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𝟬𝟬𝟭. 𝐰𝐞𝐥𝐜𝐨𝐦𝐞 𝐭𝐨 𝐜𝐥𝐚𝐫𝐞𝐢𝐫𝐚

˚•˙𝗟𝗜𝗚𝗛𝗧 𝗢𝗙 𝗛𝗢𝗣𝗘ꨄ

〘 𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗨𝗠 〙
" seja bem-vinda à Clareira "
⥤★⥢

──────★────────

Acordei com o som de sirene que ecoava pelo compartimento. O chão abaixo de mim tremia, metal rangendo contra metal. Senti minha cabeça doer a cada segundo. Abri os olhos lentamente, mas não consegui ver nada: o compartimento estava totalmente escuro. Olhei para minhas mãos e, na direita, havia um corte. O sangue pingava sobre meu joelho. Senti meu coração acelerar.

"quem sou eu?"

Eu não me lembrava de nada. Nada, nada mesmo. "onde estou?... e por que estou machucada?".

Olhei para os lados, à procura de algo para tampar o ferimento, mas não consegui ver nada. A única luz que iluminava o lugar estava um pouco acima de mim: era pequena, vermelha e piscava com frequência. Coloquei minha mão esquerda sobre o joelho e fiz força para conseguir me levantar. Quando já estava de pé, olhei para os lados novamente: caixas e mais caixas. Não havia mais nada.

Caminhei até uma delas, tentando manter o equilíbrio. Pressionei a palma da mão esquerda contra ferimento da direita, tentando impedir que o sangue escorresse.

Me aproximei da caixa e tentei abri-la, mas estava fechada ou lacrada.

── Droga... ─── murmurei para mim mesma, me sentindo totalmente perdida.

O chão abaixo de mim tremeu de uma forma violenta, me fazendo perder o equilíbrio. Me apoiei em uma das caixas, mas senti minha mão tocar em algo afiado. Olhei para o lado, assustada, com medo de me cortar outra vez. Era uma faca. Era grande e estava suja de alguma coisa verde.

Me afastei rapidamente e andei para frente, completamente perdida. Meus olhos percorreram a sala, mas nada parecia familiar. Eu não sei o lugar que estou e nem por que estou aqui.

Pisquei algumas vezes, tentando manter a calma, mas meu peito subia e descia rapidamente, deixando o desespero tomar conta de mim.

Apertei a unha com força contra a palma, deixando marcas de meia-lua. Respirei fundo, tentando pensar em algo, até que uma ideia veio à minha mente: subir em algumas caixas e gritar por ajuda.

Foi exatamente o que fiz. Corri em direção às caixas, subi em algumas delas e bati com força no teto.

── SOCORRO!! ── o grito saiu mais alto do que eu esperava, deixando minha garganta seca.

Quando me preparei para gritar novamente, a caixa tremeu violentamente, me fazendo perder o equilíbrio. Senti o chão abaixo de mim ceder, e a caixa subiu com uma velocidade assustadora. Antes que eu pudesse fazer algo, um choque violento me fez bater a cabeça com força no teto. O impacto me fez perder a respiração por um momento, e a dor aguda se espalhou do pescoço até a cabeça.

Não tive tempo de processar. A caixa parou abruptamente, jogando meu corpo para baixo. O chão me atingiu com força, e uma dor no estômago me fez gemer de dor. Fechei os olhos, tentando manter a calma. "por que isso está acontecendo?".

Não tive tempo de me levantar. O teto acima de mim começou a se abrir, e um som metálico veio de cima. A luz que antes piscava vermelha, agora estava verde. O barulho parecia o de uma porta pesada sendo aberta, talvez um portão.

Levantei a cabeça, e uma luz muito forte veio de cima, me cegando por alguns segundos. Pisquei algumas vezes, tentando recuperar a visão. Fechei os olhos e, quando os abri novamente, a luz já estava mais fraca.

Consegui ver a silhueta de várias pessoas ── umas trinta ou mais. Mas eram todos garotos. Todos. Não havia nenhuma garota.

[...]

Meu coração disparou. "garotos?". Um deles se aproximou da borda e pulou dentro do compartimento. Ele pousou com agilidade, ficando parado bem à minha frente.

