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08. feelings that remain and the pain that comes and goes


" sentimentos que permanecem e a dor que vai e volta "

A noite de Elena havia sido muito difícil. Mesmo que ela tenha aprendido a sempre seguir em frente e que a cada situação ruim, algo bom viria em dobro, não significava que não iria doer e que não a faria perder um pouco de seu lindo brilho contagiante. Seria um eufemismo dizer que ela havia de fato dormido, ela ficou quase a noite toda rolando na cama enquanto chorava, as vezes gritava contra o travesseiro já que não queria acordar Storm, mal sabia ela que Alice também mal havia dormido porque estava preocupada com a irmã e ouvia seu choro baixinho mas não tinha coragem de se intrometer em seu momento de tristeza.

Elena havia levantando cedo, costume que adquiriu vivendo a vida toda com pessoas que serviam o país e assim ela se sentou de frente para a janela e ali permaneceu por quase uma hora.

─── Lena, eu sei que talvez agora não seja a melhor hora...───  Alice começou encostada no batente da porta do quarto em que Elena estava sentada perto da janela, seu cabelo voando com os ventos que vinham do mar.

─── Pode falar, Tormy...───  Elena se virou enxugando uma lagrima que caia de sua bochecha.

Alice sentiu seu coração de irmã mais velha se apertar em seu peito.

─── Tem certeza? Eu sei que não sou boa com as palavras e não vou poder fazer muito por você sem ser acabar com o Jake de todas as formas possíveis, mas não quero te obrigar a falar comigo se você não estiver pronta. ─── Alice disse suavemente, sentia que se usasse seu tom mais sério, machucaria Elena de alguma forma.

─── Você não está me obrigando a nada, Alice. Pode falar, não tem problema. Mas, só aceito se fizer o chocolate quente da Nonna...─── Elena sorriu levando Storm a lembrar dos dias em que a pequena Elena tinha acabado de chegar aos Estados Unidos e sentia falta de tudo, de seu país, de sua casa e de sua família e sempre que podia, Alice fazia o chocolate quente que a avó delas sempre usava para mimar Elena.

─── Ah então é pra já! ───  Alice sorriu dando uma leve batidinha no batente da porta e logo indo até a cozinha.

Enquanto Elena ficava observando o mar ao longe e se perdia em seus pensamentos, Alice preparava o simples chocolate quente que deixava não só a língua de Elena quente e talvez um pouquinho queimada, mas que aquecia seu coração e fazia se sentir novamente na fazenda dos avós, deitada entre os pais recebendo carinhos de ambos e esperando que sua avó trouxesse chocolate quente em sua mamadeira rosa favorita, ela tinha três anos mas ainda lembrava como se fosse ontem. E em seu coração machucado, ela queria que tivesse sido ontem, e não a tragédia que foi.

─── Aqui! ───  Alice chamou sua atenção entrando no quarto, a fazendo se arrumar em sua poltrona confortável, Alice poderia quase não ter quadros e plantas como Elena amava ter, mas sabia escolher os móveis mais confortáveis. ─── Eu não sei fazer aqueles suspiros caseiro da Nonna que ela jogava por cima do seu chocolate quente mas comprei marshmallows quando soube que você estava na cidade.

─── Você sabe mesmo como cuidar de mim, Lice! Obrigada por tanto...───  Elena sorriu aceitando a caneca da mão da irmã que era toda branca com a clássica cena do Patrick Swayze levantando a baby em dirty dancing e a de Alice era toda preta com o logo do Starbucks mas ao invés do slogan original estava escrito dark coffee e o darth vader como garoto propaganda.

─── Quando tudo aconteceu no bar ontem e você saiu correndo, Jake me disse umas coisas... ─── Alice começou sem muita certeza do que iria dizer, ela segurou sua caneca com as duas mãos, a apertando um pouco contra si.

───  O que ele fez agora?! ───  Elena exclamou, não animada, não com raiva, mas cansada.

─── Tirando o que sabemos que ele fez, nada. Mas, ele disse coisas sobre nós e elas não saem da minha cabeça, Lena.─── Alice disse suavemente.

───  O que ele disse? ─── Elena indagou confusa.

Alice suspirou.

