🚏08
Eu preciso encontrá-la. Eu vou encontrá-la! Só consigo pensar na minha pequena filha, com inúmeros pensamentos ruins que assombram a minha mente, tirando totalmente a minha paz. Dediquei mais de cinco meses da minha vida para arrumar provas e prender alguém que nem mesmo sei sua verdadeira identidade, apenas o apelido, O Leopardo das corridas de LAS.
― Que se dane! ― gritei jogando todos os papéis sobre o caso no chão, chamando a atenção da maioria dos meus colegas.
Eu me dediquei ao meu trabalho, mas não fui capaz de proteger a minha própria filha. O meu coração aperta todas as vezes que penso nela, pensar nela está sendo mais tortuoso do que da vez que fui abandonado pela minha própria esposa.
― Joonho, você está bem? ― Danilly perguntou-me olhando bem assustado.
― Como pode perguntar se ele está bem depois que a menina desapareceu? ― Zacarias sussurrou tentando se manter neutro na conversa. ― Claro que ele não está... Ela ainda não foi encontrada.
― Tá bom, tá bom, isso não foi nada. ― Asafe se aproximou apanhando os papeis do chão. ― Voltem aos seus trabalhos!
Asafe Fairfax parou em frente a minha mesa esforçando um sorriso no rosto. Ele virava o segundo no comando todas as vezes que o Tenente Martinez não aparecia na delegacia por causa das reuniões na central. Asafe segurava os papeis do caso nas mãos e fez questão de arrumá-las na minha própria mesa.
― Joonho, o que diacho está fazendo aqui? Ou melhor, por que jogou todas as suas informações pelos ares? Te falei que não precisava vir para o trabalho hoje...
― Como posso ficar em casa? Eles não ligaram... Droga! ― acabei me descontrolando outra vez. ― Não houve nenhuma ligação!
― Ei, calma.
"Eu esperei o dia todo e ninguém ligou..."
― A pessoa que levou a minha filha ainda não entrou em contato... Como posso ficar em casa sabendo que ela está em perigo? Ou talvez em algum cativeiro!
― Você não deveria ter vindo para o trabalho. Joonho esse não foi o nosso combinado, lembra-se? Sabe muito bem que você não pode entrar neste caso...
― O senhor Fairfax tem razão. ― o meu amigo Danilly comentou de longe. ― Joonho, você não vai conseguir manter o seu foco na investigação sobre o Leopardo. Lembre-se que tem outras pessoas investigando o caso da sua filha.
― Por que eu não posso participar?
― Você conhece as regras. ― Asafe colocou uma das mãos no meu ombro tentando me trazer consolo. ― A sua menininha vai ser encontrada com vida. Não pense que vamos desistir dela...
― Joonho, você não está sozinho. A Agatha já passou por dois interrogatórios e contou tudo sobre o dia em que a Aurora desapareceu. ― Íris interrompeu sem a menor intenção. ― Ela também não parece muito bem... Perdão, eu não queria interromper, Senhor Fairfax.
― Trrrim-Trrrim!!! ― o som do telefone tocando na minha mesa nos deu um susto.
― Alô? Aqui é o policial Rodrigues do departamento de investigação de Las Vegas. No que posso servir? ― atendi de primeira, esperando por uma resposta. ― Ah? Certo, irei passar para outro departamento da delegacia. ― e com um simples gesto com a cabeça a Micca entendeu minha informação. ― Troca de departamento feito. Aqui é o policial Rodrigues reportando o caso para outro.
Eu repassei a ligação e todos olharam para mim com aquele olhar de pena. Hoje fazem dois dias que a minha Aurora foi tirada de mim, em uma noite sombria. O departamento de investigação está analisando cada pista sobre aquela noite, incluindo a única câmera de segurança que tem no parque de diversão. São tantas informações e suspeitas que passam pela minha mente, coisas que me fazem duvidar de tudo e de todos ao meu redor.
― Porque ninguém está ligando? ― perguntei olhando para os meus colegas. ― Por que ninguém está pedindo dinheiro para entregar minha filha? Caramba, o que realmente aconteceu naquele maldito dia?
Eles realmente queriam me ajudar? Eles pareciam mesmo estar preocupados comigo e com a minha filha. Sendo eu policial do departamento de investigação e conhecendo as regras necessárias, fui proibido de acompanhar as informações de perto. As únicas informações que tenho são ditas pelo policial Samuel S. Welsh.
― Aurora ainda não foi encontrada? ― Agatha perguntou se aproximando da minha mesa, com um olhar triste. ― Nada? Nenhum dos meus depoimentos ajudaram na investigação de hoje? Isso é estranho.
― Ainda não... ― respondi, e ela ficou próxima de mim um pouco mais, aparentemente pedindo perdão. ― É...
― Joonho não se preocupe, ok? Nós vamos encontrá-la em segurança. ― ela acariciou os meus cabelos deixando todos assustados com aquele tipo de atenção. ― Querido, você sabe que a Aurora é muito importante para mim, não sabe? ― ela continuou me acariciando na frente deles.
― Eles dois estão em um relacionamento? ― Danilly sussurrou alto demais. ― Ops!
