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0.3 | 𝗔 𝗗𝗘𝗦𝗣𝗘𝗗𝗜𝗗𝗔

2° 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢𝗥𝗔𝗗𝗔

𝖠𝖱𝖱𝖠𝖭𝖧𝖠̃𝖮 𝖯𝖱𝖮𝖥𝖴𝖭𝖣𝖮

OS MINUTOS que Maevie e Sophia estavam escondidas debaixo do monte de terra pareciam uma eternidade. A respiração pesada de Maevie era a única coisa que quebrava o silêncio, enquanto ela mantinha Sophia bem apertada contra si, tentando transmitir uma segurança que nem ela mesma sentia. O som distante dos grunhidos dos walkers e o silêncio opressor da floresta faziam o tempo se arrastar. A loira morango, já cansada de esperar, finalmente se virou para Sophia, ainda aninhada em seus braços, e sussurrou:

— Vamos voltar para a estrada, ok? — Maevie disse suavemente, olhando para o céu que começava a ganhar um tom alaranjado. — O sol está querendo se pôr, e se quisermos ter luz no caminho, precisamos sair agora.

Sophia olhou para ela com olhos grandes e assustados, a voz saindo em um sussurro quase inaudível:

— Mas... e o tio Rick?

Maevie ficou um pouco surpresa com a forma carinhosa como Sophia se referiu a Rick.Respirando fundo, ela tentou manter a voz calma, para não assustar ainda mais a menina.

— Lembra o que o tio Rick disse? Se ele demorasse, era para a gente voltar para a estrada, onde estão todos os outros, onde está sua mãe. Ele vai nos encontrar lá, tenho certeza — Maevie assegurou, forçando um sorriso para tranquilizá-la.

Sophia hesitou, mas acabou acenando com a cabeça, mostrando que compreendia.

— Certo, aqui está o plano. Eu vou sair primeiro e dar uma olhada para ver se o caminho está livre. Quando eu te chamar, você sai, combinado? — Maevie soltou seus braços da menina, que se encolheu um pouco, mas assentiu.

— Combinado — Sophia respondeu, com um aceno tímido.

Maevie se moveu lentamente, emergindo da pequena abertura na terra. Ao sair, seus tênis tocaram a água gelada do riacho, e um calafrio subiu por seu corpo. Ela olhou ao redor com atenção, o coração batendo rápido enquanto seus olhos varriam a floresta em um ângulo de 360 graus, checando qualquer sinal de perigo. Não havia walkers à vista, e o silêncio parecia seguro. Com uma última checada, ela se virou para a entrada do esconderijo.

— Tudo certo, Sofi. Pode sair — Maevie estendeu a mão e ajudou a menina a se espremer para fora do buraco.

Sophia saiu devagar, os olhos varrendo o entorno com um olhar receoso. Parecia desconfortável, como se a qualquer momento algo pudesse saltar das sombras. Maevie notou o nervosismo da garota e tentou tranquilizá-la.

— Relaxe, Capitã Sophia. Os sem-cérebros estão longe daqui. Vamos seguir algumas orientações básicas, ok? — Maevie sorriu, tentando aliviar o clima. — Fique ao meu lado e, sob nenhuma hipótese, saia de perto. Segure minha mão e não solte até chegarmos na estrada. Estamos entendidas, Capitã Sophia?

Ela tentou transformar as instruções em algo leve e até divertido, como um jogo. Sophia deu um pequeno sorriso e balançou a cabeça, concordando. Maevie apertou a mão da menina, passando um pouco de confiança com o gesto. Elas estavam sozinhas por enquanto, mas Maevie sabia que, juntas, poderiam seguir em frente. E enquanto caminhavam, ela só conseguia pensar em como não deixaria nada acontecer com Sophia. Elas iam voltar para a estrada,em segurança.

As coisas não saíram como o planejado.

Enquanto caminhavam pela mata densa e silenciosa, Maevie mantinha sua mão firmemente entrelaçada à de Sophia. Ela olhava constantemente ao redor, em alerta, os ouvidos atentos a qualquer som suspeito. O sol, agora quase se pondo, banhava o cenário em um dourado suave, criando sombras longas e inquietantes entre as árvores. O tempo parecia estar contra elas, e Maevie sentia a pressão de cada segundo que passava.

De repente, o som de folhas secas sendo esmagadas sob algo pesado ecoou pela floresta. Sophia parou bruscamente, seus olhos se arregalando em pânico. Para ela, o ruído era alto como um trovão, uma ameaça invisível prestes a atacá-las. O instinto de sobrevivência da garota se sobrepôs a qualquer orientação anterior, e antes que Maevie pudesse reagir, Sophia soltou sua mão e disparou na direção oposta à estrada, mergulhando entre as árvores com uma velocidade surpreendente.