─── Que eu coloco muita pressão em cima de você, que eu sufocava você com os feitos que fiz durante a minha vida e por minha causa você não permanece em nenhum lugar por muito tempo.───  Alice disse olhando para o líquido em sua caneca enquanto contornava a borda com os dedos.

─── Entendo. ───  Elena disse em um tom indecifrável logo tomando um gole de seu chocolate quente e olhando por alguns segundos a janela novamente. Quanto mais quieta Elena ficava, quanto menos ela falava, mais alto o coração dela gritava e mais preocupada Alice ficava. ─── É verdade que sinto uma pressão enorme em cima de mim em relação a tudo que você fez na sua vida e faz até hoje, caramba você é uma Capitã e eu sou uma escritora que viaja bastante; tenho medo de avião e sou apenas um leve vento perto da tempestade que você é. Mas, se alguém colocou qualquer pressão, fui eu.

─── Não entendo, Lena! Você sempre foi uma mulher forte e que se orgulhava do que faz. Sou boa no meu trabalho porque gosto do que faço, do mesmo jeito que você. Você ganha prêmios literários e ótimas reviews de gente famosa, você sempre sabe o que dizer no momento certo enquanto eu só falo besteira. Eu não entendo como...

─── Eu sei, Lice! De tudo isso, de verdade. Mas, sempre tem aqueles momentos em que somos apenas frágeis e eu amo...amava...Jake o suficiente para deixar que ele visse esses momentos, mas isso não significa que eu te odeio ou qualquer coisa que seja ruim em relação a você.

─── E por que você nunca fica muito tempo em algum lugar?

─── Tenho medo, só isso. Papai e mamãe viveram a vida todo no mesmo lugar, eles mereciam um final feliz mas isso não aconteceu. Tenho medo de montar uma família e perdê-la como eles perderam. E não precisa me confortar agora, estou bem. Só preciso lidar com tudo isso internamente.

─── Não consigo parar de me culpar por não ter te dado um lar estável e ter ensinado a você que podemos perder quem amamos ou literalmente qualquer coisa se esse for no nosso destino, os planos de Deus ou qualquer crença que você acredite. A vida é curta demais, Elena, foi isso que a morte dos nossos pais me ensinou.

─── É aí que você está errada, Lice. Você não tinha a obrigação de me ensinar nada, você assumiu um papel que não cabia a você. E não importa o que você pense, ter dezoito anos é apenas ser uma criança mais velha, você também não estava pronta. ─── Ela olhou com os olhos brilhantes no fundo dos olhos de Alice, afagando sua mão. ─── Termos crescidos juntas e mesmo assim sermos completamente diferentes e com nossas experiências de vida e lados diferentes de uma mesma história, isso não muda nada entre nós, Lice. Porque para sempre nossas raízes estaram interligadas. E eu sou grata por isso.

Alice chorou feito uma criança, e estava tudo bem. Elena a puxou para seu colo e ficou abraçada a irmã até que ela se acalmasse, as duas tinham muitos sentimentos suprimidos durante anos e anos, e poder finalmente deixar que tudo saisse um pouquinho de dentro e deixasse esse fardo mais leve, era para se dizer o minino libertador.

─── Agora, levanta...─── Elena pediu em meio a lágrimas. ─── Poupe suas lágrimas, lave o rosto. Você tem uma missão para coordenar, Tormy! ─── Elena sorriu acariciando as bochechas da irmã.

─── Obrigada, Lena!

( ... )

A Capitã andou pelos corredores da Escola de Combate Aéreo, seu caderno azul marinho debaixo de seu braço enquanto ela se dirigia à sala preparatória para voo. Seus passos pesados ecoavam pela Top Gun, um lembrete de seu humor que naquela manhã estava... não tão bom. Rooster andava em seu encalce, organizando suas próprias folhas de avaliação que também, não estavam tão boas. 

─── Eu vou acabar com aquele desgraçado ─── ela anunciou simplesmente, ao encontrar Thunder em um dos corredores. 

O homem apenas riu, o que não foi recíproco pela parte de Rooster e Storm. Ele começou a andar junto aos dois na direção a sala preparatória, assim como Bradshaw, usando seu macacão de voo que pesava seus corpos para baixo. 

