➳ 𝐂𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐝𝐨𝐢𝐬? 𝐏𝐞𝐧𝐬𝐞𝐢 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐫𝐚 𝐮𝐦𝐚 𝐨𝐧𝐞𝐬𝐡𝐨𝐭
BEOMGYU SUSPIROU alto vendo a bagunça encima da mesa. Coçou os cabelos, agora loiros, e fez uma careta de desespero. Havia uma massa batida de bolo de chocolate numa vasilha grande de alumínio, farinha de trigo onde era curiosamente impossível de haver, cobertura e lascas de chocolate pelo chão e um bebezinho de cabelinhos escuros um pouco encaracolados, com uma presilha de resina decorada com margaridas que combinavam com a de Beomgyu, no chão, rindo feliz.
── Oh, não, mãezinha! - Falou pro bebê, o pegando no colo. ── Olha a bagunça que a gente fez, Taesun! - O bebê não entendia e só olhou ao redor algumas vezes antes de voltar a rir, como se o caos ao redor o divertisse. ── O papai vai nos matar...
Beomgyu agora já tinha 27 anos. Já o seu amado marido havia acabado de fazer 26 alguns minutos atrás. E por último, ele também tinha um filhinho de um ano que tinha olhinhos grandes de jabuticaba semelhantes aos olhos do marido.
Os dias felizes e regados de presilhas agora eram recorrentes e, pobre Taehyun, que agora tinha que comprá-las em dobro, para que essa dupla de pai e filho as combinasse. Kang Taesun foi fruto de uma barriga de aluguel. Beomgyu sempre quis ter um bebê e, com a família de Taehyun o apoiando, eles acharam uma mulher que realizasse esse sonho para eles. Taesun nasceu a cara do pai. Beomgyu até mesmo achava que a criança parecia um pouco consigo. Beomgyu deu todo o amor que não cabia em si para o bebezinho e Taehyun educou o filho tão bem quanto sua própria mãe o educou.
Mas cuidar da criança era a tarefa mais difícil do mundo, por mais que o seu filhinho fosse comportado. E para Beomgyu, um gay orgulhosamente assumido, se provava complicado dentro e fora de casa. As pessoas o olhavam estranho quando viam o bebezinho o chamando carinhosamente de "mamã", por mais que ele amasse esse jeito carinhoso do filho se dirigir a si e adorasse quando se dirigiam a ele pelo pronome feminino. No entanto, chegando em casa, ele olhava-se no espelho e via seu cabelo num long hair cheio de presilhas e mais uma vez, Beomgyu se sentia envergonhado de ser tão diferente dos outros garotos. Ele já havia perdido uma família, e se o seu filhinho crescesse e também achasse estranho o pai se portar daquele jeito? E se o o seu filhinho também o achasse repugnante depois de mais velho? Tudo isso assustava o pobre Beomgyu.
Mas ele descobriu que nada é mais assustador do que fazer bolo.
── Beomgyu! - A voz da mãe de Taehyun se fez presente na sala. Ela sabia a senha da porta então rapidamente entrou e veio correndo feliz até a cozinha para ver o genro. ── Meu bebê, como você vai... - Parou assim que viu toda a bagunça.
Beomgyu sentiu os olhinhos cheios de lágrimas quando olhou para ela. ── Sogra, eu não sei fazer nada direito! - choramingava, enquanto balançava o bebê nos braços.
Vendo o papai dele chorando, Taesun também se sentiu curiosamente triste e começou a chorar em harmonia com ele, gritando pela Mama. Essa cena era bem recorrente. Beomgyu ainda era como um bebê e Taesun o imitava em quase tudo. Se Beomgyu estivesse bravo, Taesun estava bravo. Se Beomgyu estivesse feliz, então Taesun estaria feliz.
E se Beomgyu estivesse usando presilhas, Taesun também usaria.
A mãe de Taehyun tentou segurar o riso ao ver Beomgyu acalentando o bebezinho.
── Não chora, Taesun, se não a mama chora também! - lamuriou para o filho.
── Okay okay, vem pra vovó, Sunsun! - A Senhora Kang bateu palmas duas vezes chamando o netinho para si, mas Taesun se agarrou mais forte ainda na Mama dele.
── Mama! - Gritou, como se quisesse reafirmar o que queria.
Não ia soltar de Beomgyu nem tão cedo. Sabendo disso, o homem deu a chupetinha transparente dele e ficou tentando acalmá-lo.
── Eu não consigo fazer o bolo e olhar o meu bebê ao mesmo tempo. - Fungando, explicou para a mulher. ── Eu tentei deixar ele no chão um pouco, mas fiquei tão preocupado dele bater em algum lugar que fiz mais bagunça do que quando ele estava nos meus braços. Eu sou um pai horrível!
── Ei! Nananina não, mocinho! Você é um ótimo pai, uma ótima mama, um ótimo o que você quiser ser! Mas por que você está fazendo bolo, meu bem?