— Sophia! — Maevie gritou, o coração disparando ao vê-la fugir. Sem perder tempo, a loira morango começou a correr atrás da menina, pulando sobre raízes e desviando de galhos baixos, a respiração acelerada. — Espera, é só um barulho! Tá tudo bem, volta aqui!

Mas o medo de Sophia era mais forte do que qualquer palavra de conforto. Ela corria cegamente, o som de sua respiração ofegante misturado ao farfalhar das folhas sob seus pés. A cada passo, parecia que ela se afastava mais da segurança e se embrenhava em território desconhecido. Maevie continuou a persegui-la, tentando manter a garota à vista, mas a situação piorou drasticamente quando, em uma curva abrupta, Sophia deu de cara com um walker solitário, seu rosto pálido e dentes à mostra em um grunhido ameaçador.

Sophia parou abruptamente, o terror estampado em seu rosto. O walker, atraído pela movimentação, virou-se na direção da menina e começou a cambalear em sua direção com os braços estendidos, faminto. Sophia soltou um grito agudo, virando-se e correndo novamente, mas agora, com o walker em seu encalço. Maevie, vendo a cena, sentiu o sangue gelar.

— Merda! — Maevie murmurou entre os dentes, apressando o passo enquanto sua mente girava em busca de uma solução. Ela sabia que precisava alcançar Sophia antes que o walker fizesse, mas a garota estava apavorada, movendo-se sem direção, e o walker não desistiria tão facilmente.

Maevie aumentou a velocidade, pulando por cima de uma árvore caída e deslizando por uma encosta de terra, os olhos fixos na figura de Sophia à frente. Ela tinha que ser rápida, precisa, e manter a calma. Nada importava mais do que proteger aquela menina.

Para piorar ainda mais a situação, Maevie estava desarmada. Ela não tinha nenhuma faca, nenhum revólver, nada que pudesse usar contra o walker. Tudo porque aquele “nariz de tucano torto”, como Maevie costumava apelidar Shane mentalmente, havia tomado todas as suas armas antes de saírem para procurar suprimentos, alegando que ela não precisava de tanto equipamento para uma simples busca. Agora, a falta de proteção se tornava um erro grave.

Maevie viu Sophia se afastando cada vez mais, seus passos desesperados levando-a diretamente para um pequeno barranco à frente. A menina tropeçou e, sem conseguir se segurar, deslizou pela encosta, desaparecendo da vista de Maevie por um momento. A loira morango, ciente do perigo, acelerou seus próprios passos, mesmo com a mochila pesada nas costas, que parecia puxá-la para trás a cada salto e corrida. Seus pulmões queimavam com o esforço, mas a adrenalina mantinha seu foco aguçado.

Quando Maevie chegou à beirada do barranco, a cena que se desdobrava abaixo fez seu coração parar por um segundo: Sophia estava caída, se arrastando para longe, com o walker perigosamente perto, os dentes à mostra e os braços esticados em uma busca incessante por carne. O som dos grunhidos era quase ensurdecedor, um lembrete constante do perigo iminente. Sem pensar duas vezes, Maevie agiu.

Ela correu o mais rápido que pôde, sentindo a mochila balançar descontroladamente em suas costas, cada pulo e passo a desacelerando. Mas o medo de perder Sophia era maior do que o peso da mochila ou a falta de armas. Maevie alcançou o barranco, e sem hesitar, lançou-se no ar, jogando todo o seu corpo para baixo. O impacto foi brusco; ela caiu com força nas costas do walker, que grunhiu alto, perdendo o equilíbrio. O movimento inesperado do ataque de Maevie fez o zumbi tombar para frente, desviando sua atenção de Sophia e permitindo que a menina se afastasse mais um pouco.

A queda foi dolorosa, os cotovelos de Maevie arrastando-se contra o chão rochoso enquanto ela lutava para segurar o walker por trás. As mãos dela seguravam a criatura pelo pescoço em um aperto firme, tentando manter a boca dele longe de qualquer parte exposta de sua pele. O cheiro pútrido invadiu suas narinas, e Maevie sentiu a bile subir em sua garganta, mas ela não podia afrouxar a força nem por um segundo.

— Fica longe dela, seu desgraçado! — Maevie gritou com raiva, usando todo o peso de seu corpo para manter o walker preso ao chão.