─── Que desgraçado desta vez, Tormy? O homem-forca? ─── ele continuou rindo da raiva da antiga piloto, e de repente ocorreu para Storm, que ele não fazia ideia do que tinha acontecido. 

Ela parou abruptamente junto de Rooster, como se os dois tivessem compartilhado do mesmo pensamento. 

─── Onde você foi depois que a Breeze terminou de cantar? ─── Rooster questionou, cruzando seus braços na frente do corpo. 

Thunder parou também, arqueando a sobrancelha pelo comportamento hostil dos dois. Ele cruzou os braços e tombou a cabeça, achando estranho o interrogatório. 

─── O que? Um homem não pode mais ir no banheiro sem ser julgado? ─── ele respondeu simples, tendo como resposta um olhar estranho entre Rooster e Storm —─── Vocês dois 'tão mais estranhos que o normal.

Dizendo isso, Thunder se virou e continuou a caminhar, dando de ombros para a estranheza dos dois. Rooster e Storm se entreolharam e seguiram em passos firmes atrás do WSO. 

─── Ele traiu a Breeze. 

O homem parou. Storm observou quando o rosto do mesmo se transformou e ele virou o padrinho protetor de Breeze. Não mais o homem engraçado que duetava ABBA com ela, mas sim o Thunder que mataria por ela. 

─── Eu vou matar aquele desgraçado.

( ... )

Elena havia passado quase toda a mãe revezando entre a janela do quarto e da sala da irmã, ela ia até a cozinha pegava mais um pouco de chocolate quente e qualquer doce que Stone guardava nos armários já que era um de seus poucos pontos fracos e voltava para sua posição. Ela mentiria se dissesse que não gostaria de uma bebida para amenizar pelo menos um pouco do turbilhão que está sua cabeça, mas tudo o que Alice tem são cervejas que Elena odeia. Então, que seja doce!

Migrando para o sofá cheia de doces, Elena tentou ligar a televisão e tudo que estava passando eram ou comédias românticas ou simplesmente vários filmes em especificamente em algo triste como
a cena do penhasco em O Rei Leão. Ela quase jogou o controle na televisão da irmã, mas não fez porém também não controlou um grito que estava preso em sua garganta, mas ela ainda se conteve porque não queria os vizinhos da irmã contra ela também.

Com tanta tristeza e ainda sendo tudo tão recente, Elena simplesmente não conseguia parar de pensar na traição de Jake e na mulher que ele a traiu. Mal fizeram vinte e quatro horas desde que eles...não, ela terminou com ele. Se bem que parando para pensar, Elena sabia que quem acabou com tudo foi ele quando a traiu, ela apenas fez aquilo que ele não tinha coragem de fazer. Não há maneira de dizer que Elena era mais forte, porque ela não se sente assim.

Ela se sente na verdade mais fraca do que ele. Terminar um relacionamento que vem de alguns anos, algo que realmente teve sua importância e em algum ponto foi verdadeiro, era para Elena como perder alguém querido. O que de certa forma era verdade, ela perdeu Jake. Mas, apenas porque ele procurou por isso.

Não vai ser nada fácil continuar na cidade, frequentar os mesmos lugares e ter praticamente os mesmos amigos e saber que nada disso afeta o grande Hangman. Deus, como ela o odiava.

Elena voltava em como as mãos daquela maldita mulher encontraram o corpo de Jake, da mesma maneira que ela sempre fez. Será mesmo que ele diz a verdade? Ele apenas dormiu com ela uma vez? E se simplesmente for tudo mentira e ele a ama mais do que um dia pôde amar Elena? Breeze só conseguia imaginar aquela mulher, ela deve ser tão doce, deve amar voar e com certeza deve ficar impressionada pelas habilidades dele...Ela significa que ele esqueceu de Elena?

Será que ele para ela que ela é a garota mais linda que ele já viu? Será que agora é a foto dela que voa com ele? Santa Rita, porque Elena continuava pensando e sempre voltando nisso? Elena Alves nunca foi uma mulher insegura, porque agora seria.

Ela mal podia explicar o porquê de tantos pensamentos intrusivos e que não condizem com quem ela. Mas, nessas últimas horas nada combianva de verdade com o que deveria ser. Elena havia sonhado com um amor eterno, que agora ela sabe que nunca esteve destinado a acontecer, mas porque tinha que doer tanto.

