45.
LANDO NORRIS
📍Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos
"Última corrida"
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(Volto só quando bater a meta)
Última corrida do ano, e hoje decidiríamos o campeonato de construtores contra a Ferrari. Apesar de estarmos na frente na pontuação, a vantagem não era tão grande, então nosso foco era vencer. Para mim, perder simplesmente não era uma opção.
Enquanto terminava de ajustar a camisa da equipe, peguei meu celular e saí da sala de descanso, indo em direção à hospitality da McLaren. Oscar havia dito que tinha algo importante para me contar, mas, em vez de vir até mim, eu que tinha que ir até ele.
No meio do caminho, ouvi uma voz animada me chamar:
— Tiooo!
Antes mesmo de virar, já sabia quem era. Sorri e me abaixei quando vi Penélope correndo na minha direção com um papel nas mãos. Ela se jogou nos meus braços, me abraçando com força.
— Pequena, o que você está aprontando por aqui? — Perguntei, bagunçando os cabelos dela de leve. —
— Fiz um desenho pra você! — Ela disse com os olhos brilhando, estendendo a folha para mim. —
Peguei o papel e observei atentamente. Era um desenho colorido de um carro de corrida com o número do meu carro e, ao lado, uma figura que claramente representava eu, com um sorriso grande e uma coroa na cabeça.
— Você me desenhou como um rei? — Perguntei, divertido. —
— Claro! Porque você vai ganhar hoje! — Ela afirmou, como se fosse óbvio. —
Senti meu coração derreter com o carinho dela. Penélope sempre conseguia fazer meu dia melhor.
— Se o Max te ouvir falando isso, ele vai ficar todo bravo. — Brinquei, abaixando um pouco a cabeça para encará-la melhor. —
Penélope soltou uma risadinha travessa e colocou o dedo indicador sobre os lábios.
— Segredo nosso, tio Lala. — Ela sussurrou, segurando a mão dele com um sorrisinho travesso. —
— E onde está sua mamãe, hein? Fugiu de novo, pequena encrenqueira? — perguntei, me abaixando um pouco para ficar na altura dela. —
— Não… Tá bom, eu saí pra te mostrar um desenho. Mamãe sabe que eu tô com você. — Ela fez uma careta, como se estivesse sendo pega no flagra. — Mas vem, tio, quero entregar meu outro desenho pra outra pessoa especial.
Antes que eu pudesse perguntar de quem se tratava, a pequena já puxou minha mão com entusiasmo, me levando em direção ao hospitality da Ferrari.
E quando os meus olhos encontraram os dela, senti o mundo parar.
Emily estava ali.
Pela primeira vez em três meses, eu a via novamente.
— Tia Lilinda! — Penélope soltou minha mão e correu até Emily, abraçando-a com força. — Fiz um desenho pra você!
— Oi, minha Pezinha — Emily disse, sua voz suave, mas carregada de um misto de surpresa e hesitação. —
Ela abaixou-se para receber o abraço da menina, envolvendo-a com delicadeza. Seus olhos, no entanto, não demoraram a encontrar os meus. E naquele instante, foi como se o mundo ao nosso redor tivesse ficado mudo.
Três meses desde a última vez que a vi.
Emily desviou o olhar rapidamente, voltando sua atenção para Penélope, que estendia a ela um papel dobrado com entusiasmo.
— Fiz pra você — a pequena explicou, sorrindo. —
Emily pegou o desenho e o abriu devagar. Um silêncio pairou no ar antes que ela murmurasse:
— É lindo, meu amor…
A hesitação em sua voz não passou despercebida por mim. Eu conhecia Emily bem demais para ignorar a forma como seus dedos apertaram levemente o papel, como se estivesse tentando se agarrar a algo que já escapava de suas mãos.
E, pela primeira vez em três meses, percebi que talvez ela estivesse tão perdida quanto eu.
Emily ainda olhava para o desenho quando Penélope puxou sua mão e apontou para mim.
— O titio estava com saudade, sabia? Ele falava de você às vezes.
Meu corpo ficou tenso, e vi Emily prender a respiração por um segundo antes de esboçar um sorriso pequeno e incerto.
— É mesmo? — Sua voz saiu baixa, como se não soubesse muito bem como reagir. —
— Uhum! — Penélope confirmou, animada. — Você também sentiu saudade dele, tia Lilinda?