── Pro aniversário do Tae. - Ele disse, conseguindo finalmente acalmar o bebê dele. Taesun deitou a cabecinha no peito de Beomgyu, cansado de tantas emoções.
── Oh! Você vai fazer uma surpresa para o meu filho? - A mãe do seu marido deu um sorriso doce. ── Aya! Vocês são tão lindos. Eu tenho um genro muito bom, muito bom. - Ela dizia.
── Eu tenho uma sogra muito boa. - Beomgyu devolvia. Essa dupla de genro e sogra eram muito apegados um ao outro, deixando até mesmo Taehyun de lado.
── Vá, vá. Coloque o Taesun para dormir que eu vou tentar salvar este bolo.
── Sério!? - Beomgyu arregalou os olhinhos com lágrimas presas. ── Você vai me ajudar, sogra?
── Claro, claro! Agora vá rápido, daqui a pouco o Taehyun chega. Precisamos arrumar tudo!
── Sogra, sobre isso... - Ele de repente se sentiu envergonhado por admitir o fato. ── Eu não sei o que dar de presente pro meu Tae...
A mãe de Taehyun ficou confusa. ── Querido, não se preocupe, meu filho nunca gostou de presentes. Ele fica envergonhado.
── Mas eu nunca dei nada a ele! Tenho que dar algo especial a ele esse ano. Como vou provar meu amor a ele!?
── Você deu um filho a ele ano passado, Gyu. Ele já te ama, não precisa de presentes para provar isso.
E Beomgyu sem saber mais o que fazer, confiou aquela massa mal batida, que provavelmente ficaria solada, nas mãos da mulher e pediu do fundo do seu coração, que ela salvasse.
Andou com o bebê até a sala e sentou no sofá cinza, cantarolando uma canção de sua infância. Taesun, imitando o que o papai Taehyun fazia quando ia colocá-lo pra dormir, começou a alisar carinhosamente o braço de Beomgyu, até que parou, começando a ficar sonolento. Na segunda estrofe da terceira música, o neném adormeceu.
Beomgyu olhou pra ele por alguns minutinhos antes de tocar a presilha na cabeça do bebê. Meninos, se você quer saber, ficam lindos de presilhas. E Beomgyu amava muito as presilhas. Oh! E se fosse esse o seu presente para Taehyun!?Pensando bem, Beomgyu nunca tinha dado o que ele mais amava, uma presilha!
Beomgyu sorriu, alegre de novo, e foi colocar o filhinho no berço de madeira branca que ficava no quarto ao lado do dele. Balançou o bebê algumas vezes na cama para garantir que ele não acordasse e depois foi embora, rumando a cozinha.
―― Consegui, sogra! ―― ele estava tão feliz, que acabou gritando.
―― Shhh! Assim vai acordar o furacãozinho, Gyu! ―― a sua sogra repreendeu sorrindo, enquanto batia na mão a massa do bolo.
―― Eu já sei o que vou dar pro Terry! ―― ele concluiu, dessa vez sussurrando. ―― Vou dar a ele um pedaço de mim!
A mãe de Taehyun quase deu uma risada. ―― Beomgyu, eu preferia não saber o que é...
Vendo que o que ele tinha dito foi tirado do contexto, suas bochechas avermelharam enquanto ele negava com as mãos.
――Não, não, não é nada disso! Sogra, a senhora não entendeu! ―― cboramingou envergonhado, a mãe de Taehyun riu mais. Ela, tal como o filho, achava muito divertido mexer com Beomgyu.
―― Okay okay, a sogra vai parar de mexer com você, Gyu. Desculpa a sogrinha!
―― Eu vou dar a ele uma presilha! ―― ele disse. A mãe de Taehyun, conhecendo o genro, abriu um sorriso sincero.
―― Qual?
―― Todas. As minhas e as do Taesun. Quero que ele saiba que eu me livraria de todas as presilhas por ele. ―― disse, com emoção nos olhos. ―― E que ele saiba que ele também ficaria lindo de presilhas.
A senhora Kang por fim não soube mais como responder o genro, comovida demais pelo amor dele por seu filho. Ela então só focou no bolo, enquanto Beomgyu ia arrumar a cozinha.
❤
O Choi enxugou o suor das mãos quando ouviu a porta sendo aberta. Por ser quinta-feira, independentemente se era seu aniversário ou não, Taehyun havia ido trabalhar, e só largara agora, beirando às 20:30. Beomgyu estava no sofá brincando com Taesun quando o marido chegou.
―― Anjo! Olha o que eu trouxe! ―― havia uma sacola na mão direita dele ―― Eu vi na vitrine de uma loja, e achei que você ia amar. ―― E como o previsto, era uma presilha.
Beomgyu olhou no fundo dos olhos dele e o deu um beijo, até que, se sentindo ignorado, Taesun empurrou Beomgyu e se esticou para Taehyun.
―― Papa! Papa! ―― As mãozinhas abriam e fechavam, ansiosas para serem pegas.