Elena apoiou o rosto entre as mãos e fez aquilo que havia segurado desde o momento em que viu Jake pela última vez, ela chorou de verdade. Sem se segurar, sem colocar um travesseiro em seu rosto para abafar os barulhos de quando fungava ou puxava o ar com força porque havia engasgado com seus soluços. Breeze nunca foi do tipo que chorava com facilidade, mas reprimir tantas coisas finalmente a afetaram. Escorrendo pelo sofá, Elena se sentou no carpete abraçando seus hoelhos e apenas deixando-se ser levada pela sua tristeza.

( ... )

A campainha tocava, tocava e tocava mais um pouco nos últimos cinco minutos, Elena estava decidida a não deixar que aquilo chegasse até ela, então simplesmente decidiu que iria ignorar até que quem for o maledito que esteja tocando vá embora. Sem contar que ela planejava ignorar muito mais que isso.
Sentada no chão da cozinha, enquanto abraçava os joelhos ela chorava e chorava, tudo aquilo que havia represado dentro de si.

Do outro lado da porta, Thunder batia os pés no chão em sinal de seu nervosismo enquanto não ouvia nenhum sinal de vida lá dentro e tinha muito medo em que estado iria encontrar sua afilhada.
O homem passou abruptamente as mãos pelos cabelos tentando não arranca-los de sua cabeça, tentando colocar seu cérebro lerdo para funcionar e ele chegar há qualquer solução boa.

Ele chutou a primeira coisa que viu, a planta morta que Storm esqueceu de regar e sempre que chegava em casa dizia que da próxima vez que saisse a jogaria fora, e isso se repetia há meses. Mas, a chave debaixo do prato do vaso, era mais útil do que a planta morta. Thunder pegou a chave e destrancou a porta esperando por alguns segundos antes de abrir, ele respirou fundo e tentou não entrar muito depressa e assustar Elena.

Com delicadeza ele abriu a porta, logo antes mesmo de entrar varrendo o apartamento com seu olhar, em busca de Elena que não estava em nenhum lugar visível. Ele entrou, fechou a porta e ficou parado encostado na mesma. Ela podia ouvi-lá suspirar e chorar, só não tinha tanta certeza de onde ela estava.

Thunder fez menção de continuar andando até a direção dos quartos, mas congelou no lugar quando viu brevemente Elena sentada no chão da cozinha chorando mais do que ele como seu padrinho amigo achava que poderia ser permitido. Ela tentava desesperadamente segurar os soluços, o choro alto e doloroso e qualquer barulho que denunciasse como ela estava se sentindo.

O homem fechou os olhos por alguns segundos, a visão de Elena havia chegado com força em seu coração e havia o quebrado como se tivesse sido bombardeado. Jake Seresin havia acabado com Elena, a mulher mais incrível e forte que qualquer um poderia conhecer. E doía para Thunder ver a menininha que aguentava filmes de terror com gargalhadas e fantasias, enquanto ele ainda tinha medo de dormir com a luz apagada. Jake havia deixado em pedaços a única pessoas que jamais faria isso com alguém.

Thunder andou a pouca distância que o separava de Elena, e se jogou no chão ao lado dela. Ele a pegou com delicadeza, carinho e cuidado e a colocou em seu colo a abraçando como só um padrinho pode ter. Acariciando seus cabelos e sussurrando em seu ouvido como só um pai pode fazer. E jurando que acabaria com Jake apenas como um grande amigo pode fazer.

Os dois ficaram ali para o que se parecia uma eternidade. A pequena Elena, que para Thunder sempre será desse jeito, passou quase uma hora deitada em seu colo deixando que todas as lágrimas que ela segurou durante muito e muito tempo escaparem de seus olhos e fluírem como deveria. Elena nunca experimentou a sensação de cair, ralar o joelho e receber o cuidado de uma mãe enquanto fazia um curativa e dava um beijinhos pra sarar. Storm não era tão calma assim, ela se desesperava achando que era algo sério e levava Elena para o hospital apenas para limpar o joelho colar um band aid.

