06: ،، AFOGUE-ME EM MEU PRÓPRIO SANGUE,,
𝄒🦈 ִֶָ𝐔𝐍𝐃𝐄𝐑 𝐏𝐀𝐑𝐈𝐒. . .⭑ุ᎔
06: AFOGUE-ME EM
MEU PRÓPRIO SANGUE
❝ ELA HAVIA ENGOLIDO DO PRÓPRIO SANGUE NAQUELE DIA. ❞
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ㅡ CHEGAMOS. ME DÁ A sua mão. ㅡ Com dois piscar de olhos, Mia se livrou das nuvens escuras que sobrevoavam em frente ao par de seus olhos. Com as constantes subidas de pressão e os sintomas insuportáveis como consequências, ela se via tendo que lidar com as vistas esmaecidas até que o remédio fosse ingerido. A mulher reuniu uma certa quantidade de coragem para se levantar do barco inflável e estável na água calma. Permitiu que Adil enrolasse os dedos em sua mão e a guiasse em direção ao solo. Havia água em seus pés, mas não profundas, na verdade mal encostavam em seus tornozelos. ㅡ Qual é o seu problema com água?
Os fios vermelhos de seu cabelo foram repuxados para trás, pela própria Durand. Ela prendeu-os em um rabo de cavalo baixo e mal feito, apenas para dar espaço à sua nuca suada receber ao menos a brisa fresca que ainda conseguiam sentir, mesmo prestes a entrarem nas catacumbas. Mia olhou para o sargento, e uniu as sobrancelhas espalhando a confusão pelo rosto.
ㅡ Por que eu teria um problema?
ㅡ Todas as vezes que estamos em um barco ou próximos à água, você começa a tremer e falta desmaiar. ㅡ Adil avaliou-a silenciosamente. Vozes masculinas abafadas pelas paredes das catacumbas chegaram aos ouvidos da dupla, levando ambos a olharem para o caminho escuro que os aguardava. Algum policial chamou pelo sargento, apressando-o. ㅡ Você não precisa vir.
A ruiva proporcionou à ele sua atenção uma segunda vez, balançou os ombros e sacudiu a cabeça de maneira leve em um negar silencioso.
ㅡ As águas daqui não são profundas, consigo enfrentar isso. ㅡ Mia não deixou com que ele separasse os lábios uma outra vez. Suas pernas se mexeram pelo caminho escuro, mas logo sua própria sombra fora projetada mais à frente e as costas iluminadas. Adil havia erguido uma lanterna e acendido-a, dando uma melhor visibilidade do caminho molhado entre as paredes longas e paralelas.
Sophia estava passos na frente, sendo seguida por outros três. De onde estava, Mia conseguia escutar conversas misturadas e vozes anônimas, com certeza pertencentes ao grupo que Mika havia reunido de maneira inconsequente. Em momentos como esse, a Durand apenas reforçava em sua mente sua ideia de não tornar-se mãe em um futuro. Ela não possuía paciência necessária para lidar com outros seres humanos, e aqueles cuja idade era inferior a dela, lhe arrancavam o mínimo de empatia que ela possuía.
Em suas costas, Adil pedia reforço para a equipe de Chronos de maneira rápida e baixa, a urgência tanto em sua voz quanto na fala eram presentes. O odor do local aumentava a cada deslizar dos pés de Mia, fazendo-a enrugar o nariz e formar uma careta desagradável na face. No próximo movimento das pernas, os joelhos femininos dobraram para frente. A Durand soltou um ofego e bateu as mãos contra as paredes para se estabilizar imediatamente, seus olhos haviam se arregalado em algum momento e agora a água estava tocando sua cintura.
ㅡ Foi mal, esquecemos de avisar que tinha um degrau aí. ㅡ Adama havia se virado levemente para trás, iluminando o rosto da mulher com uma expressão culpada. Ele deixou a ruiva recuperar o fôlego sozinha e voltou ao caminho.
ㅡ Tudo bem? ㅡ Adil perguntou, atrás de si. Ela forçou uma saliva e murmurou de lábios fechados, sem depositar confiança na própria voz para conversar. Seu coração batia rápido contra o peito, mas logo relaxou juntamente com o restante dos músculos.