O walker se contorcia sob ela, os braços se movendo erraticamente enquanto tentava se virar e alcançar sua nova presa. As unhas sujas arranhavam o chão, soltando fragmentos de terra e pedras. Maevie pressionou o joelho contra as costas da criatura, lutando para manter o controle. Ela precisava de uma arma, qualquer coisa que pudesse usar para acabar com o zumbi de uma vez por todas, mas o desespero no momento a fazia se focar em simplesmente mantê-lo imobilizado. Ela olhou rapidamente para Sophia, que estava a alguns metros de distância, os olhos arregalados e o corpo tremendo.

— Sophia, pega uma pedra! Uma pedra, rápido! — Maevie gritou, com a voz rouca e ofegante, enquanto lutava para manter o walker sob controle. Ela não podia desviar o olhar do zumbi por um segundo sequer, seus braços tremendo com o esforço de mantê-lo preso. O walker continuava a se contorcer debaixo dela, os dentes amarelos rangendo, a boca abrindo e fechando em movimentos frenéticos na busca por qualquer pedaço de carne.

Maevie apertou as pernas ao redor da cintura do zumbi, girando o corpo com força para lançar a criatura de costas contra um pequeno fluxo de água que corria pela base do barranco. O impacto foi forte, e um baque surdo ecoou quando as costas do walker bateram na água rasa, fazendo um splash enlameado. Ele ainda se debatia, seus braços se movendo descoordenados para alcançar Maevie, mas ela continuava a apertar sua presa, mantendo-o imobilizado com todo o peso que conseguia exercer.

— Maevie, cuidado! — Sophia gritou, a voz dela embargada pelo medo. A menina procurou desesperadamente ao redor, as mãos pequenas tateando entre as pedras do leito do riacho. Encontrou uma pedra de tamanho razoável, áspera e pesada, e com um esforço tremendo, arremessou-a ao lado de Maevie.

Maevie agarrou a pedra sem hesitar, o peso frio e irregular encaixando-se perfeitamente em suas mãos trêmulas. O walker, agora imobilizado, ainda mexia a cabeça de um lado para o outro, emitindo ruídos guturais que ressoavam como ecos de um pesadelo interminável. Sem perder mais tempo, Maevie ergueu a pedra acima de sua cabeça e desferiu o primeiro golpe. Um som oco ecoou quando a rocha se chocou contra o crânio do zumbi, fazendo um estalo terrível.

Ela bateu novamente, com força e desespeгo, sentindo o impacto reverberar por seus braços. O walker continuava a se debater, mas com cada golpe, seus movimentos tornavam-se mais lentos, até que, finalmente, ele parou de se mexer. O som do osso se partindo e a carne sendo esmagada ecoou pelo pequeno vale, e com um último golpe, a cabeça do zumbi se desfez, espalhando sangue escuro e fragmentos de ossos pelo fluxo d'água.

Maevie estava coberta de respingos. Sangue epedaços de miolos grudaram em sua roupa, по rosto e nos cabelos, transformando a blusa que antes era de um tom claro em um borrão de sujeira e desespero. Ela respirava pesadamente, o peito subindo e descendo de forma irregular, os braços e pernas tremendo do esforço. Cada batida de seu coração parecia um tamborim dentro de seus ouvidos.

Maevie jogou a pedra ensanguentada de lado e se ajoelhou na água, ainda recuperando o fôlego. Ela olhou para Sophia, que observava tudo com os olhos arregalados, sem saber se devia se aproximar ou não.

— Tá... tá tudo bem agora, Sofi — Maevie sussurrou, tentando soar calma, mesmo que por dentro ainda estivesse em choque. que ia proteger você.

FLASHBACK

Maevie mal havia conseguido respirar desde que saíra da sala, o coração batendo descompassado dentro do peito. Agora, trancada em seu próprio laboratório, ela se esforçava para focar na amostra de sangue que estava à sua frente. Era a terceira tentativa de análise naquele dia, mas sua mente estava longe. O laboratório, que antes era um refúgio seguro, agora parecia um local sem esperança. De repente, as luzes se apagaram, mergulhando o ambiente em uma penumbra cortada apenas pelas pequenas luzes de emergência que piscavam intermitentes.—

Parece que chegou a hora — murmurou Maevie, com a voz carregada de exaustão. O brilho vermelho das luzes de emergência refletia em seus olhos, e a sensação de urgência e impotência tomava conta dela. A ideia de que nunca mais conseguiria examinar suas amostras a incomodava profundamente. Estava cada vez mais claro que o tempo para qualquer tentativa de cura havia acabado.