Elena também não teve a experiência de chegar na sala e ver o pai assistindo televisão e simplesmente poder se jogar no sofá e deitar ao lado dele e se aconchegar em seus braço e assistir algum filme de ação que ela não entendia mas só assistia pelo pai. Muito menos a chance de chorar no colo do pai por ter seu coração partido por um garoto.

Durante toda sua vida, bem isso era o que mais a machucava. Mas agora? Ela tem o Thunder. Seu padrinho que jamais a deixaria desamparada.

─── Você quer conversar sobre toda a situação ou prefere deixar isso 'pra você lidar internamente? ─── Thunder indagou ainda com Elena deitada nele, enquanto ele acariciava deus cabelos loiros.

─── Não quero falar sobre isso agora. ─── Ela suspirou cansada e fungou logo em seguida. ─── Você tem algo para me dizer?

─── Apenas que estou aqui, mas, você já sabe. ─── Ele sorriu a apertando um pouco mais contra si.

Os dois ficaram em silêncio por mais alguns minutos.

─── Não posso ficar aqui para sempre. ─── Ela disparou se endireitando e saindo do colo dele, logo se encostando no armário da pia.

─── Você não pode fugir da cidade, Lêlê! O que aquele bastardo de merda fez não pode afastar você da sua família. ─── Ele disse mais calmo e suave que o normal, não queria assusta-la de alguma forma.

─── Não posso ficar mais presa no apartamento da Alice. Não desse jeito, pelo menos. Eu não sou assim, sinto como se eu estivesse definhando aqui dentro. Mas, por outro lado não quero ir a nenhum lugar que Jake possa estar, não estou pronta pra ele.

─── Bem, talvez, você possa ir comigo até a casa do Ice.─── Ele sugeriu.

─── Não estou com cabeça pra lembrar de codinomes agora, padrinho.

─── O homem que ajudou Alice, aquele por quem ela tem um grande apreço. Ele está morrendo, Lêlê e precisa de apoio.

─── Eu vou com você. ─── Ela se decidiu limpando as lágrimas.

Jake não merecia seu sofrimento, e ela seria mais útil prestando apoio ao homem que fez o mesmo pela irmã dela.

( ... )

Storm se voltou para o almirante, sorrindo para o mesmo e se sentando na cadeira onde anteriormente Mav havia sentado e se voltou para o amigo que se sentou em sua cadeira, ligando novamente o software do computador, dando oportunidade para a Capitã de aliviar o clima. 

— O que foi, Vanilla Ice? O gato comeu sua língua? — ela riu, fazendo Iceman tossir e logo após risos foram escutados vindos do homem. O humor de Storm era algo a ser estudado, mas Ice adorava isso sobre ela. 

O mesmo sorriu novamente, parando de rir e observando a mulher, a quem ele havia ajudado a tanto tempo atrás, e agora era um dos melhores pilotos da Marinha. Ice não pode negar que sentiu orgulho. 

— Você não contou para ele? — o homem questionou com a voz rouca, de repente o clima mudando drasticamente na sala. 

Storm virou os olhos e se acomodou melhor na cadeira. 

— Eu ‘tava brincando, Vanilla Ice, não precisa falar — ela riu levemente, tentando recuperar o clima anteriormente estabelecido. 

Não funcionou. 

— Sobre o que aconteceu depois que o Goose morreu — ele esclareceu, ignorando o comentário feito pela Capitã, mas de dirigindo novamente ao computador por conta da dor nas cordas vocais. 

“Ele não sabia nem que você me conhecia”. Ele digitou no visor, fazendo Storm virar o rosto e apoiar as mãos na testa. 

— Eu não preciso contar, foi infantil e foi muito tempo atrás — ela respondeu rapidamente, tentando reprimir as lágrimas que ela sabia que eventualmente sairiam de seus olhos — Por que estragar o que temos agora por algo bobo? Eu devo a minha vida para ele. 

Ice revirou os olhos e debochou, voltando-se ao visor “Você vem dizendo isso a sua vida inteira”. 

Quem ela havia sido antes de um piloto com ego grande tê-lá dado a sua posição na Academia Naval? Quem ela havia sido antes de ter virado a grande Storm? 

