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08 π½πΎ πΏπΎππΎππΎπππ π½πΎ 2012.
Hannah Dixon.
Ter a presenΓ§a da minha mΓ£e em minha vida, dividindo o mesmo teto, parecia ser um terrΓvel pesadelo. Todas as vezes que ela sorria para mim eu conseguia ouvir seus gritos e insultos em minha mente, me lembrando de tudo o que passei durante aqueles anos na infΓ’ncia e adolescΓͺncia. Mas Jeremy, embora me assuste com tamanha semelhanΓ§a entre ele e meu irmΓ£o morto, me fazia - de alguma forma, feliz.
E por mais que eu nΓ£o pretendesse dialogar mais do que o necessΓ‘rio com Camile, ela nΓ£o parava de tentar uma conversa. Seu estilo de voz mudou, o corte de cabelo, a expressΓ£o facial e tambΓ©m a maneira como me trata. Mesmo ela se aproximando sorridente e tentando me tirar frases que saceie sua dΓΊvida sobre nosso grupo, eu ainda a vejo como o meu terrΓvel e mais abominΓ‘vel pesadelo.
JΓ‘ minha amada sobrinha estava realmente caindo no papo de boa avΓ³ que minha mΓ£e lhe vendia. A vi conversando animadamente com Camile quando passei pelo corredor daquela casa que agora dividimos, dei passos para trΓ‘s no instante em que a ouvi questionar sobre nossa vida para a menina.
β Cami? - chamei, parada na porta da cozinha com meus braΓ§os cruzados e as costas apoiada na lateral. As duas me percebem naquele instante.
β sim, tia Hannah? - a menina respondeu em animaΓ§Γ£o, bastante sorridente para mim. E para nΓ£o ser grosseira na frente da pequena, eu fui gentil.
β querida, suba para um banho, o jantar nΓ£o irΓ‘ demorar. Vista algo quentinho, farΓ‘ frio hoje a noite.
Camila Γ© uma boa garota, faz tudo o que lhe Γ© pedido ou mandado. Contanto que a pessoa que lhe pediu ou mandou sejam pessoas que ela admire. Ela saiu da cozinha rumo ao seu destino, o banho no andar de cima. Enquanto isso eu recebia o olhar sugestivo de minha querida mΓ£e, como se eu fosse uma presa fΓ‘cil e indefesa.
β quando vai me deixar saber sobre a minha famΓlia, Hannah? - Um riso escapou por minhas narinas. Ela teve mesmo a audΓ‘cia de perguntar isso a min. β eu sou mesmo uma pessoa tΓ£o horrΓvel pra vocΓͺ, nΓ£o sou? Mas eu ainda sou a mΓ£e de trΓͺs filhos e gostaria de saber o que perdi sobre eles durante estes anos.
β talvez vocΓͺ tenha chegado tarde demais, mamΓ£e. O fato de ainda esquecer que teve quatro filhos diz muito sobre vocΓͺ.
Pude ver a maneira como apertou os olhos, se dando conta de que havia me esquecido outra vez. Sorri antes de deixΓ‘-la para trΓ‘s, buscando qualquer lugar que nΓ£o fosse com ela em minha frente, trΓ‘s ou lado. Eu mentiria se dissesse que o rancor de minha mΓ£e por mim nunca me afetou, pois dos oito aos vinte e seis aquilo me corroeu por dentro todos os dias. Sou feita de corpo, alma e desamor materno.
Mas naquele momento a volta daquela mulher que ousou me chamar de filha nΓ£o Γ© um problema para mim, o que mais me importa agora Γ© encontrar o restante do grupo. Eu quero encontrar com meus irmΓ£os, o meu marido e meus sobrinhos. Virei o corredor, pronta para subir as escadas quando uma voz me assustou logo abaixo dela.
β problemas no paraΓso? - era Jeremy. Seus olhos castanhos tΓ£o semelhantes ao de meu irmΓ£o... o sorriso reto. Ele ascendia um cigarro com o isqueiro que provavelmente nΓ£o Γ© dele. β vamos, vocΓͺ pode conversar comigo.