Por um momento, ela ficou ali, paralisada, encarando o vazio como se buscasse alguma resposta nas sombras. Mas a calma aparente foi rompida por um som metálico que ecoou pelo corredor — o estrondo das portas de metal se fechando. Maevie reconheceu o som imediatamente. As portas que davam acesso ao andar superior estavam se trancando, isolando todos ali dentro.

"Será que meu pai está mesmo disposto a trancar essas pessoas aqui contra a vontade delas?" A ideia a perturbava, mas conhecia bem a obstinação de Edwin. A decisão de selar o CDC não parecia mais tão distante. O ar pesado do laboratório agora parecia sufocá-la, e ela sentiu a necessidade de agir.

Maevie se levantou bruscamente, empurrando a cadeira para trás. Com passos rápidos, saiu do laboratório e correu em direção ao escritório principal, um lugar de onde se podia ver todo o centro de operações do CDC. Lá de cima, a visão que teve fez seu sangue gelar: Shane, o nariz de tucano torto, estava empunhando uma espingarda e ameaçando seu pai. Edwin mantinha uma expressão impassível, mas Maevie conhecia aquele olhar. Seu pai estava encurralado.

Sem perder mais tempo, Maevie foi até a mesa e começou a vasculhar freneticamente as gavetas. Precisava encontrar o controle que Edwin usava para abrir as portas de segurança. Ela jogava papéis, canetas e objetos inúteis para o lado, enquanto a tensão crescia com cada segundo perdido. Finalmente, seus dedos encontraram o controle, frio e metálico, no fundo de uma gaveta abarrotada.

Quando ergueu o olhar, algo na mesa chamou sua atenção: um porta-retratos velho, desgastado pelo tempo. Na foto, uma Maevie mais jovem, sorridente, estava cercada por seus pais biológicos e seus padrinhos, Candace e Edwin. Era uma lembrança de tempos melhores, antes de o mundo desmoronar. Sem hesitar, Maevie tirou a foto da moldura com dedos trêmulos. Sabia que precisava levar aquela pequena parte de sua história consigo. Era tudo o que restava de um passado que parecia cada vez mais distante.

Com o controle na mão e a foto cuidadosamente guardada no bolso, Maevie saiu do escritório e correu pelos corredores frios e desertos do CDC. O eco de seus passos reverberava pelas paredes, e cada batida de seu coração a impulsionava a seguir em frente. Ao se aproximar da sala central, onde tudo estava prestes a desmoronar,mal ela sabia que aquele seria um dos momentos mais decisivos de sua vida.

Maevie chegou ao corredor com o coração batendo descontrolado, o suor escorrendo pela nuca. A visão da central do CDC à sua frente era um misto de caos e desespero. Ela apertou o controle com força, sentindo o metal frio contra a palma da mão. Sem pensar duas vezes, pressionou o botão que acionava as portas de segurança, e o som característico do sistema hidráulico reverberou pelos corredores quando a pesada porta de metal começou a se erguer lentamente.

O chiado metálico da porta se abrindo ecoou pela sala, capturando a atenção de todos. O grupo, que até então estava focado na tensa troca de palavras entre Rick e Edwin, se virou surpreso para ver o que estava acontecendo. A expectativa era de que Edwin tivesse cedido e aberto a porta, mas ele sequer havia se movido. O que viam era a jovem loira morango, determinada, com o controle em mãos. Maevie tinha assumido o comando.

Ela se aproximou, passos firmes e decididos. O silêncio era interrompido apenas pelo som mecânico da porta se abrindo, revelando a única saída possível. Rick a olhou, o alívio misturado à confusão estampado em seu rosto.

— Vão, saiam daqui! — a voz de Maevie soou firme, cortando o ar. Ela não falava apenas como uma filha tentando corrigir as ações de seu pai, mas como alguém que entendia o desespero de todos ali. — Peguem suas coisas e saiam agora!

Ela continuou a caminhar até se posicionar ao lado de Edwin, o olhar firme e determinado. Não havia espaço para questionamentos ou hesitação. Maevie olhou nos olhos de cada um, transmitindo uma urgência que eles não podiam ignorar.

— Vocês têm 7 minutos! — Maevie decretou, olhando para Rick e depois para o resto do grupo. — Não percam tempo.Cada segundo conta.

Edwin ficou em silêncio, o rosto impassível, mas por dentro ele sentia uma mistura de orgulho e desgosto. Ver sua filha desafiar suas ordens não era algo que esperava, mas lá estava ela, decidida a salvar aqueles que ele havia condenado.

