
𝖢𝖺𝗉𝗂́𝗍𝗎𝗅𝗈 𝟣 - 𝖠𝗅𝖽𝖾𝗂𝖺 𝖣𝖾 𝖣𝖺𝗆𝖺𝗌𝖼𝗈🏹
𝙲𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟷
⁻ ᶦⁿᵗʳᵒᵈᵘᶜ̧ᵃ̃ᵒ ᵍᵉʳᵃˡ
"𝖠𝗅𝗂𝖼𝖾 𝖲𝗆𝗂𝗍𝗁. 𝖦𝗎𝖺𝗋𝖽𝖾 𝖻𝖾𝗆 𝖾𝗌𝗌𝖾 𝗇𝗈𝗆𝖾, 𝖼𝖺𝗋𝗈 𝗅𝖾𝗂𝗍𝗈𝗋, 𝗉𝗈𝗂𝗌 𝗍𝖾 𝖼𝗈𝗇𝗏𝗂𝖽𝗈 𝖺 𝗏𝗂𝗏𝖾𝗇𝖼𝗂𝖺𝗋 𝖺 𝗌𝗎𝖺 𝗁𝗂𝗌𝗍𝗈́𝗋𝗂𝖺. 𝖴𝗆𝖺 𝗃𝗈𝗏𝖾𝗆 𝖽𝖾 𝖾𝗌𝗉𝗂́𝗋𝗂𝗍𝗈 𝗂𝗇𝖽𝗈𝗆𝖺́𝗏𝖾𝗅 𝖾 𝖼𝗈𝗋𝖺𝖼̧𝖺̃𝗈 𝗀𝖾𝗇𝖾𝗋𝗈𝗌𝗈, 𝖿𝗂𝗅𝗁𝖺 𝖽𝖾 𝗎𝗆 𝗅𝗂́𝖽𝖾𝗋 𝖾𝗆 𝖣𝖺𝗆𝖺𝗌𝖼𝗈, 𝗉𝗋𝖾𝗌𝗍𝖾𝗌 𝖺 𝖽𝖾𝗌𝖼𝗈𝖻𝗋𝗂𝗋 𝗊𝗎𝖾 𝗁𝗈𝗇𝗋𝖺𝗋 𝗎𝗆 𝗅𝖾𝗀𝖺𝖽𝗈 𝗉𝗈𝖽𝖾 𝗌𝖾𝗋 𝗆𝖺𝗂𝗌 𝗉𝖾𝗋𝗂𝗀𝗈𝗌𝗈 𝖽𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝗃𝖺𝗆𝖺𝗂𝗌 𝗂𝗆𝖺𝗀𝗂𝗇𝗈𝗎. 𝖮 𝖼𝖺𝗆𝗂𝗇𝗁𝗈 𝖺̀ 𝗌𝗎𝖺 𝖿𝗋𝖾𝗇𝗍𝖾 𝖾́ 𝗋𝖾𝗉𝗅𝖾𝗍𝗈 𝖽𝖾 𝖽𝖾𝗌𝖺𝖿𝗂𝗈𝗌 𝗂𝗇𝖾𝗌𝗉𝖾𝗋𝖺𝖽𝗈𝗌..."
✒ 𝘏á muito tempo atrás havia uma aldeia de puro nome, chamada Damasco. Um lugarzinho tranquilo onde todos queriam morar lá, essa aldeia fazia parte da trindade do reino de Atlas, que era governado pelo poderosíssimo Kael Darkfire. Sendo o único território que andava em harmonia perfeitamente com o Rei. Sem rebeldes e tiranos, apenas pessoas boas que tinham o privilégio de conhecê-lo pessoalmente, mas apenas em tempos de festas.
✒ 𝘖 reino de Atlas era dividido em três aldeias, as famosas trindade. Damasco era a aldeia mais "fiel à coroa". Do lado Sul ficava a aldeia de Asgard, onde os moradores eram conhecidos por serem "aduladores da coroa", fazendo tudo sem questionar seus direitos, facilitando as coisas para seus líderes, e especialmente, para o Rei Kael Darkfire. Do lado Norte, Troy, a aldeia que era conhecida por ser a menos queridinha da realeza, pois seus líderes tinham opiniões próprias "a favor e contra" aos comandos do Rei. Por isso, ela era a menos privilegiada do reino de Atlas.
