27.
LANDO NORRIS
📍Madrid, Espanha
"Reconectando."
Ainda me custava acreditar que Emily tinha perdido a memória. O mais importante era que ela estava bem, mas, lá no fundo, saber que ela não se lembrava de nada, nem de mim, doía muito. Saber que eu não podia expressar o que realmente sentia, porque ela não lembrava de nós e do que vivemos, era doloroso.
— Lando? — Ouvi a voz suave de Emily me chamando, e virei para vê-la parada na porta. — Por que você está aqui fora sozinho?
Respirei fundo, tentando esconder a angústia que crescia no meu peito.
— Estava pensando em algumas coisas, Lily — Respondi, forçando um sorriso. Ela se aproximou, com cuidado e sentou-se ao meu lado no banco do jardim da casa dela. O lugar era tranquilo, cheio de flores ao redor, mas o silêncio entre nós era pesado. —
— Você parece distante — Ela comentou, olhando para mim com curiosidade. —
Continuei olhando para frente, lutando com as palavras. Como eu poderia explicar que estava distante porque não sabia como lidar com o fato de que a pessoa que amava não lembrava de mim?
— É difícil... ver você assim, sem se lembrar de nada — Confessei, finalmente. — Mas estou aqui por você, não importa o que aconteça.
— Eu gostaria de lembrar. Realmente, eu gostaria. Mas, por mais que eu tente, é como se tudo estivesse em branco — Ela admitiu, com um olhar triste. — Mas, mesmo sem me lembrar de nada, sinto que você é importante para mim. Isso não mudou.
— Você quer fugir um pouco daqui? — Perguntei, tentando mudar o clima pesado. — Posso te mostrar a cidade. Talvez ajude você a lembrar de algo.
Emily me olhou surpresa, uma sobrancelha levantada em dúvida.
— Você está brincando? — Ela perguntou, mas havia um leve sorriso em seus lábios. —
— Não estou — Respondi, balançando a cabeça, sério. — Acho que um passeio pode ser bom. Ver alguns lugares pode te ajudar a lembrar de alguma coisa.
Ela ponderou por um momento, olhando ao redor, como se estivesse pensando a ideia. Finalmente, soltou um suspiro e sorriu de leve.
— Tudo bem, por que não? — Disse ela, aceitando minha sugestão. —
Nos levantamos, e eu a ajudei a caminhar até o fundo da casa, onde meu carro estava estacionado. Quando ela o viu, seus olhos se arregalaram de surpresa.
— Esse é o seu carro? — Perguntou, surpresa, examinando o veículo como se fosse a primeira vez que o via. —
Sorri, lembrando de um momento passado.
— Sim, um dia, você até brigou comigo para dirigir esse carro — Contei, rindo ao me lembrar da teimosia dela. Emily riu, mas era uma risada leve, como se estivesse tentando se conectar com essa parte de si que parecia tão distante. —
— Sério? — Ela perguntou, ainda sorrindo. —
— Sim. E eu acabei cedendo, claro — Respondi. — Você não desistia até conseguir o que queria.
Ela balançou a cabeça, divertida, mas havia uma certa curiosidade nos olhos dela, como se tentasse se ver naquela situação.
— Acho que não me surpreende — Comentou, entrando no carro com minha ajuda. —
Ela balançou a cabeça, ainda rindo suavemente, mas logo franziu o cenho.
— Você acha que não deveríamos avisar que saímos? — Perguntou, com um tom de preocupação misturado à curiosidade. —
Eu dei de ombros, rindo.
— Provavelmente. Mas... se a gente avisar, seu irmão vai querer me matar por estar te levando para passear enquanto você devia estar descansando — Brinquei, com um sorriso travesso. —
Emily soltou uma risada, relaxando um pouco mais no banco do carro.
— Acho que ele só ia te dar uma bronca — Comentou, divertida. — Ou, quem sabe, me prender no quarto por causa da minha recuperação.
— Ele faria isso? — Perguntei, rindo. —
— Ah, com certeza! — Respondeu ela, ainda rindo. — Mas, sinceramente, acho que vale o risco. Não quero ficar presa lá por mais tempo.
— Então, acho que está decidido — Disse, sorrindo enquanto ligava o carro. — Vou te mostrar a cidade quantos dias forem necessários. Até você se lembrar de tudo ou, pelo menos, até eu cansar de te ver tentar dirigir esse carro de novo.
Emily riu de novo, e o som da risada dela me deu um alívio. Mesmo que as memórias estivessem perdidas, a essência dela ainda estava ali.
— Isso parece uma aventura que eu gostaria de lembrar — Ela disse, com um sorriso brincalhão, olhando para a janela enquanto o carro acelerava pelas ruas tranquilas. —
Eu assenti, mantendo os olhos na estrada, mas o coração tranquilo por estar ao lado dela, pronto para ajudá-la a redescobrir cada pedaço da vida que ela havia perdido.
