[009] 𝗘𝗡𝗖𝗛𝗔𝗡𝗧𝗘𝗗 𝗧𝗢 𝗠𝗘𝗘𝗧 𝗬𝗢𝗨
Charlotte Delgado
Senti quando o álcool fez efeito em meu organismo, e foi ali que eu finalmente me senti bem em dias. Deve ser esse o motivo de tantas pessoas gostarem de algo que arde a garganta e é amargo, as deixam alegres. O álcool é como uma anestesia nas minhas feridas abertas, uma cura momentânea. E mesmo sabendo que uma hora esse efeito irá passar, agora eu estou bem.
Laila vem em minha direção, suas mãos ocupadas por dois copos vermelhos. Ela sorri torto, entregando o copo com o líquido marrom transparente. Whisky. Não hesito em pegar, virando na boca em poucos segundos, sentindo o arder do álcool descer goela a baixo.
- prova esse, amor. É muito bom - Diego grita, passando um copo transparente para as mãos da namorada. O líquido era azulado, como se tivessem misturado muitas substâncias para chegar a aquele resultado.
Laila virou com tudo, fazendo uma pequena careta ao engolir. E então ela sorriu alegre, pulando de alegria.
- o que era isso? - ela questiona, a voz arrastada - não importa, é bom demais.
Dei risada, bebendo de meu Whisky outra vez. Não sei onde estão Stiles e Caleb, mas aposto que se divertem em algum lugar desta casa. Sinto uma mão feminina pousar em meu ombro, puxando o copo de minhas mãos.
- ei, devolve! - pedi, me virando para a garota. Sorrio torto, tentando alcançar o copo - Sarah, devolve a minha bebida. Isso não é engraçado.
- não é mesmo. Você quase não se aguenta de pé, Charlotte. Está na hora de parar, não acha?
Arqueio as sobrancelhas, a encarando com desapontamento. Puxei o copo de suas mãos, virando tudo em minha boca de uma só vez. Lhe dei um sorriso cínico e provocante.
- eu decido a hora de parar, Saritah. E estou só começando.
Minha atitude bêbada pareceu irritar minha amiga, que bufou e me deu as costas, subindo escadaria a cima. Busco Helena com os olhos, a encontrando sozinha na área externa, onde tinha alguns grupos de estudantes pulando na piscina. Cambaleio até lá, roubando o copo de alguém durante o percurso.
Esbarro em um estranho, derramando o líquido transparente em sua jaqueta de couro. Dou risada, completamente bêbada enquanto as vozes das pessoas se misturavam com a música da Taylor swift ao fundo.
- foi mal, eu não vi você - murmurei, apalpando seu peitoral numa falha tentativa de secar sua camiseta branca. Ele segura minha mão, me obrigando a encará-lo. Sua barba rala me trás um pequeno dejavú, me tirando um sorriso sincero - oi, garoto bonito da floresta.
O homem, claramente mais velho do que eu, que se eu não estivesse bêbada demais saberia o nome, sorriu de canto, me entregando o copo vazio.
- é assim que me chama? Garoto bonito da floresta? - cumprime os lábios, balançando a cabeça - é um bom apelido, garota bonita da floresta.
Sorrio, reprimindo um riso entalado na garganta. Cambaleio para o lado, sendo segurada por suas mãos fortes, agarrando minha cintura com firmeza enquanto um arrepio percorre minha espinha.
- eu não beberia mais nada além de água a partir de agora se fosse você - ele diz, olhando em volta por alguns segundos - e onde estão a sua gangue? Os adolescentes que estavam com você aquele dia.
- Pufh, bobagens - abano o ar - eu não preciso de babá. Os garotos devem estar por ai em algum lugar.
Ele me olha receoso, as sobrancelhas arqueadas de uma maneira engraçada. As mãos ainda estavam em minha cintura. E seu toque era bom. Confortável.
- se eu soltar você agora, não irá cair?
- óbvio que não, eu nem estou bêbada. - menti descaradamente, mesmo sabendo que as chances de beijar o chão ao ser solta por ele eram enormes.
O garoto bonito da floresta, que eu não consigo lembrar o nome, ameaça soltar e eu cambaleio levemente, logo sentindo suas mãos geladas voltarem para a minha cintura. Dou risada, agarrando seu braço musculoso por precaução. Que homem forte.
