Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Meu Mergulho para a Morte ᶜᵃᵖᶦᵗᵘˡᵒ ⁿᵒᵛᵉ

Colunas altas de ouro, reluzentes à luz do sol, a ponto de cegar os meros olhos mortais. Piso tão brilhante, construído milimetricamente. Uma gigantesca mesa circular, com algo parecido com um holograma do planeta Terra, em dourado, no centro da mesa.
Havia doze cadeiras, para doze deuses.

— Por que nos convocou aqui, Hermes? — Perguntou uma mulher alta, de cabelos cacheados e longos. Vestia um macacão social amarelo, botas de couro e uma pequena tiara de folhas de louro. Era Atena, com uma coruja apoiada em seu ombro.

— Vocês não vão acreditar no que eu tenho em mãos! — Disse um homem com entusiasmo, colocando uma caixa sobre a mesa. Trajava roupas de carteiro. Era Hermes.

Apolo levantou um pouco de seu assento, curioso, olhando para a caixa. Segundos depois, voltou seu olhar para os anéis brilhantes de puro ouro em seus dedos.

Ares se mantinha clicando freneticamente na tela de um telefone, como se estivesse em uma discussão. Afrodite estava sentada elegantemente, lixando suas unhas, desinteressada com o mundo à sua volta. Hefesto estava concentrado em consertar algum tipo de peça de um de seus projetos. Dionísio, que havia reclamado muito de ter sido convocado para aquela reunião, estava sentado em seu devido lugar, com uma lata de Cherry Coke.

Deméter e Ártemis conversavam casualmente em um canto. Hera se mantinha ao lado de seu marido, Zeus. Hades não estava presente, enquanto Zeus e Poseidon pareciam estar em uma discussão — provavelmente uma das mais fúteis e bestas entre os dois. Aos olhos dos outros, aquele grupo de pessoas parecia extremamente normal. Mas não, não eram. Ali estavam os doze olimpianos. Os doze deuses do Olimpo.

— Eu tenho em mãos um presente. — Anunciou Hermes. Todos direcionaram seu foco para o deus dos ladrões.
— Enviado pelo filho dele. — Hermes sorriu, apontando para o deus das marés.

Zeus, Atena e Hera ergueram as sobrancelhas com a menção do filho recém-descoberto do irmão/tio. Ares tirou sua atenção do telefone, esboçando um sorriso divertido.
— Percy mandou um... presente para nós? —

Poseidon perguntou. Hermes assentiu, sorrindo. Ártemis, Deméter e Hera se aproximaram, com seus olhares fixos na caixa.

— Quando eu vi quem era o remetente, eu sabia que tinha que convocar uma reunião. — Hermes batucou os dedos ansiosamente na caixa.

— Urgente o suficiente para me tirar do spa? — Afrodite revirou os olhos por um momento, tentando disfarçar o quão curiosa estava em relação à caixa.

— Urgente o suficiente para me tirar daquele acampamento cheio de pirralhos esquisitos para o qual fui condenado. — Dionísio revirou os olhos, tomando um gole de seu refrigerante.

— O que ele mandou? — Apolo se levantou, inclinando-se sobre a mesa.

— Não sei ainda, achei melhor que abríssemos todos juntos. — Hermes respondeu.

— Abra. Quero ver o que aquele ladrãozinho mandou. — Zeus se sentou com um olhar sério.

— Percy não roubou o raio! — Poseidon defendeu o filho.

— Se não foi aquele moleque que roubou, quem foi? Ah, por favor! É claro que foi ele! — Zeus respondeu ao irmão em um tom raivoso.

— Vocês podem parar? Por favor? — Deméter suspirou, cansada das discussões dos irmãos. Ela se virou para Hermes.
— Prossiga, Hermes, por favor. — Hermes assentiu.

Hermes começou a abrir a caixa. Os presentes na sala ergueram os olhares curiosos para a caixa, querendo saber o que o filho do deus do mar havia mandado. O queixo de todos caiu enquanto Hermes puxava uma cabeça de dentro da caixa. A cabeça da Medusa. Hermes colocou a cabeça da mulher sobre a mesa. As serpentes se moviam, ainda vivas. Um silêncio quase ensurdecedor se fez presente na sala.

Todos olhavam para aquilo boquiabertos, incrédulos com tamanha impertinência e audácia. Zeus se levantou, batendo com o punho na mesa, soltando uma faísca de energia, assustando os demais.

— Moleque insolente! — Seus olhos quase brilhavam de fúria.

— Isso... é a cabeça da Medusa? — Apolo perguntou, em choque.

— Isto é um desrespeito! — Atena levantou a cabeça da mulher decapitada, as serpentes agarrando-se e se enroscando entre os dedos da deusa. Atena lançou um olhar mortal a Poseidon enquanto colocava a cabeça novamente dentro da caixa. Seus passos eram pesados e raivosos.

Apontando o dedo na cara do deus do mar, Atena se exaltou.
— O seu filho é um insolente! —

— Não ouse falar assim dele! — Poseidon encarou a deusa com raiva.

— Você é cega? Olhe o que ele nos mandou! — Atena apontou para a cabeça que agora estava entre as mãos de Hermes.

— Percy com certeza teve um bom motivo para isso. —

Hermes ergueu a cabeça, analisando-a com nojo evidente em sua expressão.

— Cara. Como ele cortou a cabeça da Medusa? — Hermes disse com nojo, enquanto praticamente jogava a cabeça decapitada de volta na caixa.

— Cortando com uma espada, idiota. — Ares gesticulou com sarcasmo.

Hermes franziu o cenho em desaprovação com a piadinha do irmão.
— Eu sabia que mandar aquele garoto recuperar o raio era uma péssima ideia! — Dionísio acariciou as têmporas com irritação.

— Como Annabelle e Lucas permitiram algo assim... — Dionísio sussurrou a última parte, mas Atena pareceu escutar.

— O quê?! Você teve a coragem de mandar aquele molequezinho que roubou o meu raio recuperá-lo? — Zeus berrou.

— Era a melhor opção que tínhamos! — Dionísio falou, tentando se defender.

— Eu sou o rei do Olimpo! Isso é um desrespeito a mim! — Zeus berrou novamente.

— Ninguém perguntou. — Poseidon disse, com sarcasmo evidente na voz, recebendo um olhar raivoso do irmão em seguida.
— Como é? —

— Já chega, os dois! — Deméter se colocou entre os irmãos.

— Quem partiu nessa missão, Dionísio? — Atena perguntou, com um semblante sério, quase em desgosto.

— O quê? — Dionísio perguntou.
— Quais semideuses partiram nessa missão? — Atena perguntou novamente, mais séria dessa vez.

— Foi o Peter Johnson, filho dele; Groveres, o protetor dele; Annabelle Chase, sua filha; e Lucas Castellos, filho de Hermes. — Dionísio respondeu, apontando para cada olimpiano.

Hermes levantou uma sobrancelha com a menção de seu filho, enquanto Atena esboçou puro desgosto.

— Dionísio, os nomes das crianças são Percy, Grover, Annabeth e Luke! — Apolo disse, recebendo um aceno de desinteresse de Dionísio.

— Olha só, parece que a tua filhinha permitiu esse grande feito. — Ares riu, recebendo um tapa no ombro dado por Afrodite.

— Cale a boca... — Atena disse, desgostosa com o irmão, que apenas soltou uma gargalhada alta em resposta.

Uma longa discussão surgiu entre os deuses, todos discutindo sobre a ação do filho de Poseidon. Atena afirmou que aquilo era impertinência e falta de respeito, e como tinham que puni-lo, algo que Poseidon protestou.
Zeus e Hera estavam extremamente irritados com o sobrinho, formando um círculo de discussão, com Poseidon, Atena, Ártemis, Dionísio e Deméter. Ares apenas ria da discussão, ocasionalmente intensificando-a.
Apolo e Hermes tentavam desconversar, fazendo piadinhas de vez em quando, e Afrodite e Hefesto se mantinham quietos, apenas vendo e ouvindo tudo.

🔱 | PERCY JACKSON POV'S | 🌊
▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃

Estávamos viajando há dois dias no trem, rumo a oeste pelas colinas, por cima de rios, atravessando ondas de trigo cor de âmbar. Não fomos atacados nem uma única vez, e eu estava grato por isso.

No entanto, sentia que estávamos viajando numa vitrine de exposição, sendo observados de cima e talvez até de baixo, como se algo estivesse apenas aguardando o momento certo para agir.

Isso me fazia lembrar do sonho que tive minutos atrás. Era o meu primeiro dia na aula de natação. Eu não conseguia me soltar da grade da beirada da piscina enquanto minha mãe me dizia constantemente como aquilo poderia me salvar alguma vez e como seria útil para mim. Ela me abraçou apertado, como se tivesse entendido que tudo aconteceria no tempo certo, e somente agora posso perceber como aquele abraço transmitia um pouco de medo.

De repente, minha mãe havia sumido misteriosamente e eu não estava mais na aula de natação. Estava novamente naquele deserto, ouvindo a mesma voz masculina falar comigo, a mesma luz brilhante ao longe. Gritei. Gritei quando olhei para trás e vi tudo desmoronar novamente.

— Lembra de quando a Thalia me vestiu com a jaqueta de couro dela? — Voltei à realidade ao ouvir a voz suave de Annabeth, acompanhada de um riso.

— Eu lembro. Você ficou se sentindo uma estrela do rock! — Luke respondeu, rindo baixo, provavelmente relembrando o ocorrido.

Eles estavam acordados? Desde quando?

— Vocês estão acordados? — Murmurei baixo. Os dois pararam de falar e rir por alguns instantes.

— Estamos. — Luke respondeu. Olhei para o outro lado da cabine em que estávamos e o vi deitado, olhando para o teto, assim como eu. Estava em um tipo de beliche com Grover, e Annabeth e Luke estavam em outra.

Voltei a olhar para o teto, sem saber ao certo o que dizer.

— Vocês eram bem próximas à Thalia, não é? — Perguntei.

Depois de ouvir um pouco da conversa dos dois, aquela dúvida ficou martelando em minha mente, como se não fosse parar até que eu finalmente perguntasse.

— Sim. — Annabeth respondeu.
— Como ela era? —
— Por que quer saber? —
— Ela foi a última criança proibida antes de mim. Com certeza, passou por isso também. Além disso, ela é minha prima, não é? — Disse.

— Ela era forte. Sabia que era uma criança proibida e, mesmo assim, não se importava. — Luke respondeu.

— Quando Luke e Thalia me encontraram, Luke cuidou de mim desde o começo. — Annabeth fez uma pausa. — Thalia não, ela queria que eu ganhasse sua confiança.

— Então, você seguiu o exemplo e por isso me trata assim? Quer que eu também ganhe sua confiança? — Perguntei.

— Talvez. —
— Não faz sentido. —
— O que não faz sentido? —
— A forma como vocês falam. O que os deuses esperam de nós... —

— Queimamos oferendas para chamar a atenção deles. Eu precisei lutar com a Clarisse para que Poseidon admitisse que é meu pai. Não é justo. — Suspirei.

— Você quer saber como eu fui parar na rua? — Annabeth perguntou, me fazendo franzir o cenho.

— Annabeth, não precisa disso... — Luke disse.

— Era para eu ser um presente para o meu pai. É assim que Atena faz. — Ela fez uma pausa. — Surgimos de uma ideia em sua mente, e somos dados a um parceiro de que ela gosta. Por um tempo, eu realmente fui tratada como um presente, porque meu pai se importava comigo. — Annabeth disse.

— Até ele conhecer outra mulher, e eles tiveram outros filhos. — Um suspiro pesado escapou dos lábios de Annabeth.

— E, para ela, eu não era um presente. Era um problema, e por isso eu fui embora. —

Encolhi um pouco os ombros, percebendo o que Annabeth queria dizer com aquilo.

— Não são os deuses que agem assim, todos agem. — Eu podia sentir a pontada de tristeza em sua voz.

— A diferença é que os deuses deixam as regras claras. Respeite-os e eles estarão ao seu lado, em qualquer situação. — Annabeth disse.

Todos ficaram em silêncio. Eu não conseguia encontrar as palavras certas para dizer. Nem sabia se devia dizer algo.

— E mesmo assim, você foi forte e está aqui agora. — Luke disse, referindo-se a Annabeth.

Eu não podia ver, mas podia jurar que ele estava sorrindo. Sorri sem perceber. Não podia negar, Annabeth realmente era forte. Com certeza, uma das pessoas mais fortes que já havia conhecido. Percebi que o clima tenso estava se dissipando aos poucos.

— Talvez uma das pessoas mais fortes que eu já conheci. — Disse. Annabeth riu baixo em seguida.

— Fico lisonjeada com tantos elogios. — Annabeth disse.

— Percy, acho que você e a Thalia seriam melhores amigos. — Luke disse. — Ou iam se odiar muito. — Luke riu.

Ri baixo e, antes que pudesse responder, ouvi um resmungo vindo de Grover.

— Dá para vocês falarem baixo? — Grover disse, com a irritação evidente na voz após ser acordado.

Fiquei um pouco surpreso. Grover não costumava ser mal-humorado com sono.

— Uau. — Murmurei.

— Ele fica mal-humorado quando não dorme. Já que é a sua primeira vez viajando com ele, não esta acostumado, por isso é meio diferente da frescura de um colégio interno. — Luke disse, tentando conter uma risada.

— Frescura? Você que é fresco. E eu nem sei o que é isso... — Grover tentou se defender, claramente falhando.

— Acho que estou com fome. — Grover disse sonolento, arrancando risadas baixas de mim, Annabeth e Luke.

Estávamos sentados em uma mesa de um vagão específico do trem para refeições. Devia ser umas oito da manhã e tínhamos acabado de tomar o café da manhã. Eu olhava pela janela; as árvores pareciam apenas vultos verdes aos meus olhos.

— Devemos chegar a Los Angeles em dois dias. Assim, chegaremos ao Mundo Inferior antes do prazo. — Luke disse, me tirando dos pensamentos.

— Eu... posso fazer uma pergunta idiota? — Perguntei.

Annabeth me olhou, se remexendo em seu assento.

— Parece que você gosta que zombe de ti. —

Decidi ignorar o comentário de Annabeth e perguntei algo que martelava em minha mente desde que terminamos o café da manhã.

— Eu nunca estive em Los Angeles, e imagino que vocês também não. Então, como vamos saber para onde ir? —

Annabeth ficou pensativa. Luke e Grover ficaram em silêncio, imóveis, como se tivessem acabado de perceber algo importante.

— Não faço a mínima ideia. — Luke disse. Olhei para ele, indignado com sua resposta.

— Ainda temos vários problemas para resolver antes desse. Tudo no seu tempo certo. — Grover disse.

— Se você diz... Segunda pergunta idiota. — Disse.

— "E aquilo que mais importa não voltará contigo." — Suspirei.

— O oráculo disse que iremos falhar na missão, mas ninguém falou sobre isso até agora. E isso parece ser o tipo de coisa com que deveríamos nos preocupar.

No momento em que Luke iria responder, olhei desacreditado para a janela. Aquilo são...?

— Espere, o quê...? —

— Centauros. — Olhei para Luke, que cruzou os braços, olhando pela janela para os quatro centauros que corriam perto do trem.

Olhei ao redor, notando que ninguém parecia ter notado a presença daqueles seres do lado de fora do trem.

— Existem vários rebanhos espalhados por aí. — Grover disse, uma pontada de tristeza em sua voz.

— O que aconteceu? —
— Humanos. —

— Eu já te contei que, há alguns milhares de anos, Pã, o deus da natureza, desapareceu. — Grover disse.

— E, com ele não podendo mais proteger a natureza, os mortais se aproveitaram dela. E, com isso, os sátiros mais corajosos se tornaram buscadores, e nunca mais retornaram. — Grover disse com pesar.

Coloquei uma mão em seu ombro, atraindo sua atenção para mim. Sorri para Grover, tentando passar algum conforto, e isso pareceu ter funcionado, já que Grover sorriu de volta.

— O oráculo não disse que iríamos falhar. O que você disse pode significar diversas coisas, porque é assim que funcionam as profecias e o destino. — Annabeth explicou.

— Quanto mais tentamos entender, mais difícil será. E muitas vezes, o certo é apenas deixar que a resposta chegue até você. —

Antes que qualquer um pudesse dizer algo, um guarda parou ao nosso lado com um olhar sério.

— Com licença, posso ver suas passagens? —

Trocamos olhares, e Luke tirou nossas passagens do bolso de seu casaco e entregou ao guarda. Seu semblante ficou rígido, lançando um olhar para nós que claramente dizia "vocês estão encrencados".

— Vocês estão na cabine 17B? — Assentimos positivamente.

O guarda nos forçou a acompanhá-lo até o vagão onde ficava nossa cabine.

Vi uma mulher conversando com outro guarda e, ao olhar para dentro da nossa cabine, meu queixo caiu. Era como se um tornado de destruição tivesse passado por ali.

A janela estava quebrada, com cacos de vidro pelo chão, as fronhas e travesseiros estavam rasgados, como se um animal selvagem tivesse feito aquilo. Sem contar que uma das camas estava quase caída.

— Você acha que fizemos isso? — Annabeth perguntou, incrédula.

— E não foram? —
— Como faríamos isso? E por que faríamos? — Exclamei.

— Senhor, saímos daqui a meia hora e estava tudo intacto! — Luke disse.

— Não sabemos como isso aconteceu. — Grover reforçou.

— Temos uma testemunha que ouviu o som de uma janela se quebrando, juntamente com vozes de adolescentes. —

O guarda olhou para a mulher e depois para nós.

— Isso é sério? — Exclamei, indignado.

— Nós vamos ser presos? — Annabeth perguntou.

— Não fale dessa forma comigo, garota. — O guarda disse.

Annabeth o olhou, desacreditada. Luke e eu franzimos o cenho.

Ele não estava sendo racista com Annabeth, estava? Ela não tinha falado nada demais e estava em tom neutro.

— De que forma, idiota? — Luke disse, um pouco alto, enquanto tomava a frente, ficando cara a cara com o guarda e colocando Annabeth atrás de si.

Estávamos sentados à mesma mesa de antes, desta vez nos vigiando de longe enquanto eu conversava com a tal testemunha. Aquilo estava me deixando mais nervoso do que a situação anterior. Me sentia novamente como na escola, com um professor vigiando cada ação minha na sala de detenção.

— Ele é um monstro do nosso mundo? — Perguntei.
— Não, não acho que ele seja. — Luke respondeu.

— Então, o que está acontecendo? Por que invadiriam nossa cabine e destruiriam tudo? —
— Talvez estivesse procurando algo. — Grover sugeriu.
— Ou alguém. — Annabeth olhou para mim.

Suspirei. — Quantas vezes vou ter que dizer que eu não roubei a porra do raio-mestre? —

— Sabemos disso. Mas há pessoas que acham isso. — Annabeth disse.

— Não podemos perder tempo na delegacia de St. Louis. — Annabeth insistiu.

— A gente também tem que levar em conta que eu acabei de completar maior idade. Eu posso ser preso! — Luke exclamou, com uma pitada de desespero na voz.

De repente, a mulher de antes, a tal testemunha mentirosa, apareceu ao nosso lado com um sorriso doce e uma voz suave.

— Posso me sentar? —

Quis dizer não, mas me contive. Não dissemos nada enquanto ela vinha em minha direção, sentando ao meu lado. Rapidamente, me afastei, ficando um pouco contra o peito de Luke.

Ao lado da mulher, havia uma bolsa de transporte para cachorros, e aparentemente o animal estava inquieto.

— Pobrezinhos. Os pais de vocês não estão aqui, não é? — A mulher sorriu, colocando a mão sobre a bolsa.

— Não, não estão. — Respondi com um frêmito de irritação.

— Mesmo que sejam adolescentes, imagino que fiquem assustados longe dos pais. — A mulher riu levemente.
— Eu sou mãe. Sei o quão assustador pode ser. —

A mulher se virou para o guarda.
— Pode nos deixar a sós um minuto? — O guarda assentiu, nos olhando com desgosto enquanto se afastava.

Fiz muito esforço para não mostrar o dedo do meio para ele. A mulher voltou a nos olhar com um tipo de expressão que tentava transmitir conforto e disse que era nossa amiga. Algo que eu não considerava.

— Quero que saibam que eu não acho que sejam culpados pela bagunça. — Ela disse com um tom meigo.

— Apenas queria conversar com vocês. Fazê-los entender algumas coisinhas... —

O que ela acha que somos? Estava se fazendo de testemunha para o guarda sobre algo que sequer fizemos minutos atrás.

— Tem algo na sua jaqueta... — Grover apontou para a jaqueta dela. Olhei e vi um resquício de vidro.
— Parece vidro. —

— Ninguém quebrou a janela da nossa cabine pelo lado de dentro, e sim pelo lado de fora. — Olhei de relance para Luke, que confirmou com um tom sério.

A mulher ficou imóvel por alguns instantes, antes de sua cachorrinha começar a se agitar estranhamente.
— Oh, eu sei, eu sei, meu amorzinho. Você está impaciente. — A mulher se inclinou sobre a bolsa.

Agora eu já estava entendendo tudo.

Todos nós nos entreolhamos. A mulher se levantou, apoiando-se na mesa ao lado da nossa.
— Vocês não têm culpa, mas vão pagar os erros dos seus pais hoje. —

— Escute aqui, sua mentirosa. Se você é o que eu acho que é, quero que saiba que já enfrentamos monstros como você e nos livramos deles. — Eu disse.

A mulher me olhou levemente surpresa, esboçando uma expressão debochada em seguida.
— Monstros como eu? — Ela riu.
— Óbvio que sim, eles eram meus filhos. —

Filhos? Como assim, filhos?

— A mãe dos monstros... — A voz baixa de Luke soou ao meu lado.
— Equidna. —

— Sou eu. — A mulher disse, de forma simpática.

Equidna? O bicho que come formigas? Não podiam ser um pouquinho mais criativos?

— Isso não é o nome daquele bicho que come formigas? — Me forcei a conter um sorriso sarcástico.

Luke me cutucou discretamente enquanto a mulher parecia ficar irritada.
— Argh! Odeio a Austrália. — A mulher apertou a barra da mesa enquanto sua cachorrinha se agitava na bolsa. A com nome de comedor de formigas, digo, Equidna, voltou sua atenção ao animal, passando a mão sobre a bolsa na tentativa de acalmá-lo. Tentei olhar pela telinha para ver o animal, mas não consegui.

— Monstro... É uma palavra forte, não acha? Considerando que minha avó é sua bisavó. — Equidna olhou para mim.

— Mas isso é uma longa história de família. — Ela disse, mas, na minha opinião...

Que não serve para merda nenhuma.

— O semideus é o ser mais perigoso existente. São incontroláveis e violentos. —

— Eu tenho um propósito, e é buscar e enfrentar monstros como vocês. —
A mulher abaixou-se com um sorriso, mantendo-se ao nível da bolsa onde o animal parecia cada vez mais agitado.

— Ela é apenas um bebê ainda. Mas hoje, vocês serão sua primeira presa! — A mulher nos olhou com um semblante animado.

— Não fiquem com medo! Isso é normal, essencial para a caça. — A mulher piscou.
— O medo, suas dúvidas e confusão... —

— Apenas queria que entendessem o que está acontecendo para que ela sentisse o cheiro. — Seu sorriso se alargou.

Olhei para o zíper da bolsa, que começava a se abrir lentamente. Os grunhidos do que parecia ser uma cachorrinha se tornavam mais agressivos e grossos, como os de um tigre ou leão. Senti um arrepio na pele enquanto o bicho parecia se agitar ainda mais.
— É melhor começarem a correr. — Equidna disse.

No mesmo instante, uma cauda saltou da bolsa. Annabeth sacou sua adaga e esfaqueou a cauda com um movimento tão rápido que quase não percebi. Annabeth foi para trás enquanto nos levantávamos.
— Luke, cuidado! — Me coloquei na frente de Luke no momento em que aquela coisa foi em direção a ele. Fiquei contra Luke enquanto sentia um tipo de ferrão se prender em meu peito.

— Droga, corram! — Luke disse, segurando meu pulso e começando a correr. Não me deu tempo de pensar no que era aquilo.

Passamos por vários vagões, desviando das pessoas que estavam em nosso caminho. Podíamos ouvir os guardas berrando atrás de nós, ordenando que parássemos. E, como não éramos idiotas e estávamos fugindo de um monstro que somente nós víamos, e sabíamos que estava nos seguindo, não paramos.

Entramos em um vagão e paramos enquanto Annabeth prendia a porta com uma corrente que estava pendurada ali, não deixando que os guardas passassem.

— Por que fez isso? — Luke se virou para mim.
— O quê? —
— Por que entrou na minha frente? —

— O que é isso? — Grover se aproximou antes que eu pudesse responder, puxando algo que parecia um ferrão.

— Isso é um ferrão? —

— Grover, que tipo de monstro tem ferrão? — Luke perguntou.
— Eu não sei. Mas não é coisa boa.
— Percy, está tudo bem? — Annabeth perguntou.
— Sim, eu acho. Isso pode ser venenoso?
— Não tenho certeza. —

Um estrondo foi ouvido, tremendo de leve o trem e nos fazendo cambalear. Olhamos para a porta onde estavam os guardas, que também olhavam para trás, como se tentassem ver algo. Não pude ver direito, mas parecia ser algo grande o que nos perseguia.

— Temos que sair daqui, agora! — Grover exclamou.

Quando o trem parou, encontramos uma saída e começamos a correr para longe. Eu não sentia nada de anormal até aquele momento.

— Equidna disse que aquilo ainda era bebê, ainda estava aprendendo a caçar. — Annabeth disse enquanto corríamos. — Não vai muito longe da mãe.

Depois de um tempo, paramos de correr, mas não diminuímos o ritmo.

— Precisamos de um lugar seguro — eu disse.
— Eu sei de um — Annabeth respondeu.
— Sabe? — perguntei, surpreso.
Annabeth assentiu.

— Um santuário, dedicado a Atena. Construído por um de seus filhos há muitos anos.

— Como assim tem um templo de Atena escondido no meio da cidade de St. Louis? — Grover perguntou.

— Não tão escondido assim — Annabeth disse.

Chegamos ao parque e, ao olhar ao redor, me deparei com um grande arco, como se fosse uma sacola. Havia um chafariz na entrada e várias pessoas entrando e saindo, incluindo estudantes.

— Ele tem 190 andares e seus dois lados foram construídos com muita precisão. Não há nenhum suporte interno e cada lado é balanceado perfeitamente em relação ao outro — Annabeth começou a explicar.

— Ele é sustentado pela simetria, pela matemática — Annabeth disse.

— E é à prova de terremotos, para que Poseidon não tente destruí-lo — Annabeth comentou enquanto passávamos por grupos de alunos.

— Legal. —
— Não tanto — Grover respondeu, seu olhar fixo nos esqueletos e peles de animais expostos ao redor.

— Isso é o que os humanos fazem. Estou dizendo o que esse lugar realmente significa. —

— Estamos seguros aqui, não é? — Luke perguntou. — Nenhum monstro pode entrar sem a permissão de Atena, nem mesmo Equidna. —

— Ótimo. —
— Vou tentar encontrar outras passagens para a gente. Não é porque somos presas que somos impotentes — Grover disse, visivelmente desconfortável, e eu entendia o motivo.

— Eles não gostam quando maltratam animais, ou fazem menção disso — mencionei.
— Eu sei — Annabeth respondeu.

Suspirei, olhando ao redor.
— Então, essa é a casa da sua mãe? — Olhei para Annabeth.
— Achei irado — comentei antes que a morena disesse algo enquanto desviando o olhar rapidamente.

Annabeth riu.
— Mandou bem, cabeça de alga.
— Eu tenho um dom — eu disse, fazendo Luke e Annabeth rirem.

— Isso ainda é um templo, Percy. Você pode tentar falar com o seu pai — Luke disse.

— Não estou muito afim — respondi.
— Por que não? — Annabeth perguntou.
— Annabeth, você e sua mãe são diferentes. Já eu e meu pai... — suspirei.

— Eu não quero contato com ele. Ele já teve chances suficientes. Então, o que eu quero dele é distância. — E, sinceramente, vocês dois e Grover fizeram muito mais por mim do que ele fez a minha vida inteira — disse.

— Eu entendo. —
— Entendi... —

Nos desviamos desse assunto e continuamos conversando enquanto Grover não voltava.

Annabeth se afastou um pouco para explorar o lugar, e, com isso, Luke se aproximou de mim.

— Não achei muito certo você ter entrado na minha frente — Luke cruzou os braços.

— Eu tento te proteger e é assim que você me agradece? Que ingratidão — eu disse, com um leve sorriso.

Luke riu com minha resposta.
— E eu quero agradecer também. —

Nós dois sorrimos. Eu senti algo estranho, como um calor estranho no peito.

— Mas isso foi muito impulsivo da sua parte, Percy. E se esse ferrão for venenoso? —

— E se não for? Eu estou bem — eu disse. Não estava me sentindo muito bem, na verdade. Eu me sentia cansado, enjoado e até um pouco zonzo.

— Você não parece bem — Luke disse, se aproximando com um olhar um tanto preocupado.

— Eu já disse que estou...— antes que eu terminasse minha frase, senti minhas pernas fraquejarem.

— Percy! — ouvi a voz de Luke e de Annabeth antes de sentir os dois me segurando, evitando que eu caísse no chão.

— Ei! O que aconteceu? — Grover disse enquanto corria até nós.

— Retiro o que eu disse, acho que aquele ferrão realmente era venenoso — disse, ofegante. Eu me sentia cansado e tonto de uma forma quase anormal.

— Droga — Luke resmungou.
— Eu tenho uma ideia, vamos — Annabeth disse, colocando meu braço em volta de seu pescoço, com Luke fazendo o mesmo.

Eu precisava urgentemente que alguém me respondesse. O que eu fiz de tão errado para merecer isso? Eu não me lembro de ter falado sobre os chifres da Hera para estar dentro de um chafariz com Luke, Grover e Annabeth jogando água em mim como se estivessem dando banho em um cachorro.

Todos ao nosso redor nos olhavam com expressões tortas, como se estivessem vendo algo estranho ou absurdamente idiota. Bem, eles estavam.

— Já chega! — disse, fazendo-os parar de jogar água em mim.

— Eu estou me sentindo um cachorro tomando banho. Não vou mais tolerar isso. Não vou! — Eu disse.

— A água te curou no acampamento. Isso também deve funcionar aqui para envenenamento, não é? — Annabeth disse.

— Talvez precise ser água corrente — Luke disse.

— Pouco me importa — disse, me apoiando no ombro de Grover na tentativa de me levantar. Obviamente, falhei ao sentir meu corpo se enfraquecer.

— Deixe de ser tão teimoso — Luke me repreendeu.

De repente, ouvimos um estrondo e, ao olhar para a rua, vimos um carro capotar, junto com o som de alarmes e gritos.

Porra.

— Temos que voltar para dentro. Agora! — Annabeth disse, me puxando. Com um pouco de esforço, saímos do chafariz e corremos de volta para o templo, com Annabeth e Grover me ajudando a caminhar enquanto Luke nos seguia.

— Vamos levá-lo até o altar — Annabeth disse.
— Altar? Onde tem um altar aqui? — Grover perguntou.

— No ponto mais alto do templo. Vou pedir ajuda à minha mãe para curar o Percy.

— Pensei que não pudéssemos pedir ajuda — eu disse, mas Annabeth não respondeu.

Ao entrar no templo, passamos por várias pessoas, que mais uma vez nos olhavam com desconfiança. Entramos em um tipo de elevador e nos sentamos. Suspirei, me sentindo tonto.

— Annabeth — Luke a chamou. Annabeth o olhou em silêncio.

— Equidna falou com você, não foi? Não tente mentir para mim, eu percebi que você ouviu algo que nós não — Luke a confrontou.

— Aquilo... Aquilo é a Quimera? — Grover disse, com voz trêmula, enquanto olhava para fora. Meu queixo caiu ao ver Equidna de longe, com uma grande sombra surgindo atrás dela.

— Como... Como ela entrou aqui? Isso é um santuário, nenhum monstro pode entrar a menos que Atena permita — Grover começou a tagarelar.

— Annabeth! — Luke chamou sua atenção.

— Ela disse que o meu desrespeito feriu o orgulho da minha mãe, e que isso seria minha ruína — Annabeth disse, fazendo todos ficarmos em silêncio.

— Desrespeito? Mas... a cabeça da Medusa... — eu disse.

— Mas fui eu quem assinei a caixa e enviei para o Olimpo — Eu disse.
— Mas eu não te impedi! — Annabeth disse.
— Nem eu e nem Luke — Annabeth olhou para Luke, que ficou mais rígido.

Por um momento, me senti culpado pelo que estava acontecendo.

— Isso a envergonhou — Annabeth disse, levemente cabisbaixa.

— Então, o que vamos fazer com a Equidna e a Quimera? Elas estão lá fora nos caçando! — Grover disse enquanto saímos do elevador.

Subimos as escadas rumo ao ponto mais alto do santuário.

— Ela aparecerá a qualquer momento. Se minha mãe não vai nos ajudar, teremos que lutar — Annabeth disse.

Quando chegamos ao topo, encontramos várias pessoas, alunos, para ser mais exato.

— Temos que tirar todo mundo daqui — Grover disse.
— Eu sei o que fazer — Luke disse.

Olhei para ele e me surpreendi quando o moreno ativou o alarme de incêndio, sem que ninguém além de nós percebesse. O alarme soou pelos autofalantes, seguido pelas orientações de evacuação. Todos começaram a sair pelo outro lado.

— Vão com eles — Luke disse.
— O quê? — Eu e Annabeth dissemos ao mesmo tempo.

— Todos nós vamos sair juntos daqui — eu disse.

— Não vamos conseguir! A Quimera é uma assassina de semideuses — Luke nos empurrou para sair.

— Eu vou ficar e atrasar ela para dar um tempo a vocês para fugirem — Luke disse enquanto nos levava até outra porta.

— Desçam do arco e vão até o rio e curem o Percy. Continuem até chegar ao Hades e não parem por nada. Não até encontrarem o raio e estiverem em segurança. —

Eu não entendia o porquê, mas sentia um estranho pânico misturado desespero e medo quando Luke disse aquilo. Eu não queria que ele fosse. Ele não podia.

— Luke, por favor. — Annabeth se virou para ele. Luke a olhou com determinação no olhar, sem demonstrar medo.

Luke sorriu para Annabeth, colocou a mão em seu ombro e depois em seu rosto. — Está tudo bem. — Luke a assegurou.

— Se cuida, maninha. Eu te amo. — Luke puxou Annabeth para um abraço, deixando um beijo rápido no topo de sua cabeça enquanto Grover me ajudava a ficar em pé. Eles se separaram.

— Vão! — Luke disse, enquanto se preparava para fechar a porta.

— Luke, espera! — Falei, chamando sua atenção. Coloquei a mão no bolso e tirei a caneta, que rapidamente virou uma espada. Estendi-a em sua direção.

— Sei que não é muito, mas pegue. — Disse, com a voz fraca.

Luke olhou para a espada em minha mão e depois para mim. Respirou fundo, assentiu e pegou a espada. No instante em que Luke segurou o cabo, fiz um esforço para me desvincilhar de Grover e puxei Luke em minha direção.

— Ei! — O empurrei contra Annabeth e Grover, que o seguraram, evitando que ele rolasse escada abaixo. Fechei a porta e tranquei-a, me apoiando nela enquanto tentava controlar a respiração, sentindo a tontura.

— Percy! Abra essa porta agora! —
— Percy! Ela vai te matar! —
— Percy, por favor! —

Ouvi os berros do outro lado da porta.

— Poseidon nunca me ajudou em todos esses dezessete anos. E não é agora que ele vai fazer isso. — Suspirei. — Eu nunca conseguiria chegar até Hades, mas vocês sim. —

— Percy, não faz isso. — Luke pediu.

Me afastei da porta, com a espada em mãos. Minha visão estava turva e eu me forçava a ficar em pé.

Vi Equidna e Quimera se aproximando lentamente. A Quimera era como um leão gigante sem juba e com chifres de carneiro. Seu pelo era semelhante ao de um leopardo e sua cauda, uma serpente. Equidna parou ao seu lado com um sorriso.

— O seu dia chegou, queridinho. — Ela riu.

— Eu não tentaria lutar. Isso só a deixaria brava. —

Ignorei suas palavras e movi a espada, cortando a pata da Quimera. Ela rugiu e me lançou para longe.

Sua boca se abriu, e eu rapidamente me levantei. Fogo saiu de sua boca, incendiando o chão. Consegui me manter de pé. Tentei enfiar a espada na boca da Quimera, mas ela foi mais rápida, me empurrando para trás e fazendo com que a espada voasse de minhas mãos.

Ouvi a risada de Equidna e, de repente, um buraco se abriu à minha frente.

Droga!

Tentei me manter em pé, mas a Quimera me empurrou para o buraco com seus chifres. Por sorte, consegui me agarrar a uma barra de metal. Olhei para baixo e senti minha visão ficar turva. Se eu caísse dali, me fundiria com o chão.

— Você nunca teve uma chance, não é? — Equidna disse.

— Uma pena que ninguém nunca se importou o suficiente para lhe dar uma. —

Minha mão escorregava cada vez mais.

— Morra, herói. — Minha visão ficou turva enquanto eu caía.

É isso, eu iria morrer.

Gritei de desespero enquanto despencava e, antes de desmaiar, vi água vir em minha direção.

Abri os olhos lentamente. Olhei ao redor, notando que estava dentro d'água.

Eu estava no fundo do rio, a água esverdeada pela poluição, com sacolas, sapatos velhos e garrafas de cerveja espalhadas pelo lugar. Olhei para o meu próprio corpo, percebendo que realmente estava vivo.

Vi um peixe-gato do tamanho do meu padrasto se afastar com uma guinada para a escuridão. Tentei nadar para cima, mas percebi que meu pé estava preso em algo no fundo do rio.

Senti pânico, com medo de que o ar escapasse de meus pulmões devido às tentativas fracassadas de me libertar, e eu morresse afogado.

— Respire. — Uma voz soou. Aquela voz era tão parecida com a da minha mãe, que por um momento achei que fosse ela.

Uma luz brilhante chamou minha atenção em meio à poluição do rio. Finalmente, pude vê-la: uma mulher da cor da água, como um fantasma na corrente, flutuando próxima à minha espada. Ela tinha cabelos ondulados e olhos pouco visíveis, porém belos.

Ela tinha um sorriso doce e um olhar carinhoso. Arregalei os olhos e tentei novamente me desvencilhar do que me prendia no fundo do rio.

— Se acalme, criança. Eu sou apenas uma mensageira. — Ela disse.

— Vá para Santa Mônica. — A mulher disse, me fazendo olhá-la.

— O quê? — Perguntei. Fechei a boca no mesmo instante, mas soltei o ar após alguns segundos, percebendo que estava respirando.

— É a vontade do seu pai. Ele o salvou. —

Poseidon me salvou? O meu pai me... salvou?

— Antes de descer para o Mundo Inferior, deve ir a Santa Mônica. Por favor, Percy, não posso ficar muito tempo aqui. O rio é sujo demais para alguém como eu. — Ela disse.

Antes que pudesse dizer algo, a espada flutuou em minha direção, e a mulher se afastou.

— Vá, meu príncipe valente. Vá à Santa Mônica. — Ela sumia cada vez mais na escuridão.

— Seu pai está orgulhoso de você. Não se esqueça disso. — Ela disse antes de desaparecer completamente.

Eu preciso ir a Santa Mônica.

⚔️ LUKE CASTELLAN POV 💸
▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃▃

Estávamos do lado de fora do arco. Havia carros de polícia e bombeiros por toda parte. No ponto mais alto do arco, havia um buraco enorme acompanhado de fumaça. Eu podia notar o olhar dos policiais em mim, Annabeth e Grover.

— Estão olhando para nós. — Grover disse.

— Sim, estão. — Annabeth respondeu.

Eu não disse nada, meu olhar estava fixo em três velhinhas sentadas em um banco, tricotando meias. Senti um calafrio, rezando aos deuses para que não fossem quem eu pensava que eram. Elas estavam olhando fixamente para nós, com expressões neutras e desinteressadas.

A velha do meio ergueu uma tesoura dourada, com lâminas grandes, como uma tesoura de jardinagem. Senti um arrepio de puro medo quando ela cortou um fio de lã azul.

— Temos que encontrar o Percy. — Me virei para Annabeth e Grover.

— Eu sinto que ele está vivo. — Grover disse, com um tom preocupado.

— Tudo bem, vamos. — Annabeth deu de ombros.

Saímos dali o mais rápido possível e começamos a caminhar pelo deque perto do rio, enquanto gritávamos o nome de Percy.

— Percy! — Gritei, olhando ao redor.

Eu sentia meu coração disparado em desespero. Não gostava de pensar na possibilidade de Percy estar morto. Não, ele não podia estar morto. Eu me sentia em pânico, olhando ao redor, na esperança de vê-lo surgir de algum lugar.

Voltei a procurar junto de Grover e Annabeth, já que tínhamos nos separado para procurar Percy.

Ao virar, nos deparamos com Percy pulando a grade da doca. Arregalei os olhos ao vê-lo ali, mas me senti aliviado, junto de um misto de emoções ao ver o loiro.

Percy parecia bem, extremamente bem. Ele estava completamente encharcado, mas não aparentava estar machucado.

— Não acharam que iriam se livrar de mim tão fácil assim, né? — Percy sorriu.

Andamos rapidamente até o loiro.

— Olha, desculpa por quase fazer vocês rolarem escada abaixo. Eu... —

Antes que Percy pudesse continuar, passei meus braços em volta dele, puxando-o para um abraço apertado.

— Nunca mais faça isso. — Murmurei, apertando o abraço sem perceber, enquanto fechava os olhos e deixava um suspiro de alívio escapar entre meus lábios.

— Não esperava que ficasse tão preocupado. — Ouvi Percy murmurar.

— Então... Fico feliz em saber que está bem, Percy. — Grover disse, com um sorrisinho.

Ao ouvir a voz de Grover, voltei à realidade e me afastei de Percy, coçando levemente a nuca.

— Eh, isso aí. — Desviei o olhar, e Percy fez o mesmo.

— É claro. — Annabeth deu algumas batidinhas no ombro de Percy com um sorriso.

— Mas, como? Tipo, o que aconteceu? — Grover perguntou.

Olhei para Percy, também querendo saber a resposta. Eu estava curioso para saber como Percy estava tão bem e como não tinha se espatifado no chão.

— Vou resumir: Precisamos ir para Santa Mônica. — Percy disse. Franzi a testa.

— Que? Agora? — Grover perguntou, claramente surpreso.

— Eu explico tudo no caminho. — Percy falou, nos olhando. Nos entreolhamos, mas concordamos com um gesto de cabeça.

Eu estava feliz e aliviado. Percy estava vivo e bem, e agora tínhamos que ir para Santa Mônica.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro