[008] 𝗡𝗢𝗜𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗟𝗨𝗔 𝗖𝗛𝗘𝗜𝗔
No dia seguinte, Charlotte acordou com a presença dos três garotos em seu quarto. Escorados uns aos outros, eles dormiam feito pedras. A garota, com uma tremenda enxaqueca, sorriu orgulhosa ao vê-los ali. Nunca estaria sozinha, não enquanto tivesse Stiles, Caleb e Scott com ela.
Atirou uma almofada no rosto do irmão, que se espantou e acabou acordando os outros dois. Atrapalhados e confusos, rapidamente se sentaram e procuraram pela garota.
— o que faziam dormindo no chão do meu quarto? – a Delgado questiona — gostam de dormir abraçados?
O sorriso zombeteiro nasceu em seu rosto feito mágica ao ouvir os meninos tentando se explicar, embaralhando suas vozes umas as outras, causando uma grande confusão.
— calem a boca, idiotas – Stiles diz mais alto, calando os dois amigos — demorou a pegar no sono, queríamos garantir que não teria pesadelos.
Um fato curioso sobre Charlotte é que, quando adormece tarde demais costuma ter pesadelos com o acidente que ocasionou a morte de seu pai. Algo constante em sua vida.
— foi ideia do Scott – Caleb aponta para o primo, que rola os olhos e o acerta com a mesma almofada pela segunda vez. Não gostaria de ser culpado por nada — ele quem me obrigou a dormir aqui e se aproveitou do meu corpinho macio como um travesseiro.
— fica calado, moleque – resmungou Scott ao se levantar — a ideia foi nossa, em conjunto. Achamos melhor nos prevenir, você costuma acordar assustada quando tem sonhos ruins.
Outro sorriso nasceu, desta vez um sincero. Se sentiu amada e protegida.
— ficaram aqui a noite toda porque estavam com medo de que eu acordasse gritando outra vez? – fez um biquinho choroso. Os garotos logo entenderam. Charlotte estava no início de uma TPM, o que explica seu humor frágil. — isso foi muito fofo, meninos.
— essa não – Stiles murmura. Morre de medo da "Charlotte emotiva" como eles mesmo a declararam — tá bom, que tal um banho quente antes da escola, Lottinha? – sugeriu amável, de longe.
— eu preciso ir até a escola hoje? – questionou, mudando o humor completamente. — odeio a escola, poderia faltar hoje?
— você é do último ano, não dá 'pra faltar sempre que der vontade – seu primo lhe diz, a puxando para fora da cama enquanto o irmão joga a toalha seca em seu ombro — vá, a gente te espera lá em baixo para o café da manhã.
Nem deu tempo de relutar. Ele a empurrou para dentro do banheiro e fechou a porta, dando tempo para que os amigos saíssem correndo do quarto da garota. Morrem de medo da Charlotte emotiva.
[....]
De banho tomado, cabelo seco e roupas limpas, cheirosas e devidamente passadas, Charlotte desceu para tomar o café da manhã. Encontrou os três garotos na cozinha, discutindo enquanto tentavam fritar um ovo para o sanduíche da garota.
— será que algum dia vocês vão conseguir fazer algo juntos e não discutirem uns com os outros? – a loira questiona ao ultrapassar a porta, se enfiando no grande caos que pairava sobre aquela sozinha — os vizinhos vão acabar reclamando de tanto barulho.
— Charlotte, você pode falar para o Caleb que não se frita ovo com azeite e sim com manteiga?
— cara, seja mais saudável. Azeite é menos gorduroso.
— a manteiga deixa o omelete mais saboroso.
— com certeza, e te causa problemas de saúde também, não é? Pensa comigo, Caleb. – atinge a testa do mais novo com um peteleco — coloque a sua ervilha 'pra funcionar.
Charlotte desiste dos dois garotos, é impossível impedir que briguem. Ela se sentou ao lado do primo, biliscando o cereal na tigela do garoto. E foi assim que se atrasaram para a escola. É sempre um caos quando estão juntos, ela já deveria ter se acostumado a isso.
[....]
O dia passou rápido, Charlotte quase não se deu conta do tempo correndo. Teve aulas de inglês, história, francês e matemática naquele dia. Agora era intervalo e a loira se encontrou com seu grupo de amigos, os que possuem sua idade.
Estavam sentados em uma mesa ao ar livre, conversando bobagens enquanto Sarah reprovava qualquer palavra dita naquela rodinha. A mais velha tomou o acento ao lado de Laila, sorridente.
— oi pessoal, tudo em cima?
As garotas sorriram para ela.
— fala ai, Charliezinha – o moreno diz, tocando seu braço com as costas da mão — a irmã da Sarah convidou a gente pra festa de aniversário dela hoje a noite, mas ela não quer que a gente vá.
Charlotte franziu as sobrancelhas. Sabia que hoje era aniversário de Lydia, assim como já comprou um presente para a garota há alguns dias atrás.
— por quê perderíamos a festa de aniversário da Lydi? É o maior evento do ano.
A ruiva rolou os olhos, se exaltando um pouquinho.
— fala sério, até você com isso? – questionou irritada — eu só estava propondo uma noite de filmes na casa do Diego.
Charlotte levantou as mãos em um ato de rendimento.
— vai com calma ai, pimentinha – ironizou, trazendo a certeza aos seus amigos de que ela realmente estava bem naquele dia — eu só não entendo porquê você quer fazer isso hoje, a gente poderia ir amanhã ou sei lá, semana que vem.
Sarah bufou. Não gosta das festas que a irmã mais nova costuma fazer, esse é seu único traço tóxico, odiar a reputação da irmã mais nova.
— Sarah, a gente pode mataronar filmes de terror outro dia. Mas a Chaz não vai em uma festa há muito tempo e ela precisa disso – Laila argumentou, sendo apoiada pela irmã — qual é, é uma das poucas vezes que a Delgado deixa a gente embebedar ela e acabarmos na piscina.
— sem contar que estamos realmente precisando de uma distração envolvendo bebidas e mulheres de biquíni – Marcus argumentou, recebendo um olhar reprovador de Helena — ou apenas bebidas, você quem manda, amor.
Sarah bufou, cansada de tentar argumentar em algo quando sabe que seus amigos estão certos. Reconhece que a melhor amiga precisa da festa para se distrair e não quer ser rude e tirar isso dela.
— tudo bem, nos vamos à festa da minha irmã – se rendeu, arrancando comemorações inusitadas dos amigos — mas a noite de filmes ainda vai rolar um dia.
— contanto que os casais não fiquem se pegando na nossa frente, eu topo – Charlotte diz, dando de ombros e se levantando — preciso ir, Stiles disse que já saiu e está me esperando.
Uma onda de insinuações foi ouvida, a fazendo rolar os olhos enquanto ria.
— fala sério, Charlotte – Laila chamou — você pega esse garoto, não pega?
— não pego. Stiles é como o meu irmãozinho.
— continue mentindo que talvez acreditamos um dia.
A loira não deu atenção para as provocações de seu grupo, apenas deu risada e virou de costas, indo em direção a saída da escola. Não é de hoje que as pessoas associam Stiles e Charlotte a um casal, e também não é de hoje que eles negam isso e debatem para entenderem que seu relacionamento não é amoroso e tudo o que tem entre eles é uma bela amizade.
Stiles e Caleb estavam em frente ao jeep azul, discutindo pela vigésima vez do dia. A garota rolou os olhos ao vê-los ali, pensando que talvez não seria uma má ideia correr até em casa. Agora entende o porquê de Scott preferir pedalar.
— você só pode estar ficando louco, Stiles. Isso é literalmente impossível, zero chances de ser verdade.
— mas é verdade – ele rebate, já sem paciência — não tem como você me entender com esse cérebro do tamanho de uma ervilha.
— o que aconteceu com você? Bateu com a cabeça forte demais ao cair da cama hoje de manhã? Porque isso sim é possível.
Stiles o encara ofendido, dando as costas para o garoto loiro como se fossem um casal em discussão. As vezes Charlotte desconfia que sejam.
— vale a pena saber o motivo da discussão de hoje? – ela questiona, abrindo a porta do passageiro e os deixando ao lado de fora — se for algo fútil, por favor não me contem.
Os garotos bufam, entrando no carro. Ainda não havia acabado as aulas para todos, mas estavam com os tempos finais vagos, então resolveram ir embora mais cedo.
— Stiles acha que um lobisomem mordeu o Scott.
A loira deu uma leve risada, afivelando seu cinto e depois encarou seus semblantes sérios. Não parecia ser uma brincadeira.
— espere, isso é sério?
— óbvio que sim, Charlotte. Você já me viu brincar com assuntos sérios?
— muitas vezes – deu de ombros — tá, e como chegou nessa conclusão idiota?
— não é uma conclusão idiota. – ele bufa, saindo do estacionamento — ele disse que foi mordido por um lobo, que ouviu uivos na floresta naquela noite.
— sim, mas concordamos que deveria ter sido a imaginação dele. Estava escuro e convenhamos que acabar sozinho na floresta durante a noite é algo assustador.
— a marca da mordida sumiu feito mágica, Charlotte. Ele consegue ouvir e sentir coisas que não deveria, como o chiclete de menta no meu bolso naquele dia na floresta. Isso é licantropia, eu não estou ficando maluco.
A garota suspira, analisando tudo o que o melhor amigo acaba de dizer. É improvável, mas será mesmo que seria algo impossível?
— tudo bem, supondo que você e suas teorias estejam corretas. O que nós deveríamos fazer diante da situação? Porque se o Scott é um lobisomem agora, significa que ele se transforma durante a lua cheia....e bem, amanhã é noite de lua cheia.
— ai meu Deus, você vai mesmo entrar nessa fantasia? – Caleb questiona — vocês são completamente loucos, lunáticos.
— cale a boca, gasparzinho – Stiles mandou — a gente vai contar para o Scott, e fazer o teste.
— e se vocês estiverem errados? E se o Scott não for um lobisomem? Porque eu não quero saber como ele irá reagir quando contarem essa besteira 'pra ele.
Stiles rolou os olhos, impaciente. Nunca estavam de acordo com nada.
— você por algum acaso já me viu errar? Eu alguma vez estive errado?
— que tal da vez que eu tinha sete anos, quando você me disse que a casa de moribundos estava vazia e eu poderia atirar as pedras lá e derrubar? – ele puxou a manga do casaco, mostrando sua pequena cicatriz no antebraço, adquirida naquele dia — ele estava cheio de moribundos e eu cai numa vala enquanto corria sozinho, porque você correu para o lado oposto.
Charlotte segurou a risada. Não estava com os garotos desta vez, mas sabia que quando algo de ruim acontecia, na maioria das vezes Stiles corria para qualquer lado que não fosse o de seu parceiro de travessura.
— eu estava espalhando o bando. E eu voltei 'pra te ajudar, não seja ingrato.
— e riu de mim. – rebateu indignado. — vamos para a sua casa, pesquisar sobre licantropia.
[....]
Como se esperava, Scott não concordou com nada que os amigos disseram, muito menos acreditou na teoria maluca de Stiles. Eles brigaram feio e os irmãos Delgado precisaram intervir para que a situação não se tornasse ainda mais caótica. Ninguém quis continuar apoiando esta ideia, não até ver a marca que Scott deixou na cadeira do melhor amigo.
— ele com certeza é um lobisomem – Caleb afirma, os olhos vidrados nas marcas de garras afiadas no estofado
— a, então agora acredita em mim? – Stiles questiona irritado
— eu acredito no que os meus olhos estão mostrando, não em você.
— crianças – Charlotte chamou mais alto, repreendendo aquela atitude — nós temos problemas maiores do que suas discussões diárias agora. Se o Scott vai até a festa da Lydi, nós também vamos.
— não fomos convidados, Charlotte – Caleb a lembrou — e nunca conseguiríamos entrar sem um convite.
A loira sorri contente, indicando para eles que ela tem sim uma solução para seus problemas.
— estão com sorte, porquê Lydia e eu somos amigas e ela me convidou para o aniversário. Tenho certeza de que não se incomodaria por mais dois acompanhantes. Além do quê, Stiles já comprou um presente e poderá entregar pessoalmente este ano.
O garoto a olhou espantado, como se tentasse dizer que aquela brincadeira não tinha graça alguma. Todos os anos desde que conseguem se lembrar, porquê cansaram de contar, Stiles coloca o presente de Lydia em seu armário da escola e espera por sua reação nos corredores. De; seu maior admirador secreto.
— faria isso por mim, Lottinha? – ele questiona, a voz afinada e uma carinha de agradecido surgiu.
— na verdade, é pelo Scott. Mas eu entendo se quiser ser totalmente escroto e dar atenção à sua paixão esta noite.
— eu não entenderia – o garoto murmura, atraindo os olhares nada amigáveis da irmã e do amigo — pode se apaixonar outra vez, por qualquer outra garota e até mesmo mais bonita. Mas só temos um Scott, e se ele não se controlar durante a lua cheia, teremos grandes problemas.
Caleb estava certo, de certa forma. E eles concordaram que deveriam ir nesta festa apenas para ficar de olho no Scott e suas ações fora do normal. Mas é claro que hora ou outra algum deles iriam se distrair com algo ou alguém.
[....]
Charlotte vestia um lindo vestido preto de saia rodada que ia até metade de suas cochas, uma maquiagem nada pesada e um tênis all star preto nos pés e como acessório ela usava o anel que pegou em sua antiga casa e um cordão com sua inicial. É a primeira vez desde que voltou para Beacon que se arruma tanto para uma ocasião.
— Lottie, o Scott vai com o carro da tia Mel, você vai querer carona? – Caleb gritou, estava no corredor junto aos outros
A garota se olhou no espelho uma última vez, se certificando do que vestia e sua aparência. Ela suspirou, pegando sua pequena bolsa em cima da cama enquanto checava mensagens de seus amigos.
— eu vou com uns amigos – ela responde — que inclusive já estão lá em baixo me esperando.
Ao sair no corredor, Charlotte deu de cara com seus familiares. Eles a analisaram da cabeça aos pés, encantados com tamanha beleza. Melissa sorriu, feliz por finalmente ver a sobrinha se arrumar como nos velhos tempos.
