vermelho, e apenas um momento compartilhado na plateia de uma premiação. Taylor já havia falado sobre ele, mas eram em matérias tão específicas que se você procurasse o nome dela junto a palavra "namorado" o que aparecia eram as relações antigas.
Charlotte acabou deixando isso para trás de qualquer maneira. E ela estava sentada no sofá, vendo a chuva cair pela janela enquanto tomava um chá. O clima de Londres só somava a tristeza que tinha tomado a garota por completo, e ela também não se ajudava já que não conseguia parar de pensar em Taylor.
— Vamos lá, o que aconteceu? — a garota escutou a voz de Spike e de repente viu ele surgindo em sua visão, se sentando no estofado em frente a janela, tampando a vista da chuva que caía — Eu estou em contato com vibrações espirituais, e eu sei que tem algo errado. Vamos lá, me diga — ele falou e ela o encarou, achando no mínimo esquisito o que ele dizia. Mas ela estava falando com Spike, e sabia que se havia algo que poderia esperar dele era que nada fizesse sentido.
— Bem, ok... Tem essa garota — ela falou.
— Aha! Eu sabia que tinha a ver com uma garota — ele levantou as mãos, comemorando uma vitória própria e com isso Charlotte terminou revirando os olhos — Eu senti a energia de um problema feminino. Mas ótimo, enfim, continue minha querida amiga.
— Ela é alguém que eu não consigo tirar da cabeça e... Não sei, é como se eu tivesse injetado a heroína do amor e agora eu estou viciada, mas não posso ter mais daquilo de novo. Como se eu tivesse aberto a caixa de Pandora achando que seria tudo incrível, mas não, só tinha problema dentro!
Spike balançou a cabeça de maneira positiva. Ele acenou e então suspirou tão fundo que parecia pronto para perder o próprio ar.
— Bem, a caixa é isso mesmo. Mas veja, eu conheci uma garota chamada Pandora, isso foi na escola, quando ainda vivia em Sligo — ele comentou — Mas nunca tive a oportunidade de ver a caixa dela.
— Isso me ajudou muito — Charlotte disse em um tom irônico e quase revirou os olhos pela segunda vez, mas naquele passo acabaria os revirando a cada cinco segundos então se poupou disso.
— Nah — ele deu de ombros, rindo um pouco — Eu estou apenas brincando. Você sabe, é como eu levo as situações. Mas me diga, os problemas dessa garota... Eles são tipo, ela é realmente uma bandeira vermelha ou vocês estão apenas complicando o que parece fácil? Porque, e eu digo com propriedade, às vezes criamos dificuldades bobas apenas para termos desculpas.
— Ela tinha um namorado e não me disse nada sobre isso.
— Oh — Spike se surpreendeu — Ok. É ruim. Você e ela... V-vocês terminaram?
— Mal tínhamos algo — Charlotte deu de ombros — Não falamos sobre isso. Eu a conheci dias atrás.
— Certo, certo... Então talvez seja melhor assim — ele disse — É desonesto estar com alguém que já tem alguém. Você se sentiria péssima de qualquer maneira.
— Eu sei.
— E se ela entrou nisso com você enganando duas pessoas... Não sei, pense no que ela não faria — ele apontou.
— Ok, não acho que ela seja a pior pessoa do mundo-
— E eu não estou dizendo que ela é — Spike interrompeu Charlotte, querendo deixar seu ponto muito claro — Mas é de se pensar. Nada de bom começa em uma relação clandestina, Lottie.
*
A chuva havia parado e assim que a noite chegou, Charlotte decidiu que não ficaria alí sem fazer nada. Por sorte Max tinha a ligado dizendo que estaria junto de Bernie no restaurante de Matt enquanto Bella e Honey saíam com as amigas do antigo trabalho de Bella. Eles a deram a escolha de uma noite de garotas ou um tempo soturno com os garotos. Charlotte optou pelo segundo, porque não queria ter de aguentar as amigas de Bella.
Então ela caminhou pela rua pouco movimentada em Shoreditch e passou pelos estabelecimentos ainda abertos que ainda começavam a chamar pessoas para a noite. O restaurante de Matt estava fechado para serviço, o que levou a uma noite realmente mais calma, porque o lugar vazio junto a uma garrafa de vinho e o som baixo de Billy Joel nas caixas de som causou algum efeito.
Quando se sentou na mesa compartilhada, que Matt juntou, Charlotte ocupou o lugar ao lado de Bernie. Matt fez o que conseguiu, ligando duas mesas para que pudesse estender um pano de mesa e então colocar os pratos com massa fresca e um molho branco como o jantar dos amigos. Ele cozinha tão bem, e colocando o macarrão na boca, Charlotte quase sentiu parte da própria tristeza indo embora.