― Esse silêncio está acabando comigo. ― respondi me afastando dela antes que alguns boatos surgissem no nosso grupo. ― Senhor Fairfax, eu não posso apenas ficar em casa enquanto os meus colegas estão investigando o caso sobre a minha filha. Quando é que vamos ter respostas?
― Joonho, eu te entendo... Se fosse eu em uma situação como essa, eu não teria essa tranquilidade... Mesmo assim, acho que você deveria esperar a investigação. ― Asafe virou-se para os meus colegas de trabalho e pediu para que todos voltassem ao trabalho antes que o plantão acabasse.
― Joonho, eu sinto muito... ― Íris sussurrou ainda olhando para o superior.
🏷️
Saí da sala da superintendência da delegacia e voltei para minha mesa. Sinto a minha cabeça doer bem pouquinho, procurei por algum remédio na gaveta esquerda da mesa, mas não encontrei, lembrando-me que havia tomado a cartela toda de comprimidos que tinha pegado emprestado de um colega de trabalho. Não que eu tenha tomado os quatro comprimidos de uma vez só e mesmo com os meus olhos fechados, podia ver o sorriso da minha filha e sua voz fraca de todas as manhãs pedindo para não ir para a escola, e sim, ir para delegacia comigo.
― Caramba, quem diria que o policial Rodrigues seria tão desligado no trabalho assim? ― Sam disse, sentando-se na cadeira da minha frente. ― Nossa, não acreditei quando me falaram. Joonho, o que você está fazendo aqui? E não me venha dizer que está investigando casos de corridas legais.
― Eu não estou bem...
― Ei cara, eu sei. ― Sam se esticou um pouco, tentando me tocar no ombro. ― Mas eu tenho uma notícia muito boa.
― Encontraram minha Aurora? ― o meu tom de voz denunciou alguma coisa, e os nossos colegas que trabalham nos olharam.
― Ainda não, mas nós vamos encontrá-la! Joonho, eu juro pela minha própria vida. ― Sam fez um simples gesto assim que se levantou da cadeira, indicando para que eu o acompanhasse, e assim fiz. ― Já ficou sabendo da única câmera de segurança?
― Sim. ― respondi, seguindo ele até a sala dos computadores, uma sala mais especializada para certos rastreamentos.
― Eu encontrei algo. ― ele abriu a porta, e entramos na sala onde avistei uma pessoa experiente no assunto. ― Sei que sou policial a pouco tempo e que estou me arriscando muito... Eu encontrei algo que não passei no relatório principal da investigação da sua filha. ― fiquei em silêncio e ele continuou a dizer. ― Eu quis dar essa pista para você pessoalmente.
De repente, Samuel tirou de sua farda uma coisinha pequena e me entregou, percebi que se tratava de um pen drive.
― Existem dois vídeos aí.
― O que significa?
― Existe o primeiro vídeo em que você já conhece muito bem, e existe o segundo vídeo que você não conhece nada. ― Sam tomou o pen drive da minha mão e entregou para a outra pessoa da sala. ― Há algo nessa filmagem em especial... Joonho eu quero que você observe tudo.
― Certo.
🏷️
Eu analisei o primeiro vídeo mais de cinco vezes até que encontrei algo em especial. Com uma simples análise eu pude ver com atenção o momento em que a Agatha, acompanhada da minha filha, se aproximou do balanço da praça. As duas estavam se divertindo muito, até o momento em que certa mulher se aproximou das duas, e com os depoimentos da senhorita Castilho, sabemos que ela pedia por informações. Depois desse momento o vídeo simplesmente fica em tela preta, segundos depois volta ao normal, depois que a minha Aurora já havia desaparecido.
― Eu quero que você veja outro vídeo.
― Certo.
O outro vídeo tratava-se de uma segunda câmera de segurança que não estava posicionada na praça, e sim em um estabelecimento que ficava quase de frente ao local onde as duas estavam. Em nenhum momento a tela fica preta e por isso analisei cada movimento da cena.
― Quero que observe quando a mulher se aproximar para pedir as tais informações. ― Sam indicou o lugar com o dedo na tela.
Com a nova câmera de segurança pude notar que foi a minha Aurora quem saiu primeiro do balanço enquanto que a Agatha estava conversando com a mulher misteriosa. As lágrimas começaram a embaçar os meus olhos e não pude atentar para um grande detalhe escondido na filmagem. Olhei para o meu amigo Samuel e parecia que ele tinha todas as respostas na ponta da língua.
― Você percebeu essa movimentação aqui nesse canto? Bunny, será que dá para você ampliar a imagem? ― ele me olhou como que se admirava um grande chefe. ― Joonho percebeu isso? Há um carro atrás e quando Aurora saiu correndo dali, podemos notar algo aqui como se houvesse duas sombras se aproximando...
― A minha Aurora não desapareceu, ela simplesmente foi sequestrada. ― concluir com as lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas. ― Com todas essas evidências, ficou claro que a pessoa que fez isso programou tudo cuidadosamente.
O que me dói agora é pensar por onde anda a minha filha ou o que realmente aconteceu naquela noite. E o mais importante é descobrir o verdadeiro suspeito por trás do sequestro da Aurora.
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