
𝟎𝟐𝟏┆𝗅𝖺𝗂𝗋
↱₊˚.்⸙𝑷𝒐𝒗 𝑺 / 𝒏 𝑯𝒐𝒍𝒎𝒆𝒔 ₊˚.்⸙↴
Se eu falasse que eu não havia desmaiado, vocês achariam mentira. Eu só fiquei com a visão escura, mas pude ouvir muito bem. Como se tivesses me tirado dos meus sentidos.
Abri os olhos e senti que eu estava sentada em algo. Pude perceber que me levaram pra um lugar escuro e frio. Eu sentia um cheiro ruim bem forte, me fazendo ficar tonta mais ainda. Eu parecia congelada, parecia uma pessoa vulnerável, o que eu não sou. Me senti como se alguém tivesse me drogado. Só sei que minha visão está voltando aos poucos. Passou-se muito tempo para voltar, duvido que passei a noite desmaiada.
Tentei me levantar, mas senti meus braços doerem atrás das minhas costas. Eu estou amarrada, o que era de se esperar. Gemi de dor, tentando me desamarrar da corda. Eu estou sentada, de frente para o escuro, sem saber onde diabos eu estava.
Me balancei brutalmente na cadeira, tentando me soltar mas era impossível. Eu não teria como sair dessa cadeira sem a ajuda de alguém. Bufei e revirei os olhos.
‐- Para de se mexer maninha, você vai me derrubar -- sussurrou Enola, atrás de mim.
Suspirei de alívio ao perceber que ela pelo menos estava comigo, "segura". Soltei uma risada e sussurrei o nome da mesma.
-- Que bom que está comigo Enola -- sussurrei calmamente.
-- Esperei horas pra você acordar. Eu não pude impedir mas, eles mexeram nos seus bolsos. Eles acharam o livro que mamãe fez pra nós.
Senti uma dor no coração ao ver a cena em minha mente. Era a única coisa dela que eu carregava comigo. Ela teve tanto trabalho, tanto esforço para nos dar e acabou que foi disperdiçado. Gemi de frustração e abaixei a cabeça, me remoendo de culpa por ter deixado isso acontecer.
De repente pude ver dois pés no cantinho da sala, quase na direção das minhas costas. Virei um pouco minha cebeça para trás para ver melhor. Me assustei ao estado dos pés do que parecia ser um garoto desmaiado, sentado com a cabeça virada para o outro lado. Os pés dele estavam machucados, com o sangue seco nos cortes. Estreitei os olhos.
-- Enola -- sussurrei -- quem é ele?
-- Não sei. Quando acordei, ele já estava ai. Ele continua desmaiado e não consegui ver seu rosto.
Ficamos uns longos minutos, o que pareciam horas em silêncio. Pensei vários planos para fugir daqui, mas eu não fazia ideia de onde poderíamos nos esconder. Me xinguei mentalmente diversas vezes.
-- Meu Deus S/n -- sussurrou minha irmã. -- Ele tá se mexendo.
Virei minha cabeça, afim de desvendar esse mistério todo e finalmente ver o rosto do rapaz.
-- Ai -- gemeu ele. -- minha cabeça...
Ele olhou para frente, estreitando os olhos, ainda com a visão turva pelo que parecia. Eram olhos escuros e zangados. Maxilar duro.
Com as roupas baratas, os pés que pareciam delicados e pálidos, totalmente amarrados.
Um resto de cabelo claro, cortado do modo regular que eu mesma cortei.
E uma face que eu reconhecia muito bem. Lá estava ele, Visconde Tewksbury, o marquês de Basilwether. Arfei quando o vi, me debatendo para tentar me soltar da cadeira, de um modo desesperada.
-- Tewksbury! -- o chamei -- por Deus!
Ele olhou lentamente em minha direção. Ele ainda estava com os olhos estreitos mas rapidamente os arregalou e tentou sair do lugar de onde estava sentado.
-- S/n! -- exclamou ele, surpreso. -- O que faz aqui? Deveria ter ficado na hospedaria!
-- Mas eu não fiquei.
-- O que vocês faziam vestidas de viúva em plena nove horas da noite na rua?
-- Ela foi atrás de você seu idiota! -- exclamou Enola sem paciência. -- Eu sempre falei pra S/n que você era um caso perdido mas ela não me escutou. Ela sentiu uma atração por você que fez ela te ajudar. E foi isso que ganhamos. Nosso primeiro plano jogado no lixo! Agora estamos aqui, com uma sentença de morte.
O silêncio desconfortável reinou na sala. Suspirei alto e fechei os olhos, tentando acalmar meus nervos que estão a flor da pele. Respirei fundo e soltei o ar pela boca.
-- Acho que erraram nos disfarces não acha Enola? -- perguntou Tewksbury, sarcásticamente.
-- Como é que é?
-- Duas viúvas sem alianças de casamento? Com certeza é uma coisa suspeita. Me desculpem mas vocês foram duas idiotas nesse caso.
-- Mas que muleque mal criado! -- exclamou Enola com raiva. -- porque você foi se apaixonar por esse paspalhão idiota? Por Deus!
Dei um empurrão na cadeira, fazendo Enola se calar. Me virei para Tewksbury, séria.
-- É sério isso? -- perguntei ainda séria. -- Está zangado comigo ao ponto de me chamar assim?
-- Eu estou zangado de mim mesmo! -- exclamou ele, com lágrimas nos olhos. -- Por ter entrado na sua vida. Por ter feito você ficar em perigo por minha causa.
-- Então está arrependido de ter me conhecido?
-- Não foi isso que eu quis dizer. Eu só jurei a mim mesmo que te protegeria, mas falhei. Eu só fiz te colocar em apuros mais ainda.
