🚏03
Maldita hora que entrei neste emprego. Sentir como se o corredor do hospital ficasse frio de uma hora para outra.
― Will, isso é brincadeira né? Eles não vão nos matar... Ou, será que ainda dá para a gente fugir do país, meu chapa? ― Otávio brincou em seguida, ficou sério. ― É melhor a gente ir embora!
― Vamos! ― fiz um sinal para que fossemos embora, mas não adiantou.
― Senhores me esperem, por favor! ― uma enfermeira gritou, atrapalhando a nossa fuga. ― Os senhores podem esperar mais um pouco? Senhores é muito importante!
Otávio me olhou desconfiado e a única solução foi retroceder. Não podíamos ir embora daquela forma, principalmente com a enfermeira na nossa cola.
― Sim. ― digo. ― Claro que podemos.
Do corredor esquerdo uma enfermeira apareceu vindo em nossa direção com elegância. Ela era bonita, muito bonita!
― Olá senhores, poderiam nos dar algumas informações sobre a paciente que acabamos de hospitalizar? ― ela perguntou, e Otávio, meu camarada, se levantou para cumprimentá-la. ― Os senhores são parentes da garotinha?
― Não. ― disse sem pensar duas vezes.
― Sim! ― Otávio deu de ombros. ― Nós somos parentes.
― Sim ou não? ― a enfermeira nos olhou indecisa, enquanto anotava as informações. ― Senhores uma resposta?
― Somos os tios da garota. ― Otávio respondeu e eu encarei fixamente ele.
― Certo, e qual é o nome dela?
― O nome dela? O nome dela é... ― ele me olhou, esperando por uma resposta. ― Ah, o nome dela é… Aurora!
Fiquei admirado o quanto o meu amigo Otávio Elliot era ótimo na improvisação. Como diria Beatriz, "ele é um grande mentiroso", um mentiroso que sabe improvisar muito bem em cada situação.
― E o sobrenome dela? ― a enfermeira voltou a perguntar nos deixando tensos.
― Pode ser Cortez? ― Otávio me fez arregalar os olhos na frente dela.
― É o quê? ― perguntei baixinho apenas para ele, que tentou sair por cima da situação. ― Será que podemos?
― Os senhores estão perguntando isso para mim? ― o olhar dela nos deixou ainda mais tenso. ― Senhores qual a resposta?
― Não queríamos dizer desse modo. ― neguei várias vezes com a cabeça.
― O que queríamos dizer é que o nome da nossa garotinha é Aurora Cortez. ― Otávio estava um pouco nervoso. ― Ela está bem? Por favor, nos conte tudo!
― Precisamos saber a verdade sobre a situação da garotinha..., Quis dizer, nossa sobrinha linda. ― ajeitei os meus cabelos.
― Não fiquem preocupados com ela. ― a enfermeira respondeu e não me trouxe conforto. ― A garota está em boas mãos. ― ela olhou para a caderneta. ― Acabamos de estancar o sangue e ela foi examinada. Fizemos alguns exames.
― Isso significa que ela está bem?
― Irmão, que pergunta é essa? ― Otávio tentou disfarçar com um sorriso. ― A enfermeira está dizendo que a nossa garotinha está fora de risco. Isso é bom!
― Ah, que bom! ― dei um sorriso olhando para o corredor, desesperado. ― Ótimo.
― E o pai da paciente Aurora? ― ela perguntou enquanto anotava mais algumas informações. ― O senhor Cortez já foi avisado do ocorrido com a filha?
― O senhor Cortez? ― perguntei incrédulo para o Otávio.
― Já sim, ele deve estar quase chegando. ― Otávio foi rápido em responder nos colocando em uma encrenca das grandes.
― Por favor nos informe quando o pai da paciente chegar no hospital. ― ela anotou. ― o Dr. Douglas é o responsável por ela. ― ela sorriu e simplesmente foi embora.
― O que foi que acabou de acontecer aqui? ― digo assim que nós dois nos sentamos paralisados no banco. ― Irmão? Ainda temos aquelas passagens para o Brasil? Eu ouvi dizer que as praias são maravilhosas... Otávio, onde você estava com a cabeça e quando falou aquilo?
― Ai Meu Deus, o que eu acabei de fazer? ― ele me olhou espantado. ― Will eles vão me matar! Eles vão nos matar!
― Eles vão matar você... Eu não fiz nada.
― Não somos irmãos? ― ele me encarou. ― Como você pode deixar eles me matar?
― Eu sei a única coisa que devo fazer... ― apontei para a porta do corredor. ― Devemos ir embora logo daqui, agora!
― Você tem razão, vamos logo! ― Otávio concordou com um gesto de cabeça. ― Vamos!
Eu não imaginava que aceitar um simples trabalho iria custar tanto da minha vida. Se eu soubesse que as coisas iriam complicar, eu não teria entrado e nem colocado o meu melhor amigo nisso tudo. A missão direcionada por Jeremy, que é o braço direito do chefe, e segundo no comando, parecia tão simples. Mas agora é muito impossível e estamos ferrados.