✒ 𝘐sto era preocupante? Nem um pouco, pois havia algo mais preocupante que isso. Não era uma aldeia, e muito menos era mencionado nos registros reais. O que tenho para te contar caro leitor, é algo sério e preciso falar sobre eles. Havia um grupo de pessoas que costumavam dizer que existiam, sem ter um lugar existente. Eles pareciam fantasmas e eram conhecidos por serem "contra à coroa" grandes estrategistas, que fizeram com que o próprio Rei Kael Darkfire, os nomeassem por apelidos de rebeldes.
✒ 𝘌sse grupo de pessoas odiavam ser obedientes ao comando do Rei e da família imperial. Eles nem se importavam com os decretos e faziam tudo o que queriam, apenas para provocá-los. Eles eram caçados e ninguém podia ajudá-los.
✒ 𝘌m cada aldeia havia duas famílias responsáveis pelo seu povo e seus tributos, sendo elas selecionadas pela própria autoridade. Mas nem sempre foi assim, há pouco tempo houve as primeiras conspirações contra o próprio Rei, conspirações que trouxeram sofrimento para pessoas inocentes, incluindo para a família imperial.
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❝ 𝗣𝗮𝗿𝗮 𝗽𝗿𝗼𝘀𝘀𝗲𝗴𝘂𝗶𝗿 𝗰𝗼𝗺 𝘀𝘂𝗮𝘀 𝗺𝗲𝘁𝗮𝘀 𝗲𝘅𝗰𝗲𝗹𝗲𝗻𝘁𝗲𝘀, 𝗲𝘅𝗶𝗴𝗲 𝗲𝘀𝗰𝗼𝗹𝗵𝗮𝘀 𝗲 𝘃𝗮́𝗿𝗶𝗼𝘀 𝘀𝗮𝗰𝗿𝗶𝗳𝗶́𝗰𝗶𝗼𝘀. 𝗖𝗵𝗲𝗴𝗮𝗿𝗮́ 𝘂𝗺 𝗺𝗼𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗻𝗮 𝘀𝘂𝗮 𝘃𝗶𝗱𝗮 𝗾𝘂𝗲 𝘃𝗼𝗰𝗲̂ 𝘁𝗼𝗺𝗮𝗿𝗮́ 𝗱𝗲𝗰𝗶𝘀𝗼̃𝗲𝘀 𝘀𝗲́𝗿𝗶𝗮𝘀 𝗲 𝗺𝗲𝘀𝗺𝗼 𝗻𝗮̃𝗼 𝗾𝘂𝗲𝗿𝗲𝗻𝗱𝗼, 𝘃𝗮𝗶 𝗼𝗽𝘁𝗮𝗿 𝗽𝗼𝗿 𝘂𝗺𝗮 𝗺𝗲𝗻𝗼𝘀 𝗱𝗼𝗹𝗼𝗿𝗼𝘀𝗮. ❞
REINO DE ATLAS - 𝙰𝚕𝚍𝚎𝚒𝚊 𝚍𝚎 𝙳𝚊𝚖𝚊𝚜𝚌𝚘.
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✒ 𝘖 𝘊𝘈𝘔𝘗𝘖 estava cheio de flores amarelas, e mesmo com o ajuntamento das nuvens no céu, à vista permanecia esplêndida.
― Você consegue Alice! ― Nicolas gritou ainda analisando o caminho que a flecha teria que passar e ele estava confiante demais. ― Mantenha a calma, senhorita Smith. ― acrescentou enquanto seus cabelos compridos voavam por causa do vento forte. ― Agora!
A ruiva respirou fundo antes de lançar a flecha.
― Acertei? ― ela perguntou abrindo os olhos.
A garota estava ansiosa e no mesmo instante houve uma explosão de gritos de felicidade, um gostinho chamado conquista. Alice comemorou como nunca, pois era sua primeira vez acertando o alvo em uma distância mínima com o vento forte. Para ela, aquilo merecia uma festa.
― Você acertou! ― Nicolas se aproximou da ruiva, e ele não foi o único. ― Vai tentar outra vez? O senhor Smith ficaria honrado em...
