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27.

HÉCTOR FORT
📍BARCELONA, ESPANHA


Encarei a tela do celular mais uma vez, tentando entender se era isso mesmo que estava diante dos meus olhos. Nina tinha enviado a foto propositalmente, claramente com a intenção de criar dúvida e desconfiança entre mim e Luna. E parecia que estava conseguindo. A expressão dela, magoada e tensa, me cortava por dentro.

Levantei o olhar, encontrando os olhos dela fixos em mim, exigindo respostas.

- Então, qual sua explicação, Héctor? - Ela perguntou, com a voz carregada de frustração e tristeza. -

Respirei fundo, lutando contra a raiva que começava a surgir. Não raiva dela, mas da situação que Nina tinha criado.

- Luna, essa foto é antiga. Foi tirada meses antes de nos conhecermos. Dá pra perceber isso até pelo meu corte de cabelo, é diferente. - Apontei para a imagem na tela. - Sim, eu encontrei a Nina na casa do Marc, mas foi só pra encerrar assuntos do passado. Não teve nada além disso. Essa mensagem, essa história... É tudo uma mentira. Eu nunca trairia você.

Ela cruzou os braços, desviando o olhar como se estivesse tentando processar tudo.

- Sinceramente, Héctor, eu não sei no que acreditar. Parece que sempre tem algo ou alguém querendo nos separar. É tão cansativo... Até pode ser verdade, mas como eu posso ter certeza disso?

- Você pode ligar pro Lamine ou pro Marc. Pergunta pra eles. Eu não tô mentindo, Luna.

Ela balançou a cabeça lentamente.

- E quem me garante que eles não vão te encobrir? Eles são seus amigos, Héctor.

Aquilo doeu mais do que eu esperava.

- Você realmente acha que eu faria isso? Que eu sou idiota ou um babaca pra trair você? - Minha voz subiu um pouco, mas logo me controlei. - Luna, eu te amo. Mesmo que nosso relacionamento esteja abalado, eu jamais procuraria outra pessoa.

Ela suspirou, cruzando os braços de novo, visivelmente incomodada.

- Eu só tô cansada disso, Héctor. Parece que esses meses longe só trouxeram mais problemas pra gente.

- Você tem razão. Mas os problemas não vão desaparecer sozinhos, Luna. E essa história... É uma mentira. É mais uma tentativa de nos separar. E eu não vou deixar isso acontecer.

Ela me olhou nos olhos, como se buscasse alguma certeza que eu mal sabia se conseguiria transmitir. O silêncio entre nós pesava mais do que qualquer palavra, e, por um momento, parecia que estávamos presos em uma batalha que nenhum dos dois queria lutar.

- Já está acontecendo, Héctor, e você não percebe. Quanto mais levamos isso adiante, mais nos machucamos. - A voz dela saiu baixa, mas cheia de emoção, como se cada palavra carregasse o peso de tudo o que ela estava sentindo. -

- Isso não é verdade, Lua. - Respondi, me aproximando um pouco. - Eu sei que errei, mas não podemos acabar com tudo por causa de uma mentira absurda. Nós somos mais fortes que isso.

Ela soltou um suspiro profundo, desviando o olhar como se estivesse tentando se segurar.

- Você sabe como eu me senti quando vi essa foto? Como uma idiota, Héctor. - Sua voz falhou levemente, e eu podia sentir a dor em cada palavra. - Por um segundo, pensei que estava vivendo a mesma coisa que vivi com o Fermin. Você sabe o quanto isso me marcou. Eu jamais vou perdoar uma traição, e, ver essa foto... Me deixou insegura, pra caramba.

- Luna... - Tentei interrompê-la, mas ela ergueu a mão, me silenciando. -

- Eu tô cansada, Héctor. Cansada de tudo isso. - Ela olhou para mim, e seus olhos brilhavam com lágrimas que ela tentava segurar. - Sério, isso tá me desgastando demais.

- Eu sei que você tá cansada, Luna, e eu também tô. - Respondi, minha voz carregada de frustração e arrependimento. - Mas eu tô cansado de ter que provar o tempo todo que eu amo você. Essa foto, essa situação, é uma mentira. Eu nunca faria isso com você.

Ela balançou a cabeça, apertando os braços contra o corpo como se estivesse se protegendo.

- Você pode falar isso mil vezes, Héctor, mas o que eu senti ao ver aquilo não vai desaparecer tão fácil. Não é só sobre a foto. É sobre tudo o que parece estar nos puxando pra baixo ultimamente.

- Então vamos enfrentar isso juntos. - Falei, quase implorando. - Não deixa isso destruir o que estamos construindo. Por favor, Lua.

Ela respirou fundo, como se tentasse encontrar as palavras certas, mas o olhar dela entregava toda a confusão que estava sentindo.

- Sinceramente, Héctor, eu não sei o que fazer. Eu tô muito confusa com tudo. Acho melhor... Acho melhor darmos um tempo.

Minha garganta se apertou, e, por um momento, tudo dentro de mim parecia congelar.

- Um tempo? - Repeti, tentando digerir aquelas palavras. - Tá bom... Eu vou respeitar isso.

Ela me olhou, e eu podia ver que aquela decisão não estava sendo fácil pra ela também.

- Quando você voltar dos Estados Unidos, a gente conversa. Tá bom?

- Espera... Você não vai viajar com o time? - Perguntei, surpreso. -

- Não. Vou ficar trabalhando no CT mesmo. - Disse de forma breve, como se quisesse encerrar a conversa ali. - Agora eu vou indo.

- Se cuida, por favor. - Falei, a voz um pouco mais baixa, quase um pedido desesperado. -

Ela apenas assentiu, sem me olhar diretamente, e caminhou até a porta. Ao ouvir o som dela fechando a porta atrás de si, um vazio tomou conta do ambiente.

Me joguei no sofá, passando as mãos pelos cabelos com frustração crescente.

Como é que tudo saiu do controle assim? pensei, enquanto o silêncio do apartamento parecia me engolir.

Fechei os olhos por um momento, tentando acalmar o turbilhão dentro de mim, mas a mistura de raiva, tristeza e culpa não me dava trégua.

Eu juro que a Nina vai me pagar.

▪︎ 🇪🇸 ▪︎

Ao sentir uma bolada atingir minha cabeça, voltei à realidade. olhando em volta para entender o que tinha acontecido. Logo avistei Pablo e Lamine, rindo e caminhando em minha direção.

- Caraca, tá com a cabeça nas nuvens, hein? - Lamine comentou com um sorriso malicioso. -

- Problemas de novo? - Pablo perguntou, levantando uma sobrancelha. -

- Lamine, será que dá pra você parar de encher a minha paciência? - Respondi, esfregando a cabeça. - E, como sempre, tô lascado.

- Ih, o que foi agora? - Pablo insistiu. -

- Adivinha. Problemas com a Luna de novo, graças a uma ex louca minha. - Suspirei, sentindo o peso das palavras. -

- Deixa aquela réplica do Bernal cruzar o meu caminho! - Lamine disse, gesticulando dramaticamente. - Tá fazendo minha Luninha sofrer por causa de você.

- Cala a boca, Lamine. - Pablo revirou os olhos e se virou para mim. - Cara, quer que eu peça pra Maya conversar com ela?

- Não vai adiantar muito. Ela não quer ver minha cara pelas próximas duas semanas. - Admiti, com um suspiro frustrado. -

- Olha, não fica assim. Uma hora ela vai cair na real. - Lamine tentou me animar, batendo no meu ombro. -

- Mas o que aconteceu de tão grave? - Pablo perguntou, cruzando os braços. -

- A Luna acha que eu traí ela com a Nina porque a Nina mandou uma foto onde a gente se beijava. Mas isso é de meses atrás, antes de eu sequer conhecer a Luna. Expliquei que é uma mentira, mas ela não tá tão convencida. Agora só me resta esperar o tempo passar. - Respondi, passando a mão pelo rosto, cansado. -

- Você consegue se meter em cada encrenca, cunhado. - Pablo comentou, balançando a cabeça em reprovação. -

- Já que a Luna tá te dispensando, eu aceito você de volta. - Lamine brincou, abrindo os braços como se estivesse me acolhendo. -

- Para com isso, Lamine. - Falei, suspirando. -

De repente, uma sombra parou ao meu lado, e, ao levantar o olhar, meu humor azedou ainda mais. Fermin. Era só o que me faltava para completar o dia.