- não é o que parece - ele resmungou, um sorriso singelo nos lábios carnudos - me conte, garota bonita, qual o seu nome?
Talvez seja o efeito do álcool, mas eu tenho quase certeza de que este homem lindo está flertando comigo.
- Charlotte, e o seu?
O homem me deu um breve sorriso, passando a mão pelo meu rosto enquanto tirava uma mecha de cabelo dali com cuidado, me causando arrepios e fazendo seu sorriso aumentar.
- oi, Charlotte - ele diz, sua voz extremamente sedutora - eu sou o Derek.
Claro, este Derek. O homem que Stiles disse conhecer, ele nos contou sobre ele. Sorrio ladino ao me lembrar. E isso pode parecer uma grande piada, mas a trilha sonora da nossa apresentação era Enchanted. Como se eu estivesse vivendo algum livro tosco de romance onde o casal principal acaba de se conhecer.
Dou risada ao me dar conta da música, sendo acompanhada por Derek.
- encantada em te conhecer, Derek - brinquei. Ele pareceu entender rapidamente, pois sua risada soou mais forte.
- encantado por conhecer você, garota bonita.
Quis sorrir, mas daria muito na cara que fiquei interessada nele. Derek olhou para os lados, sua feição mudando derrepente. Ele suspirou, passando a segurar em meus ombros.
- eu preciso ir agora, mas o que acha de nos encontrarmos qualquer dia?
- seria ótimo.
- perfeito. Então, se cuide e não beba nada além de água, eu te encontro por ai.
Derek sumiu tão rápido que eu só consegui enxergar um grande borrão. Suspirei, olhando para o copo vazio em minha mão. Caminhei até a bancada outra vez, sentindo o peso em minha cabeça. Talvez seja por isso que papai me dizia que não se deve beber quando se trabalha cedo no dia seguinte. Ultimamente venho fazendo tudo isso e muito mais.
Paro de frente ao balcão, me sentando na banqueta vazia e acenando para o barman, pedindo por uma garrafa de água mineral. Acabo de flertar com um estranho enquanto estava totalmente embriagada, quanta irresponsabilidade.
Ouvi quando um sapato deslizou no piso da casa e senti quando o corpo se chocou contra minhas costas. Estava pronta para brigar com alguém quando a voz familiar chamou meu nome.
- Lottie, a gente precisa ir, agora. - Stiles diz. O encarei confusa, ainda meio bêbada. - você está bêbada? Ai meu Deus, isso piora tudo. - sorrio torto. O barman entrega a garrafinha, que logo esta nas mãos do Stilinski - beba tudo, agora. Você vem comigo, nós vamos conversar sobre isso quando encontrarmos o Scott.
Meu sorriso sumiu derrepente, tão rápido quanto a velocidade da luz.
- Scott sumiu? O que aconteceu? Onde está o meu irmão?
Ele me empurrou a garrafinha, não me dando escolhar a não ser aceitar.
- ele estava estranho, você não o viu? Caleb está pegando o carro, nós vamos ver se ele voltou para casa ou está vagando pela estrada.
Engulo a água com tudo, entendendo o que ele queria dizer com aquilo. Se essa história maluca de lobisomem for verdade, o meu primo está se transformando em um lobo humano neste momento? Ou talvez esteja começando com a transformação.
- você acha que....
- sim, as chances são enormes. - ele me respondeu, como se lesse minha mente. - vamos, Charlotte, não temos tempo para ficarmos bêbados.
Ele agarra minha mão, me arrastando pela casa, esbarrando nos vários corpos que atrapalhavam a nossa saída daquela festa. Encontrei com meus amigos, mas Stiles não me deixou falar com eles e disse que eu estava bêbada demais e precisava ir para casa. Laila me fez prometer que mandaria mensagem ao chegar e pela manhã.
Foi quase uma luta para conseguirmos chegar até o lado de fora daquela casa. No gramado ainda tinha mais pessoas, alguns se pegando no capô de carros e outros jogados na grama com a garrafa de cerveja ao lado. Caleb correu até nós assim que nos viu.
- oi, você a encontrou - ele murmura. Pousou a mão em meu ombro, me analisando. Arqueou as sobrancelhas ao se dar conta de meu estado - não acredito que está bêbada.