― Não pense nisso. ― Francielly interrompeu, a loira dos cabelos curtos fez um gesto de negação. ― Nico, você sabe muito bem que ninguém pode saber dos nossos treinamentos ou não sabe? ― ela o encarou. ― É segredo.
A aldeia de Damasco era liderada por duas famílias, a família Smith e Carter. A seleção pela liderança da aldeia não foi nada fácil como todos comentavam pelas ruas, jovens do exército do Rei foram selecionados para uma guerra brutal que aconteceu nos campos de Lyon.
Apenas dois jovens de famílias distintas, chamados Eloi Smith e Ellen Carter, guerrearam por sua aldeia até o último momento, que fez o próprio Rei Frederico II que já era avançado em idade se levantar do trono para nomeá-los como líderes de Damasco. Depois dessa bravura, as duas famílias vinham de geração em geração cuidando da aldeia, até o momento oportuno.
― Será que tem como vocês fazerem menos barulho? Não estão vendo que estou tentando me concentrar? Aff. ― Tracy resmungou olhando atentamente para o alvo que queria acertar. ― Lembre-se que a senhorita Smith, não é a única que está com uma flecha apontada aqui.
― Não começa, Tracy. ― Alice sorriu, cruzando os braços. ― Sabe muito bem quem manda aqui.
― Se a senhorita Smith falasse comigo nesse tom, eu voltaria agora mesmo para a aldeia. ― Dário colocou mais lenha na fogueira, sabendo da rivalidade das duas garotas. ― São regras.
A ruiva ergueu os ombros, aliviada. Alice sabia que deveria dar o seu melhor como futura líder, sendo ela a única descendente, até o momento, da família Smith. A garota estava disposta a lutar pelos seus direitos e não estava sozinha.
― Faz silêncio... Eu preciso me concentrar. ― Tracy ergueu o arco. ― Agora é a minha vez. ― e mesmo com uma mecha de cabelo loiro caramelo, atrapalhando sua visão, ela lançou a flecha que atingiu o alvo em segundos. ― Viu? ― ela sorriu, debochando. ― Acho injusto que apenas duas famílias possam liderar a aldeia.
― Injusto? ― Francielly retrucou. ― Diz isso porque não foi o seu tataravô nem nada, que impressionou o próprio Rei. Já imaginou se fosse?
― O que aconteceu há anos atrás não pode ser mudado, não é? ― Nicolas argumentou tentando acalmar as duas garotas, e mudar de assunto também. ― Estamos aqui para treinar, certo?
― Treinar? ― Dário se espantou, debochando. ― Nico, você mal sabe segurar esses gravetos. Imagina segurar uma espada de verdade?
Alice sabia que estava demorando demais para que o jovem Albuquerque começasse com as implicâncias, mesmo assim, Nicolas não deixou que aquilo tirasse sua concentração. Ele sabia que tinha seus desafios e medos pela frente, e que desde o momento que a ruiva o salvou de um ataque de abelhas, ele jurou lealdade.
― Não vou perder o meu controle com você. ― Nicolas ignorou o jovem de cabelos castanhos. ― Vamos treinar?
― Acho que você ficou com medo, não foi? ― Dário provocou fazendo gestos intimidadores.
― Já chega! ― Alice gritou dando um passo para frente, chamando a atenção dos amigos. ― Não estamos aqui para ter discussões bobas, e muito menos para saber quem é o melhor aqui.
― Falou igualzinho ao pai. ― Tracy riu.
― Só estou fazendo o meu papel de futura líder da aldeia. ― ela respondeu, encarando eles. ― E espero que a senhorita Johnson possa entender que foi a própria alteza real que escolheu a minha família e a família da Franci para serem os responsáveis pela aldeia.
― Nós sabemos. ― Dário resmungou.
― E também espero que o jovem Albuquerque não tente discriminar o Nicolas na minha frente. ― Alice continuou tomando a espada de madeira que ele estava segurando. ― O meu pai, o senhor Smith, sempre me disse que a nossa aldeia nunca passará por uma guerra, pois somos aliados da coroa. ― ela o encarou. ― O que acha que estamos fazendo aqui em Dário?
― Viemos aprender. ― ele se manteve firme.
― Aprender o quê? ― a ruiva se manteve firme.
― Aprender a estar preparado quando uma rebelião começar... Sabemos que o pior pode acontecer e quanto mais pessoas do nosso lado é melhor. ― o jovem dos olhos verdes, olhou para Nicolas. ― Desculpa, você não é tão ruim assim... Quis dizer, eu errei nas minhas palavras e por isso vou fazer o meu melhor para te ensinar a manusear uma espada de verdade.
Houve um silêncio insignificante antes de irem às gargalhadas. Eles eram um grupo de amigos, apesar de todas as indiferenças.
― Será que algum dia vamos comandar um reino? ― Francielly sorriu diminuindo a tensão. ― Lice, acha mesmo que vai haver uma rebelião?
― Sim. ― a ruiva foi a primeira a se sentar nas pequenas gramas amassadas pelos seus pés. ― Eu sou uma mulher e você também, Franci, acha que eles vão nos deixar cuidar da aldeia quando crescermos? Não vai demorar para o Jonas...
― E o povo? Eles gostam da gente.
― Na certa o conselho da aldeia, ou, do Rei vão exigir por uma guerra brutal nos campos de Lyon. Aqui. O que vamos fazer se não podemos segurar um arco e muito menos uma espada? Eles não vão permitir a nossa liderança.
― Meninas, não se preocupe, eu vou continuar ajudando vocês duas. ― Dário assentiu. ― Se esse segredo continuar intacto... Tudo que eu aprender nas aulas do exército, eu vou ensinar.
― Eu também vou! ― Nicolas sorriu, estendendo a mão para a garota das sardas. ― Eu não vou permitir que vocês fiquem sem suas obrigações.
― Me sinto como se fosse invisível aqui. ― Tracy resmungou, talvez querendo chamar a atenção.
― Obrigada, vamos continuar com o treino! ― Alice assentiu, em seguida olhou para a segunda loira de cabelos compridos. ― Tracy, se você continuar assim, futuramente não vou te chamar para liderar uma missão. ― as duas riram.
Os corvos cantavam do alto das árvores, anunciando que a chuva viria em breve. Enquanto o grupo de jovens continuava com os treinamentos, todos com seus propósitos.
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✒ 𝘖 𝘊𝘌́𝘜 ainda estava escuro e não se via nada além de nuvens cinzentas. A chuva ainda não havia descido sobre a terra e o grupo de jovens observava atentamente as pessoas nas ruas.
Cada um em sua posição, cumprindo as ordens. Os portões da aldeia ainda estavam abertos e comerciantes entravam e saiam. De longe, Alice vigiava tentando encontrar algo interessante, ou fazer, para impressionar seu pai, Otto Smith, um dos líderes da aldeia.
― Porque esses estrangeiros não estão saindo da nossa aldeia? Eles não estão vendo que vai chover? ― ela comentou, antes de morder uma maçã, sua fruta favorita. ― Damasco deixa bem claro que não gostamos de estrangeiros. Eles vão passar a noite aqui? Queria o meu arco...
― Por que você fica tão incomodada com eles? ― Francielly tomou a maçã da mão dela sem perguntar se podia, as duas eram amigas de infância. ― Lembre-se que somos todos irmãos. Não é isso que as aulas nos ensinam? O reino inteiro deve ser unido, não somos todos aldeões?
― Não podemos ser unidos com os bárbaros e rebeldes. ― ela tomou a maçã de volta, irritada. ― Também não se esqueça do que estudamos na escola sobre o que eles fizeram. Por causa da rebelião, pessoas inocentes morreram, incluindo uma criança. Já imaginou como as coisas seriam se tivessem rebeldes nossa aldeia? Terrível.
― Eu sei.
― O que me dói é saber que aqui pode haver rebeldes escondidos, ou bem pior. ― a ruiva apontou para os portões abertos. ― Aquilo ali facilita muito a passagem deles. Uma rebelião pode estar surgindo bem diante dos nossos olhos.
O som das mordidas na maçã fizeram barulhos.
― Por que as duas senhoritas estão tão barulhentas hoje? Não me diga que é porque as aulas de hoje cedo foram suspensas? ― Snow perguntou, sendo ele um dos guardas do portão.
― Não é nada, senhor Chambers. ― Francielly respondeu tímida, ela se aproximou da amiga para sussurrar algo como; ― Desde quando ele estava nos escutando? Ah, Lice, esse assunto de rebelião está passando dos limites. ― ela fez um gesto de negação. ― Digo e repito, você não deveria ter lido aqueles arquivos escondidos... Eles falavam sobre rebelião, não foi?
― Não acredito que você está colocando a culpa no príncipe Luke e na plebeia Cloé. ― a ruiva arqueou uma das sobrancelhas, analisando o que iria falar; ― O Sr. Snow está nos vigiando.
― Eu percebi. ― a loira deu uma olhada rápida para o lado esquerdo. ― Mesmo assim, eu sei que a sua responsabilidade é maior que a minha, pois o Jonas está crescendo cada dia mais...
― Eu não estou assustada. ― ela deu de ombros. ― Eu só quero estar preparada para esses dias.
A garota de dez anos tinha um coração valente e sabia que deveria arcar com a responsabilidade que o seu sobrenome trazia. Não seria nada fácil, mas Alice, estava disposta a fazer qualquer coisa para o bem de sua aldeia.
'Ela conseguiria?'
― Alice! ― um grito masculino vindo de longe chamou a atenção deles. ― Alice, o seu pai está de volta! A comitiva está chegando! Venham!
Sem pensar duas vezes, as duas garotas desceram às pressas do muro. E quando Snow foi reclamar da falta de cuidado das duas, já era tarde demais pois corriam em direção da voz.
― Será que eles conseguiram pegar um javali? ― Francielly perguntou animada com a ideia. ― O nível dessa caçada deve ser esplêndida!
― Também estou ansiosa para saber. ― mas, algo fez as duas garotas pararem de correr. ― Tem alguma coisa errada... É impressão minha?
Eram nuvens escuras no céu que determinaram os dias de caça na aldeia de Damasco. O tempo estava perfeito e por isso os aldeões não hesitaram em ir caçar, na busca de animais selvagens, e de ensinar aos mais jovens a prática de enriquecer a aldeia. Logo os benefícios iriam chamar atenção das outras aldeias, principalmente a atenção do Rei que não iria hesitar em dar privilégios na corte para eles.
Enquanto os homens faziam todos os trabalhos, as mulheres e as garotas não podiam fazer nada além de estudar e de serem ótimas esposas. Mas Alice estava disposta a mudar aquela ideia imposta pelo Rei, e seguida pelos aldeões. A ruiva destemida estava disposta a enfrentar qualquer coisa, mesmo que não ocupasse a liderança.
― Não! ― Francielly gritou de imediato, observando a comitiva se aproximando e algo chamou muito a sua atenção. ― Papai? ― algo que não estava certo, ela percebeu logo. ― Papai!
A loira saiu correndo com seus cabelos ondulados voando por causa do vento forte, indo ao encontro dos cavalos. Francielly nem se importou com as primeiras gotas de água que caíam sobre sua pele pálida e delicada. Ela sabia que a situação era mais séria ao avistar que o braço do seu pai, Freddy Carter, estava enrolado por um pano branco que estava sujo de sangue.
― Papai! ― ela gritava em desespero. ― Papai, o que foi que aconteceu? Me diz que está bem!
De onde Alice estava, ela observou toda a cena. A quantidade de homens que estavam voltando era a mesma que saíram, e ela pode respirar aliviada ao avistar o seu pai em segurança. Sua contagem foi mentalmente de primeira, mas na segunda contagem percebeu que havia mais pessoas se aproximando com a comitiva de caçadores.
― Estrangeiros. ― ela sussurrou para si mesma.
― Filha! ― Freddy Carter deu um salto do cavalo indo abraçar sua pequenina, mesmo com um dos braços machucados. ― Eu estou bem, minha filhinha maravilhosa! Papai está bem e você não precisa chorar... Não foi nada demais, ok?
O momento foi muito emocionante. Alice não hesitou em se aproximar da família Carter, querendo saber mais detalhes do ocorrido, enquanto esperava pela aproximação do seu pai.
― Senhor Carter, o que foi que aconteceu com o seu braço? Parece que o senhor sofreu muito.
― Lice? ― Francielly encarou a amiga como se quisesse dizer que não dissesse daquele jeito. ― Foi algum predador? Pai, conseguiu matar ele?
― Meninas não pensem demais, foi apenas uma fera na floresta de Odin, que me surpreendeu enquanto mirava a arma em outra criatura. ― seu tom de voz estava lamentável. ― Vários pensamentos surgiram na minha mente enquanto eu girava com a fera, e ela me mordeu.
― O que aconteceu mais senhor Carter? ― Alice perguntou, se sentindo atraída pela história. ― Acredito que o senhor tenha matado a fera, e aquilo seja o corpo dela? ― ela apontou para uma carroça que escondia algo em volta de uma enorme capa suja de sangue. ― Acertei?
Alice sonhava com o momento em que poderia fazer tudo aquilo que uma mulher era proibida de fazer em sua aldeia. Ela sonhava em cavalgar pelas campinas com o seu cavalo mestiço e até mesmo perseguir predadores na floresta. Ela gostaria de contar a verdade ao seu pai porque todas as tardes sai com os amigos para a cachoeira. Ela gostaria, mas não podia. Ela preferiu manter suas emoções em segredo.
― Diz papai, eu estou ansiosa para saber! ― Francielly questionou esperando pela resposta.
No mesmo momento que Freddy Carter iria responder àquelas perguntas ou dar uma explicação melhor, duas pessoas desconhecidas se aproximaram deles. Deixando as duas garotas surpresas com aquela atitude oportuna.
― Quem são vocês? ― a ruiva encarou, e pelo seu olhar, ela percebeu que se tratava de estrangeiros. ― O que estão fazendo aqui?
― Me desculpem! ― o homem de afeição caída fez uma longa reverência, puxando a garota ao seu lado para fazer a mesma coisa. ― Por favor, senhor, nos deixem ficar nessa aldeia... Não temos para onde ir e muito menos comida. ― a chuva estava ficando forte, eles iriam se molhar.
― Vocês devem ficar! ― Otto Smith afirmou ao saltar de seu majestoso cavalo com agilidade. ― Depois da sua bravura coragem ao salvar a vida do meu amigo, que é como um irmão de sangue. Como poderíamos ser tão insensatos em deixá-los partir assim? Vocês devem ficar!
― O QUE? ― a ruiva fixou os olhos.
― Este homem salvou a vida do Freddy Carter. ― e como um verdadeiro líder se aproximou do homem e da garota, que aparentemente tinha a mesma idade de sua filha. ― Eu sou Otto Smith, líder dessa aldeia, juntamente com a pessoa que o senhor acabou de salvar daquela terrível fera.
― Muito obrigada! ― Francielly agradeceu antes de abraçar bem forte o seu pai. ― Obrigada.
― Quais os seus nomes? ― Otto Smith perguntou direcionado aos dois estrangeiros que permaneciam em silêncio. ― O senhor e a criança estão bem? Não precisa ser tímido.
Alice observou a cena e ninguém se importou com a chuva que estava caindo sobre eles. O homem ainda estava com sua camisa suja de sangue, supostamente havia ajudado Freddy Carter na hora do resgate, e contra a fera.
― Senhor, eu não quero que nos ache aproveitadores, sei o que eu fiz. ― ele olhou para a garota que estava com a cabeça baixa. ― O que eu fiz qualquer um de vocês fariam se presenciasse a mesma cena. ― ele olhou para a carroça onde a fera deveria estar morta. ― Peço que nos deixem ficar na aldeia... Ela precisa.
― Vocês devem ficar! ― Otto assentiu.
― Quem são vocês? ― a ruiva repetiu sua pergunta, esperando pela verdade. ― E de onde vocês estão vindo? Quero respostas.
A garota que estava ao lado do homem se posicionou levantando a cabeça lentamente, e olhou fixamente para a garota ruiva. A menina balançou seus cabelos castanhos escuros, esperando que ninguém notasse que ela estava usando o arco sem as flechas.
― Me chamo Rayane. ― ela fez uma pequena reverência às pessoas à sua volta. ― Eu e o meu pai, John Reymond, viemos da aldeia de Troy.
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