- E aí, Héctor. - Ele disse com aquele tom debochado que só fazia aumentar minha irritação. -

- Não tô de bom humor pras suas provocações, Fermin. - Respondi, tentando manter a calma. -

- Que isso, cara, eu vim na paz... Bom, pelo menos acho que sim. - Ele respondeu, com aquele sorriso sarcástico que só me irritava ainda mais. - Fiquei sabendo que a Luna te deu um fora.

- Nossa, você tá bem desinformado. A gente tá muito bem, obrigado. - Retruquei, firme. -

- Bom, não é o que as más línguas andam dizendo por aí. - Ele se aproximou, abaixando a voz enquanto falava no meu ouvido. - Sabe que, se você der muito mole, a Luna volta pra mim num piscar de olhos, né?

Meu sangue ferveu. Dei um passo à frente, me colocando de frente pra ele, enquanto Pablo e Lamine se aproximavam, prontos pra intervir.

- Qual é o seu problema, cara? Para de ser babaca. Ela não vai voltar pra você. Nunca. - Disse, minha voz firme e baixa, mas carregada de raiva. -

Fermin deu aquele sorriso debochado, cruzando os braços como se já tivesse ganhado.

- Sério, Héctor, você acha que pode competir comigo? Você é só mais uma distração. Ela me amava, de verdade. Sempre vai lembrar de mim.

Minha paciência acabou.

- Cala a boca, Fermin. Aceita que você é passado. Ela não quer mais nada com você. - Respondi, dando um passo à frente. -

- Passado? - Ele riu, inclinando a cabeça. - Você não entende, né? Eu e ela temos história. Você? Você é só um cara que ela pegou porque eu não tava mais disponível.

As palavras dele atingiram como uma provocação calculada. Minha respiração acelerou, e antes que percebesse, já tinha empurrado ele com força.

- Fala isso de novo, Fermin, e eu acabo com você. - Rosnei, o encarando de perto. -

- Vai mesmo? - Ele rebateu, o sorriso sumindo. - Então vem, Fort. Vamos resolver isso agora.

Antes que eu pudesse reagir, ele lançou um soco, atingindo meu ombro e me fazendo recuar. Tentei revidar, mas ele foi mais rápido, acertando um golpe direto no meu rosto.

- Parem com isso! - A voz de Lamine ecoou, mas eu já estava tomado pela raiva. -

Avancei nele, acertando um soco no peito, mas Fermin desviou do próximo golpe e me empurrou com força, me desequilibrando.

- Larga ele, Fermin! - Pablo tentou segurar o braço dele, mas Fermin estava fora de controle. -

- Ela nunca vai te amar como me amava! - Ele gritou, e antes que eu pudesse reagir, ele me empurrou de novo, com tanta força que tropecei. -

Minha cabeça bateu com força em um dos bancos de ferro que estavam ali. A dor foi imediata, um baque surdo que ecoou no meu crânio. O mundo girou, e uma quentura escorreu pela lateral do meu rosto. Sangue.

- Héctor! - Pablo correu até mim, sua voz carregada de desespero. -

- Droga, ele tá sangrando! - Lamine veio logo atrás, tentando me levantar, mas eu já não conseguia manter o foco. -

- Fica acordado, Héctor! Não fecha os olhos! - Pablo segurou meu rosto, tentando me manter consciente. -

- Ele tá apagando! - Lamine gritou, tirando a camisa para pressionar o corte na minha cabeça. - Vai, chama ajuda agora!

A dor estava ficando distante, minha visão escurecendo. O último som que ouvi foi o desespero na voz de Pablo antes de tudo desaparecer.

001. Mais um capítulo para vocês e já posto o segundo, o fim cada vez mais perto tô triste.

002. Só peço que votem e comentem muito amores, Desculpa qualquer erro ortográfico.

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