― Vem logo Will! ― escutei a voz de Otávio ao passarmos pelos corredores, atraindo alguns olhares para nós. ― Quer morrer?
"Como ele pode falar em querer morrer depois de ter inventado aquela mentira?"
― Que hospital grande é esse? ― perguntei olhando para sua estatura. ― Otávio tem certeza que estamos indo pelo caminho certo? Parece que estamos entrando...
― Já estamos saindo, eu acho. ― ele riu.
Otávio deveria orar muito e agradecer a Deus pelo nosso chefe, Derick Cortez, não está em nossa cidade agora, ou não, eu me recuso imaginar o que vai acontecer quando descobrirem o que fizemos.
― Pare. ― Otávio me fez parar bruscamente. ― O que o Binho está fazendo aqui no hospital?
― Ai meu Deus, ele não é o único. ― fiquei parado olhando para eles que estavam em frente a uma porta, era um consultório. ― Como foi que nos acharam tão depressa?
― Acho melhor não passarmos por ali.
― O que adianta? O metido do Binho já está nos olhando mesmo... Vamos logo.
― O que estão fazendo aqui? ― Daniel nos olhou assustado, aparentemente. ― Não me diga que um de vocês foi baleado?
― Não, Deus me defenderá! ― Otávio balançou a cabeça várias vezes.
― Enfim hipocrisia. ― disse outro homem que estava ao lado de Daniel, os mesmos usavam roupas idênticas típicas de um guarda costa. ― Porque não obedeceram a ordem do Jeremy? Cara, ele está bastante irritado com vocês dois. Como foi que não conseguiram concluir a missão? Era só pegar uma encomenda.
― Que que você quer Klaus? ― me aproximei do indivíduo. ― Você acha que sabe tudo o que realmente aconteceu lá?
― Imagino que a polícia não apareceu. ― Klaus sorriu de um jeito provocativo, o tipo de pessoa que arruinaria alguém. ― E mesmo assim não conseguiram pegar uma simples encomenda?
― Ô pessoal, o Jeremy está quase se aproximando... ― Otávio me tocou rápido.
― Posso saber o que está acontecendo aqui? Ah, agora está explicado. ― Jeremy respondeu ao se aproximar da gente, deixando o clima tenebroso. ― Ao mesmo tempo não sei se é bom ou ruim. O que vocês estão fazendo aqui? Ah, não, não...
― O que o chefe vai fazer com a gente? ― Otávio perguntou e houve um silêncio tenebroso naquele corredor de hospital.
Uma porta se abriu, a porta que os dois homens estavam de guarda, deixando o próprio Derick Cortez, nosso chefe, saiu.
― Eu odeio hospitais. ― ele disse me deixando paralisado. ― O que realmente está acontecendo aqui? Jeremy, não me diga que são eles? ― o chefe acrescentou sorrindo, ficando frente a frente comigo e depois ao lado do meu camarada. ― Pelo visto, os senhores não têm medo da morte.
"― Chefe? ― dissemos em sincronia".
― Chefe? Senhor Cortez.. Eu sinto muito... Senhor, a culpa é toda minha. ― Otávio foi o primeiro a se justificar de imediato. ― Nós tivemos um imprevisto e acabamos nos esquecendo...
― Senhor, nós sabemos que és misericordioso, por favor nos perdoe...
― Já chega! ― Jeremy gritou tentando nos intimidar e conseguiu sem muito esforço.
― Calma aí, Jeremy, lembre-se que estamos em um hospital. ― Cortez nos olhou, em seguida olhou para o corredor que parecia estar vazio. ― Os senhores estão pedindo por misericórdia? Está bem, vocês dois terão a chance de resolver o problema que acabara de cometer. E se não conseguirem, eu informo que terei que tomar decisões sérias contra vocês. ― ele acrescentou. ― E eu não quero fazer isso.
― Chefe, muito obrigado por ser misericordioso conosco. ― digo fazendo uma reverência. ― Nós vamos consertar o nosso erro e iremos agora mesmo!
― Obrigado por nos dar uma segunda chance. ― Otávio também fez uma reverência. ― O senhor é um grande chefe.
― Rapazes já podem parar de me bajular, pois vocês sabem muito bem que eu não sou uma pessoa misericordiosa. ― Cortez respondeu, fazendo todos nós abaixar as cabeças. ― O Teodoro está esperando vocês dois em frente ao hospital. Tenham cuidado com ele... Porque o moço não é muito confiável, entenderam?
― Sim, senhor! ― respondemos juntos.
― Agora vão embora! ― ele fez um gesto. ― Vão antes que eu mude de ideia.
Klaus tocou em meu ombro e indicou o caminho para nós. Olhei para Otávio e o mesmo foi o primeiro a ir embora antes de fazer reverência, e eu fiz o mesmo.
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