¤¤ 🇬🇧 ¤¤
O olhar de Emily vagava pelos cantos da minha casa, curiosa e atenta. Tínhamos voltado para cá por causa da chuva, que nos pegou de surpresa no meio do caminho. Minha casa era o lugar mais próximo do que a casa dela.
Ela olhou para mim, o olhar brilhando de empolgação.
— Sério que você dirige um carro a mais de 300 km/h? — Perguntou, com um misto de espanto e animação. —
Assenti, sorrindo.
— Sim, esse é o meu trabalho — Respondi, tentando não parecer tão convencido. —
Emily riu, e sua atenção foi capturada por um quadro pendurado na parede. Ela se aproximou, observando atentamente a imagem de minha primeira vitória.
— Isso é incrível! — Exclamou, olhando para a foto. — Você combina com o primeiro lugar.
Eu sorri, surpreso pelo comentário. Mesmo sem lembrar de mim, ela ainda parecia entender a essência do que aquilo significava.
— Quando é sua próxima corrida? — Ela perguntou, com uma animação genuína. —
— Esse final de semana — Respondi, tentando manter o tom casual. —
— Eu queria ir assistir... — Ela olhou para o próprio pé com a bota e fez uma careta. — Mas com esse pé, acho que vai ser impossível.
— Você pode assistir pela TV por enquanto — Sugeri, tentando manter o ânimo dela. — Já ficarei feliz sabendo que está torcendo por mim daqui.
— Eu vou torcer por você, com certeza. Mesmo sem me lembrar de tudo, acho que posso ser uma boa torcedora. — Ela sorriu, assentindo. —
— Só não conta para o Carlos — Brinquei, lançando um sorriso travesso. — Senão ele vai ficar com ciúmes por você torcer por mim.
Emily riu, balançando a cabeça.
— Pode deixar, guardo segredo — Respondeu com um brilho nos olhos. —
O clima leve entre nós foi uma espécie de alívio. Mesmo com tudo que ela havia passado, ainda havia humor e gentileza em sua maneira de ser.
— Além disso — Continuou ela, dando de ombros — Parece que você merece uma torcida especial.
O sorriso dela era reconfortante, e eu sabia que, mesmo sem suas memórias, aquela conexão entre nós ainda estava ali.
— Na verdade, eu tenho algo para você — Falei, levantando-me com um sorriso misterioso. —
— Ah, é? O que é? — Emily perguntou, intrigada. —
— Você vai ter que esperar aqui na sala um pouquinho. Eu já volto — Respondi, piscando para ela antes de sair. —
Caminhei até o quarto com um propósito claro. Desde a última vez que estivemos em Mônaco, eu havia guardado aquele colar, planejando entregá-lo em um momento especial. Mas depois de tudo o que aconteceu, ele ficou esperando o momento certo, e agora parecia ser esse momento.
Abri a gaveta onde o mantive seguro e lá estava, com seu pingente delicado e as iniciais dela gravadas. O colar parecia esperar tanto quanto eu por esse momento. Segurei-o com cuidado e voltei para a sala.
— Pronto — Disse, sentando-me novamente ao lado de Emily. —
— O que é isso? — Ela perguntou, seus olhos fixos no colar em minha mão. —
— É seu — Falei, entregando o colar para ela com cuidado. — Você o esqueceu comigo uma vez, antes de tudo isso acontecer.
Emily pegou o colar com delicadeza, olhando para o pingente com um misto de curiosidade e nostalgia. Seus dedos deslizaram pelas iniciais gravadas, e por um momento, ela ficou em silêncio, como se estivesse tentando puxar alguma memória perdida.
— Eu costumava usar isso sempre, não é? — Perguntou, sua voz suave e distante, como se tentasse se reconectar com uma parte de si mesma. —
— Sim, você usava o tempo todo. Eu o guardei esperando o momento certo para devolvê-lo a você. — Assenti, sorrindo. —
— Obrigada, Lando. Mesmo que eu não me lembre de tudo, acho que isso significa muito para mim. — Ela sorriu, um sorriso tímido, mas cheio de emoção. —
— Não precisa agradecer — Respondi. — Só quero que você tenha de volta o que é seu.
Antes que ela pudesse responder, meu celular começou a tocar. Olhei para a tela e vi o nome de Carlos piscando. Suspirei, sabendo que agora teria que lidar com o "drama" que estava por vir.
— Agora vou ter que escutar — Brinquei, levantando o celular. —
Atendi com um tom calmo, mas já imaginando a bronca.
— Onde você tá com a minha irmã? — A voz de Carlos veio firme do outro lado da linha. — Ela deveria estar descansando, não andando por aí com você!
Emily riu baixinho ao meu lado, entendendo o tom protetor de Carlos, e eu apenas revirei os olhos.
— Relaxa, Carlos. Estamos em casa, ela está descansando — Respondi, tentando tranquilizá-lo. — Só saímos um pouquinho.