Apenas até minha cintura... A água está apenas até a minha cintura. Não é tão profunda. Repetiu para si mesma, mentalmente.
Com os olhos do sargento sobre si, ela dera um passo para o lado, lhe dando passagem suficiente para que ele ultrapassasse-a e alcançasse o restante do grupo. Adil caminhou para adiante de todos, deixando os movimentos das águas serem o único som que poderiam ter como presença.
ㅡ Pessoal, eu não sei quanto tempo até eles chegarem, ㅡ Referiu-se à equipe de Chronos ㅡ então nossa segurança é prioridade. Verifiquem suas lanternas. Não ficaremos entre a água e os indivíduos. Vamos ficar perto das paredes.
Mia, que se encontrava estabilizada outra vez, olhou sobre o próprio ombro considerando uma ideia de voltar para o barquinho e ficar quieta até tudo de resolver. A mulher gemeu consiga mesma e passou as mãos no rosto, repetindo sussurradamente que ela era uma mulher com vinte e cinco anos e deveria agir como tal. Forçou-se a se aproximar do grupo.
ㅡ Só tem uma saída, vamos tentar retirar eles com calma e sem criar pânico. Senão, vamos ter um ponto de estrangulamento. ㅡ Explicou o mais rápido que conseguira. Em seguida, Adil ergueu a lanterna e apontou-a para os colegas. ㅡ Adama, Leo, vão pela direita. Sophia, fica com eles. Nils, Markus e Mia, comigo.
Uma formação em psicologia era supérflua para que pudesse analisar os ombros de cada pessoa presente entre as catacumbas, e dizer que todos encontravam-se tensos. Era o trabalho deles manter a segurança e organização civil, contudo, isso não descartava o medo e hesitação que muitos ainda sentiam. E isso era algo que Mia jamais poderia julgar.
ㅡ Senhoras e senhores! Brigada fluvial, saiam da água, por favor. ㅡ A ordem saiu dos lábios do sargento. Cada cabeça virou-se em direção aos homens e mulheres que adentravam o círculo das catacumbas. Uma construção que, de repente, fez a Durand se lembrar do quão pequenos os seres humanos poderiam ser.
Os murmúrios e agitação imediatamente tornou-se presente. As pessoas, com dispositivos eletrônicos nas mãos, se levantavam de onde estavam sentadas, sem saber por onde se mover ou se deveriam interromper as gravações. Mia, que fora a última a chegar no local, imediatamente sentiu-se aliviada ao notar degraus de escada tanto à sua esquerda quanto na direita. Ela escolheu o caminho de seu braço destro, resolvendo pular o último degrau.
ㅡ Andando, a festa acabou. Estão em uma área estritamente proibida ao público, então vamos evacuar o local com calma.
O solo mais alto, onde a água não podia tocar por míseros dois centímetros, possuíam uma largura de não mais do que dez pés caminhando em minha reta. Esse detalhe fez Mia pressionar as costas contra a parede, pois ao erguer os olhos em direção ao centro, ela enxergou Mika submersa na água. Somente a cabeça da garota se encontrava no exterior e isso a deixou assustada pela outra, que estava incrivelmente calma.
ㅡ Meus colegas vão direcionar vocês até a saída. Sigam Adama e Markus. ㅡ Adil ordenava, posicionando o grupo de pessoas em uma linha organizadamente calculada. Os cidadãos murmuravam frustrações bagunçadas e reclamações, com Mika se recusando a abandonar as águas.
ㅡ Mika!
ㅡ Sophia, com isso vamos poder guiar ela até o mar. ㅡ Tentou convencer a mulher, balançando os pés sob o líquido transparente. Ela estava se mexendo, atraindo a atenção de um animal predador e carnívoro em sua direção. Desprovida de conhecimento necessário para tal coisa, Mika era apenas um pedaço de carne sangrenta aguardando para ser devorada, cumprimentando a morte com um aperto de mão.
ㅡ Largue esse sonar e saía da água agora. ㅡ Sophia buscou acalmar a jovem. Do outro lado, Adil se mostrou menos paciente, desferindo gritos para afastar o grupo em direção à saída.
ㅡ Ela chegou!
O aviso em voz alta da garota loira, Ben, foi o suficiente para causar um silêncio momentâneo. A mulher ruiva se aproximou das bordas, movendo os olhos pelas águas frias e escuras. Qualquer sinal do tubarão seria o suficiente para deixar a multidão em pânico, com gritos e desavenças. Mia se espremeu entre as pessoas, e encontrou Adil. Ela agarrou seu pulso firmemente, com os olhos meramente arregalados.
ㅡ Precisamos tirar todo mundo agora. Agora!
ㅡ Eu estou tentando fazer exatamente isso. ㅡ O homem rosnou em sua direção e se desvinculou do aperto da Durand, seu rosto brilhando em uma raiva e preocupação.
Luzes estavam apontadas para o círculo fundo e molhado, geradas pelas lanternas dos policiais e dos celulares que gravavam Mika sendo rodeada pela barbatana de Lilith. Mia poderia contar as respirações pesadas que os outros ao seu redor estavam soltando, pelo silêncio pesado que caiu sobre eles, abraçando-os.
ㅡ Olha, tem mais um! Tem mais um!
O silêncio longo fora quebrado, trazendo informações que nenhum deles havia pedido ou desejado saber. A Durand estreitou os olhos, e segundos depois ela conseguiu distinguir uma barbatana menor, nadando ao lado de Lilith. O acontecimento gerou sorrisos nos rostos juvenis como se fosse uma graciosidade a ser aplaudida e gravada. Mia quase realizou a pergunta de Sophia de meia hora atrás, e quase se curvou para vomitar.
ㅡ É um filhote. ㅡ O estômago da mulher se contorceu em nervosismo quando o tubarão se aproximou de Mika, vagarosamente. A garota estendeu a palma da mão e tocou o nariz do animal, interrompendo seu nado.
ㅡ Mika, não toca nela! A Lilith vai se sentir ameaçada. ㅡ O timbre de Sophia estremeceu, demonstrando sua instabilidade emocional. ㅡ Sai da água imediatamente! Ela é perigosa.
Um movimento em seu canto direito resgatou os olhos de Mia para Adil, ela o assistiu mexer no colete, ajustando-o firmemente. A discussão entre as outras se estendeu, com a mais velha tentando avisar sobre o tubarão ter dado à luz. As catacumbas não eram mais apenas construções velhas e subterrâneas em Paris, era um ninho de animais aquáticos e traiçoeiros.
O filhote soltou-se das mãos de Mika, e ficou submerso junto à mãe. Os tubarões se moviam em círculos, com velocidade surpreendente e ameaçadora. Mia xingou apenas para si mesma escutar.
ㅡ Se você for uma pessoa inteligente, o que não está demonstrando ser, vai sair da água! ㅡ A Durand não se importou com as reclamações das pessoas ao seu lado diante do seu grito repentino. ㅡ Você tocou no filhote dela! Ela vai atacar!
ㅡ Voltem para a beirada! Fiquem contra a parede! ㅡ Adil seguiu os seus passos, apontando para os outros que começaram a se mexer e seguir as ordens, assustados. Sophia gritava com Mika, tentando fazer a garota se mexer, causando mais tumulto entre os outros. Mia considerou voltar a conversar com a jovem , mas, no mesmo instante, água respingou em seu corpo.
Seus pés foram banhados novamente. A mulher olhou para o lado, mas não encontrou Adil, seus olhos se arregalaram imediatamente quando enxergou a figura masculina se movendo dentro da água. Os outros policiais entraram em pânico, gritando com o companheiro. Mia se encontrava a dois centímetros de decair em uma crise ansiosa.
ㅡ Adil, sai da água, porra! ㅡ Sua garganta ardeu com o grito esgoelado. O homem circulou Mika com os braços, para trazê-la de volta à superfície, porém, ela afundou os dentes afiados na carne de seu braço e se soltou. Mia xingou a garota, sem se preocupar com os filtros educados. A mulher não teve tempo de sentir-se culpada pelos insultos, pois Lilith havia voltado para cima.