―― Oi, meu príncipe! ―― ele girou o bebê duas vezes, escutando a gargalhada do filho. ―― Sentiu saudades do Papa? Sabe que dia é hoje, Taesun?
Taesun não sabia, mas riu como se soubesse.
―― Isso mesmo, é o aniversário do Papa! ―― sorriu, dando beijinhos na bochecha gordinha do filho.
―― SURPRESA! ―― Saindo da cozinha, vinha o pai de Taehyun, sua mãe e seus amigos próximos, segurando o bolo azul com branco com "Feliz aniversário" escrito no topo.
―― Ué... ―― como ninguém tinha lhe dado um Feliz aniversário durante o dia, ele simplesmente achou que tinham esquecido. ―― Uma festa surpresa para mim? ―― ele estava tão feliz que começou a sorrir. ―― Olha, Taesun, nós vamos comer bolo!
―― Não vamos, não. ―― Beomgyu tratou logo de retirar o filho dos braços do pai mais velho. ―― Ele já comeu muito chocolate enquanto eu preparava esse bolo.
―― Você que fez, anjo? ―― Taehyun se sentiu mais feliz ao saber que foi seu amor que fez seu bolo.
―― Na verdade...
―― Foi sim, filho! Eu mesma vi ele fazendo. ―― a mãe do Kang disse, piscando o olho para o genro.
―― Ai, Taehyun! ―― Yeonjun, um dos seus amigos, gritou. ―― O Beomgyu passou muito tempo fazendo esse bolo, vai ficar parado sem bater o parabéns?
Beomgyu viu o marido ir para mais perto do bolo, então puxou a cantiga de parabéns. As velas acesas faziam um brilho bonito sobre o rosto do seu marido e refletia nos lindos olhos escuros que ele tinha. Beomgyu olhou pro bebê em seus braços e sorriu.
Ele realmente parecia com Taehyun mesmo. O brilho nos olhos dos dois é igual. E Beomgyu amava ambos.
O primeiro pedaço de bolo foi cortado e, ao invés de ir para o melhor amigo brasileiro do Kang, Huening Kai, ele parou nas mãos de Beomgyu, que só faltou chorar de emoção por ganhar o primeiro pedaço, por mais que sempre seja ele que ganha todo ano.
Quando todos terminaram de comer e de dar seus respectivos presentes, já era umas 23:00 e todos partiram, a fim de deixar Taesun ter uma boa noite de sono sem barulho. Quando todos foram embora, Beomgyu se jogou no sofá com sua camisa branca de tricô cansado, retirando a sua presilha e penteando os cabelos com a mão. Taehyun veio depois com Taesun nos braços, quase dormindo.
Beomgyu sorriu pro marido. ―― Ele fica tão comportadinho com você ―― Taesun parecia feliz nos braços do pai.
―― É porque ele é igual a mama dele. Os dois me amam muito.
―― Amor, eu tenho um presente.
―― Mais um? Você já me deu o bolo ―― como dito pela mãe do Kang, Taehyun começou a ficar nervoso quando a palavra 'presente' foi citada. ―― Kang Beomgyu, volta aqui! ―― resmungou, mas o moreno já havia corrido para o quarto.
Quando ele voltou, Taesun já estava dormindo nos braços de Taehyun. Havia uma caixa preta nas mãos dele, com um laço vermelho.
―― Aqui. Eu quero te dar o que eu mais amo nesse mundo depois de você e do Taesun. ―― Taehyun olhou nos olhos dele, depois mirou a caixa.
―― Isso são suas...
―― Minhas presilhas. Todas elas. ―― Ele disse ―― Ah é, menos a que eu estava usando hoje. ―― Ele apontou com a cabeça para a presilha no braço do sofá. ―― Essa tá ali.
Taehyun não sabia como reagir.
―― Eu te amo, Taetae. ―― O loiro disse. ―― Eu te amo muito, por você nunca ter deixado de me amar. Eu eu amo presilhas muito também. Mas sinceramente, eu só amo elas, porque você me dá elas. Se você não tivesse me dado a primeira, eu nunca teria me aceitado e nunca teria usado uma presilha. Então hoje eu lhe dou todas as minhas presilhas. ―― Ele abriu a caixa mostrando as mais variadas e coloridas presilhas. ―― E eu quero que você as ame, porque elas são a prova de que eu me livraria de tudo, simplesmente por você.
E sorriu.
Taehyun teve que admitir, escorreu uma lágrima no seu rosto cheio de lindas covinhas. E abriu o braço esquerdo, segurando Taesun deitado em seu ombro só com o direito e Beomgyu se aninhou com ele, murmurando baixinho:
―― Você quer usar uma?
Taehyun sorriu, assentindo com a cabeça.
E aquela noite, havia três meninos de presilhas na sala, mas isso não é algo errado e estranho. Era, simplesmente, muito bonito.
F I M . . .
★
Hey, chegamos ao fim
de mais uma adaptação,
espero de coração que tenham gostado, até a próxima! ʚ♡ɞ
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