- o que eu não acredito é que estamos indo atrás de um lobisomem - reclamei, passando por eles e indo em direção ao jipe azul que estava estacionado na beira da calçada - estamos em uma festa, é óbvio que estou bêbada.
Eles dois se entreolharam confusos e Stiles deu de ombros, fazendo meu irmão bufar. Caleb correu em minha frente, puxando a maçaneta da porta para que eu pudesse entrar. Fiz menção de entrar no banco da frente, mas sua voz me impediu.
- nada disso. Você vai atrás hoje.
Franzi o rosto, o olhando incrédula. Era óbvio que eu quase nunca andei no banco de trás daquele Jipe. Eu sempre fui na frente, como copilota.
- você não pode estar falando sério, garoto. - ele deu de ombros. Cruzei os braços, encarando Stiles do outro lado, que também não se importou. - até você?
- também me leva no banco de trás quando estou bêbado. Você conhece as regras, Charlotte.
[....]
O carro estacionou em frente a nossa casa e descemos rapidamente, correndo para ver se Scott estava em casa. Stiles e Caleb foram na frente, me mandando esperar do lado de fora até terem certeza de que era seguro para mim entrar. Eu realmente não sei como eles pretendem se proteger de um lobisomem.
Escorei as costas na porta, vendo a linda noite que fazia no céu. As estrelas brilhavam forte, amontoadas. E a lua era linda, rechonchuda e brilhante. Nada além daquilo iluminando a escuridão do céu.
Me assustei ao ouvir algo quebrando no andar de cima e o grito raivoso de Scott, assim como o berro fino que escapou da garganta dos garotos. Covardes. Ignorei qualquer regra que me foi dada e adentrei a casa, subindo as escadas na correria.
- meninos? - gritei enquanto virava o corredor. - garotos, isso não tem graça.
Parei ao ouvir um ruído, analisando o local. E foi então que o grito escandaloso de Stiles me assustou.
- CORRE, CHARLOTTE, CORRE - os dois gritaram, me assustando.
Estreitei os olhos, vendo um Scott raivosso correndo feito cachorro atrás de nós. Me virei, correndo rapidamente para o andar de baixo enquanto o peito subia e descia rapidamente. Meu Deus, que porra é essa? Stiles escorrega, sendo puxado por meu irmão pela gola da camiseta.
Ultrapassamos a porta, varando no quintal outra vez. Scott não veio atrás da gente, muito pelo contrário, ele pulou uma das janelas e saiu pulando o telhado das casas da vizinhança. Freei ao alcançar o carro, respirando ofegante enquanto me apoiava na lataria.
- que porra foi aquela? - questiono em um fiapo de voz. Nesta altura o álcool já havia desaparecido totalmente do meu organismo - me digam que eu não estou alucinando e que não vão me internar na casa Eichen por isso.
- depende. Se você contar para alguém, vão sim.
O encaro, assustada. Esta cidade é uma loucura. A minha vida é uma loucura e eu agora também sou louca. Devo ter cometido sérios pecados na minha vida passada para precisar pagar tanto.
- vamos, o Scott quer que procuramos pela Alisson.
Franzo o rosto enquanto sou praticamente empurrada para dentro do Jipe.
- Alisson? Quem é Alisson? Eu não conheço nenhuma Alisson, ela é nova aqui?
- é, ela entrou agora na escola. Scott está apaixonado, a levou na festa hoje. Nos disse que ela corria perigo, que o Derek Hale iria machucá-la.
O som da porta batendo me fez saltar. Me enfio entre os bancos, encarando meu amigo com preocupação.
- Derek tipo o homem da floresta? - questionei hesitante.
- sim, este Derek. Por quê? Você também o viu na festa?
Dou um sorriso cínico, acompanhado por uma risada nervosa. Os dois me encararam no mesmo segundo, sabendo que havia coisa errada.
- você o viu. - Caleb apontou - falou com ele? Charlotte, não se deve conversar com estranhos.
- em minha defesa, eu estava bêbada e ele me impediu de cair depois que derramei bebida na jaqueta dele. E não é como se eu fosse uma criança prestes a ser sequestrada, se toca.
- não, se toca você. - ele repreende, me empurrando no banco e afivelando meu cinto, como se eu realmente fosse uma criança. - primeiro você some sem dar notícias para ninguém, preocupando a sua família e os seus amigos, depois você vai em uma festa, bebe além da conta e flerta com desconhecidos. Cadê o seu juízo, Charlotte? Porque está bem óbvio que o perdeu.
- pensei que esse fosse o sentido do último ano - murmurei, pouco me importando com aquele discurso - estou chapada demais para uma discussão, que tal marcarmos outra hora? Está livre amanhã de manhã?
Fechei os olhos, parando de observá-los. Sei o quanto estou sendo irresponsável nas últimas três semanas. Estourei a cota de aborrecimentos para este mês, mas o que devo fazer em relação a isto? Eu não sei lidar com a perda, muito menos conversar sobre meus sentimentos. Reconheço o quão preocupante foi eu ter desaparecido da escola sem deixar rastros e ido até a nossa antiga casa sem comunicar minha família, mas ainda acho que preciso do meu próprio tempo e eles deveriam entender isso.
[....]
Me assusto com o derrape do pneu no asfalto, seguido pela batida da porta do motorista. Abri os olhos, vendo os dois palermas indo em direção a porta e tocando a campainha de uma residência desconhecida. Suspiro, descendo do carro com rapidez e alcançando seu lado no exato momento em que a porta é aberta.
- ahn...é....oi - Stiles gaguejou
A mulher de cabelo vermelho nos olhou de cima a baixo, provavelmente julgando nossas índoles apenas por nossas vestimentas.
- sim? Posso ajudar em alguma coisa? - ela questiona, tentando ser o mais doce possível
Encaro Stiles, que seguia gaguejando, e Caleb, que estava mudo ao seu lado. Bufei, tomando a frente dos dois para ter melhor visão de dentro.
- somos amigos da Alisson. Não a vimos sair da festa, ela está em casa?
- na verdade...
- Stiles? Irmãos Delgado. - a voz ecoou a sala, vindo de cima. Elevamos nossos olhares, a vendo parada na sacada da escada. A garota era realmente muito bonita, faz sentido Scott ter se apaixonado por ela em tão pouco tempo. Suas covinhas se formaram após dar um sorriso para baixo. - está tudo bem, mamãe, eles são meus amigos.
Pude respirar aliviada, assim como meus parceiros de busca. A senhora saiu da porta assim que sua filha chegou ao seu alcance para nos atender.
- desculpe vir tão tarde - Caleb diz
- não, tudo bem. Aconteceu alguma coisa? O Scott está bem?
- na verdade, ele quem nos mandou - Stiles respondeu, tomando a frente outra vez enquanto me empurrava para o lado oposto ao seu - Scott ficou preocupado ao ter que te deixar sozinha, pediu para vermos se havia chegado com segurança.
A garota sorriu pequeno, fechando um pouco mais a porta de sua casa.
- tudo bem, eu peguei carona com o namorado da Charlotte. - ela diz, me dando um olhar compreensível - espero que não se importe, foi só uma carona e nem conversamos tanto.
Franzi o rosto, assim como os dois garotos ao meu lado. Namorado? Eu não tenho um namorado desde os quinze anos. Espere, há algum louco se passando por meu namorado? Isso sim me preocupa de verdade.
- a Charlotte não tem namorado, Alisson - o Stilinski a respondeu, sua feição dizia tudo - você veio com Derek Hale, não é?
A garota parecia estar totalmente confusa. Ela deu alguns passos para fora, fechando a porta totalmente desta vez.
- sim. Ele me disse que eram todos amigos e que ele e Charlotte tinham um relacionamento que ainda não era definido. O que isso quer dizer?
Involuntariamente, dei o sorriso mais sincero daquele dia, sendo atingida por um cotovelo nas costelas.
- esse homem é perigoso, Alisson. Fica longe dele, tá legal? Derek Hale é problema para todos nós. Quando mais longe ficarmos, mais seguros estaremos. Isso vale para todos. - enfatizou a última frase, direcionando seu olhar para mim
- então vocês não são amigos? E ele não namora com você?
- nos sonhos dele, talvez sim - dei de ombros - de qualquer forma, tome cuidado, tudo bem? E se ele voltar a aparecer e dizer mais mentiras, o diga que eu acabo de terminar o nosso relacionamento inexistente. Prefiro quando me trazem flores primeiro.
A garota quis rir, mas hesitou por um minuto. Esse estranho é realmente muito ousado. O que me deixa ainda mais interessada nele. Muito interessada.
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