Em um único ataque, com a boca aberta, o animal abraçou as pernas, quadris e estômago de Mika com os dentes de quase trinta centímetros. A garota urrou de dor, o sangue derramou para fora das feridas adentrando a boca de Lilith. Gritos de desespero da plateia começaram a ser ouvidos. Quando o tubarão caiu de volta para a submersão, água explodiu. Cada cantinho da área circular fora tomado pela explosão. Mia gritou quando a pancada forte da água atingiu seu corpo, jogando-a contra o chão e a afogando.
ㅡ Volta para a parede! ㅡ Adil bradou em desespero, nadando rapidamente. O sargento foi puxado para fora água com pressa por Markus, e imediatamente enrolou as mãos nos bíceps de Mia a erguendo do chão e chocando suas costas contra o cimento ríspido. Ela não conseguiu reclamar da dor do impacto ou se recuperar o afogamento, o pânico da população presente a trouxe de volta à realidade. Teria que deixar os traumas para mais tarde.
Berros podiam ser ouvidos por cada pessoa, sangue manchava a água. Pés escorregaram no cimento escorregadio e rolavam para dentro do ninho de Lilith, tornando-se outras presas para ela e seus filhotes. Adil ajudou um desconhecido a sair da água, mas os gritos se tornaram mais altos quando eles enxergaram a ausência de uma perna no homem. A ruiva, que havia tentado ajudar o sargento na atitude, sentiu alguém trombando contra si.
Dizem que quando está próximo à morte, enxerga-se uma luz branca, que possivelmente seria uma prévia da entrada do céu. Cantos angelicais deveriam soar em seus ouvidos para trazer uma sensação calma em seu interior e lhe preparar para a despedida daquele mundo, no entanto, Mia não teve essa visão e nem mesmo fora graciada com os cantos.
A morte era uma água fria e escura que lhe abraçou no último segundo, alimentando traumas antigos que nunca lhe abandonara na jornada da vida. Ela tentou gritar, mas o líquido invadiu sua garganta a fazendo engasgar no mesmo segundo. Estava acontecendo novamente. As mãos e braços que sabiam como nadar, mas esqueceram como se moviam para voltar a superfície naquele momento, estavam debatendo-se.
Mia estava se afogando, submersa com predadores que apenas não estavam indo em sua direção porque já estavam ocupados demais enchendo seus estômagos com as outras dezenas de corpos na água. Sons altos e abafados perfuraram o fluido, ela supôs ser tiros. O coração ameaçava rasgar seu peito e colocar-se para fora, a mulher arranhava a água para tentar subir, mesmo que não conseguisse e falhasse miseravelmente.
O inferno estava na terra e nas águas de Paris. Ondas bateram contra o corpo fraco de Mia, alguém havia pulado ou caído, tornando as águas mais barulhentas. A movimentação pareceu chamar a atenção do filhote mais próximo, seus movimentos foram ágeis e precisos. Abriu sua boca sangrenta para engolir a mulher, mas se interrompeu com os tiros que acertaram sua pele dura e a água que lhe circulava. As ações com as armas não foram o suficiente para impedir um ataque indireto à Durand.
Quando Adil conseguiu alcançá-la e voltar com a superfície com seu corpo, seus gritos foram ouvidos. O homem não olhou para ela, não buscou ferimentos, apenas a empurrou para o solo firme. Mia foi puxada brutalmente pelos braços para trás, suas costas bateram na parede novamente. Os outros não conseguiam identificar as lágrimas que desenhavam trilhas em suas bochechas, mas os olhos estavam vermelhos.
As íris femininas captavam vultos dos policiais e pessoas que corriam para a saída, passando à sua frente. Ela sentiu quando as duas mãos frias e trêmulas do sargento contornaram seu rosto, balançando sua cabeça levemente e gritando algo que ela não conseguiu identificar.
ㅡ Eu preciso que você fique acordada! Mia! ㅡ Adil desferiu pequenas batidas em sua bochecha direita. Quando a mulher conseguiu manter o foco nas vistas, ela enxergou os olhos escuros e arregalados do homem. Sua perna doía internamente e externamente, mas ambas ainda estavam em seu corpo. Ao menos ainda podia andar no futuro.
A água no círculo, não era mais o azul cristalino e bonito que ela havia enxergado quando entrou no local. Estava banhado em sangue, ela mesma se encontrava manchada com o fluido vermelho e grotesco que havia lhe tomado o ar segundos atrás. Mia havia se afogado no próprio sangue, junto aos de outras vítimas do massacre. Ao deixar a cabeça cair para baixo, ela enxergou sua calça rasgada na perna esquerda e um profundo corte decorando-a, a barbatana do filhote havia batido contra si.
Tal descoberta fez seus ouvidos se tornarem apitos agudos, as vistas se focaram no horror em sua perna e na dor intolerável que espalhava-se por cada pedaço de seu corpo. Adil estava gritando com ela novamente, e ordenando para que os companheiros apressassem a saída dos outros. Mia não conseguiu presenciar quando o sargento lhe segurou nos braços e arrastou ambos pela escuridão do passadiço, até o exterior das catacumbas.
Algumas pessoas levam dez, quinze, trinta minutos para enfiar-se sob um chuveiro e lavar a própria carne. Outras levam cinco minutos para cozinhar perfeitamente um arroz. Uma quantidade excessiva e longa de tempo poderia ser encaixada em diversos acontecimentos e diferentes em vidas distintas, entretanto, um segundo era o necessário para desenvolver-se um TSPT. Em um único piscar de olhos, a sua mente está formando muros ao redor de si e isolando o corpo humano de qualquer interação possível que possa desencadear o trauma.
Pessoas mentalmente instáveis e traumáticas poderiam perder a cabeça com uma cor, um movimento, um aroma ou odor, uma única palavra. Não havia uma regra precisa a ser seguida, mas algo desencadiaria o mais sombrio dos pesadelos do ser humano. Mia viu-se odiando vermelho.
As paredes do hospital eram brancas como margaridas, mas o odor de sangue infestava-as. Uma hora atrás os corredores estavam lotados por macas, gritos dolorosos, enfermeiros e cirurgiões tropessando uns nos outros. A cor predominante da área era baseada em claras, mas a Durand via vultos vermelhos nas roupas dos policiais, ou nas gotas de sangue derramadas no solo opaco.
A cada vez que a cor entrava no campo de seus olhos, ela pegava a si mesma os apertando e ficando as unhas nas palmas das mãos, sussurrando palavras desconexas e sacudindo os joelhos. Sua perna esquerda agora estava enfaixada, com pontos desenhados à pressa em sua ferida. A calça destruída estava fedendo e ela não poderia esperar para se livrar de todo o sangue misturado com água que estava preso em suas vestes e cabelos e carne.
Mia sentia que os olhos estavam ardendo, não sabia se era pela dor de cabeça, sono desregulado ou choro excessivo, mas eles ardiam. Seu plano era ficar estática, encarando a parede meramente manchada com marcas de mão ou simples sujeiras marrons, sem se mexer para não causar uma dor latejante no ferimento, porém um som de plástico abaixo de seu queixo pôde ser escutado.
A mulher piscou os cílios e olhou em direção ao próprio colo. Adil lhe estendia um saquinho de fini, balinhas de morango. Ela olhou para o homem sem forçar os lábios a desenharem um sorriso no rosto. ㅡ Vai ajudar a abaixar a sua pressão. ㅡ Balançou o objeto novamente. Mia moveu os dedos e pegou um doce, comendo-o com hesitação. O sargento não desviou os olhos da Durand, garantindo que ela não cuspiria no segundo em que ele permitisse a guarda se desfizesse. ㅡ O que você está fazendo no corredor?
ㅡ Os quartos estão ocupados. O hospital está com superlotação... ㅡ Um suspiro pesado, que simbolizou seu cansaço, saiu de seu peito. A mulher assistiu o homem abandonar o saquinho de balas em sua perna direita, enquanto se inclinava para frente. ㅡ Costuraram o meu corte e me deram morfina, vai fazer o efeito em breve.
Adil balançou o queixo, concordando em silêncio. Ele podia ver que não demoraria muito mais para que Mia apagasse por completo, poderia dizer com base nos olhos pesados e na voz lenta quando ela murmurou a explicação. Mas, se ele observasse de uma maneira mais profunda, perceberia que não era apenas o medicamento batendo contra a mulher.
ㅡ Para de ficar me encarando. ㅡ Ele se dispersou dos próprios pensamentos, e voltou a mente para o corredor hospitalar. A ruiva encontrava-se com a atenção em si novamente, e as sobrancelhas unidas.
ㅡ Eu não estava encarando. ㅡ A reclamação veio seguida de um movimento, Adil se encostou na cadeira e cruzou os tornozelos. ㅡ Você não para de ser bruta nem mesmo em situações desse tipo.
ㅡ Não estou sendo bruta, ㅡ Arrastou a voz para retrucar com uma sobrancelha erguida ㅡ mas é estranho ficar sendo encarada desse jeito.
Como uma rotina e hobbie entre eles, ele iria continuar a breve discussão que, pela primeira vez, não era compartilhada em vozes altas e palavras provocativas. Nenhum compositor da dupla possuía energia que poderia esticar aquilo. Caro interrompeu-os com passos rápidos pelo corredor, chamando por Adil em urgência. Por mais que a mente e o corpo implorassem por um descanso necessário e merecido, eles precisavam continuar.
ㅡ Vamos, eu te deixo em casa antes de voltar para as catacumbas. ㅡ Mia assistiu o policial esticar as pernas com um suspiro profundo e mãos no joelho ao erguer-se. Ele estendeu-lhe a mão para ajudá-la a levantar-se da cadeira.
ㅡ Eu vou com você. ㅡ Mergulhou os dedos nos masculinos. Com um movimento, ela abandonou o assento.
Um grito baixo deixou sua garganta e xingamentos rápidos foram seguidos pelas unhas que desceram para o pulso de Adil. Ele mordeu a própria língua e travou o maxilar, mas em momento algum reclamou com a Durand sobre a dor ou abandonou-a. Circulou a cintura feminina com o braço esquerdo e a ajudou a se apoiar em seu pescoço. ㅡ Ter certeza que consegue andar? Eu posso pegar uma cadeira de roda...
ㅡ Não, tudo bem. A saída não está longe. ㅡ O homem hesitou em continuar a caminhada, mas supôs que seria xingado pela mulher se tocasse na mesma tecla outra vez. Com suspiros dolorosos e cuidados tomados, ambos caminharam até a saída do hospital.
Mia não vira uma luz branca quando estava abraçada com a morte. Agora ela entendia que ela não havia caído em direção ao fim, mas sim em um inferno particular que poderia ajudá-la com uma transformação pessoal e superamento de cada pedaço traumático que adoecia sua mente. Ela havia engolido do próprio sangue naquele dia, perdera colegas e quase a própria vida, mas a passagem para fora das paredes hospitalares era uma luz branca que lhe cegou quando ousou chegar ao exterior. Estava longe de ser um céu, mas era o seu futuro quem lhe carregava para fora do inferno.
⃝🦈 . ࣪01 - DESCULPA! Eu prometo que vou parar de falar para vocês que voltarei rápido com os capítulos 😭😭. OI, MEUS AMORES. O capítulo saiu um pouquinho maior dessa vez, e a paz acabou para todo mundo. Daqui pra frente é só pra trás.
02 - Mia nunca teve paz nessa fanfic e não é agora que vai ter, MAS em algum momento esse milagre acontecerá 🤚
03 - UMA BOA NOTÍCIA? Agora o desenvolvimento romântico entre esses dois vem com tudo. E eu estou extremamente ansiosa para escrever isso (com um pouquinho de investigação 👀👀)
04 - Muito obrigada pelos 7K que acabou de acontecer, eu tô muito feliz com essa história crescendo, principalmente por ser de um filme que, digamos meio "aleatório", então ter um público para essa história séria um desafio se não fosse pelo nosso querido Adil. Sempre agradecendo às Maria batalhão (incluindo eu). E principalmente pela paciência de vocês comigo e com a minha demora 😭💕
05 - Eu espero que vocês tenham gostado desse capítulo e o próximo terá cenas fofas para compensar 🦈💙
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