O riso nasal escapou quando abaixei a cabeΓ§a por um instante.
β suas amigas o deixaram sozinho ou se escondeu porque nΓ£o queria dividir seu ΓΊltimo cigarro?
Ele sorri ao soltar a fumaΓ§a, quase se engasgando. Ainda era inexperiente no ramo, pelo visto.
β vocΓͺ nΓ£o vai querer um trago, vai? - ele perguntou com seus olhos entre mim e o fumo. - qual Γ©, foi o ΓΊnico que encontrei em trΓͺs meses.
β a ΓΊltima vez que provei de um cigarro eu tinha quinze anos e foi porque eu adorava fazer tudo que a minha mΓ£e desaprovaria. Cheguei em casa com o cheiro da fumaΓ§a entranhado no casaco, cabelo e atΓ© na minha pele... papai era xerife e Rick, o meu irmΓ£o, tambΓ©m era da polΓcia. EntΓ£o, como bons Grimes que eram eles me mandaram em duas reuniΓ΅es ao centro de reabilitaΓ§Γ£o.
β e vocΓͺ saiu de lΓ‘ traumatizada, eu suponho. - diz apΓ³s seu riso ecoar. β o seu problema com a Camile Γ© antigo, entΓ£o?
Encarei seus olhos cor de mel uma segunda vez, tentando fazer com que a cena do acidente parasse de rodar em minha cabeΓ§a. CΓ©us, lidar com os traumas do passado na fase adulta Γ© realmente mais difΓcil quando hΓ‘ um lembrete humano em minha frente, sorrindo como se fΓ΄ssemos velhos amigos.
β ela alguma vez falou sobre mim? - ele negou em um aceno de cabeΓ§a apΓ³s tentar lembrar-se. β ai estΓ‘ sua resposta.
β desde que a conheci, hΓ‘ seis anos, vovΓ³ sempre me contou de seus filhos com paixΓ£o, exceto por uma. - contou, se acomodando nos degraus. Me ofereceu o lugar ao seu lado e eu o ocupei. βΒ Isabel sempre foi meio esquecida em suas histΓ³rias. Como da vez em que ela me contou sobre como meu pai levou os irmΓ£os para brincar na neve enquanto ela e Robert ainda dormiam, mas esqueceu de mencionar que a ideia de ir lΓ‘ fora veio da caΓ§ula. - ele me olhou nos olhos, me vendo afundar em uma enorme dor nostΓ‘lgica. β vocΓͺ Γ© a Isabel, nΓ£o Γ©, Hannah?
Olhando seus olhos fundos pude perceber que Jeremy sabia muito mais sobre mim do que eu sobre ele. Talvez Monika tenha o contado a histΓ³ria da partida precosse de seu pai deste mundo e como ele foi herΓ³i, ou apenas burro demais, ao salvar sua irmΓ£zinha idiota que se soltou do cinto de seguranΓ§a. Talvez ele saiba a verdade ou talvez ele apenas sabe que mamΓ£e nunca me amou.
β eu queria fazer anjos de neve no chΓ£o, mas a Lara nΓ£o quis ir comigo naquela manhΓ£. Eu sabia que se o Jeff fosse com a gente ela iria topar, entΓ£o o implorei para que viesse e ele foi. Acordou o Rick, me vestiu em um casaco quentinho e colocou um de seus cachecΓ³is em meu pescoΓ§o, aquilo ficou enorme. - uma risada baixa escapou de minha garganta, entalando o choro bem ali. β o papai ficou bravo e brigou com ele, mas eu o defendi naquela manhΓ£. E em todas as outras manhΓ£s, Γ© claro.
β eu tive uma irmΓ£, ela nos presenteou com sua presenΓ§a maravilhosa por trΓͺs lindos anos. Se eu estivesse em uma batida de carro com ela ao meu lado, tambΓ©m daria minha vida para que ela continuasse a viver. - uma lΓ‘grima solitΓ‘ria e dolorosa percorreu minha bochecha, sendo aniquilada em questΓ£o de segundos. β mamΓ£e me contou sobre vocΓͺs e como os olhos de papai brilhavam sempre que vocΓͺ passava pela porta e corria para ele, implorando para que ele, e apenas ele, a colocasse na cama. E, ao perceber que teria de viver uma vida inteira sem a irmΓ£ favorita ao seu lado, preferiu a morte.
Falar sobre Jeffrey sempre foi um tabu para mim. Era um assunto proibido na famΓlia, mas se me encontrassem chorando em algum lugar e implorando de joelhos para Jesus, saberiam o motivo de minhas sΓΊplicas.
β entendo a sua dor, Hannah. Eu sΓ³ queria deixar claro que nΓ£o a culpo por nada, e nem a mamΓ£e te culpou.
Me manti em silΓͺncio por alguns segundos antes de o olhar e bagunΓ§ar seus fios ao lhe dar um sorriso.
β ele ficaria orgulhoso de vocΓͺ, Jeremy Grimes.
Foi como se ele fosse chamado assim pela primeira vez em toda sua vida, como se nΓ£o soubesse o sobrenome do prΓ³prio pai e estivesse aliviado ao descobrir. Pude ver o brilho se expandindo em seu rosto e a alegria chegar. Ele atΓ© apagou o cigarro e o colocou de volta em seu bolso, se levantando. Havia muito de Jeffrey em seu filho, tanto que pareciam ser a mesma pessoa.
[. . .]
16 π½πΎ πΏπΎππΎππΎπππ π½πΎ 2012
Hannah Dixon.
Quanto mais tempo eu passava sem encontrar rastros de meu grupo, mais a minha convivΓͺncia com o novo grupo se tornava complicada. Camile nΓ£o vem me dando muito espaΓ§o e parece nΓ£o ter noΓ§Γ£o do quanto me incomoda diariamente, mas venho lidando com isso de meu jeito.
O pequeno grupo de zumbis que nos cercava parecia aterrorizante, mas nΓ£o quando preciso descontar todo meu Γ³dio acumulado em uma semana. O facΓ£o de cabo preto acertou o crΓ’nio do zumbi em cheio, espirrando sangue em meu rosto e camiseta. Jeremy derrubou o outro com um golpe impecΓ‘vel enquanto sua amiga, Claire, nocauteou o ΓΊltimo com um pedaΓ§o de pau, o finalizando com a ponta de uma de minhas flechas.
Com a respiraΓ§Γ£o ofegante eu olhei em volta; uma dΓΊzia de corpos zumbificados que agora nΓ£o aterrorizam mais ninguΓ©m.
β isso foi realmente muito incrΓvel. - a morena murmurou, seguia paralisada enquanto se dava conta do que acabou de fazer. β Camile nunca me treinaria desse jeito. VocΓͺ Γ© incrΓvel, Hannah!
Sorri para ela enquanto tentava recolher todas minhas flechas. Venho me empenhando em aprimorar as habilidades de Claire e Jeremy nos ΓΊltimos dias, assim eles poderiam me acompanhar em varreduras pelo perΓmetro e de quebra fazer buscas por nosso pessoal. Afinal eles tambΓ©m perderam pessoas.
β melhoraram bastante no ataque, estΓ£o de parabΓ©ns por isso! - os informei, orgulhosa demais por meu trabalho. β Jeremy, vai precisar treinar a defesa.
β eu jΓ‘ esperava por isso. - ele murmurou ao dar de ombros. β devemos continuar com o nosso objetivo ou voltamos para a base?
Hoje saΓmos um pouquinho de nossa zona de seguranΓ§a. AvanΓ§amos alguns quilΓ΄metros na esperanΓ§a de encontrar algum vestΓgio de nossos amigos perdidos. Nada encontramos, infelizmente. Olhei em volta, notando que em poucas horas o sol sumiria e a noite iria surgir.
β nΓ£o Γ© seguro quando escurece, vamos 'pra casa e amanhΓ£ veremos se vale a pena continuar nessa Γ‘rea da cidade.
Um barulho atrΓ‘s da lata de lixo nos alertou. Empunhei minha pistola no mesmo instante, vendo os outros dois fazerem o mesmo em uma rapidez absurda. Um olhar trezentos e sessenta percorreu aquela Γ‘rea, nΓ£o vendo nada alΓ©m do sol prestes Γ sumir. Com um movimento de cabeΓ§a ordenei que a garota cobrisse nossa esquerda enquanto Jeremy ia pela direita e eu permanecia no centro, nos aproximando de nosso possΓvel predador.
β nΓ£o atiramos se vocΓͺ sair com as mΓ£os para o alto. - anunciei. Podia ouvir sua respiraΓ§Γ£o ofegante e desesperada. β Vamos lΓ‘, nΓ£o somos os caras do mau aqui.
Duas mΓ£os foram erguidas ao alto logo atrΓ‘s da lixeira, se espremendo para fora sem fazer movimentos bruscos. As mΓ£os delicadas e ensanguentadas logo me deixaram ver mais do que um simples desconhecido. Clara estava bem ali, assustada e eufΓ³rica. Seus olhos fundos deixavam claro o pavor que ali habitava. Mas tudo sumiu no instante em que nos reconhecemos.
Vi seu alΓvio imediato, o ar que segurava em seus pulmΓ΅es ser solto. As mΓ£os tremiam feito uma pobre garotinha indefesa que acabou de viver seu maior trauma.
β Hannah! - ela sussurrou enquanto ainda estava rendida. β oh, Hannah, Γ© vocΓͺ mesmo?
Deixei que um pequeno sorriso se acomodasse em meu rosto, abaixando minha arma naquele momento. Clara se aproximou e o ferimento em seu abdΓ΄men, ou o sangue que ensopava sua blusa, me deixou assustada. Toquei seus ombros com preocupaΓ§Γ£o antes de pronunciar seu nome.
β ei, vocΓͺ conseguiu. - murmurei sorridente, beijando sua bochecha. β o que andou aprontando, Clara? Quem fez isso com vocΓͺ?
Ela segurava a barriga ensanguentada quando sorriu dolorosa. Havia algo de errado aqui, eu sei que sim.
β estΓ‘vamos em uma viagem rΓ‘pida, foi uma ideia idiota do irmΓ£o de Peter. - ela diz com dificuldade. Jeremy me ajudou, a firmando em nossos ombros como um apoio. β mas o Aiden se perdeu quando nos separamos para cobrir mais territΓ³rio e nΓ£o o encontramos, entΓ£o nΓ³s pegamos um caminho diferente e acabamos encontrando pessoas estranhas.
β que tipo de pessoas? - indaguei de imediato, Claire se mantia atenta aos movimentos ao nosso redor. β um cara com tapa olho, talvez?
β canibais, eu acho. Houve uma explosΓ£o onde estavam nos mantendo presos e tinham levado o Peter. Eu consegui sair do container, mas nΓ£o havia nada alΓ©m de zumbis e fogo ao lado de fora. - seus olhos marejados eram de dar dΓ³ a qualquer um. β eu perdi meu marido, Hannah. O perdi e nosso filho estΓ‘ nos esperando voltar 'pra casa daqui trΓͺs dias.
De perder marido eu entendo bem, Clara. Sua dor era real, eu podia senti-la e ela parecia gritar. Era tΓ£o imensurΓ‘vel quanto a minha incerteza sobre o status de vida do meu marido. Vivo ou morto, ainda doia muito. A incerteza machuca.
β eu sinto muito, Clarice. Vamos levar vocΓͺ para nossa casa e cuidar desse rombo no seu abdΓ΄men, tudo bem? E entΓ£o poderemos ir atΓ© seu filho. - era perceptΓvel que Clara nΓ£o se manteria acordada por muito tempo, pois seus olhos se fechavam lentamente enquanto a lΓ‘grima escorria. β Clara, fique comigo. Mantenha os olhos abertos, vocΓͺ consegue. Me diz, com quem deixou o bebΓͺ?
β estΓ‘ com os pais do Peter, em VirgΓnia. NΓ³s temos uma comunidade, sabia? - sua voz era baixa e fraca. β se chama Alexandria, construΓmos para a seguranΓ§a do George. Peter gostaria que estivessem todos lΓ‘, em seguranΓ§a.
Ainda me lembro do dia em que conheci Peter Monroe. Um destemido policial que se mudou para a cidadezinha na intenΓ§Γ£o de fugir de seu legado familiar, a polΓtica. Peter, Shane e Rick se tornaram amigos inseparΓ‘veis e estavam sempre fazendo festinhas pΓ³s-trabalho lΓ‘ em casa. Eu adorava aquilo.
β Clara, me conta sobre o George? - tentei induzi-la a falar, mas estava cansada demais. β Jeremy, teremos que nos apressar ou ela irΓ‘ sangrar atΓ© a morte.
β ainda estamos longe de casa, o que faremos? Ela nΓ£o vai aguentar.
NΓ£o pode estancar o sangramento?
β nΓ£o sem o bΓ‘sico. Eu devo ter algum kit no porta-malas. Estamos longe do carro? Droga, Clara, fique comigo. Vamos lΓ‘, vocΓͺ consegue.
O carro estava perto demais, na verdade. Claire correu na frente para obter o kit de primeiros socorros, abrindo a porta de trΓ‘s para que colocΓ‘ssemos minha amiga dentro do carro. A deitei no estofado de couro, levantando a blusa para melhor visualizaΓ§Γ£o do corte. Um enorme e profundo corte abaixo das costelas, provavelmente causado por um arame farpado.
O sangue nΓ£o jorrava mais, mas a vermelhidΓ£o parecia se espalhar com rapidez. Respirei profundamente ao adquirir soro fisiolΓ³gico e Γ‘lcool 70 para a limpeza. Molhei uma gaze com Γ‘lcool, a entregando para o filho de meu irmΓ£o mais velho.
β a faΓ§a cheirar e mantenha a cabeΓ§a elevada. - alternei o olhar entre o ferimento e a mulher que acordava agora. β sinto muito, issso vai arder 'pra cacete.
Jeremy tentava conversa com Clara na intenΓ§Γ£o de distraΓ-la da dor qur iria sentir naquele momento. Claire dirigia para casa com muito cuidado, tentando nΓ£o passar por buracos para que o meu trabalho fosse facilitado ali dentro. O Γ‘lcool foi jogado sobre o ferimento e o soro logo em seguida, a mantendo higienizada. No entanto minha amiga ainda parecia bastante agitada.
Odeio suturar cortes, principalmente se eu estiver suturando em um carro que estΓ‘ em movimento. A escutava tentar formar frases completas, se atrapalhando e gemendo de dor quando fazia algo que exigia muito dela.
β vou ter de suturar. - informei receosa, encarando Jeremy. β ela vai desmaiar de dor, Γ© melhor estar preparado e nΓ£o deixΓ‘-la cair quando acontecer.
Deveria agradecer ao meu querido Hershel por ter me ensinado a lidar com o caos enquanto exerΓ§o a medicina, pois nΓ£o sei se conseguiria se nΓ£o fosse por ele e sua imensa vontade de me ensinar a ser uma grande mΓ©dica algum dia.
β Bel... Hannah! - ela chamou em desespero, tentando alcanΓ§ar minha mΓ£o. β temos que ir para casa, por favor, eu quero ir 'pra casa.
β Clara, me escute, ok? VocΓͺ vai ficar bem, eu sΓ³ preciso que nΓ£o se mexa enquanto a agulha perfura a pele.
NΓ£o a dei oportunidade de se impor, seu grito agudo ecoando o carro nos deixou claro de que a adrenalina nem sempre age feito morfina.
[. . .]
O carro estacionou na porta de casa e eu logo pulei para fora. Meu desespero era perceptΓvel a qualquer um que olhasse em meus olhos, o sofrimento e estado nada agradavel de Clara me deixava atΓ΄nita, desnorteada. Talvez este seja o motivo daquela clΓ‘usula na medicina, onde Γ© proibido tratar pacientes que haja vinculo emocional com o medico em questΓ£o. De qualquer modo eu sou a unica esperanΓ§a de Clara Monroe neste momento, e eu nao irei perdΓͺ-la.
β Leo, preciso de voce aqui, agora! - chamei de imediato. o garoto veio correndo, provavelmente pensando que era alguΓ©m de nosso grupo.
β o que aconteceu? E o mais importante, quem Γ© ela?
Nao tinhamos tempo suficiente para saciar dΓΊvidas, mesmo elas sendo muito importantes. Clara jΓ‘ havia perdido muito sangue e estava morrendo em minhas mΓ£os, aquilo era um problema bem maior. Um problema que se eu nΓ£o fosse capaz de solucionar, teria o desprazer de viver com as consequencias.
β a leve para o quarto, vamos precisar daquele acesso que encontramos no inΓcio da semana. - ele ainda parecia confuso demais enquanto a pegava em seus braΓ§os. Estava lento. Respirei fundo ao o olhar nos olhos. β ela Γ© uma grande amiga, Leo. Por favor, vamos lΓ‘.
Talvez a medicina fosse mais interessante para mim se meus pacientes fossem completos estranhos e nΓ£o os meus amigos. Gostaria de ter tido a chance de me formar, virar cobaia de mΓ©dicos experientes e entΓ£o me tornar residente. Talvez teria sido bem mais legal.
Tudo parecia acontecer tΓ£o rΓ‘pido. Minha mΓ£e reconhecendo minha amiga, as crianΓ§as tentando entender o que estava havendo, Camila se esforΓ§ando para enxergar alΓ©m dos ombros dos adultos em sua frente. As vozes eram distantes e eu sΓ³ consegui focar em Camile quando ela me puxou pelo ombro, forΓ§ando um contato visual.
β filha, o que aconteceu?
β a encontramos na volta. Nos disse que se machucou enquanto fugia de uns canibais, o lugar foi queimado e invadido por zumbis pelo o que entendi. Ah, e ela perdeu o marido. - olhei para cima, Leo jΓ‘ estava quase no topo da escada. Suspirei ao perceber que estava prestes Γ confiar algo em mamΓ£e. β coloque Claire e Jeremy nas janelas do terceiro andar, mande-os se manterem de olhos abertos e prontos para o ataque caso alguΓ©m estivesse a seguindo. VocΓͺ vai ficar aqui e nΓ£o vai encher a cabeΓ§a da minha sobrinha com nenhuma histΓ³ria sofrida ou seu joguinho de arrependimento.
NΓ£o confio em minha mΓ£e para muitas coisas mas preciso admitir que ela sempre foi uma Γ³tima avΓ³ para Carl quando Rick e Lori precisaram de sua ajuda com algo. Tendo em vista que Lara era sua filha mulher favorita, confio que nunca destrataria o fruto de sua filha querida.
β Annie, quero se troque os curativos da ruiva hΓ‘ cada trΓͺs horas comeΓ§ando por agora. - mandei ao encarar a garota logo atrΓ‘s dos outros.
β mas eu nΓ£o sei se consigo, Hannah.
β faΓ§a da maneira em que te mostrei e saberΓ‘, apenas confie em vocΓͺ. - encorajei ao deixΓ‘-las para trΓ‘s.
Tenho focado em ensinar o que sei para aqueles que querem aprender. Annie demonstrou interesse pela medicina hΓ‘ algum tempo e acho que com o incentivo certo e un pouco de paciΓͺncia ela pode se tornar uma boa auxiliar por agora.
Em todo caso, suas aprimoraΓ§Γ΅es nas habilidades sΓ£o a nossa ΓΊnica chance de sobrevivΓͺncia. Eu nΓ£o posso lidar com tudo sozinha, preciso de apoio comigo. Eu preciso encontrar minha famΓlia.
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001: ando com alguns problemas familiares meio complicados, perdoem o atraso.
002: percebi o quanto adio os acontecimentos por aqui, entΓ£o resolvi
acelerar o processo de acontecimentos marcantes. Assim poderemos
finalizar tudo (quem sabe) ainda este ano.
003: outra coisa; tambΓ©m percebi que a estΓ³ria estΓ‘ se entupindo de personagens que eu nΓ£o planejei futuro. IrΓ£o morrer cedo ou tarde, haha.
Beijos da Malu!!!ππ
BαΊ‘n Δang Δα»c truyα»n trΓͺn: Truyen247.Pro