Ele era alto, com cabelos loiros bagunçados que caíam sobre a testa, e olhos castanhos dourados que carregavam uma curiosidade desconfiada. Ele me observou por um momento, franzido ligeiramente as sobrancelhas, como se tentasse entender o que estava vendo. Então, desviou o olhar para cima. Não pude ver sua expressão, mas tenho certeza de que ele estava mais confuso que eu.

── É uma garota? ── gritou um dos garotos que ainda estava em cima, a voz carregando uma mistura de surpresa e curiosidade.

O loiro voltou o olhar para mim, confirmando com um leve aceno de cabeça antes de responder.

── Sim. ── afirmou, sua voz carregada de surpresa.

Engoli em seco, tentando não parecer confusa. "por que estão surpresos?". Desviei o olhar do garoto e encarei os garotos de cima. Todos os olhares estavam sobre nós, e eram muitos. Só garotos.

O silêncio era desconfortável. Só consegui ouvir apenas os comentários idiotas dos garotos que estavam em cima.

── Ela é bonita, Newt?

── Uma garota?

── Eu vou tocar nela primeiro.

O garoto loiro que ainda estava parado à minha frente, fez um sinal para os garotos de cima. Alguns deles saíram de perto da borda, o que me deixou um pouco aliviada.

─ Qual o problema de eu ser uma garota? ── perguntei, com um tom de curiosidade

── Não tem garotas aqui, você é a primeira. ── respondeu o loiro, direto, mas ainda com uma pontada de curiosidade.

── Aqui onde? Que lugar é esse? ── perguntei, me arrastando para trás, mas mantendo meu olhar fixo nele.

── Vem, vou mostrar pra você.

Ele estendeu a mão para mim. Hesitei por um momento, mas acabei aceitando a ajuda. Seus dedos eram firmes e me puxaram para cima com facilidade. Depois, fez o mesmo movimento, subiu na borda da caixa e me ajudou a sair.

Enquanto eu me levantava, alguns dos garotos que ainda estavam em volta, soltaram comentários idiotas, rindo baixo entre eles.

"homens, sempre idiotas... não que eu me lembre de algum homem". Pensei, ficando confusa novamente por não me lembrar de nada.

── Ei! Já chega. ── cortou o loiro, sua voz firme.

O tom calou os outros instantaneamente, e ele lançou um olhar sério para eles antes de voltar a atenção para mim.

── Me segue, vou mostrar o lugar pra você.

Ele me guiou para fora da multidão, e foi então que eu finalmente vi onde estávamos. Um lugar aberto, enorme, cercado por altas paredes de pedras. A grama verde se estendia por todos os lados, e havia cabanas, algumas pessoas trabalhando e outras apenas nos observando com curiosidade.

── Antes de tudo, quero fazer uma pergunta. ── falou o garoto, parando em minha frente, de costas, perto de umas das paredes.

── Certo, pode perguntar. ── respondi, com uma pontada de curiosidade.

── Se lembra de algo? Nome ou qualquer coisa? ── perguntou ele, ainda virado de costas.

Pensei um pouco, mas nada veio a minha mente. Quando fui responder, uma memória me interrompeu.

ELIZABETH

── Sim. Elizabeth, meu nome é Elizabeth. ── apontei para mim mesma, com um leve sorriso no rosto.

── Certo, Elizabeth. Preciso que coloque o seu nome na Pedra.

"pedra?".

[...]

Era uma parede onde estavam gravados vários nomes. Todos de meninos, e alguns estavam riscados. Não precisei pensar muito para entender o significado triste por trás daqueles riscos.

Alby... Gally... Newt... Clint... Caçarola...

Meus olhos passearam pela parede enquanto eu tentava reconhecer algum nome, mas nenhum parecia familiar.

Minho... Jeff... Zart... Ben...

Até que algo me chamou atenção.

Jackson...

─ Quem é ele? ── perguntei, tocando o nome com o dedo.

── Jackson? É o encarregado dos construtores. Por que a pergunta? ── questionou Newt, tirando uma faca do bolso.

── Sei lá, o nome me chamou atenção. ── dei de ombros, soltando uma risada baixa.

── Bom, você vai usar esta faca para gravar seu nome na parede. Entendeu? ── explicou Newt, apontando com a ponta da lâmina para uma parte vazia da parede.

── Certo. ── respondi.

