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capítulo seis

Votos e comentários são muito importantes para a continuação da história.

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"Amar é destruir e ser amado é ser destruído. -- cidade dos ossos"

 O tempo era algo que consumia Stanley aos poucos, ao todo já fazia 72 dias 1728 horas, 103680 minutos e 6,221+6 segundos que ele não via, ouvia ou falava com Onã, e esses eram os piores dias de toda sua vida. A sua matriarca estava ao seu pé em cada dois passos, algo que não lhe agradava; ele realmente não odiava sua mãe, ele não podia, ela era uma mãe mediana e um tanto quanto louca, mas continuava sendo sua mãe, porém ele odiava o modo como ela o distanciava das pessoas mais importantes para ele, como ela o distanciava de Onã.

Encolhido no pequeno sofá do camarote de um dos diversos shows que sua mãe fazia o garoto tentava adormecer, uma careta no rosto indicava o seu desprezo e aborrecimento, aquele local não era confortável e aquele imenso barulho lhe dava raiva, nos últimos dias ele estava com raiva de que sua mãe fazia; se virando no sofá ele tapou os ouvidos e fechou os olhos.

Onã sentia frustração, não raiva, só, um enorme desconforto em seu peito e nauseas no estômago, ela gostava da companhia de Stanley, ele era o único que podia lhe fazer sorrir, o modo como a matriarca do garoto os separou tão de repente fez toda a ordem deles se desorganizar. Porém ela era Onã Brassard, e ela nunca desistiria, não tão facilmente quanto todos pensavam.

-- Bela jaqueta, cabeção. __ Onã falou sentando no descanso do sofá, sua voz fez Stanley sentar rapidamente no estofado e a encarar.

-- Estou sonhando? __ coçou os olhos, assim que ele os abriu deu uma risada. -- Você tá aqui! __ a abraçou, Onã deu um riso.

-- Eu posso ser uma pedra no seu sapato quando precisa. __ falou saindo do abraço.

-- Foram os piores 72 dias da minha vida. __ declarou, Onã inclinou a cabeça levemente.

-- Você contou! __ riu. -- Você realmente contou os dias.

-- Eu contei __ admitiu. -- todos os dias. Como eu não poderia contar?

-- Bem __ Onã se deitou no sofá e pôs as pernas sobre as do amigo. -- se serve de consolo. Eu passei os últimos 72 dias esperando você no barril.

-- Serve! __ deu de ombros e encarou o palco. -- Minha mãe não vai gostar de ver você aqui. Ela acha que você é uma péssima influência.

-- É __ balbuciou. -- talvez eu seja.

-- Estou falando sério, Onã. __ a encarou, os olhos estreitos em magoa e misturados com fúria. -- Ela odeia você.

-- É o meu dom. __ sorriu o cutucando com o pé, Stanley sorriu dando leves tapas em seu pé.

-- Idiota! __ sussurrou. -- O que veio fazer aqui?

-- Ver o seu belo rosto que não foi. __ se sentou ao lado do amigo. -- Vim dizer adeus... apropriadamente.

-- Isso é um adeus? __ Stanley a encarou.

-- Sua mãe me odeia e vai proibir você de me ver __ deu de ombros. -- acho que é o nosso adeus.

-- Eu não quero dizer adeus.

-- Então não diga. __ o encarou, Stanley segurou a mão de Onã e deu um leve sorriso.

-- Adeus quer dizer para sempre. __ declarou. -- Isso não é para sempre.

-- O que é isso então Stanley? __ rolou os olhos.

-- Isso é um: te vejo logo. __ Onã sorriu.

-- Te vejo logo, Stanley.

-- Te vejo logo, Onã.

-- Nós para sempre? __ se afastou e mostrou o dedão para o amigo, esse que os conectou.

-- Nós para sempre!

QUEBRA DE TEMPO

Onã estava deitada na cama, a cabeça para baixo e as pernas escoradas na parede e os pés balançando levemente, tédio, um completo tédio instalado em todo o seu ser.

-- Em casa? Agora? __ a voz de Marthim fez Onã o encarar, ele estava parado na porta, de sua visão panorâmica ele estava de cabeça para baixo.

-- Sim. __ murmurou sem ânimo.

-- Cadê aquele menino esquisito? __ cruzou os braços.

-- Eu não sei! __ se arrumou na cama sentando perto da parede, Marthim suspirou e se aproximou da cama.

-- O que aconteceu? __ questionou sentando no começo da cama.

-- A mãe dele não vai com a minha cara. __ deu de ombros.

-- Sabe __ Marthim deu um leve sorriso. -- quando eu conheci a sua mãe os pais dela também não gostavam muito de mim.

-- Como vocês se casaram? __ o encarou, Marthim sorriu levemente.

-- Eu não desisti. __ murmurou. -- Você realmente gosta dele?

-- Ele é o meu melhor amigo. __ brincou com os dedos. -- Stanley é o único que me faz sentir bem, faz eu ser quem sou.

-- Eu não fui um bom pai, certo? __ se encararam. -- Acho que não mereço você.

-- É, eu também acho. __ deu um leve sorriso sem mostrar os dentes. -- Por que Marian foi embora?

-- Marian é... como se diz? __ estalou os dedos. -- Impulsiva! Desde jovem ela faz tudo o que bem entender.

-- Eu fui um impulso? __ o analisou, Marthin deixou os ombros caírem e seu olhar se tornou puro pesar.

-- Sim. __ limpou a garganta. -- Você foi um puro impulso de dois jovens delinquentes que não obedeciam os pais.

-- Isso faz você se sentir melhor? __ Marthin a encarou Onã, foi ali que ele viu em seus olhos, ela não tinha o mesmo brilho ou a mesma vitalidade de anos atrás, aquele era só uma casa vazia da sua doce e pequena flor.

-- Me faz sentir melhor sobre o que? __ questionou confuso.

-- Eu ser um impulso de dois jovens imprudentes faz você se sentir melhor por me bater?

-- Não. __ sussurrou.

-- Então, porque você só não foi mais cuidadoso? __ se levantou pegando o moletom da cômoda. -- Afinal, eu não pedi pra nascer.

-- Onde você vai? __ a encarou vendo a filha sair do quarto, Onã parou na porta o encarando com um semblante cansado.

-- Para a rua! __ deu de ombros. -- Fazer algo útil, afinal, eu não quero ser mais um estorvo.


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