Carlos não parecia totalmente convencido.
— Ela precisa se cuidar! — Insistiu ele, claramente preocupado. —
— Eu sei, eu sei — Assegurei. — Não se preocupe, ela está em boas mãos.
— Em boas mãos? — Carlos riu do outro lado da linha, mas o tom ainda era sério. — Lando, você mal consegue cuidar de si mesmo, e agora quer cuidar da minha irmã?
Emily tentou segurar o riso ao ouvir o comentário, e eu revirei os olhos, brincando com a situação.
— Ei, isso foi golpe baixo — Respondi, fingindo estar ofendido. — Mas eu juro, estou levando a sério dessa vez.
— É bom mesmo — Ele retrucou, mais calmo agora. — Só estou preocupado, sabe? Ela já passou por tanta coisa...
— Eu entendo, Carlos. E vou garantir que ela fique bem. Prometo — Falei, olhando para Emily, que ainda sorria de leve. —
— Tudo bem, só... me avisa de qualquer coisa. E lembre-se de que ela precisa descansar. — Ele suspirou do outro lado, parecendo finalmente aceitar a situação. —
— Pode deixar — Respondi, já encerrando a ligação. —
Emily me olhou com curiosidade, ainda divertida com a conversa.
— Ele sempre foi assim? — Perguntou, arqueando uma sobrancelha. —
— Sempre — Respondi com um sorriso. — Mas é só porque ele se importa.
Emily se ajeitou no sofá e encostou a cabeça suavemente no meu ombro. O gesto foi tão natural que, por um momento, quase esqueci que ela não se lembrava de nada.
— Lando — Disse ela, levantando a cabeça para me olhar. — Você poderia me contar um pouco sobre como nos conhecemos?
O pedido dela me pegou de surpresa, mas a curiosidade em seus olhos me fez sorrir.
— Claro! — Respondi, animado. — Nós nos conhecemos através do Carlos há uns dez anos. Você tinha ido assistir a uma corrida dele e eu também estava lá para apoiá-lo. Ele venceu a corrida, e queria muito que nós nos conhecêssemos.
— E... como foi? — Emily perguntou, curiosa. —
— Bom, para ser sincero, na primeira vez você não foi muito simpática comigo. Na verdade, você nunca foi — Confessei, rindo um pouco. — Você cresceu implicando comigo. Confesso que dei motivos, mas, com o tempo, começamos a nos dar melhor.
Ela arqueou uma sobrancelha, tentando processar a informação.
— Então eu era a sua "rival"? — Perguntou, uma expressão divertida no rosto. —
— Algo assim — Respondi, rindo. — Mas, depois de algumas corridas e muitos momentos juntos, você foi me conhecendo melhor. A verdade é que sempre admirei sua determinação e seu talento como estilista.
— Uau, parece que nossa relação teve um começo bem interessante! — Ela comentou, sorrindo. — Estou surpresa por saber que eu era tão complicada.
— A vida é cheia de reviravoltas — Disse, olhando nos olhos dela. — O importante é que, apesar das dificuldades, acabamos nos tornando muito próximos.
— E isso é o que importa — Completou, parecendo contente com a nova perspectiva sobre nós dois. —
No fundo, eu queria poder contar tudo, até o detalhe de que éramos bem mais do que amigos, mas não achava que seria bom agora. Em vez disso, sorri para ela, mantendo o mistério que cercava nosso passado.
— Então, você quer saber o que mais eu não lembro? — Emily brincou, seus olhos brilhando com um toque de humor. — Tipo, se você realmente é tão legal quanto parece ou se está apenas tentando me enganar para conseguir meu voto na torcida?
Ri, adorando o jeito dela de lidar com a situação.
— Ah, isso é um desafio! — Respondi, colocando a mão no coração como se estivesse ofendido. — Sou o cara mais legal que você vai conhecer, prometo.
Ela riu, e a leveza da conversa nos envolveu.
— Tudo bem, então — Ela disse, inclinando-se para mais perto. — Mas, se eu descobrir que você tem um lado sombrio, vai ser muito difícil me convencer a torcer por você na próxima corrida.
— Desafiante, não é? — Rebati, mantendo o tom brincalhão. — Só posso te prometer uma coisa, sou bem mais interessante do que parece.
— Isso eu já acredito! — Ela respondeu, piscando. — Agora, preciso descobrir mais sobre esse lado "interessante" de você.
Com isso, o clima leve e divertido entre nós tornou-se uma ponte, ligando o presente ao passado que ainda estava por vir.
001. Amo essa nova fase deles mesmo ela não se lembrando de nada, ela sabendo que pode confiar nele sempre.
002. Desculpa qualquer erro ortográfico. Espero que estejam gostando da Fanfic.
003. Votem e comentem muito para liberação do próximo capítulo ser rápido. Bjos da Bia.
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