— amor, você está linda – sua tia lhe diz, lhe arrancando um sorriso bobo
— esplêndida – Scott adiciona
— perfeita – Caleb completa
Mais sorrisos bobos vindo da garota.
— tem certeza? Eu acho que ficou meio exagerado. Acham que ficou bom mesmo?
— não se preocupe com isso, filha. Está linda como sempre, agora vá, divirta-se com seus amigos e não voltem tão tarde.
Melissa beijou o cabelo da sobrinha ao passar por ela, lhe dando um sorriso amável. Então os três adolescentes se despedem da mulher, deixando a residência McCall-Delgado para trás.
O carro de Diego estava parado em frente a casa, o volume alto e a gritaria que vinha do lado de dentro denunciava que ali estava acontecendo uma pequena festinha. Laila abaixou o vidro, dando um sorriso aberto ao ver a amiga tão bonita. Ela assobia, analisando a garota dos pés à cabeça.
Charlotte sorriu envergonhada enquanto o irmão e primo estavam logo atrás, retirando o carro da garagem.
— alguém liga 'pra Sarah e avisa que ela vai ter que se segurar para não quebrar a regra de não pegar a Chaz em festas ou passeios públicos – a Ford brinca, arrancando uma risada sincera do grupo.
Que Sarah Martin corta para o outro lado, todos sabem. Mas, quando isso ainda não era público e se tornou novidade em seu ciclo de amizades, ela mesma tratou de inventar regras extremamente importantes. A número um é que nunca, jamais, em hipótese alguma, ela poderia beijar ou ter relações sexuais com Charlotte.
— gatinha, você tá incrível – Helena diz assim que a loira adentra o carro.
Charlotte se acomoda no banco traseiro, ao lado da amiga e o quase namorado palerma dela. Ela sorriu envergonhada e passou a mão pelo rosto, vermelha.
— incrível é pouco 'pra você, Chaz. Se considere a oitava maravilha do mundo neste momento, garota.
— acham que ficou boa? Eu pensei em trocar por um short e moletom.
— eu te faria trocar de roupa se tivesse colocado – Helena respondeu, guardava o batom na bolsa — ficou ótimo. Você nasceu para ser linda, menina.
O caminho foi totalmente animado. Piadas ruins, elogios baratos e muita cantoria foi o que definiu o percurso até a casa de Sarah Martin. Esses garotos sabem mesmo fazer uma boa festa e nem precisam de muito para isso. É um dom natural que todo jovem festeiro possue.
O aniversário de Lydia Martin era O evento da cidade. Haviam carros estacionados há um quarteirão da casa das meninas. Multidão de adolescentes e a música alta era ouvida há quilômetros de distância. Mas é claro que os melhores amigos da irmã da aniversariante não passariam por todo aquele sufoco para entrar em sua casa.
O carro foi estacionado ao lado do de Sarah, vaga reservada exclusivamente para eles e todos sabiam daquilo. Os olhares bateram sobre eles antes mesmo de descerem do veículo. Não é sempre que são contemplados pela presença das cinco garotas mais bonitas da escola em um único lugar.
Enquanto seus amigos desciam com seus pares, Charlotte desceu sozinha, desacompanhada. Mas aquilo não durou muito, pois Helena e Laila trataram de laçar seus braços e deixar os namorados para trás, como se sua única função ali fosse proteger os diamantes, elas.
— estão sentindo isso, pessoal? – Laila questiona, aspirando o ar com uma certa tranquilidade, dando um sorrisinho aos garotos — é o perfume da Chaz. Mulher gostosa passando, com licença.
Sua voz era ouvida pela maioria dos jovens que ainda estavam ao lado de fora da festa. A porta foi aberta automaticamente ao chegarem na entrada e uma Lydia sorridente as recebeu.
— garotas! – ela anuncia, abraçando as três de uma só vez com um certo entusiasmo — uau, vocês estão incríveis.
A caixinha pequena coberta por um embrulho vermelho foi entregue nas mãos da Martin mais nova por Charlotte, que sorria.
— eu comprei uma coisa, espero que goste. – ela diz, segurando as mãos para frente como uma criança ansiosa.
Lydia a olhou com um sorriso alegre no rosto, desviando o olhar para a caixinha chamativa. Delgado nunca decepcionou a garota com seus presentes, sempre lhe deu os melhores de todos. Era difícil superar o nível de Charlotte Delgado.
— tenho certeza de que é maravilhoso, Lottie. Entrem, por favor. Sarah está na área da piscina, provavelmente muito chapada a esta altura.
As três finalmente adentraram a residência da garota. A casa estava repleta de adolescentes, uma decoração vermelha espalhada por toda ela e o som super alto. Lydia Martin sabia mesmo dar uma boa festa.
Aquilo seria uma noite e tanto.
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