As lembranças eram de uma garota brasileira que não sabia o que fazer com a vida, apenas sabia que queria uma coisa: Harvard. E, Deus, ela lutou para conseguir uma vaga na instituição, mesmo que o curso que tivesse escolhido não fosse sua verdadeira paixão. A verdade é que ela não havia achado sua verdadeira paixão. 

Até que descobriu uma forma de pagar Harvard: entrar para a Marinha, onde haviam almirantes machistas e com muito preconceito a respeito de suas raízes, almirantes que a deixaram fazendo manutenção de F-14s por anos, fazendo a garota nunca conseguir uma vaga na Academia Naval. 

— Se não fosse por ele… se não fosse por vocês dois, Ice… — ela respirou fundo, lembrando de como foi salva por este homem nos momentos mais obscuros da sua vida — Eu não estaria aqui. 

Ice debochou e riu alto, tossindo logo em seguida e apontando de volta ao visor. 

“A Storm é a tempestade, você é tempestade. Não eu, não Maverick”. 

Storm riu baixo e enxugou uma lágrima teimosa que saiu de seus olhos. Ela encarou o rosto do amigo e segurou o peso que havia se instalado em seu peito. De repente, um fato lhe passou rapidamente pela cabeça: essas conversas nunca mais aconteceriam. Ice não iria durar muito mais tempo. 

— Eu estou aqui não estou? — ela respondeu, tentando ignorar os pensamentos que lhe cruzavam a cabeça e a enorme vontade de desmoronar na frente do amigo — Quem é o responsável disso? 

Iceman deu de ombros rindo levemente. “Você”. Ele digitou no computador fazendo Storm balançar a cabeça em negação. 

— Eu? Tudo bem, então quem é o responsável pelo Thunder estar aqui? — ela continuou, cruzando os braços na frente do corpo e jogando o tronco para trás. 

Ele sorriu novamente e escreveu mais uma vez no computador: “Ele”. Storm riu alto por alguns segundos, aproveitando o momento junto com o amigo. E então ela mudou totalmente o clima da conversa. 

— Quem é o responsável de eu ter ido para a Top Gun? — ela questionou, a feição agora séria, encarando o homem que desta vez, não escreveu nada — Não agora para esta missão, mesmo que nós dois também saibamos quem foi o responsável de agora, mas quem me colocou na Top Gun? 15 anos atrás? 

Iceman ficou em silêncio. Ele não escreveu. Ele não falou. Ele não reagiu. Storm não disse nada também. Os dois apenas ficaram em silêncio por alguns instantes, até que Storm retomou a conversa. 

— Foi você, Ice — a mulher disse, mordendo os lábios para que as lágrimas não saíssem — Quando eu estava quebrada, desempregada, perdido minha vaga na Academia Naval, com duas crianças para cuidar, com Carole tendo morrido… eu te achei — ela continuou, as lágrimas rolando sobre sua face — Eu achei o seu nome em um caderno de telefones de Goose, e você me salvou. Eu te pedi a minha vaga na Academia de volta e no dia seguinte haviam dois soldados na minha porta — Storm agarrou as mãos de Ice — Me falando que eu havia conseguido uma vaga na Top Gun. 

Iceman encarou os olhos vermelhos da mulher, o rosto molhado por lágrimas a tanto guardadas e ele sorriu para a mesma. 

— Você chegou onde chegou, Storm — ele disse, segurando as mãos da Capitã — Você chegou onde chegou fazendo o que você sempre fez: sendo a tempestade, causando uma impressão — Iceman sorriu amarelo — Sendo a Storm. 

Storm se levantou em um sobressalto e abraçou o homem com força. Ela sabia que os americanos não tinham tanto apreço por afeto ou linguagem de amor física, mas o seu coração brasileiro gritou mais alto. Ice ia morrer. Ice ia morrer e ela o amava demais. 

Iceman a abraçou de volta. 

— Eu vou sentir sua falta, baixinha — ele suspirou, se afastando do abraço. 

Storm sentiu todo o seu mundo desabar. Nada parece real até que alguém diz “Sinto muito” ou “Vou sentir saudade”. A mulher soluçou e abraçou o homem novamente esquecendo sobre todo o comportamento e compostura que ela havia prometido a si mesmo que manteria.

— Eu também, Ice. 

