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23.

HÉCTOR FORT
📍BARCELONA, ESPANHA

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A minha vida já era um caos, e descobrir sobre meus pais biológicos só piorou tudo. O que já parecia ruim tornou-se mil vezes pior. Tentar me acostumar com uma nova vida e novas pessoas não era fácil, ainda mais depois do meu afastamento da Luna. Embora soubesse que a culpa era minha, a decisão de terminar o relacionamento me custou caro, ela foi embora de Barcelona.

Decidi, de última hora, terminar minhas férias em Barcelona. Lamine tinha me convidado para a festa dele, e, no fundo, eu tinha esperança de encontrar Luna lá. Talvez, só talvez, eu quisesse resolver as coisas entre nós.

— Héctor! — Lamine me puxou para dentro da casa com um sorriso animado. — Pensei que não vinha, mas fico feliz que veio.

— Você me conhece. — Dei de ombros. — Resolvo as coisas de última hora.

— Isso tá me lembrando o Marc. Não é à toa que vocês são melhores amigos.

— Obrigado pela parte que me toca. — Respondi com ironia. —

— Que isso, cara? Foi um elogio! — Ele riu, me entregando um copo. — Toma, bebe. Festa sem bebida não é festa.

— Acho que o álcool já tá subindo rápido na sua cabeça, Yamal.

— Eu sou forte pra isso. Dois copos não vão me derrubar. Hoje é dia de comemorar!

Lamine me levou até onde Marc estava, junto com Katrina, a namorada dele. Agora que estão juntos, ele não desgruda mais dela.

— Até que enfim, meu best chegou! — Marc exclamou, animado, passando o braço pelo meu ombro. —

— Bom, digamos que atrasado, mas cheguei.

— Quando você for casar, vai ter que avisar uma semana antes, porque, se não, a Luna vai pensar que desistiu do casamento. — Lamine provocou. —

— Nossa, que engraçado. — Revirei os olhos. — Não pedi sua opinião, Lamine.

— Só tô tentando ajudar, e é assim que sou tratado? Minha amizade não vale nada, mesmo.

— Galerinha, sem desentendimentos. — Marc riu, tentando apaziguar. — Vamos aproveitar a festa juntos.

— Isso soou estranho, Marc. — Katrina comentou, rindo. —

Antes que eu pudesse responder, olhei ao redor. A música alta, as luzes piscando, as pessoas rindo e dançando. Tudo parecia um borrão. No fundo, eu só queria saber de uma coisa, ela estava ali?

— Está procurando a Luna? — Marc perguntou, levantando a sobrancelha como se fosse óbvio. —

— Lógico que tá, né? Você pergunta cada coisa, Marc. — Lamine revirou os olhos. — Olha, se a gente contar, promete que não surta?

— Surta pelo o quê? — Perguntei, sentindo um nó se formar no estômago. —

— Por nada, né? — Katrina tentou amenizar. — Mas, só pra você saber, a Luna estava conversando com o Matteo por aí.

— Não enrola ele, Kat. — Lamine suspirou, balançando a cabeça. — Ela tava com o Fermín. E, sinceramente, você ia descobrir de qualquer forma. Você conhece o Fermín.

— Fermín, sério? Ela não tinha motivo pra estar com ele, não depois de tudo. — Balancei a cabeça, tentando processar. — Até porque a Luna não gosta dele, isso não faz sentido.

— Héctor, o Fermín é insistente. — Lamine deu de ombros. — Talvez ele esteja aproveitando o afastamento de vocês pra tentar alguma coisa. Você sabe como ele é.

— Para de piorar as coisas, Lamine! — Katrina repreendeu, claramente irritada. — Héctor, não dá bola pra isso. Eles podem só estar conversando, não significa nada.

— Ah, tá bom, só conversando. — Lamine ironizou, cruzando os braços. — Porque o Fermín é conhecido por suas boas intenções, né?

O aperto no meu peito ficou ainda mais forte. A ideia de Luna com ele era insuportável. Respirei fundo, tentando me manter calmo, mas era inútil.

— O que você pretende fazer, Héctor? — Marc perguntou, preocupado. —

— Pra falar a verdade, eu não sei. — Respondi, com a voz carregada de frustração. — Mas, se isso for verdade, é porque ela deu liberdade pra ele. E, sinceramente, isso só me faz sentir como um idiota.

— Não é que você não seja, né? — Lamine retrucou, sarcástico. — Foi você quem afastou ela, então não tem do que reclamar.

— Se tirou o dia pra implicar comigo, né? — Falei, cruzando os braços e lançando um olhar irritado para ele. —

— Só tô falando a verdade. — Lamine deu de ombros, como se o que disse fosse completamente óbvio. — Você achou que afastar ela ia resolver alguma coisa? Agora tá aí, cheio de dúvidas e com ciúmes.

— Sério, vocês são péssimos amigos, não prestam pra dar um conselho decente. — Katrina revirou os olhos antes de se virar para mim. — Olha, Héctor, sei que a gente não se conhece muito bem, mas pelo tempo que passei com a Luna, posso te garantir uma coisa, ela é uma garota incrível e ainda te ama, muito. Só está esperando você tomar uma atitude.

Fiquei em silêncio, as palavras dela ecoando na minha cabeça.

— E esquece essa história de Fermín. — Ela continuou, firme. — Ele não deveria importar entre vocês dois. O problema não é ele, é vocês não se resolverem.

— Ela tá certa, cara. — Marc finalmente concordou, olhando para mim. — A Luna sempre foi clara no que sente por você. O resto é distração.

— Se é tão simples, por que ela tá com ele? — Questionei, sentindo o peso da frustração e da dúvida. —

— Talvez ela não esteja. — Katrina respondeu com calma. — E mesmo que estivesse, seria porque você deu espaço pra isso acontecer. Agora, só depende de você corrigir isso.

Suspirei, passando a mão pelos cabelos. Eles estavam certos, mas a ideia de encará-la ainda me deixava nervoso.

— Então, o que eu faço? Vou até ela agora?

— Olha, faz assim. — Katrina sugeriu, com um olhar decidido. — Sobe lá pro quarto do Lamine, e a gente dá um jeito de tirar ela de perto do Fermín. Vamos falar pra ela ir até lá. Assim, vocês conversam sem ninguém para atrapalhar.

— Tem certeza de que isso vai dar certo? — Perguntei, hesitante. —

— Vai por mim. — Ela sorriu, confiante. — O importante é vocês terem essa conversa, e, se depender de mim, ela vai.

— Eu vou cuidar disso. — Lamine interrompeu, com um sorriso travesso. — Só não faz merda, Héctor.

Olhei para os dois, ainda um pouco cético, mas sabia que essa era a única chance. Sem dizer mais nada, segui as instruções e fui para o andar de cima, tentando ignorar a ansiedade crescente.

No quarto de Lamine, o silêncio era quase opressor, um contraste gritante com a música alta e as conversas da festa lá embaixo. Eu me sentei na beira da cama, respirando fundo, tentando organizar meus pensamentos.

Minutos depois, ouvi passos do lado de fora. Meu coração disparou quando a porta se abriu, revelando Luna. Ela parecia confusa, mas assim que nossos olhares se encontraram, o clima mudou.

— Marc... Héctor? O que você está fazendo aqui? — Luna perguntou, franzindo o cenho. —

Antes que eu pudesse responder, a porta se fechou bruscamente atrás dela. Luna se virou para encarar a porta, surpresa.

— Lamine? O que é isso? — Ela chamou, tentando girar a maçaneta, mas a porta não cedeu. —

— Desculpa, Lunita e Héctor. — A voz de Lamine veio do outro lado, cheia de travessura. — Só vamos abrir quando vocês se resolverem. Aproveitem!

— Lamine! Isso não é engraçado! — Luna bateu na porta, claramente irritada. —

Eu suspirei, passando a mão pelo cabelo.

— Acho que ele não vai mudar de ideia. — Falei, tentando parecer calmo, mas a ansiedade era evidente na minha voz. —

Luna se virou para mim, os braços cruzados.

— Então? O que é tão importante que precisava desse teatro todo? — Luna cruzou os braços, o tom defensivo. —

— A gente precisa conversar. — Dei um passo em sua direção, tentando transparecer a sinceridade que sentia. — Sobre nós.

Ela suspirou, claramente hesitante.

— Só espero que eu não me arrependa de conversar com você.

— Não vai, eu prometo. — Respirei fundo, reunindo coragem. — Luna, eu queria te pedir desculpas. Te afastar não resolveu nada, só piorou tudo na minha vida. Eu não queria que tivéssemos passado por isso, mas... você sabe como eu sou com as pessoas que amo. Eu afasto, tentando proteger.

Ela balançou a cabeça, seu olhar duro.

— E você acha que afastando protege alguém? Héctor, você só machuca ainda mais quem diz amar.

Suas palavras cortaram fundo, mas eu sabia que ela tinha razão.

— Você me conhece, sabe como fui criado... — minha voz falhou por um momento. — Às vezes, eu só não consigo me acostumar a ser amado de volta. Não da forma como você me ama.

— Eu sei. — Ela suspirou, sua voz suavizando um pouco. — Mas isso não significa que afastar as pessoas vai resolver alguma coisa.

— Você está certa. — Admiti, a culpa evidente em meu tom. — E esses meses longe de você foram um inferno. Eu não parei de pensar em você, nem por um momento. Sempre me perguntando como você estava.

Luna deu um sorriso irônico, cruzando os braços novamente.

— Eu estou ótima. Na verdade, até um pouco melhor do que quando estava com você.

Suas palavras me atingiram em cheio, mas havia algo no brilho dos olhos dela que contradizia aquilo.

— Sabe... — comecei, a voz baixa. — Eu entendo você ter seguido em frente. Sei que foi minha culpa o nosso relacionamento não estar indo bem.

Luna soltou uma risada amarga, cruzando os braços.

— Pelo menos em uma coisa você tem razão. — Seus olhos me encararam com firmeza. — A culpa do nosso relacionamento estar como está é toda sua. Essa sua mania de afastar todo mundo, Héctor, é insuportável.

— Eu só... — tentei falar, mas ela me interrompeu. —

— Não, me escuta. — Sua voz tremia levemente, como se estivesse tentando se segurar. — Eu te amo, Héctor, mas esse "vai ou não vai" não é pra mim. Não é justo comigo. Eu preciso seguir a minha vida, porque ficar parada esperando você decidir o que quer só está me machucando mais.

— Eu nunca quis te machucar. — Minha voz estava carregada de sinceridade, enquanto eu me aproximava. — Eu te amo, Luna. Você é a única coisa que me importa, desde a hora que eu acordo até a hora que vou dormir. Por favor, me dá mais uma chance. 

Segurei seu rosto com cuidado, fazendo-a olhar para mim. 

— Você é a única pessoa que ainda me mantém de pé.

Luna fechou os olhos por um instante, como se estivesse absorvendo minhas palavras. Quando os abriu, havia um misto de dor e dúvida em seu olhar.

— Héctor... — Ela começou, sua voz trêmula. — Eu queria acreditar que as coisas podem mudar, mas você precisa entender que não é só sobre me amar. É sobre as suas ações, sobre como você me afastou quando tudo o que eu queria era estar ao seu lado.

— Eu sei, e me arrependo de cada momento que perdi com você. — Meu polegar acariciou suavemente sua bochecha. — Eu sei que preciso mudar, e estou disposto a fazer isso. Por você. Por nós.

Ela desviou o olhar, mordendo o lábio inferior, claramente em conflito.

— Héctor, eu não quero me machucar de novo. Não posso passar por isso outra vez.

— Eu prometo, Luna. — Minha voz saiu mais baixa, quase um sussurro. — Não vou errar de novo. Só me dá uma chance de provar isso pra você.

Ela ficou em silêncio, seus olhos buscando algo nos meus, talvez uma verdade que pudesse aliviar o peso de sua decisão. 

— Eu preciso pensar. — Sua voz era um misto de firmeza e tristeza. — Eu não posso te dar uma resposta agora.

— Eu espero o tempo que for necessário. — Respondi, sem hesitar. —

O que Lamine havia mencionado mais cedo pesou nos meus pensamentos. Fermin. Eu precisava perguntar, já que estávamos sendo sinceros um com o outro.

— Posso te perguntar uma coisa? — Perguntei, quebrando o silêncio. —

— Pode. — Luna me encarou, curiosa. —

— Você e o Fermin... Vocês estavam se falando?

Ela suspirou, balançando a cabeça.

— Não. Ele só insistiu muito pra falar comigo hoje porque, segundo ele, estava arrependido do que fez comigo. Mas eu não consegui acreditar em nenhuma palavra dele.

— E fora isso? Ele não fez nada? Nem tentou? — Insisti, meu tom mais baixo, mas ainda cheio de preocupação. —

— Não, Héctor. — Ela respondeu com firmeza. — Fica tranquilo. Ele não ia fazer nada aqui, não na frente de tantas pessoas. Além disso, eu sei me defender.

— Claro, Luna, eu sei que você sabe, e acredito nisso. Só me preocupa ele ter te procurado.

— Bom, obrigada pela preocupação, mas estou bem. — Ela sorriu levemente, tentando aliviar o clima. — Agora, me empresta seu celular pra eu ligar pro Lamine.

— Tá bom, mas onde tá o seu? — Falei enquanto tirava o celular do bolso e entregava a ela. —

— A Katrina pegou, com a desculpa de que a câmera dela estava ruim, e não me devolveu. Mas agora sei que foi parte do plano. — Ela olhou para o celular e fez uma careta. — Fala sério, está sem bateria. Você só pode estar brincando, né?

Dei uma risada sem graça, coçando a nuca.

— Foi mal, nem percebi.

Ela suspirou, entregando o celular pra mim e eu coloquei no bolso de volta.

— Parece que estamos presos aqui até alguém lembrar da gente.

— É, parece que sim. — Respondi, tentando disfarçar o nervosismo com um sorriso. —

O silêncio entre nós era carregado, mas também havia algo diferente. Talvez essa fosse a oportunidade de continuarmos a conversa que ambos evitávamos há tempos.

— Então, me diz... Como está indo com seus pais biológicos? — Ela perguntou, enquanto se sentava na beira da cama. —

— Bem, dentro do possível. — Respondi, soltando um suspiro e me sentando ao lado dela. — Ainda é recente demais, sabe? Mas eles são até mais do que eu esperava.

— Isso é bom. — Ela sorriu levemente, olhando para mim. — Deve ser difícil se adaptar a tanta coisa nova de uma vez.

— É, bastante. — Concordei, olhando para o chão. — Mas eu acho que o mais complicado é perceber que eles querem recuperar o tempo perdido, e eu nem sei por onde começar.

Luna ficou em silêncio por um momento, parecendo pensar.

— Acho que não precisa de um começo perfeito. Só de tempo. Eles também devem estar tentando entender tudo isso, assim como você.

— Talvez você tenha razão. — Respondi, olhando para ela. — Acho que é por isso que eu admiro tanto você. Sempre parece saber o que dizer.

Ela sorriu, mas desviou o olhar, como se não soubesse como reagir.

— Não é bem assim, Héctor. Eu só... Tento.

— E é isso que te torna incrível. — Falei, deixando escapar antes de conseguir me segurar. —

— Bom, obrigada então, né. — Ela respondeu, com um sorriso contido, mas sem desviar o olhar dessa vez. —

— É estranho te ver me chamando assim. — Comentei, tentando aliviar o clima. — Gostava mais dos apelidos. Você fica muito séria.

— A gente ainda não se resolveu completamente. — Ela deu de ombros. — Talvez algum dia eu volte com os apelidos.

— Claro, tudo no seu tempo. — Concordei, tentando não demonstrar a pontada de ansiedade que as palavras dela causaram. — Mas me diz uma coisa, vai voltar a trabalhar presencialmente no CT agora?

— Uh-hum. — Luna assentiu. — Eles me deixaram esses dois meses longe pra resolver a faculdade e finalizá-la.

— Você já se formou?

— Ainda não. — Ela sorriu com orgulho. — Só na semana que vem eu vou estar oficialmente formada.

— Não pensa em me convidar?

— Héctor, você sabe que já está convidado há tempos. Mas não sei se vai conseguir ir por causa dos treinos.

— Por você, eu sempre dou um jeito. — Falei com firmeza, me aproximando um pouco mais. —

Ela pareceu hesitar por um momento, como se algo em minhas palavras a deixasse desconfortável ou incerta.

— Eu não quero que você se comprometa demais. — Disse ela, sua voz agora mais baixa. — Eu sei que sua vida tá cheia de responsabilidades, e não quero ser mais um peso.

— Luna, você nunca foi um peso. — Respondi, segurando sua mão sem pensar. — Você é o que dá sentido a muita coisa. Se você quer que eu esteja lá, então eu estarei.

Ela olhou para nossa mão entrelaçada e depois para mim, seus olhos cheios de emoções conflitantes.

— Tá bom. — Disse ela, finalmente. — Então eu vou te esperar lá.

— Isso significa que, se você já se formou, vai poder finalmente viajar com o time, certo? — Perguntei, tentando esconder a animação na voz. — Então, isso quer dizer que teremos mais tempo juntos?

— Digamos que sim, Héctor. — Ela respondeu com um sorriso leve, mas sua expressão logo ficou séria. — Mas você ainda tem que me reconquistar para merecer um "sim" pra essa nova chance.

Aquilo me fez sorrir de lado. Era típico dela, sempre deixando claro que não seria fácil.

— Justo. — Concordei, cruzando os braços e olhando para ela com um toque de determinação. — E, se depender de mim, não vai demorar muito até você me dizer esse "sim".

Ela arqueou uma sobrancelha, claramente cética, mas havia um leve brilho nos olhos que entregava mais do que ela pretendia.

— Só não pense que será tão fácil. — Ela disse, cruzando os braços. —

— Desde quando esperei que fosse fácil? — Respondi com um sorriso de lado. — Eu gosto de desafios.

Luna riu baixinho, balançando a cabeça como se não acreditasse na minha audácia.

— Você fala como se já tivesse vencido. — Ela rebateu, mas seu tom era mais brincalhão do que sério. —

— Ainda não. — Admiti, ainda sorrindo. — Mas eu pretendo.

Eu sabia que reconquistá-la levaria tempo. No fundo, também sabia que cada segundo dessa espera valeria a pena.

▪︎ 🇪🇸 ▪︎

Desde que Lamine e Katrina decidiram nos trancar no quarto. E, embora a situação fosse absurda, eu não podia negar que, de certa forma, eles estavam me ajudando bastante.

Luna, por outro lado, parecia impaciente. Ela estava de pé, vasculhando as gavetas no canto do quarto.

— Achou algo interessante que possa incriminar o Lamine? — perguntei, ajeitando-me na cama e observando sua expressão de curiosidade misturada com frustração. —

— Não. Ele esconde bem as pistas. — Ela fechou uma gaveta com força, antes de abrir outra. — Mas por que, em nome de tudo, ele tem camisinhas aqui? Acho que o Lamine não é mais criança.

Soltei uma risada, balançando a cabeça.

— Acho que está mais do que na hora de você tirar essa ideia de que o Lamine é uma criança da sua cabeça. Se eu te contasse metade do que sei, você nunca mais olharia na cara dele.

— Tá bom, sem detalhes, por favor. — Ela revirou os olhos, cruzando os braços. — Não sei como você consegue ficar tão tranquilo. Estamos presos aqui há horas!

— Não está gostando da companhia do seu namorado, então? — provoquei com um sorriso de canto. —

— Não começa com essas gracinhas, Héctor Fort.

— Tá bom, eu fico quieto.

— Melhor assim. — Ela fez uma pausa, depois sorriu, um pouco travessa. — Porque, honestamente, você fica tão bonitinho calado.

Revirei os olhos, tentando não sorrir, enquanto ela continuava a mexer nas coisas.

— Achei um carregador! — Ela exclamou. — Empresta o seu celular, vou colocar pra carregar.

— Vem pegar aqui, eu não vou levantar. — Retirei o celular do bolso e estiquei a mão para ela. —

— Inútil! — Ela respondeu, se aproximando para pegar. —

Mas, no instante em que sua mão tocou no celular, a puxei pela outra mão, forçando-a a se inclinar mais perto de mim.

— Como é que é? Me chamou de quê? — perguntei, fingindo uma expressão ofendida, embora o sorriso travesso entregasse minha intenção. —

Luna arqueou a sobrancelha, tentando disfarçar o riso.

— De inútil. Vai fazer o quê?

— Isso. — Puxei-a um pouco mais, fazendo-a cair sentada na cama ao meu lado. —

— Héctor! — Ela protestou, mas havia um sorriso em seu rosto. —

— O quê? Não posso me defender? — falei, me aproximando mais, um sorriso brincando em meus lábios. —

Ela suspirou, balançando a cabeça, mas não tentou se afastar.

— Não, não pode. E para com isso. Não me olha assim, Héctor, eu te conheço.

— Assim como? — perguntei, com um ar de inocência que claramente não me pertencia. —

— Com esse olhar... — Ela gesticulou levemente com a mão. — Esse que fica intercalando entre os meus olhos e a minha boca. Não vou te beijar.

— Você não vai... — Me inclinei mais perto, sorrindo de lado. — Mas eu vou.

Antes que ela pudesse protestar ou dar uma resposta sarcástica, encurtei a distância entre nós e a beijei. Foi um beijo firme, mas ao mesmo tempo cheio de cuidado, como se cada movimento dissesse o que as palavras não conseguiam expressar.

Por um segundo, achei que ela fosse me afastar, mas, ao invés disso, suas mãos foram parar nos meus ombros, e ela correspondeu, mesmo que hesitante no começo.

Quando nos afastamos, ela me olhou fixamente, ainda um pouco ofegante.

— Isso não muda nada. — Disse, mas sua voz saiu baixa, quase como se estivesse tentando convencer a si mesma. —

— Eu sei. — Respondi, acariciando seu rosto com os dedos. — Mas também não vai mudar o que eu sinto por você.

Ela suspirou, fechando os olhos por um momento, como se buscasse força para continuar.

— Héctor... Você é complicado demais.

— E você gosta disso. — Sorri de lado, ainda deitado na cama, tentando aliviar a tensão no ar. —

— Eu só sei que você perdeu um ponto comigo por causa desse beijo. — Ela falou, se levantando e cruzando os braços. —

— Lua, isso não pode... — Respondi, ajeitando-me um pouco na cama. — Mas eu recupero depois, você sabe disso.

— Eu só sei que você não vale nada.

— Pra você, eu valho muito. — Pisquei, sorrindo de forma travessa. —

— Convencido. — Ela revirou os olhos, mas não conseguiu esconder o canto de seus lábios se curvando em um sorriso contido. —

— Minha marrenta, te amo. — Deixei escapar, sabendo que era mais forte do que eu. —

— Para de estragar o momento me elogiando. — Ela virou o rosto, mas o rubor em suas bochechas a denunciava. —

— Eu só estou falando a verdade. — Respondi, minha voz ainda carregada de sinceridade. — Não consigo parar.

— Eu não consigo ficar brava com você, Héctor.

— Isso é bom, não é?

— Pra mim é péssimo, pra você é ótimo.

— Então fico mais aliviado. — Sorri de lado, me ajeitando melhor na cama. — Deixa o celular aí e vem deitar aqui comigo. Eles não vão abrir hoje, eu conheço o Lamine.

— Ele vai ver só quando eu sair daqui. — Disse ela, com um olhar determinado. — Mas tudo bem, eu vou deitar aí. Só que, olha lá, sem gracinha, sem segundas intenções, sem ficar querendo roubar beijo, e fique longe.

— Mais alguma regra, minha rainha? — Brinquei, rindo baixinho. —

— Por enquanto, só essas. Que eu deixo.

— Tá bom, agora vem deitar aqui comigo, Lua.

Ela hesitou por um momento, mas acabou cedendo. Subiu na cama com cuidado e deitou de costas, mantendo uma distância considerável.

— Feliz agora? — Perguntou, lançando um olhar de canto. — 

— Muito. — Respondi, satisfeito. — Mas acho que essa distância não estava nos meus planos.

— Héctor... — Alertou ela, sem paciência. —

— Tá bom, tá bom. Sem gracinha, eu prometo. — Levantei as mãos como sinal de rendição, mesmo permanecendo no meu lugar. —

Um silêncio confortável se instalou por alguns minutos, até que ela soltou um suspiro longo.

— Você sentiu minha falta nesses dois meses? — Ela perguntou, a voz baixa, quase hesitante. —

Virei a cabeça na direção dela, meus olhos encontrando os seus.

— Mais do que consigo colocar em palavras. — Respondi, sincero. — Cada dia parecia uma eternidade.

Ela desviou o olhar, mas não antes que eu percebesse o leve brilho em seus olhos.

— E você? — Perguntei, querendo saber. — Sentiu minha falta?

— Não sei se deveria responder isso. — Ela murmurou, brincando com uma mecha de cabelo. —

— Ah, vai, não me deixa no suspense, Lua. — Insisti, com um sorriso no canto dos lábios. —

— Tá bom, Héctor. — Ela suspirou. — Eu senti, sim. Mas não vai deixar isso subir à cabeça.

— Tarde demais. — Brinquei, rindo, mas logo mudei para um tom mais sério. — Fico feliz em ouvir isso. De verdade.

Ela balançou a cabeça, como se tentasse disfarçar um sorriso, e se ajeitou melhor na cama.

— Você é insuportável, sabia?

— E mesmo assim, aqui estamos nós. — Respondi, divertido. —

Ela não respondeu, mas o leve sorriso no canto dos seus lábios era suficiente para me encher de esperança.

Luna ficou em silêncio, e, logo, percebi que ela já dormia. Observei-a por alguns minutos, como se quisesse me certificar de que aquele momento era real, de que eu estava realmente tão perto dela novamente. Um sorriso involuntário surgiu nos meus lábios ao vê-la dormir tão serenamente, como se todo o peso que carregava tivesse desaparecido por um instante.

Meu coração se aqueceu com aquela cena. Ela era tudo o que eu queria, tudo o que eu precisava, e eu sabia que reconquistá-la não seria fácil. Mas também sabia, com uma certeza que vinha do fundo da minha alma, que valeria a pena.

Eu iria recuperá-la, e não importava quanto tempo levasse.

001. Eu voltei, me desculpa esse sumiço de quase dois meses daqui, tava com um bloqueio gigantesco, vou tentar atualizar com mais frequência.

002. Desculpa qualquer erro ortográfico. Espero que estejam gostando da Fanfic.

003. Votem e comentem muito para liberação do próximo capítulo ser rápido. Bjos da Bia.

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