O grupo se entreolhou, processando as palavras de Maevie e percebendo que essa era a única chance que teriam. Movidos pela adrenalina, começaram a se organizar rapidamente, pegando mochilas, armas e qualquer coisa que pudessem carregar. O som de passos apressados, zíperes sendo fechados e vozes nervosas preenchia o ar.

Quando o grupo estava prestes a sair, Jacqui, uma das mulheres do grupo, se afastou e parou na entrada. Sua postura era decidida, mas havia uma calma estranha em seus olhos que contrastava com o pânico que dominava o restante. Ela respirou fundo antes de falar, sua voz ressoando pelo CDC e chamando a atenção de todos.

— Não, não... Eu vou ficar, querido — disse Jacqui, sua voz suave, mas firme, ecoando pelas paredes metálicas. A declaração pairou no ar como um choque elétrico, e todos pararam, atordoados, seus olhares virando-se para ela com uma mistura de surpresa e incredulidade.

Maevie, ainda ao lado do pai, observava a cena com uma expressão grave, percebendo que o medo que carregava dentro de si também tomava forma nas decisões dos outros. Ela sentiu um peso apertar seu peito enquanto olhava para Jacqui, admirada com a coragem da mulher, mas também angustiada com sua escolha.

— Mas isso é loucura! — T-Dog exclamou, dando um passo à frente, tentando alcançar Jacqui com um gesto desesperado. — Você não pode ficar aqui!

Jacqui o encarou com um olhar sereno, quase pacífico, algo que contrastava com a intensidade do momento. — Eu tô sã pela primeira vez em muito tempo, T-Dog. — Ela falou com uma convicção que fez o grupo se calar, suas palavras pesadas e cheias de resignação. — Não vou terminar como o Jim, agonizando, nem como a Amy... isso aqui... é minha escolha.

As palavras de Jacqui ecoaram na sala, pesadas e definitivas. Todos ficaram em silêncio, absorvendo a decisão. Glenn desviou o olhar, os olhos brilhando com lágrimas que ele tentou segurar. Carol segurou a mão de Sophia com mais força, puxando a filha um pouco mais para perto. A atmosfera estava carregada, não só de medo, mas também da compreensão amarga de que ninguém tinha o direito de julgar a escolha de Jacqui.

— Não é hora de discutir. É inútil. Se vocês querem sair, saiam agora, não olhem para trás — disse Jacqui, sem hesitar. Seu tom era decidido, sem um traço de arrependimento. — Eu vou ficar.

Shane, que assistia à cena, virou-se para T-Dog, colocando a mão em seu ombro e o puxando para longe, a urgência em seu rosto evidente. — Ei, Dog, vamos embora. Não dá mais. A escolha é dela. — Ele tentou convencer, enquanto o arrastava com um movimento brusco.

Dale, com o coração partido, tentou se aproximar de Jacqui, a mão estendida como se ainda pudesse fazê-la mudar de ideia. — Jacqui, por favor... não faça isso... você não precisa fazer isso.

Mas Jacqui, determinada, deu as costas e voltou a caminhar na direção dos computadores, onde Edwin ainda observava em silêncio. Ela estava resoluta, e ninguém ali podia culpá-la. Maevie observou o desfecho com um nó na garganta, entendendo que, no apocalipse, nem sempre a sobrevivência era a única escolha que restava. Às vezes, desistir de lutar também era uma forma de retomar o controle sobre a própria vida.

Andrea, a mulher loira do grupo, estava de pé, teimosa e determinada, enquanto Dale a segurava pelos ombros, tentando convencê-la a mudar de ideia. Ela queria ficar no CDC, aceitar o destino que Edwin Jenner havia escolhido para si mesmo e para aqueles que não viam mais saída. Dale implorava com os olhos marejados, argumentando com a voz embargada, mas Andrea mantinha a expressão resoluta, os olhos brilhando de uma tristeza amarga e inabalável.

Maevie desviou o olhar da cena, incapaz de assistir àquela batalha emocional por mais um segundo. Seus olhos percorreram o corredor até que pararam em Rick, parado perto da saída como se estivesse esperando algo ou alguém. Ele parecia perdido em pensamentos, e seu rosto endurecido refletia o peso das decisões que precisavam ser tomadas.

— Rick! — a voz de Edwin Jenner ecoou pelo salão. Rick virou-se, atendendo ao chamado do cientista. Edwin deu alguns passos à frente, e com um movimento decidido, estendeu uma mochila para Rick. — Estou confiando a vida da minha filha a você.

Maevie assistiu a tudo em estado de choque. O gesto do pai a atingiu como um soco no estômago, e seus olhos arregalaram-se em descrença. Ela nem tinha percebido que a mochila estava ali, como se aquele plano já estivesse traçado muito antes de todos perceberem. Seu coração disparou, batendo forte contra o peito. Ela se virou para Edwin, sentindo o pânico crescer dentro de si.