— Ok, olhe — Bernie chamou a atenção da amiga — Eu estava no site da Teen Vogue e tem uma matéria enorme sobre o relacionamento de Taylor e Joe. Tudo sobre como eles se conheceram e desde então tem sido super discretos sobre o que tem. Ele nunca fala dela e parece se irritar quando perguntam. Ele já deu diversas declarações sobre como quer manter o que é deles dessa maneira. E, não sei, acho que Taylor apenas aceita isso.
— Está bem, hm, por que exatamente você está me falando isso agora? — Charlotte perguntou tentando realmente entender o sentido.
O que parecia, de um jeito muito ruim, era que todo mundo sabia sobre aquilo enquanto ela não tinha a mínima ideia. Bernie comentou alguns minutos depois como sabia sim que Taylor tinha um namorado, mas que a ver com Charlotte o fez pensar que ela estava solteira. Ele murmurou, um pouco contrariado, que não esperava aquilo dela - e então completou com "Mas também não deveria esperar nada. Eu não a conhecia". E Charlotter concordou. Haviam expectativas, mas isso era na conta dela. Ela ainda achava horrível a situação, e se estivesse distribuindo culpa então acabaria jogando aquilo em Taylor. Mas Charlotte estava tentando não fazer aquilo.
— Você não sabia mesmo que ela tinha um namorado? — Matt perguntou quando se sentou depois que tirou os pratos e alcançou a segunda garrafa de vinho branco da noite.
— Não, Matt — ela suspirou — Eu não sabia. Você sabia?
— Bem... — ele sorriu sem graça — Ele não é a pessoa mais famosa do mundo, mas a namorada dele é, então... Não sei, eu vi uma ou duas matérias sobre os dois.
— Max? — Charlotte encarou o amigo, buscando qualquer apoio.
Dizer que ela não encontrou era até desnecessário. Max sabia também, mas tinha tido a mesma impressão que Bernie, então permaneceu quieto sobre aquilo quando viu Taylor com Charlotte.
— Está em todos os lugares se você olhar bem — ele deu de ombros — Sem contar que no último ano ela se tornou uma sensação por direito próprio. Não que não fosse já, mas, bem você entende... Ela lançou dois álbuns muito bons e então uam regravação que fez muito sucesso e a base de fãs dela triplicou. Se você liga o rádio, você escuta sobre ela e sobre a vida dela.
— Eu não escuto o rádio — Charlotte murmurou.
— Bem, você deveria — Bernie comentou. Ele não queria soar tão irônico quanto acabou soando, mas deu de ombros sem retirar qualquer ponto da frase.
— Isso é uma merda — Charlotte suspirou — Foi um tempo gasto em algo sem futuro, e tudo porque eu não leio revista de fofoca.
— Está tudo bem, Lottie. Olhe vamos encarar os fatos — Max falou — Isso sempre foi uma situação impossível, digo, você e... E e-ela — ele tropeçou um pouco no que dizia, tentando não parecer um idiota na sentença seguinte — Enfim, o meu ponto aqui é que Taylor é uma deusa e você sabe o que acontece quando nós, meros mortais, nos envolvemos com Deusas.
— Nós... Morremos? — Bernie perguntou, sem entender realmente o sentido da analogia, e Charlotte encarou Max, também sem saber para onde ele estava indo.
— Bem, sim... — o mais velho balançou a cabeça positivamente — Não literalmente, mas morremos por dentro, nos damos mal, batemos a cara na parede e então pense em todas as outras situações ruins que podem envolver isso. A coisa aqui é que, é mais fácil quando estamos com quem nos entedemos. Ter uma vida minimamente parecida pode facilitar muito as coisas e, vamos lá, a vida da Taylor é completamente descolada do seu mundo aqui em Shoreditch. Não quero soar pessimista, mas em algum momento isso acabaria mal, então que bom que pelo menos terminou antes que pudesse começar.
— Ok... — Matt sorveu parte do vinho em sua taça, e então continuou — Eu concordo com o Max.
— Ótimo! — Max sorriu — E agora vamos esquecer isso porque eu, na verdade, tenho a solução para os seus problemas, Lottie.
— Tem? — a garota levantou as sobrancelhas, duvidando de que Max teria sequer alguma coisa.
— Tem? — Bernie perguntou também, e ele soou tão incrédulo que Max acabou revirando os olhos pela questão.
— É, é, é... Eu Tenho — ele disse — E o nome dela é Lily! Ela trabalha no RH da minha empresa, e é uma criatura adorável.
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