( ... )

Elena chegou na casa do Iceman. Ela não tinha tanta certeza do porquê estava ali, mas sentia em seu coração que era a coisa certa. Além do mais ela precisava fugir de Jake que estava ligando sem parar e ela foi obrigada a desligar seu celular e deixa-lo em casa. Ela respirou bem fundo antes de entrar.

Lá dentro, Storm sentiu uma onda de vergonha se apossando de si, mas novamente, uma onda de choro veio, e não só dela, pois ao se virar, ela viu o rosto de Maverick ficar vermelho e o mesmo começar a derramar lágrimas. 

Os dois não pensaram, eles apenas se jogaram aos braços um do outro, chorando e soluçando loucamente, tentando encontrar algum tipo de afeto que ajudasse a situação. 

— Eu não acredito que ele… — Storm se cortou, não conseguindo dizer as palavras, e se afundando mais fortemente no abraço. 

— Eu sei, eu sei — ele repetiu, afagando os cabelos da mulher e se enterrando em seu ombro, sentindo o seu próprio, e o dela tremerem com o choro.

Os dois se desvincularam e viraram para a porta quando uma figura loira passou esvoaçante. 

— Tormy, onde ele está? — Breeze perguntou, desta vez com um olhar sério e nervoso. Storm limpou as lágrimas na manga da blusa e sorriu levemente para a irmã. 

— Ele ‘tá lá em cima — a mais nova assentiu e começou a subir as escadas, quando Storm a parou — Lena, faça as suas despedidas. 

Breeze mordeu os lábios, sentindo que estaria desabando como Storm em alguns momentos. Ela sabia o quanto Iceman significava para a irmã, e ver esse homem tão maravilhoso sofrer e ir embora deste mundo tão cedo a quebrou por dentro. Elena assentiu e subiu as escadas, deixando a dupla sozinha na sala novamente. 

Elena não conhecia o grande Iceman da mesma maneira que conhecia Maverick, ou Goose e muito menos Thunder, mas assim como ela havia sido ajudada por algumas grandes pessoas que marcaram sua vida, Iceman era uma dessas pessoas para Storm e assim ele era da família. 

— Ah oi! — Ela começou sem jeito sem muito planejamento. — Meu nome é Elena, sou a irmã da Alice e vim aqui hoje com a intenção de te confortar um pouco e mais ainda de te agradecer por ter sido um benfeitor na vida da Tormy e por consequência na minha. Não sei te dizer o que teria sido das nossas vidas sem a ajuda que você deu pra minha irmã, por tanto, obrigada. — Ela sorriu com os olhos marejados. — Não sei se você é um homem religioso, mas se não se importa eu gostaria de dizer que isso aqui… — Ela apontou para os dois e em seguida para os arredores. — É só um grande capítulo do grande livro que é nossa vida e você vai retornar no próximo capítulo. Seja como um novo piloto, uma nova descoberta da Top gun ou simplesmente como um pássaro bem veloz e determinado. Independente de como, nos veremos de novo e mal posso esperar por isso.

Iceman sorriu para o discurso da menor e riu baixinho. Ele se voltou ao visor e escreveu “Você é tudo que a sua irmã disse”. Breeze sorriu com o comentário e assentiu com a cabeça positivamente. 

Logo ela caiu em lágrimas, não sabia se era somente por ele ou um grande misto de tudo que estava acontecendo em sua vida, mas nesse momento ela só conseguiu agarrar a mão dele e segura-la o mais apertado possível sem machuca-lo. A essa altura ele também tinha lágrimas nos olhos, não esperava tamanha comoção por parte de Elena, mesmo que Alice tenha o alertado sobre como a irmã era. Mas, ninguém está preparado para conhecer uma Elena.

Ela ficou ali alguns bons momentos memorizando cada detalhe do rosto de Iceman, não demorou muito para que ela tivesse certeza de que aquilo que Alice dizia sobre ele ter sido lindo, não tanto quanto Maverick, era extremamente verdadeiro. E também não demorou para ela constatar pelo jeito que os olhos dele brilhavam a menor menção a Alice e quando notava o quanto Elena lembrava a irmã quando mais nova, Breeze soube que se Thunder a protegia e cuidava dela. Iceman fazia por Alice e agora estava indo embora, e estava na vez de Elena fazer o mesmo por Alice.





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