— Pai, não! Eu quero ficar com o senhor! — Maevie protestou, a voz trêmula e sufocada pela emoção. As lágrimas ameaçavam transbordar, e ela sentiu o choro crescer na garganta, difícil de controlar.

Edwin se aproximou de Maevie com um olhar profundo e melancólico, como se tentasse gravar cada detalhe do rosto da filha em sua memória. Seus olhos, normalmente tão analíticos e frios, agora refletiam um turbilhão de emoções — amor, dor e a imensurável tristeza de um pai que precisava fazer o sacrifício de deixar sua filha seguir sem ele. Ele ergueu a mão trêmula e a repousou suavemente no rosto de Maevie, o polegar acariciando gentilmente a bochecha molhada dela, tentando absorver as lágrimas que pareciam não ter fim.

— Oh, minha menininha... — Edwin começou, sua voz quebrada, carregando a ternura e a firmeza de um pai que ainda precisava ser forte. — Eu sei que você está assustada, e eu também estou. Mas não chegou a sua hora, minha filha. — Ele fez uma pausa, o peso de suas palavras deixando Maevie com um nó na garganta. — Você tem um futuro lá fora, uma vida que eu e sua mãe sonhamos para você desde o dia que nasceu. Cada escolha que fizemos foi pensando em te proteger, em te dar uma chance de viver.

Maevie fechou os olhos, deixando mais lágrimas caírem enquanto a voz do pai ecoava dentro dela, cada palavra carregada de amor e despedida. Ela queria dizer algo, protestar, mas seu coração estava esmagado, e a dor era sufocante.

Edwin respirou fundo, tentando manter o controle. — Sua mãe... — Ele começou, e Maevie abriu os olhos, fixando-se nos dele. — Ela te amava mais do que tudo. Ela queria que você vivesse, que explorasse o mundo com aquela curiosidade que sempre teve. — Edwin sorriu com pesar, lembrando-se de momentos que nunca mais voltariam. — Você sempre foi a mais corajosa, sempre explorando e fazendo perguntas que ninguém mais pensava em fazer. Ela estaria tão orgulhosa de você agora.

Ele segurou o rosto dela com as duas mãos, como se quisesse guardá-la ali para sempre. — Não deixe esse mundo roubar quem você é, Maevie. Não importa o que aconteça, lembre-se de que você é forte, mais forte do que pensa. E que, não importa onde eu esteja, eu sempre estarei com você, nos seus pensamentos, nas suas decisões, e nas suas lembranças. — Sua voz embargou e ele precisou de um momento para se recompor, piscando rápido para afastar as lágrimas que se acumulavam.

Maevie balançou a cabeça, o choro silencioso e desesperado transformando sua expressão em um mosaico de dor. — Eu não quero ir, papai... — ela sussurrou, a voz fraca. — Não sem você.

Edwin a puxou para um abraço apertado, segurando-a como se não quisesse nunca soltar. Maevie afundou o rosto no ombro do pai, sentindo o calor familiar que sempre a fez se sentir segura. Era um abraço de despedida, cheio de amor e arrependimento pelas coisas que nunca seriam ditas e pelas memórias que não seriam feitas.

— Você precisa ir, minha bonequinha — ele murmurou contra o cabelo dela. — Mas você nunca estará sozinha. Não importa o que aconteça, você sempre terá uma parte de mim com você. Viva por nós dois, Maevie. E nunca esqueça que eu te amo, hoje e sempre.

Ele se afastou lentamente, olhando para Maevie como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo. Com uma última carícia no cabelo da filha, ele deu um passo atrás, seu coração pesado, mas certo de que aquela era a escolha certa, a única escolha.

Maevie sentiu uma mão firme agarrar seu braço. Ela olhou para cima e encontrou os olhos azuis de Rick, intensos e carregados de uma promessa silenciosa. — Maevie, precisamos ir. — Rick falou com firmeza, mas o tom de sua voz ainda continha um traço de gentileza. Ele começou a puxá-la, tentando afastá-la daquele momento doloroso.

Rick encarou Edwin com seriedade e respeito, segurando a mão de Maevie com firmeza. — Eu vou cuidar dela como se fosse a minha vida. — Ele prometeu, os olhos de ambos se encontrando em uma troca de confiança mútua.

Edwin assentiu lentamente, o peso da despedida refletido em cada linha de seu rosto. — Vão. — ele disse, as palavras quase engolidas pela emoção.