-- que brega -- murmurrou Enola. Com certeza ela revirava os olhos.
-- Porque ele tirou minhas luvas? -- perguntei, depois de um momento de silêncio.
-- Eles -- respondeu Tewksbury -- No plural. São dois. Eles queriam roubar seu anel de casamento, mas eles não encontraram.
-- Foi horrível S/n -- confessou Enola, suspirando atrás de mim. -- Eles mexeram em você, mexeram nos seus bolsos e encontraram várias coisas que levávamos.
Tewksbury olhou para Enola, furioso.
-- Filhos da mãe! -- exclamou ele bufando. -- Como eles ousaram tocar nela? Imbecis...
A voz de Tewksbury silenciou quando escutamos passos pesados acima de nós. Os passos pararam e um quadrado de luz se abriu num canto da nossa prisão, e eu me vi observando uma cena ridícula: primeiro vi surgir devagar um par de botas de borracha, depois roupas masculinas, enquanto o homem descia de costas a uma escada que levava a nosso covil.
-- Não faz nem uma hora -- ele disse, enquanto descia, a alguém que permanecia no alto. Não reconheci a voz estridente. Magro, mirrado e curvado, o homem se encolhia como um vira-lata muito chutado e mal alimentado. -- Eu encontrei ele no local que me disse no telegrama, vagando pelas docas de Great Eastern. A gente sabe o que fazer com ele, mas e com as garotas?
-- Você é burro ou se faz? -- rosnou a voz do outro homem, descendo também. Eu conheço essa voz muito bem e assisti estoicamente aos pés com botas negras descerem, depois os membros corpulentos, envoltos em trajes escuros. Eu podia ver, à luz da lamparina que ele trazia, que suas desbotadas luvas de pelica eram amarelas. Muito nobres, tantos homens como mulheres, usavam luvas de pelica em geral amarelas, no intuito de anunciar que faziam parte de uma determinada classe social.
Quando a parte da cabeça do imenso homem começou a surgir, porém vi, que ele usava um chapéu de cavalheiro extremamente familiar. Eu estava preparada, então quando ele virou, eu vi seu rosto.
Era de fato, o rosto desagradável e frio que conheci no trem enquanto tentava matar Tewksbury e que tentou me matar duas vezes. Fiz uma cara de nojo, enquanto olhava fixamente para a frente, ficando de costas para ele.
-- Achei que a gente só iria atrás delas se eu deixasse o meu marquês escapar -- disse o outro.
-- A princípio sim -- disse o homem de chapéu coco-marrom, com uma voz arrastada. -- Eu iria matar uma delas. Aquela ali que foi atrás dele na floricultura. Mas então tive consciência de que elas duas são próximas e são parentes já que são parecidas. E essa aqui -- apontou ele para Enola -- disse que seu sobrenome era Holmes. Então a outra também se torna uma Holmes.
Enquanto ele falava com seu companheiro, observava meu rosto com maldosa satisfação, e sorriu maliciosamente ao ver meus olhos se arregalarem e meu queixo cair. Não pude deixar de demonstrar espanto, pois como ele sabia quem Enola era? Como poderia saber?
Satisfeito com a minha reação, ele se virou para o companheiro.
-- Elas são parentes de Sherlock Holmes. Se for verdade as minhas conclusões, vamos ganhar um bom lucro com elas.
-- Então porque tentou matá-la?
-- Ela me irritou -- ele disse, com fria indiferença.
Consegui fechar a boca na medida que entendi que não temos uma saída ao não ser fugir sem nenhum plano. Não sei exatamente onde estamos. Se eu soubesse, talvez eu pudesse elaborar uma fuga que desse mais certo. Com um plano certo.
-- Mocinha metida e valente. -- diz ele se aproximando de mim e tocando seu dedo sujo em meu queixo. Virei o rosto bruscamente, evitando seu olhar. Se eu não tivesse amarrada, ele iria ficar sem nenhuma das mãos. -- As moças daqui geralmente não tem dinheiro para comprar espartilho. Já cortei muitas barrigas na vida. Não me provoque de novo.
-- Afasta-se dela imbecil -- exclamou Tewksbury. Seu tom era raivoso e pude ver que se debatia e tentava se levantar, mas falhava.
-- Cala a boca seu muleque! -- exclamou o homem, mas de repente olhou para mim e começou a gargalhar. -- Eu não acredito que se apaixonou pela Holmes. Inacreditável fedelho.
Tewksbury continuava olhando para ele mortalmente. Neguei com a cabeça e sussurrei calma Tewks, fazendo ele relaxar rapidamente. Ele suspirou e olhou para frente.
Fiquei calada, incapaz de pensar numa resposta adequada.
Na verdade eu estou apavorada por dentro.
Mas então o outro homem, o requítico, estragou o efeito da frase ao dizer a seu comparsa.
-- Bem, é melhor você tomar cuidado e também não irritar Sherlock Holmes. Ouvi dizer que ninguém consegue tapear aquele almofadinha.
O grandalhão se virou para ele.
-- Eu tapeio quem quiser. -- seu tom era tão ameaçador quanto a lâmina da faca. -- Estou indo dormir. Fique de olho nesses dois. Só vou dar mais um dia de vida a esse fedelho porque agora estou extremamente cansado. Se não o mataria agora mesmo.
-- Era isso mesmo que eu iria fazer. -- o outro resmungou, mas só depois que o pesado e rude homem subiu a escada e sumiu de vista.
-- Olá meus amores, como estão?
-- Me desculpem por ter demorado pra atualizar. Prometo que não irei sumir dnv :)
-- Espero que tenham gostado!
-- Amo vcs<33
your girl
Nívia<3
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro