CAPÍTULO 04
DE REPENTE, FUGITIVOS
! Maria Eduarda ¡
EU ESTAVA SENTADA NA MESA, com as luzes baixas do ambiente e o som abafado da música vindo de longe. O ar tinha uma leve brisa de álcool, e o calor da bebida subia à cabeça, me deixando um pouco zonza, mas ainda alerta. Olhei para Benj, que estava ao meu lado, tentando disfarçar o quanto estava nervoso.
- Então você canta e dança? Você é foda, cara - soltei com um sorriso meio torto, as palavras escapando mais leves do que o normal. A bebida fazia isso, tornava tudo mais fácil, as conversas mais soltas.
Benj sorriu, claramente não esperando um elogio assim. Ele coçou a nuca, um pouco envergonhado.
- Ah, é... eu... eu tento - disse ele, parecendo meio deslocado. - Mas não é grande coisa...
Revirei os olhos, já mais solta por causa do álcool.
- Você canta e dança, é claro que é grande coisa! Se eu soubesse fazer isso, ia esfregar na cara de todas as vacas que eu odeio - Eu ri - Andando com a galera certa e não sendo um idiota, você conseguiria ser popular, cara
- Você acha?
- É, por aí. Tem alguma bebida aí?
- Acabou - Ele falou assim que balançou uma latinha, a última
Então eu me lembrei do motivo de estarmos ali, presos dentro daquele lugar. O momento de leveza foi interrompido pelo lampejo de realidade que cruzou minha mente como um raio.
- Merda - murmurei, passando a mão pelos cabelos. - A gente precisa sair daqui.
Olhei em volta, os olhos sondando o cômodo pequeno. Já tinha tentado as portas, e nada. Mas então, uma memória me acertou como uma revelação. Havia uma janela... pequena, mas talvez suficiente.
- Espera aí - falei de repente, levantando-me de um pulo, meio cambaleante. - Eu me lembro de ter visto uma janela em algum lugar aqui.
Benj me olhou, confuso.
- Uma janela? Sério? Onde?
- Eu acho que é na sala ali do fundo - respondi, já começando a andar em direção ao local que estava na minha cabeça. - Vamos lá, pode ser nossa única saída.
Benj me seguiu, ainda meio desconfiado, mas me acompanhando. Ao chegarmos ao cômodo, lá estava ela, uma janela pequena, quadrada, no alto da parede. Não era enorme, mas com um pouco de esforço, poderíamos passar.
- Tá legal, vai ser por aqui - anunciei, já mentalmente planejando o que fazer.
Benj olhou para a janela e depois para mim.
- Você acha que a gente consegue passar por ali?
- Tenho certeza que sim - Falei com convicção. - Tá, vira de costas!
Ele franziu o cenho, sem entender de imediato.
- Por que?
- Porque eu tô de vestido, otário - Falei ele logo entendeu e se virou
Deixei minha bolsa em cima de uma mesa. Com ele de costas, comecei a avaliar como subir. O vestido não era exatamente o ideal para escaladas, e o álcool definitivamente não ajudava na coordenação. Mas eu era teimosa o suficiente para tentar.
- Tá bom, vai precisar me dar um impulso - falei, enquanto olhava de novo para a janela, que parecia ainda mais alta agora que eu estava perto dela.
Benj deu uma olhada discreta para trás, sem querer encarar diretamente.
- Você tem certeza disso? Não quer tentar outra coisa, tipo... sei lá, uma cadeira?
- Ah, não se preocupa. Eu já fiz coisas piores que isso - respondi, tentando soar confiante. - Agora, me ajuda.
- Pera, você quer que eu te ajude ou fique aqui de costas? - Ele perguntou confuso e eu encarei seria
- Cara, só me ajuda logo! - Respondi
Ele suspirou e veio até mim, mas se abaixou, entrelaçando as mãos para fazer um apoio. Eu coloquei meu pé ali e, com um impulso, ele me levantou. Me agarrei à borda da janela com ambas as mãos, tentando ignorar o leve giro na minha cabeça.
- Segura firme - disse Benj, com os olhos fechados, ainda preocupado.
- Eu tô tentando! - retruquei, puxando o corpo com força, enquanto tentava passar as pernas pela janela. A primeira perna passou com certa dificuldade,
E então, senti meu corpo cair, pior que isso foi sentir a dor da minha cabeça batendo no chão. O ar fresco da noite me bateu no rosto, e por um momento, a sobriedade voltou, aí eu percebi, eu saí da bendita sala
Benj estava logo atrás, pronto para sair também. Ele subiu mais rápido, com uma agilidade surpreendente. Assim que ele se aproximou da janela, ele conseguiu sair com mais facilidade do que eu.
Finalmente, nós dois estávamos fora, livres. Olhei ao redor e respirei fundo, sentindo o vento contra o rosto. Tinha funcionado.
- Conseguimos! - falei, ainda um pouco sem acreditar. Olhei para Benj, que também parecia aliviado, e deixei escapar uma risada. - Eu sou um gênio
- Tá, eu te dou os créditos - Ele riu - eu acho que você deve muito ao seu talento de... sei lá, de escapar de situações malucas
- Ah, cala a boca! - Dei um leve soco no ombro dele, rindo - Sabe o que a gente tem que fazer agora, pra comemorar?
- O que?
- Beber!
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