Emily desviou o olhar rapidamente. Eu podia ver o desconforto estampado em sua expressão, o mesmo que eu sentia crescer dentro de mim.
— Pezinha… — murmurei, tentando intervir, mas a menina ignorou completamente a tensão entre nós. —
— Tia Emily? — ela insistiu, apertando ainda mais a mão dela. —
Emily respirou fundo antes de finalmente levantar os olhos para mim. Por um instante, tudo pareceu ficar suspenso no ar. Não era só o constrangimento da situação, era tudo o que não foi dito, tudo o que ficou para trás, pesando entre nós.
— Eu… — Emily começou, mas hesitou. Seu olhar procurou o de Penelopa, como se buscasse uma resposta para algo que nem ela entendia. —
E então, num gesto automático, ela olhou para mim de novo.
E ali estávamos nós.
Sem saber o que dizer. Sem saber como agir.
Emily foi a primeira a desviar o olhar, mexendo no papel que segurava como se aquilo fosse uma âncora. Eu pigarreei, tentando afastar o nó na garganta.
— Como você está? — perguntei, a voz saindo mais hesitante do que eu gostaria. —
Ela demorou um segundo para responder, como se estivesse processando a pergunta.
— Estou… bem — disse por fim, mas não parecia completamente certa disso. — E você?
Antes que eu pudesse responder, Penélope soltou um gritinho animado e segurou as mãos de ambos, unindo-nos no meio do corredor.
— Viu? Agora vocês tão conversando! — Ela sorriu, satisfeita. — Eu sabia que vocês tinham saudade um do outro.
Emily soltou um riso baixo, quase sem graça. Eu passei a mão na nuca, sem saber o que fazer com aquela súbita proximidade.
— Pezinha… — Emily começou, tentando mudar de assunto. — Você quer me contar sobre o seu desenho?
— Quero! — Penélope assentiu, empolgada. — Mas primeiro vocês têm que dar um abraço!
— O quê? — Emily e eu perguntamos ao mesmo tempo. —
— Sim! — Penélope cruzou os braços, convicta. — Vocês sempre davam abraço antes. Agora têm que dar de novo!
Olhei para Emily, que olhou para mim.
Ela parecia tão sem jeito quanto eu.
Havia uma hesitação no ar, algo pesado, carregado de significados que só nós dois entendíamos.
Mas então Emily respirou fundo, abriu um meio sorriso e, hesitante, deu um passo à frente.
— Tudo bem — murmurou. —
Meu coração bateu forte quando seus braços envolveram meu corpo. Por um instante, foi como se o tempo voltasse. Seu cheiro, seu toque… tudo era familiar demais.
Mas, ao mesmo tempo, diferente.
Eu a abracei de volta, ainda incerto, sentindo seu corpo tenso contra o meu.
E Penelope, entre nós, comemorou:
— Agora sim! Minha família tá junta de novo!
— Pronto, agora você está satisfeita, né, pequena? — falei, arqueando uma sobrancelha. —
Penélope sorriu, radiante.
— Sim, tio! Agora posso contar pro tio Lec que vocês se abraçaram!
Emily e eu nos entreolhamos rapidamente antes que ela piscasse, surpresa.
— O quê? — sua voz saiu em um tom meio incrédulo. — Isso foi um plano?
Penélope deu de ombros, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Não! O desenho fui eu que fiz. Mas o tio Lec que deu a ideia de puxar o tio Lando pra perto de você, tia Lilinda!
Emily suspirou, levando uma das mãos ao rosto.
— Eu devia imaginar… — murmurou. —
Eu soltei uma risada baixa, balançando a cabeça. Charles. Claro que ele estaria por trás disso.
— E ele disse mais alguma coisa? — perguntei, tentando conter o divertimento na voz. —
Penélope pensou por um instante, levando o dedo ao queixo como se buscasse as palavras certas.
— Disse que adultos são teimosos e precisam de um empurrãozinho — ela explicou. —
Emily bufou, cruzando os braços.
— Ele realmente disse isso?
— Bom… — Penélope sorriu travessa. — Não com essas palavras, mas foi isso que ele quis dizer!
Eu ri, e até Emily, apesar de revirar os olhos, acabou sorrindo também.
— Eu vou matar o Charles — ela murmurou, mas sem nenhuma raiva real. —
Penélope bateu palmas, animada.
— Então quer dizer que funcionou?
Eu soltei um riso baixo, balançando a cabeça.
— Bom, não é bem assim, pequena… Mas talvez a gente converse depois. Que tal voltarmos antes que sua mamãe fique preocupada e seu pai me mate por ter sumido com a filha dele?
Penélope fez um biquinho, claramente querendo continuar ali, mas acabou assentindo.
— Tá bom, tio Lando… Mas só se a tia Lilinda for junto!
Emily arqueou as sobrancelhas, pegando o celular no bolso.
— Na verdade, eu preciso ir também… — disse, olhando rapidamente para a tela. — Mas foi bom ver você, Pezinha.
Penélope fez um drama exagerado, colocando as mãos na cintura.
— Ah não! Vocês mal se viram! Não podem ir embora sem combinar de se encontrar de novo!
Emily e eu trocamos um olhar, ambos sem jeito.
— Pezinha… — ela tentou argumentar. —
— Nada de desculpa! — Penélope cruzou os braços. — Vou contar pro tio Lec que vocês querem fugir da missão.
Eu ri, passando a mão na nuca.
— Missão?
— A missão de vocês voltarem a serem namorados! — ela explicou, como se fosse óbvio. —
Emily suspirou, mas um pequeno sorriso brincou em seus lábios.
— Tudo bem… Quem sabe a gente se vê outra hora.
Penélope deu um gritinho animado, satisfeita.
— Prometem?
Eu e Emily nos olhamos novamente antes de murmurarmos ao mesmo tempo:
— Prometemos.
Penélope sorriu, satisfeita, e logo se virou para mim.
— Então tá bom, agora vamos, tio! Tchau, tia Lilinda!
Ela me puxou pela mão, e eu dei um sorriso forçado para Emily.
— Tchau, Pezinha. Se cuida, viu? — Emily disse, com um sorriso suave, e Penélope respondeu com um aceno animado. —
— Pode deixar, tia! — ela respondeu, segurando minha mão com força. —
Emily se afastou devagar, indo em direção à porta. Eu ainda a observava, com uma mistura de sentimentos conflitantes, mas algo me dizia que aquele gesto simples de Penélope tinha dado um passo, mesmo que pequeno, para restaurar alguma coisa entre nós.
Antes de sair, me virei uma última vez para Emily.
— Até logo, então… — falei, mais baixo, tentando não soar forçado. —
Ela apenas assentiu, com um olhar mais suave do que o de antes, e eu senti uma leve sensação de alívio.
— Até logo, Lando.
E, com isso, eu e Penélope saímos.
Enquanto caminhávamos pelo corredor, Penélope olhou para mim com uma expressão curiosa, como se estivesse esperando uma reação.
— Você ficou feliz de ver a tia, tio? — ela perguntou, os olhos brilhando. —
Eu passei a mão na nuca, um pouco sem saber o que dizer. Na verdade, eu estava me sentindo confuso, mas ao mesmo tempo, aliviado. Algo em mim, que eu não conseguia explicar, parecia ter se suavizado.
— Eu… — comecei, tentando organizar os pensamentos. — Acho que sim.
Penélope sorriu, satisfeita com minha resposta.
— Eu sabia! Eu sabia que vocês ainda gostavam um do outro!
— Ah, é? — perguntei, sorrindo com a ingenuidade dela. —
— Claro! Eu sou muito boa de ver as coisas, tio. — Ela deu um risinho. — Agora só falta vocês se abraçarem de novo, como antes!
Eu ri, sem querer ceder completamente à ideia dela, mas não pude deixar de achar a situação meio engraçada.
— Vamos devagar com isso, pequena. Cada coisa no seu tempo.
Ela fez uma careta, mas não insistiu mais.
— Tá bom, mas eu vou ficar de olho em vocês, hein! — disse Penélope, com um ar de quem sabia exatamente o que estava fazendo. —
Eu ri, ainda pensando nas palavras dela, e seguimos pelo paddock, a caminho da área onde estavam os outros. Penélope, como sempre, parecia estar em seu próprio mundo, pulando e se mexendo de um lado para o outro. Eu a observava com um sorriso, quase me esquecendo do que a trouxe até ali.
— Tio Lando, você vai ver a Red Bull agora! — ela exclamou, com uma animação contagiante. — Vai ser incrível!
Eu estava distraído, prestando atenção nas movimentações ao redor, até que percebi que estávamos se aproximando da área onde a equipe Red Bull estava. Penélope continuava puxando minha mão, ansiosa, até que, ao virar uma esquina, vi Kelly, mãe de Penélope, conversando com um mecânico da equipe. Quando ela me viu, seu rosto se iluminou.
— Lando! Quanto tempo! — Kelly disse, com um sorriso caloroso, interrompendo a conversa com o mecânico e vindo até nós. —
Eu sorri de volta e estendi os braços para um abraço rápido.
— Kelly! Como você está?
— Estou ótima, obrigada. E você, como vai? — Ela sorriu, olhando para Penélope com uma expressão afetuosa. — Então a senhorita estava por aí, né filha?
Penélope sorriu com aquela carinha travessa que sempre fazia Kelly rir.
— Estava com o tio Lando, mamãe! Fui entregar o desenho que fiz para ele e para a tia Lilinda!
Kelly revirou os olhos, mas o sorriso nunca deixou seu rosto.
— Você não tem jeito mesmo, né, amorzinho? — Ela brincou, dando um leve toque na cabeça de Penélope. —
Eu ri da interação entre as duas e então olhei para Kelly com um sorriso genuíno.
— Foi divertido passar esse tempo com ela. E, aliás, parabéns pela gravidez, Kelly. Fico feliz por vocês.
Kelly parecia surpresa com o comentário, seus olhos brilharam com emoção.
— Ah, obrigada, Lando. Sabe, não esperava essa surpresa, mas fico feliz que tenha notado. Estamos ansiosos. — Ela deu um sorriso mais suave e olhou para Penélope, que estava com a energia toda. — Acho que a pequena aqui vai ser a melhor irmã mais velha do mundo, não é, P?
Penélope fez uma cara de orgulho e assentiu vigorosamente.
— Vou ser a melhor, sim! Vou ensinar tudo! — Ela respondeu, com o mesmo entusiasmo de sempre. —
Kelly riu e me olhou com um sorriso que refletia o quanto ela estava grata por aquele momento de leveza, entre o trabalho e as responsabilidades que a gravidez trazia.
— Bom, eu vou indo, tenho alguns compromissos antes da corrida. Tchau, pequena P, tchau Kelly.
Penélope fez uma careta, mas logo sorriu, com seu jeitinho encantador.
— Tchau, tio Lando! Até logo! — Ela pulou empolgada, tentando me abraçar de novo. —
Kelly sorriu com a cena e acenou para mim, mas, ao mesmo tempo, parecia mais relaxada.
— Até logo, Lando. Vai lá e arrase, vai ser um ótimo dia para todos. E muito obrigada de novo.
Eu sorri, acenando de volta enquanto me afastava.
— Pode deixar, Kelly. E boa sorte para vocês também.
Segui o caminho até a hospitality da McLaren, onde Oscar já estava esperando há algum tempo. Sabia que ele ia me dar um sermão quando eu chegasse lá, então me preparei mentalmente para o que viria.
Assim que entrei, recebi alguns olhares curiosos, mas segui meu caminho até a mesa de Oscar, onde ele estava concentrado mexendo no celular. Puxei a cadeira e me sentei à frente dele, logo recebendo o placar típico dele.
— Eu tive alguns imprevistos no meio do caminho, Oscar. — falei, tentando manter o tom tranquilo. —
Ele olhou para mim, sem tirar os olhos do celular, e soltou um sorriso irônico.
— Ah, jura? Eu vi mesmo esse "imprevisto". Se chama Emily Sainz, não é?
Eu dei uma risada nervosa, não esperando que ele soubesse.
— Como você sabe? — perguntei, tentando manter a calma. —
Oscar finalmente olhou para mim, com um sorriso mais largo.
— Página de fofocas. As notícias correm rápido, até demais. — Ele deu uma risada, como se já estivesse esperando por isso. —
— Caramba, mas não faz nem dez minutos que a vi, esses fofoqueiros de plantão são tão intrometidos. — Eu resmunguei, mas não pude deixar de sorrir um pouco com a situação. —
Oscar se recostou na cadeira, com um ar de quem sabia exatamente o que estava dizendo.
— Bom, a vida de ser famoso não é fácil, Lando. Você deveria estar acostumado já. — Ele disse, levantando uma sobrancelha. —
Eu ri nervosamente, tentando disfarçar o desconforto que sentia com o assunto.
— Ah, é? E você, Oscar? Está acostumado com essas fofocas ou ainda se surpreende com elas? — perguntei, tentando dar um tom mais leve à conversa, mas sem esconder o desconforto. —
Ele sorriu, sabendo que eu estava tentando desviar.
— Não me engana, Lando. Eu sei que isso te incomoda um pouco, mas é o preço da fama. — Ele respondeu, dando de ombros. — Mas, sério, vamos focar no que importa agora. Temos que garantir o melhor desempenho possível hoje.
Eu respirei fundo, tentando me afastar da conversa sobre Emily e tudo o que envolvia esse tipo de exposição.
— Concordo. Vamos trabalhar, Oscar. Deixe os fofoqueiros pra lá.
Ele assentiu, parecendo mais satisfeito com a mudança de foco.
— Isso mesmo. Agora, vamos revisar os detalhes antes da corrida.
Eu tinha que focar no meu trabalho e em mais nada fora isso.
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Encarei a garagem já movimentada para a corrida que se iniciaria em vinte minutos. A adrenalina corria nas minhas veias, mas dessa vez, a ansiedade vinha acompanhada de algo mais.
Emily estava aqui.
Por mais que tentasse focar apenas na corrida, a simples ideia de sua presença fazia meu coração bater mais rápido. De alguma forma, isso me deixava ainda mais nervoso, mas, ao mesmo tempo, feliz. Porque, apesar de tudo, no fundo, eu ainda acreditava que ela torcia por mim. Mesmo que fosse só um pouquinho.
A câmera passou por mim, e logo minha imagem surgiu nos televisores ao redor. Forcei um sorriso controlado, sem exageros, tentando não demonstrar o nervosismo que me tomava.
Foi então que o celular ao meu lado vibrou. Meu primeiro instinto foi temer pelo que poderia ser. Mas quando vi o nome na tela, meu coração deu um salto. Fazia tanto tempo que eu não via uma mensagem dela...
"Você pode estar estranhando essa mensagem, e nem sei se estou fazendo o certo, mas eu só queria te desejar uma boa corrida, Lando. Agradeça ao Charles, ele quem me convenceu a te mandar mensagem."
Assim que terminei de ler, um sorriso bobo escapou dos meus lábios. Eu não conseguia evitar.
— Uhum… Tá sorrindo todo bobo pro celular, tem algo de bom aí? — A voz de Oscar me trouxe de volta à realidade. —
Levantei os olhos e vi ele me olhando com a sobrancelha arqueada, segurando a garrafa de água e claramente curioso com a minha reação.
— Nada demais — respondi rápido, tentando disfarçar, mas falhando miseravelmente. —
— Sei… — Ele estreitou os olhos, desconfiado. — Quem diria, Lando Norris todo sorridente antes de uma corrida. Aposto que tem a ver com um certo nome que apareceu nas páginas de fofoca mais cedo.
Revirei os olhos, deixando o celular em uma mesa ao lado.
— Você precisa parar de acreditar tanto nesses sites, Piastri.
— E você precisa parar de fingir que não gostou da mensagem. — Ele deu um gole na água e riu. — Mas tudo bem, vou deixar você manter o mistério… Por enquanto.
— Credo, você tá chato e fofoqueiro, não gosto disso — resmunguei, cruzando os braços. —
Oscar arqueou uma sobrancelha, claramente se divertindo com minha tentativa falha de desviar do assunto.
— Você tá se referindo a si mesmo quando diz isso, né? Porque eu sou o oposto disso, Lando.
Revirei os olhos, pegando minha garrafa de água e me levantando da cadeira.
— Sei… Só sei que você tá falando demais hoje.
— E você tá fugindo do assunto demais hoje — ele rebateu, com um sorriso satisfeito. —
Ignorei sua provocação e dei um tapa leve no braço dele antes de começar a caminhar em direção à saída.
— Vamos logo, tem uma corrida pra ganhar.
— Ah, agora sim você falou algo que presta — Oscar riu, me acompanhando. —
Mesmo tentando focar no que estava por vir, minha mente ainda voltava para aquela mensagem. Emily. Sua voz na minha cabeça. O simples fato de ela ter mandado aquilo.
O barulho dos motores tomando conta do grid me fez voltar completamente à realidade. O calor do asfalto, o cheiro da borracha queimada, a movimentação frenética ao meu redor, era o momento de me desligar de tudo e focar apenas no que importava, a corrida.
Já dentro do carro, ajustei minhas luvas e respirei fundo. A voz do meu engenheiro, Will, soou no rádio, firme e direta.
— Certo, Lando, você conquistou essa pole. Agora precisa focar na sua corrida. Leclerc larga em 19º e Sainz em 3º, então tudo pode acontecer em 58 voltas.
Engoli seco e apertei mais forte o volante. Eu sabia que Carlos era perigoso nas largadas e que Leclerc, mesmo saindo de trás, tinha um ritmo forte o suficiente para escalar o pelotão. Não seria uma corrida fácil.
As luzes vermelhas começaram a se acender uma a uma. Meu coração batia acelerado, e o mundo ao meu redor pareceu desacelerar por um instante.
A largada foi caótica. Assim que as luzes se apagaram, pisei fundo no acelerador e reagi rápido o suficiente para manter a liderança, mas atrás de mim, o caos se instaurou.
Oscar largou muito bem e conseguiu segurar Verstappen na curva 1, mas na entrada da curva 3, os dois se tocaram! O holandês tentou mergulhar por dentro, pegando Oscar de surpresa. O toque fez ambos saírem da pista, e eles perderam várias posições.
— Bandeira amarela, bandeira amarela! Piastri e Verstappen fora da pista! — avisou Will no rádio. —
Olhei rapidamente pelos espelhos e vi Oscar conseguindo voltar para a pista, mas bem atrás no grid. Max também retornou, mas longe da briga pela ponta.
— Tudo bem, Lando, foco na sua corrida. Agora você tem Sainz atrás, Leclerc subiu para P12. Tudo pode acontecer em 58 voltas.
Segurei firme o volante e respirei fundo. Carlos estava colado em mim e, sabendo que agora era o único Ferrari na briga pela vitória, ele não me daria descanso.
A corrida seguiu intensa após a largada caótica. Com Oscar e Verstappen fora da briga, minha maior preocupação agora era Carlos Sainz, que pressionava forte, colado na minha asa traseira. A McLaren me pedia calma pelo rádio, lembrando que Leclerc estava subindo o grid rapidamente depois de largar de P19.
Eu respirava fundo a cada curva, mantendo o foco total. O carro estava rápido, mas os pneus começaram a mostrar sinais de desgaste. A Ferrari chamou Sainz primeiro para o box, tentando um undercut, e logo depois a McLaren me chamou para cobrir a estratégia. Voltei na frente dele por pouco, mas sabia que nada estava garantido.
Ao longo da corrida, Leclerc continuou sua escalada impressionante. Ele já era terceiro e diminuía a diferença para nós. O engenheiro me avisava no rádio sobre os tempos de volta dele, e a pressão só aumentava.
O cansaço começava a pesar, mas eu não podia me distrair. Sainz tentou mais algumas investidas, especialmente na reta principal com o DRS, mas segurei bem. O carro estava no limite, e eu sentia cada movimento com mais intensidade.
Nas últimas voltas, a tensão estava no auge. O rádio soou novamente:
— Lando, mantenha o foco. Charles está muito rápido, não podemos perder tempo com Carlos. Se puder abrir um pouco mais, faça isso.
Eu tentava, mas o desgaste dos pneus tornava tudo mais difícil. O carro deslizava um pouco mais nas curvas, exigindo o máximo do meu controle.
E então, veio o momento que eu nunca queria que acontecesse.
Ao entrar em uma curva de alta velocidade, senti o carro sair de traseira de repente. Tentei corrigir, mas já era tarde demais. O mundo girou ao meu redor quando bati forte no muro. O impacto foi brutal. O barulho do carbono se despedaçando foi a última coisa que registrei antes de tudo escurecer.
O rádio da equipe chamava meu nome, mas eu não conseguia responder. Meu corpo estava imóvel. A adrenalina que me mantinha focado a corrida inteira agora parecia se dissipar, e a escuridão tomou conta.
001. Eu deixando essa bomba aqui pra vocês, batam a meta para que eu possa voltar amores, aliás votem e comentem no capítulo anterior também.
002. Desculpa qualquer erro ortográfico. Espero que estejam gostando da Fanfic.
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