O loiro deu alguns passos para trás e estendeu a faca para mim. Peguei-a e me aproximei da parede, começando a escrever meu nome.

ELIZABETH

Meu nome parece longo e elaborado, mas ainda assim bonito. Mas, acho que prefiro algum apelido.

Seja bem-vinda à Clareira. Agora... ── Newt começou a falar, mas parou quando viu um garoto negro se aproximando de nós.

Ele parecia ter uma presença autoritária, com um físico forte e cabelos raspados. O rosto sério e os olhos carregados de liderança.

── Newt, vamos fazer uma reunião sobre a nova fedelha. Você precisa vir. ── o garoto me olhou e ignorou minha presença. Tenho quase certeza de que a "nova fedelha" sou eu.

── Certo. Lizzie, você pode andar pela Clareira se quiser. Vamos estar na cabana dos fundos, a sala de reuniões. Se tiver alguma dúvida, é só ir lá. ── então ele e o garoto seguiram em direção à cabana, conversando sobre algo que eu não conseguia ouvir.

Cruzei os braços, indignada.

── Ótimo. Agora eu fico aqui, sozinha. Sem conhecer o lugar. ── murmurei para mim mesma.

[...]

Caminhei um pouco pela Clareira, mas a sensação era desconfortável. A maioria dos garotos olhavam para mim, rindo e conversando entre si.

Cheguei perto de uma construção alta, feita em uma árvore. Subi as escadas, que rangiam a cada passo, mas parecia um bom lugar para ter um momento de paz. Cruzei as pernas é tentei relaxar, deixando a brisa balançar meu cabelo. Não adiantava forçar a memória. Nada vinha à minha mente.

Fiquei ali por um bom tempo, até ouvir passos na escada.

Alguém estava subindo.

Espiei rapidamente e vi cabelos loiros desarrumados. A pessoa subia com cuidado. Talvez não soubesse que eu estava ali, ou estivesse tentando não me assustar. Quando ele finalmente chegou ao topo, tentei parecer natural. "não vi nada, relaxa".

── E aí novata. Tá tentando relaxar? ── perguntou ele, se sentando ao meu lado.

Olhei para ele com curiosidade. Seu cabelo loiro estava bem bagunçados, mas de um jeito charmoso. A pele bronzeada e os olhos verdes brilhavam, mesmo que sua testa estivesse coberta de suor. Ele tinha um sorriso que parecia sempre confiante, como se estivesse acostumado a ser notado.

── Sim. Não conheço o lugar e aqui parece o único lugar com um pouco de privacidade. ── respondi.

── É, aqui na Clareira a privacidade é algo raro. ── respondeu ele, passando a mão no cabelo e o jogando para trás. ── Enfim, ouvi muito sobre você. Já se lembra do seu nome?

── Elizabeth. E o seu? ── aproveitei para perguntar.

── Jackson. Prazer. Sou o encarregado dos construtores. ── respondeu ele, com um sorriso orgulhoso.

── Ah, você é o Jackson. Prazer. ── falei surpresa, lembrando do nome na parede.

── Sim. Me conhece? ── perguntou ele, ainda sorrindo.

── Não, mas vi seu nome na parede quando fui gravar o meu. ── expliquei, rindo ao notar que ele tinha perdido o sorriso.

── Bom, eu estava construindo uma cabana pra você. Alby pediu. Lá tem algumas roupas para você se trocar. ── ele apontou pra uma das cabanas. ── Vai ter a festa na fogueira mais tarde. Sempre tem quando chega um novo garoto. No seu caso... uma nova garota. Você vai, né?

── Acho que sim. Não tenho nada pra fazer mesmo. ── respondi, me levantando. ── Vou descer, você vem?

── Não, vou ficar aqui mais um pouco.

── Certo. Até depois. ── falei, descendo as escadas e indo até a cabana que Jackson tinha apontado.

Jackson... que coincidência. O único nome que me chamou atenção.

Entrei na cabana e encontrei algumas roupas na cama. Examinei rapidamente, até que uma combinação me chamou atenção: uma camisa e um shorts.

── Acho que vou com essa. ── falei para mim mesma, apontando para as peças na cama.

Era uma camisa roxa com detalhes brancos e um shorts branco. Simples, mas bonito. Peguei minha roupa e fui em direção ao banheiro, ou ao que pelo menos parecia um.

[...]

Depois de me trocar, resolvi procurar um lugar calmo para esperar a hora da festa na fogueira. Encontrei uma árvore alta e a encarei por um momento, analisando como poderia subir.

Depois de pensar um pouco, tive uma ideia: apoiei o pé no tronco e fiz força para impulsionar meu corpo para cima. Aos poucos, fui subindo, apoiando os pés nos galhos mais firmes. Deitada na árvore, fiquei observando as estrelas e as constelações.

Passei o dedo sobre o ferimento da minha mão direita. Ainda estava lá, sem curativo. O sangue havia parado de escorrer, mas a dor persistia. Pensei em perguntar a alguém se havia curativos por perto, mas logo desisti. "me sinto desconfortável nesse lugar..."

Fechei os olhos por um momento, tentando relaxar. Eu não lembrava de nada, nem sequer do lugar que estou, mas, de alguma forma, sei que não posso sair daqui. Talvez seja melhor me acostumar a essa "nova" realidade... mesmo sem conhecer ninguém.

Me perdi nos meus pensamentos e quase adormeci, até ser despertada por um som alto e metálico. Um portão se fechava, e o barulho ecoava por toda a Clareira.

Vários garotos estavam reunidos perto do portão, posicionado entre os muros gigantes. Meu olhar se fixou neles, observando cada movimento com atenção. "o que está acontecendo?".

Pensei em descer e me aproximar, mas prefiro apenas observar de longe.

Depois de alguns minutos, vi dois garotos saindo do portão. Consegui notar apenas a cor de seus cabelos ── um loiro e um moreno. Eles passaram pela multidão, e os garotos que antes apenas observavam o portão agora os seguiam, murmurando entre si.

Ignorei. Não parecia algo que me interessasse.

Deitei me novamente e fechei os
olhos, forcei a memória mas nada veio à minha mente. Até que acabei adormecendo por um tempo.

[...]

Quando acordei já era noite, e apenas uma chama forte de fogo me chamou atenção. Desci da árvore me apoiando nos galhos, até sentir meu pé tocar o chão. Antes de me virar, escutei a voz de alguém me chamando. ── uma voz doce, parecendo a de uma criança.

── Elizabeth!

Um garoto baixinho e fofinho vinha correndo na minha direção, gritando meu nome. Ele tinha o cabelo castanho, cacheado e meio bagunçado, e olhos grandes e castanho-claros que brilhavam de empolgação. Parecia mais novo que os outros, com um rosto redondo e expressão tão inocente que me pegou de surpresa. Era impossível não achar ele adorável.

Quando chegou perto de mim, parou para respirar, apoiando-se nos joelhos. Dei uma leve risada.

── Eu sou o Chuck. ── disse o moreno, ainda parecendo cansado.

── Oi Chuck. Acho que não preciso me apresentar. ── falei rindo, tocando em seu ombro. ── Precisa de algo, pequeno? ── perguntei, me apoiando nos joelhos para ficar da mesma altura que o garoto.

── Newt está te procurando. Por você ser nova, ele pensou que você havia se perdido no bosque. ── respondeu Chuck, rindo ao dizer a última parte. ── Acho difícil alguém se perder no bosque.

Ri junto com o garoto.

── Ele quer que eu faça algo? ── perguntei, colocando as mãos na cintura.

── Ah, não. Ele só disse que você podia participar da festa na fogueira. ── disse ele, agora menos cansado. ── Você vai?

Virei na direção da fogueira e pensei um pouco.

Todos pareciam felizes, conversando, comendo e bebendo algo nojento. Eles conseguiam ser felizes mesmo vivendo em um inferno como aquele. Eu também quero poder me sentir feliz.

── Sim. ── respondi, fazendo Chuck sorrir.

── Vou te levar até o Newt. ── disse o moreno seguindo em direção à fogueira.

Segui o mais novo até a multidão, e durante o cominho, todos sempre paravam para nos olhar. Alguns olhares eram de nojo e outros de... de algo que eu prefiro não pensar sobre.

Chegamos perto de Newt, que estava sentando em um tronco, bebendo algo.

── Achei a Lizzie. ── disse Chuck, tocando o ombro do loiro.

Newt levantou a cabeça e olhou para mim.

── E aí, Lizzie. Onde você tava? ── perguntou o garoto, bebendo um gole de sua bebida.

── Eu fiquei deitada em uma árvore, e acabei dormindo. ── respondi.

Percebi que Chuck não estava mais conosco, olhei para os lados, na procura do garoto. E avistei ele perto de algo que parecia ser uma cozinha, comendo um sanduíche.

── Vai ficar em pé aí? ── questionou Newt, rindo.

Me sentei ao lado dele, ainda desconfortável por estar em um lugar cheio de garotos. Sem me lembrar de nada.

Newt esticou o copo de bebida em minha direção, fazendo um gesto para mim pegá-lo.

── O que é isso? ── perguntei, pegando o copo.

── Não faço a menor ideia. É receita do Gally. Segredo industrial. ── respondeu ele, olhando para os muros gigantes.

Respirei fundo antes de aproximar o copo de meus lábios. Com medo de ser envenenada ou algo do tipo.

Virei o copo, fazendo a bebida escorrer por minha garganta. O sabor era péssimo, parecia qualquer coisa, menos uma bebida. O gosto ruim e amargo ficou em meus lábios, me fazendo sentir ânsia.

── Mas que merda é essa? ── falei, ainda tentando me recuperar após engolir a bebida.

── Uma hora você se acostuma com o gosto. ── disse Newt, puxando a bebida de minhas mãos.

Quem se acostuma com isso?

Newt ainda estava com os olhos fixos nos muros, revisando em olhar o muro e o céu acinzentado.

── O que tem dentro dos muros? ── perguntei, olhando para Newt.

O garoto desviou o olhar para mim. Bufando antes de responder minha pergunta:

── Lá dentro fica o Labirinto. Um lugar muito perigoso. ── respondeu ele, após ficar um tempo em silêncio, pensando.

── Estamos presos aqui, não é? ── perguntei com um tom de curiosidade.

── No momento, sim. Mas... tá vendo aqueles caras? ── disse ele, virando para trás e apontando

Me virei junto, olhando na direção que ele estava apontando.

Perto da fogueira tinha alguns garotos, quatro no total. Eles pareciam ser os mais corajosos e músculosos de todos ali.

── Eles são os corredores. O cara no meio é o Minho. Ele é o Encarregado dos corredores. ── murmurou ele, segurando sua bebida.

Olhei para o garoto do meio.

Minho.

─ Todas as manhãs, quando as portas se abrem, eles correm pelo labirinto. Mapeando e memorizando. Tentando achar uma saída. ── disse o loiro, olhando fixamente nos meus olhos.

── Há quanto tempo estão procurando? ── perguntei, desviando o olhar para Minho, que ainda estava na fogueira.

── Quase três anos. ── respondeu ele, com a voz séria.

── E por que não desistiram ainda? É difícil? ── perguntei, fazendo Newt rir.

── É mais fácil falar do que fazer, Sabidinha. ── disse o loiro, ainda rindo.

Olhei para ele, franzindo a sombrancelha.

Newt esticou o dedo para cima

── Escuta. ── sussurrou ele.

O som era agudo, estridente, quase como um grito distorcido. Parecia vir de todos os lados, ecoando pelas paredes de pedra como o lamento de uma criatura presa, faminta.

Logo depois, veio o estrondo. Alto, seco, metálico. Como se algo gigantesco tivesse sido jogado contra uma parede de ferro. O chão tremeu levemente sob seus pés.

E então, um barulho grave e contínuo, como garras gigantes rasgando o concreto.

── Parece um monstro. ── murmurei, quase sem voz. ── Como se o labirinto fosse... vivo.

── Isso é o labirinto mudando. Muda todas as noites. ── disse ele.

── Então... como conseguem mapear ele? ── perguntei, olhando para Newt.

── Não faz pergunta difícil, Sabidinha. Você tem que perguntar pra quem colocou a gente aqui, e talvez pros corredores. ── respondeu ele, rindo.

Nós dois ficamos em silêncio por um tempo.

── Olha só, a verdade é que... os corredores são os únicos que sabem o que tem lá. Eles são os mais fortes e mais rápidos de nós. ── murmurou o garoto. ── E isso é uma coisa boa. Por que se eles não voltarem antes que as portas se fechem, eles ficam presos lá durante a noite. E ninguém sobreviveu a uma noite no labirinto.

── E o que acontece com eles? ── perguntei, com medo do garoto se estressar por eu estar fazendo muitas perguntas. Mas minha curiosidade falava mais alto.

── Nós chamamos de Verdugos. ── respondeu o loiro, tomando um gole de sua bebida. ── É claro que ninguém... viu um e sobreviveu pra contar. Mas eles estão lá.

Olhei para Newt, traumatizada.

── É como eu posso me tornar uma corredora? ── falei, mas Newt começou a rir. Me deixando confusa.

── Ninguém vai deixar uma garota ser uma corredora. ── respondeu ele, ainda rindo.

── E por que? Isso é machismo, sabia? ── questionei, erguendo as sobrancelhas.

── Olha, só esquece isso, tá? ── murmurou ele.

Não.

Fiquei em silêncio por alguns segundos. Olhando para ele, indignada.

── Chega de perguntas por hoje. Vem cá. ── disse ele se levantando. ── Você devia ser nossa convidada de honra, sabia?

Revirei os olhos e bufei:

── Ah, não, Newt. Eu tô bem aqui, sabe? Aliás, tô muito bem aqui.

── Não, Lizzie. Sem drama. Eu vou te mostrar tudo. Beleza? ── falou ele, me puxando por baixo do braço.

Resmunquei, mas Newt contínuo me puxando até conseguir me fazer levantar.

Droga...

[...]

Eu e Newt nós aproximamos de um círculo de garotos. Nele tinha um garoto alto, com ombros largos e um olhar duro. Parecia ser um idiota. Ele empurrava um garoto para o chão, gritando após conseguir derrubá-lo.

Enquanto andávamos, Newt apontava para os lugares.

── Ali ficam os Construtores. São ótimos com as mãos, mas não são tão inteligentes. ── disse Newt, apontando para a sua cabeça. ── Jackson é o Encarregado deles.

Assenti. "talvez eu possa me aproximar dos mais inteligentes e conseguir alguns pontos para me tornar uma corredora." Pensei.

Newt apontou para outro grupo.

── E ali temos o... Winston. Ele é o Encarregado dos Retalhadores. ── disse ele, e após andar um pouco, apontou para dois garotos. ── Temos também os dois Socorristas, Clint e Jeff.

── E aí, Newt. ── falou um dos garotos, cumprimentando Newt com um aperto de mão.

Após os dois se afastarem, Newt voltou o olhar para mim.

── Eles passam a maior parte do tempo enfaixado os Retalhadores. ── disse Newt, parando em minha frente.

── E os corredores? Tem algum treinamento pra virar um? ── perguntei, fazendo Newt revirar os olhos.

── Eu já falei, Lizzie. Não vão deixar você ser uma corredora. E mesmo se deixassem, você tem que ser escolhida. ── respondeu o loiro.

── Ser escolhida por quem? ── questionei, mas antes que Newt pudesse me responder. Algo bateu em minhas costas.

Senti o impacto seco de um corpo contra o meu, me lançando com tudo na terra batida. Quando meu corpo tocou o chão, senti uma dor aguda por todo o corpo, fazendo minha respiração falhar. O chão arranhou meus cotovelos, e a poeira subiu até meu rosto.

── Lizzie, tá tudo bem? ── perguntou Newt, ajoelhando-se ao meu lado.

Ele me ajudou a levantar, e quando olhei para os lados. Percebi que todos estavam me olhando, rindo e cochichando entre si.

Olhei para um garoto, o mesmo que estava brigando no círculo minutos atrás. Ele me encarava, rindo. Havia empurrado um garoto em minha direção. Ele que havia me derrubado.

── Qual seu problema? ── gritei, olhando para o garoto que estava ao meio do círculo.

── Eu não te vi aí, novata. ── disse ele, rindo.

Bufei.

── Idiota. ── falei, revirando os olhos.

── Você é muito metida, sabia disso? Acabou de chegar e já pensa que manda aqui? ── rosnou o garoto, tirando risadas de seus amigos idiotas. ── Por que você não vem aqui e mostra do que é capaz?

Os garotos que estavam em volta do círculo começaram a gritar "novata". E todos que estavam longe, se aproximaram, gritando junto com os outros.

Olhei para o garoto branquelo, que parecia estar se divertindo.

── Gally, vai mesmo chamar uma garota pra brigar? ── gritou Newt, que ainda estava do meu lado.

Gally.

Você estava em primeiro na minha lista de mortos.

── Ela não é uma garota. ── ele cuspiu. ── É uma bomba-relógio.

As veias do meu pescoço pulsaram. E quando ele disso isso...

── Não, Newt. Eu sei o que estou fazendo. ── murmurei para Newt, que se afastou do centro e se aproximou da borda do círculo.

Todos estavam na borda, gritando e comemorando. Como se essa luta fosse mudar tudo dentro da Clareira.

E talvez seja isso que vá acontecer.

── Legal. As regras são simples. ── disse Gally, caminhando pelo círculo. ── Eu vou tentar te jogar pra fora do círculo. E você vai tentar ficar em pé por pelo menos... cinco segundos.

A piada de Gally fez alguns clareanos rirem, e outros gritaram "pega leve!".

"eu estou cercada de idiotas."

── Está pronta, valentona? ── provocou Gally, abrindo os braços.

Não tive tempo de responder, o desgraçado veio pra cima primeiro, rápido, tentando me acertar um soco direito. Me abaixei, desviando por pouco, sentindo o vento do golpe passar raspando pelo meu rosto.

Minha resposta foi instintiva ── um soco no estômago, com toda a força que eu consegui reunir. Ele recuou, tossindo, mas se recuperou rápido. Rápido demais.

Um segundo depois, senti o impacto do punho dele no meu ombro. Cambaleei pra trás, mas não caí. Meu corpo queimava, a adrenalina pulsava nas veias.

── Isso é tudo que você tem? Novata. ── ele zombou.

Bufei, avançando com um chute baixo na perna dele, fazendo-o perder o equilíbrio. Em seguida, joguei meu peso contra ele.

Caímos no chão, meus cotovelos bateram com força contra o peito dele, enquanto eu o imobilizava.

── Me solta, novata! ── gritou Gally, se debatendo.

── Você queria lutar, Gally. ── cuspi as palavras no rosto dele. ── Agora aguenta.

Ele me empurrou com o antebraço, conseguindo me virar. Fiquei de costas pro chão, e o peso dele em cima de mim. Os gritos ao redor aumentaram, mas ninguém intervirá.

Gally levantou o punho.

Antes que ele descesse o punho, eu acertei um soco seco em seu queixo.

Ele tombou pro lado, atordoado. Aproveitei a chance, me levantei num pulo e chutei sua perna novamente, fazendo ele cair de joelhos.

── Levanta! ── gritei.

Ele tentou, cambaleou e... caiu.

Com o corpo estendido na terra e os olhos semicerrados, ele não respondeu. Não precisava. Ele tinha perdido.

Por um segundo, todos ficaram em silêncio.

E então a Clareira explodiu em gritos. Alguns batiam palmas, outros apenas riam, zombando de Gally.

Eu só conseguia sentir o sangue pulsando forte nas têmporas.

Mas então... um barulho surdo ecoou pelo chão, fazendo a terra tremer sob meus pés.

BANG!

O som era o mesmo que eu ouvi de manhã, quando eu estava na caixa. Isso fez todos se calarem, olhando ao redor.

── É a caixa! ── gritou algum garoto que estava na multidão.

Todos se afastaram do círculo e correram em direção ao lugar que eu havia acordado de manhã.

Corri junto com todos, e quando chegamos perto, me aproximei de Newt, perto da borda.

── O que tá acontecendo? ── perguntei, com a respiração acelerada.

── Não sei. ── disse ele, se aproximando dos portões gigantes da caixa.

Ele se posicionou no portão direito, e outro garoto se aproximou do esquerdo. Os dois puxaram com força cada lado do portão, abrindo a caixa.

Quando olhei para baixo, avistei uma garota loira desmaiada. Uma. Garota.

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┃001: oii amores!! Finalmente publiquei o capítulo um de LOH.

┃002: Que capítulo doido amores. A Elizabeth enfrentando o Gallynha foi minha parte favorita de escrever.

┃003: O final sendo O Plot Twist do capítulo 🤭.

┃004: Talvez demore mais uns dois capítulos para o Thomas aparecer.

┃005: Beijo amores, obrigada por lerem até aqui🙏💗.

Total de palavras: 4420.

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