Rick agarrou a mão de Maevie com mais firmeza e começou a correr, puxando-a pelo corredor. Maevie seguiu em um estado quase mecânico, seus movimentos desconectados da mente que ainda tentava entender o que estava acontecendo. Quando chegaram à porta de saída, Maevie parou bruscamente, o peito subindo e descendo com respirações curtas e rápidas. Ela se virou para trás, os olhos fixos no pai.

— Maevie... — Rick a chamou novamente, sua voz suave, mas apressada, como se cada segundo perdido pudesse custar caro.

— Eu te amo, papai! — Maevie gritou, a voz quebrada pelo choro que ela não conseguia mais segurar.

Edwin deu um passo à frente, os olhos brilhando com o amor que sentia pela filha. — Também amo você, minha bonequinha. — ele gritou de volta, sua voz embargada.

Maevie se virou de volta para Rick, as lágrimas ainda caindo sem controle pelo seu rosto. A visão dela despedaçada diante daquela despedida partiu o coração do xerife. Ele sabia que aquele momento ficaria gravado nela para sempre.

— Podemos ir... — Maevie disse finalmente, sua voz fraca e rouca. Ela se deixou ser puxada por Rick, permitindo que ele a guiasse para longe do CDC

Maevie estava sentada no banco do trailer, os olhos fixos na janela enquanto o veículo avançava lentamente pela estrada esburacada. A paisagem devastada do mundo lá fora parecia ainda mais sombria agora, mas nada era mais sombrio do que a visão da enorme nuvem de fumaça que se erguia ao longe, cada vez mais distante. A fumaça era espessa e escura, uma marca inconfundível do que tinha ficado para trás: seu pai, o CDC, e tudo o que ela conhecia como seguro. Maevie mal conseguia processar a dor que apertava seu peito, o luto de uma despedida que parecia um pesadelo interminável.

Ela pressionou a testa contra o vidro frio da janela, tentando controlar o choro que ameaçava escapar, mas as lágrimas já estavam caindo, deslizando livremente pelo seu rosto. Seu reflexo no vidro parecia distante e frágil, como se ela estivesse olhando para uma versão de si mesma que não reconhecia. A fumaça que se dissipava lentamente no horizonte era um lembrete cruel de que seu pai estava lá, junto com todo o sacrifício que ele fez por ela. Era como se aquela fumaça estivesse levando embora uma parte de sua alma, um pedaço de seu coração que nunca mais seria o mesmo.

Maevie levantou a mão lentamente, os dedos trêmulos encontrando o vidro da janela como se pudesse, de alguma forma, alcançar o que ficou para trás. Ela pressionou a palma contra o vidro, tentando gravar a sensação da fria transparência contra sua pele — um último gesto de despedida silenciosa.

— Adeus, papai... — sussurrou, sua voz quase inaudível, quebrada e dolorosa. As palavras eram difíceis de sair, pesando em sua garganta como um nó impossível de desatar. Ela queria acreditar que ele estava em paz, que tinha feito o que achava certo, mas tudo que ela sentia era uma mistura insuportável de saudade, culpa e tristeza.

As lágrimas caíam mais rápidas agora, pingando silenciosamente sobre o colo de Maevie enquanto ela continuava a olhar para a fumaça que se desfazia no horizonte, como se a qualquer momento fosse sumir completamente e levar com ela a última lembrança física de seu pai. Cada centímetro que o trailer avançava a afastava mais daquele lugar e das últimas palavras trocadas. Era um adeus que parecia incompleto, dolorosamente abrupto, como um livro fechado antes do final.

Rick, sentado ao volante, lançou um olhar para a loira morango pelo retrovisor. Ele viu a tristeza crua nos olhos de Maevie, o jeito como ela tentava agarrar algo que já não podia mais alcançar. Rick queria confortá-la, dizer algo que aliviasse a dor, mas sabia que nada do que dissesse traria Edwin de volta. Mas ele apenas continuou dirigindo.

Maevie manteve os olhos na fumaça até que ela se tornou apenas uma mancha distante no horizonte. Quando finalmente desapareceu, a sensação de vazio foi devastadora, como se um pedaço dela tivesse sido arrancado. Maevie encostou a testa na janela, fechou os olhos e deixou que as lágrimas fluíssem livremente.

Aquela fumaça que subia ao céu não era apenas um sinal de destruição; era um adeus silencioso, uma despedida que Maevie nunca desejou ter. Ela sabia que, de algum modo, seu pai estava livre, mas a dor de seguir em frente sem ele era um peso que ela teria que carregar. Ela continuou com a mão na janela, sentindo o vazio crescer dentro dela enquanto o trailer seguia em frente, levando-a para um futuro incerto e cheio de cicatrizes que nunca desapareceriam.

FIM DO FLASHBACK

Maevie se levantou do chão com o corpo inteiro gritando de dor e exaustão. Sentia o peso de cada movimento, mas antes que pudesse se recompor totalmente, pequenos braços se enrolaram ao redor de sua cintura, apertando com força e desespero.

— Me desculpa, me desculpa, eu não deveria ter corrido... — Sophia soluçava, a voz embargada pelo medo e pelo arrependimento.

Maevie fechou os olhos por um momento, segurando a dor que sentia para se concentrar na menina. Ela se abaixou um pouco, puxando Sophia para um abraço firme, passando a mão suavemente pelos cabelos da menina, tentando acalmá-la.

— Tá tudo bem, querida... Eu tô bem, você tá bem. Não precisa se preocupar mais, está certo? — Maevie disse com uma voz suave, tentando esconder a preocupação que começava a se formar dentro dela. — Mas você tem que me prometer uma coisa: de dedinho, hein? Promete que nunca mais vai sair correndo desse jeito. Aqui fora é muito perigoso.

Ela soltou Sophia do abraço e estendeu o dedo mindinho na direção dela, esperando que a promessa selasse um pacto entre as duas.

— Eu prometo, tia Evie... — Sophia disse, com os olhos ainda vermelhos, mas mais tranquilos. Ela uniu o dedo mindinho ao de Maevie, selando a promessa.

O coração de Maevie deu um salto ao ouvir Sophia a chamar de “tia Evie”. O carinho na voz da menina era um raro momento de doçura em meio ao caos, mas antes que pudesse se emocionar com o gesto, Sophia deu um passo para trás e olhou para Maevie com os olhos arregalados, apontando para o lado da cintura dela.

— A senhora tá sangrando, tia Evie!Maevie olhou para baixo, seguindo o olhar de Sophia, e viu a mancha vermelha que se espalhava lentamente pela lateral da sua blusa. Ela balançou a cabeça, tentando acalmar a menina.

— O sangue não é meu, querida, tá tudo bem — disse, mas a inquietação já estava crescendo dentro dela.

Elas precisavam encontrar um lugar seguro para passar a noite, e Maevie sabia que não podiam voltar para a estrada naquele momento. Ela olhou ao redor, forçando um sorriso para tranquilizar Sophia.

— Vamos achar um lugar seguro pra passar a noite, e amanhã de manhã a gente volta para a estrada, tá bom? Vamos encontrar sua mãe.

Sophia acenou em concordância e já começou a escalar o barranco de volta, mostrando que a adrenalina ainda lhe dava forças. Maevie observou a menina subir e aproveitou o momento de distração para levantar a blusa e dar uma boa olhada no machucado. Havia uma fina linha de sangue, mas o que realmente fez seu coração apertar foi a marca irregular de um arranhão profundo. Um calafrio percorreu sua espinha. Ela sabia o que aquilo significava, e a urgência de achar o grupo aumentou dez vezes mais.

Ela praguejou baixinho, puxando a blusa de volta para cobrir o ferimento. Precisavam de um lugar seguro rápido, e Maevie precisava torcer para que a infecção não se espalhasse rápido demais. Tinha que dar tempo, tinha que chegar até os outros, tinha que...

Com uma última olhada para o horizonte e uma prece silenciosa, Maevie começou a escalar o barranco atrás de Sophia. Ela mantinha a promessa de cuidar da menina e de levá-la de volta para sua mãe. E, no fundo, se agarrava a uma esperança tênue de que, de algum jeito, elas conseguiriam superar mais esse obstáculo.

🥀 ✽+ 000 +✽ • Duas atualizações em dois dias consecutivos?? Ouvi um amém, Brasil?? Parece que estou conseguindo vencer meu bloqueio criativo e estou super animada com isso!

🥀 ✽+ 001 +✽ • E, sim, eu chorei escrevendo a despedida entre a Maevie e o Edwin. Apesar de ser firme às vezes, também tenho meu lado sensível.

🥀 ✽+ 002 +✽ • Espero que tenham gostado deste capítulo tanto quanto eu gostei de escrevê-lo.

🥀 ✽+ 003 +✽ • Não se esqueçam de votar e comentar. Adoro saber o que vocês acharam!

🥀 ✽+ 004 +✽ • Até o próximo capítulo, sobreviventes. Se protejam e fiquem a salvo!

🥀 ✽+ 005 +✽ • Think I need someone older ♡

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